Requisitos para ser criador
Moderador: mcerqueira
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Para mim não interessa o que os criadores fazem desde que continuem a fornecer cães com capacidade para fazer o trabalho que se espera deles. À falta de rebanho até já estou a imaginar um bobtail da sealords, muito grandão, a encaminhar galinhas e patos para dentro da capoeiranel Escreveu:Muito fácil. Faziam como eu. Jogavam às bolinhas.SeaLords Escreveu: ... O que é que faziam aos vossos cães de caça e com os vossos cães de caça?
...

Maria João
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Olá
Como já tenho dito várias vezes, não sou entendido em cinofilia. Não sou mesmo. Até já comprei uns livros, vou lendo umas coisas, mas é tema que me passa um pouco ao lado. No entanto, tenho lido com muita atenção este e outros tópicos, mas vou-me coibindo de intervir por não me sentir muito seguro na matéria.
Contudo, há aqui aspectos focados que são realmente abrangentes, cuja análise e discussão não obrigam a conhecimentos técnicos e específicos da cinofilia e da canicultura. E é nessa qualidade e vendo as coisas de fora, de forma descontraída, diria mesmo inocente, porque honesta e séria, que faço a minha intervenção.
Desde o primeiro dia que me inscrevi neste fórum que senti os dois universos a que já me referi numa mensagem anterior. O universo das pessoas com conhecimentos da cinofilia e da canicultura, que normalmente são criadores, e o universo dos simples amantes dos animais e que se inscreveram no fórum pelo simples facto de terem um cão como animal de companhia e que adoram.
Poderíamos subdividir o primeiro universo, porque realmente ele não é assim tão homogéneo como à primeira vista poderá parecer, mas não vale a pena complicar.
O segundo universo é muito mais heterogéneo e aqui, realmente, as coisas já se complicam um pouco, mas fazer aqui a destrinça também seria fastidioso e lá teria que escolher muito bem as palavras para não ferir susceptibilidades.
De qualquer modo, há um factor comum que une as pessoas deste último universo, que é o encarar a função do seu cão, exclusivamente ou essencialmente, como animal de companhia.
Mas este conceito, o de “cão de companhia”, é muito complexo e toma diversificadas configurações, que são mais derivadas da “cultura” do dono do que das próprias características do cão.
Aliás, não foi por mero acaso que muito recentemente abri um tópico sobre os limites da humanização do cão, para trazer a lume situações críticas motivadas pela excessiva promiscuidade (passe a expressão) devida à muito próxima convivência dono/cão especialmente nos centros urbanos.
Aonde quero chegar mais concretamente é o sentir que existe um grande radicalismo no que respeita à função do cão. Uma coisa é condenar o uso de certas raças com a exclusiva função de animais de companhia por motivações estúpidas como a moda, o exibicionismo, o mero capricho de ter por ter porque sim, etc., em que os animais, especialmente de certas raças, vivem completamente desambientados, encurralados e outras vezes apaparicados, sofrendo de uma total falta de respeito pelos seus instintos e pelo seu carácter; outra coisa é negar em absoluto certas raças como função exclusiva de companhia, teimando-se de forma a meu ver um pouco “quadrada” que toda a raça que se preze terá obrigatoriamente de cumprir as funções para que foi criada. Muito sinceramente, com todo o respeito, acho que há aqui uma grande falta de bom senso e uma enorme estreiteza do entendimento da própria cinofilia.
O que também me faz intervir é haver uma certo ar sobranceiro de algumas pessoas em relação ao cão de companhia, em que os donos e cães são considerados assim uma espécie de tótós fúteis e piegas que só sabem dar beijinhos e sentar os cães à mesa. Que ele há disso, há, e eu sou o primeiro a criticar essas situações, mas não vamos meter tudo no mesmo saco.
Sabem uma coisa? (Estou a dirigir-me ao outro universo que não é o meu) Muito mais difícil do que dar aquelas tarefas ao cão para as quais ele foi criado, é conviver com ele como animal de companhia sem lhe faltar ao respeito como animal que é e proporcionar-lhe simultâneamente uma vida de verdadeiro e CONTÍNUO e DIÁRIO bem estar. Se quiserem, posso dar-vos umas lições a este respeito. É que levar o cão à caça ou pô-lo a guardar uma quinta, meus caros, isso é de caras. Mas criar situações alternativas em que o cão se sinta realizado e feliz... é necessário ter muita, mas muita imaginação. Não é fácil. E digo-vos, é muito aliciante.
