FBC Escreveu:A funcionalidade, não é apenas uma característica racial que deve ser preservada de forma a termos a raça mais completa, a funcionalidade é a linha orientadora da selecção de qualquer raça e a razão de existir da mesma, quase tudo, numa raça, está orientado para a sua funcionalidade: o carácter, a morfologia, a tipicidade, etc, etc… só têm razão de existir se tivermos como objectivo a funcionalidade da raça. Não existe um cão bonito (bem feito morfologicamente) ou feio por si só. A beleza é uma beleza funcional, o mesmo se passa com o carácter ou com a tipicidade. Se perdermos a funcionalidade como objectivo racial, não é só uma característica da raça que se perde, é a raça que se perde. Infelizmente tem acontecido muitas destas desgraças na canicultura moderna. A razão porque tal acontece é pelo facto de que os canicultores criam cães para o público (os juízes saem desses canicultores) e o público compra porque está na moda, por é giro, etc… e tem uma cultura canina nula. Outra coisa que se passa com o público moderno é o facto de vivermos numa cultura das aparências, uma cultura do “belo” fútil com desprezo pelas verdadeiras características.
Por estas razões, algumas das raças que muitos pensam ainda existirem, estão extintas: o que existe são outras com os mesmos nomes mas que nada têm a ver com o original e qualquer comparação é uma ofensa à raça original.
Os criadores de cães têm que criar cães pensando na raça e como tal na sua funcionalidade; têm que trabalhar tendo sempre em vista as características funcionais da raça; se criam cães a pensar em vende-los estão a condenar a raça: a maioria das raças não devem ser para o grande público devem ser para “meia dúzia” de apaixonados.
Quanto à funcionalidade, as raças devem ser seleccionadas preferencialmente para o seu trabalho original, quando isso não for possível ou desejável, devem ser seleccionadas para um trabalho (ou desporto) em que utilize as características originais da raça.
Com tudo isto não quero dizer que as pessoas têm que usar os seus cães na sua função original, mas os criadores têm que ter sempre como linha orientadora a funcionalidade da raça e de preferência testar a funcionalidade dos reprodutores.
Cumprimentos
Francisco Bica
(por mais que discorde do meu "adversário" saúdo-o sempre e identifico-me, é uma questão de autenticidade e de educação)
Concordo parcialmente consigo. Na minha opinião, apenas não faz sentido moldar um cão à uma funcionalidade já extinta. Antes queríamos cães de caça, agora queremos bons companheiros de passeio e sofá. Daí achar que o estalao deva ser dinâmico, porque os cães vão deixar de ser cães de trabalho mas sim de companhia, e vão, inevitavelmente, perder alguma "essência". Mas perder capacidade de caça, ou de outra coisa qualquer, não faz com que fiquem "piores", as raças não desaparecem, evoluem e adaptam-se ao presente. Não podemos é esquecer a saúde do animal por causa de uma "beleza" que não existe.
A minha cadela, descendente de caçadores, desempenha hoje uma outra funcionalidade, motiva-me a dar umas corridinhas e a caminhar durante horas, faz-me companhia enquanto faço os meus trabalhos de casa, e outras tarefas, diverte-me, e liberta-me do stress, acalma-me, consola-me, ressona ao meu lado, chateia-me para lhe dar de comer, etc. Eu não acho que ela seja inútil, para mim é muito útil, porque já não imagino a minha vida sem ela.