O whippet já não é um cão de caça. Foi em tempos, mas já não é. De facto. Teimar nisto, desculpem, que não quero ofender, mas já é burrice. Claro que se o levasse à caça ele despertaria naturalmente esse instinto, como aliás o faz à caça das ratazanas que por vezes povoam a praia aqui à frente.
Mas sabem qual é o melhor divertimento deles e onde se excitam mais? É a nadar atrás da bola. Pois é, e isso não consta dos livros nem dos manuais da cinofilia.


E mais. Sabem que eles “correm” que se fartam a nadar? Parecem umas setas. E não são cães de água...
Mas mais ainda. Sabem que estas fotos foram feitas no primeiro dia em que calhou entrarem na água e terem perdido o pé (a pata) sem querer? Nunca tinham nadado. Foi a primeira vez e por acaso tinha lá a máquina fotográfica...
E sabem que quando eles pressentem que os levo à barragem ficam de tal modo eufóricos que não há quem os ature?
Mas o whippet não é, nunca foi e nem tem fama de ser um cão nadador.
A propósito, sempre gostaria de o ver a competir numa prova de natação em termos de velocidade com outros mais afamados. Estou a dizer isto mas, na realidade, detesto provas de circo e de competição.
Mas há mais. Um dia destes eu fui visitar um amigo que tem uma quinta. Às tantas o senhor que toma conta da propriedade (o caseiro) não conseguia entrar, porque o Fozzy, que é o líder, tem a mania que território onde chegamos é nosso e para guardar. Tive que o segurar para o senhor entrar. E duvido que se algum dos meus simpáticos colegas aqui do fórum fosse capaz de entrar cá em casa.
Mas eu nunca realcei as qualidades do whippet como cão de guarda. E ele tem-nas naturalmente, sem qualquer treino, sem teorias e sem preconceitos.
Poderia dar muitos mais exemplos. E não resisto dar um, mas pela negativa.
Conheço dois cães de guarda, dois Serras, um de guarda a um conhecido e afamado restaurante aqui da zona e outro que está no jardim de uma vivenda. Eu passo por eles diariamente e custa-me sentir o stress daqueles bichos a ladrar a tudo quanto passa por ali e ansiosos por que os tirem daquela prisão. Mas estão a cumprir a sua função: guardar. O do restaurante, nas horas de entrada dos clientes é fechado numa jaula lá ao fundo. Bom, é aquilo a que se chama vida de cão e... sem mais comentários.
Eu tenho os meus cães com a EXCLUSIVA função de animais de companhia. Agradeço que me aconselhem para os pôr a correr numa pista, mas não, muito obrigado; agradeço que me aconselhem que os leve à caça, mas também não, eles preferem ir atrás da bola, seja a correr.... seja a nadar. Agradeço muito os vossos conselhos, mas ... não insistam mais, por favor. Garanto-vos que eles são felizes e são mesmo cães porque os respeito como tal.
Como já tenho dito várias vezes, não sou entendido em cinofilia. Não sou mesmo. Até já comprei uns livros, vou lendo umas coisas, mas é tema que me passa um pouco ao lado. No entanto, tenho lido com muita atenção este e outros tópicos, mas vou-me coibindo de intervir por não me sentir muito seguro na matéria.
Contudo, há aqui aspectos focados que são realmente abrangentes, cuja análise e discussão não obrigam a conhecimentos técnicos e específicos da cinofilia e da canicultura. E é nessa qualidade e vendo as coisas de fora, de forma descontraída, diria mesmo inocente, porque honesta e séria, que faço a minha intervenção.
Desde o primeiro dia que me inscrevi neste fórum que senti os dois universos a que já me referi numa mensagem anterior. O universo das pessoas com conhecimentos da cinofilia e da canicultura, que normalmente são criadores, e o universo dos simples amantes dos animais e que se inscreveram no fórum pelo simples facto de terem um cão como animal de companhia e que adoram.
Poderíamos subdividir o primeiro universo, porque realmente ele não é assim tão homogéneo como à primeira vista poderá parecer, mas não vale a pena complicar.
O segundo universo é muito mais heterogéneo e aqui, realmente, as coisas já se complicam um pouco, mas fazer aqui a destrinça também seria fastidioso e lá teria que escolher muito bem as palavras para não ferir susceptibilidades.
De qualquer modo, há um factor comum que une as pessoas deste último universo, que é o encarar a função do seu cão, exclusivamente ou essencialmente, como animal de companhia.
Mas este conceito, o de “cão de companhia”, é muito complexo e toma diversificadas configurações, que são mais derivadas da “cultura” do dono do que das próprias características do cão.
Aliás, não foi por mero acaso que muito recentemente abri um tópico sobre os limites da humanização do cão, para trazer a lume situações críticas motivadas pela excessiva promiscuidade (passe a expressão) devida à muito próxima convivência dono/cão especialmente nos centros urbanos.
Aonde quero chegar mais concretamente é o sentir que existe um grande radicalismo no que respeita à função do cão. Uma coisa é condenar o uso de certas raças com a exclusiva função de animais de companhia por motivações estúpidas como a moda, o exibicionismo, o mero capricho de ter por ter porque sim, etc., em que os animais, especialmente de certas raças, vivem completamente desambientados, encurralados e outras vezes apaparicados, sofrendo de uma total falta de respeito pelos seus instintos e pelo seu carácter; outra coisa é negar em absoluto certas raças como função exclusiva de companhia, teimando-se de forma a meu ver um pouco “quadrada” que toda a raça que se preze terá obrigatoriamente de cumprir as funções para que foi criada. Muito sinceramente, com todo o respeito, acho que há aqui uma grande falta de bom senso e uma enorme estreiteza do entendimento da própria cinofilia.
O que também me faz intervir é haver uma certo ar sobranceiro de algumas pessoas em relação ao cão de companhia, em que os donos e cães são considerados assim uma espécie de tótós fúteis e piegas que só sabem dar beijinhos e sentar os cães à mesa. Que ele há disso, há, e eu sou o primeiro a criticar essas situações, mas não vamos meter tudo no mesmo saco.
Sabem uma coisa? (Estou a dirigir-me ao outro universo que não é o meu) Muito mais difícil do que dar aquelas tarefas ao cão para as quais ele foi criado, é conviver com ele como animal de companhia sem lhe faltar ao respeito como animal que é e proporcionar-lhe simultâneamente uma vida de verdadeiro e CONTÍNUO e DIÁRIO bem estar. Se quiserem, posso dar-vos umas lições a este respeito. É que levar o cão à caça ou pô-lo a guardar uma quinta, meus caros, isso é de caras. Mas criar situações alternativas em que o cão se sinta realizado e feliz... é necessário ter muita, mas muita imaginação. Não é fácil. E digo-vos, é muito aliciante.
O whippet já não é um cão de caça. Foi em tempos, mas já não é. De facto. Teimar nisto, desculpem, que não quero ofender, mas já é burrice. Claro que se o levasse à caça ele despertaria naturalmente esse instinto, como aliás o faz à caça das ratazanas que por vezes povoam a praia aqui à frente.
Mas sabem qual é o melhor divertimento deles e onde se excitam mais? É a nadar atrás da bola. Pois é, e isso não consta dos livros nem dos manuais da cinofilia.


E mais. Sabem que eles “correm” que se fartam a nadar? Parecem umas setas. E não são cães de água...
Mas mais ainda. Sabem que estas fotos foram feitas no primeiro dia em que calhou entrarem na água e terem perdido o pé (a pata) sem querer? Nunca tinham nadado. Foi a primeira vez e por acaso tinha lá a máquina fotográfica...
E sabem que quando eles pressentem que os levo à barragem ficam de tal modo eufóricos que não há quem os ature?
Mas o whippet não é, nunca foi e nem tem fama de ser um cão nadador.
A propósito, sempre gostaria de o ver a competir numa prova de natação em termos de velocidade com outros mais afamados. Estou a dizer isto mas, na realidade, detesto provas de circo e de competição.
Mas há mais. Um dia destes eu fui visitar um amigo que tem uma quinta. Às tantas o senhor que toma conta da propriedade (o caseiro) não conseguia entrar, porque o Fozzy, que é o líder, tem a mania que território onde chegamos é nosso e para guardar. Tive que o segurar para o senhor entrar. E duvido que se algum dos meus simpáticos colegas aqui do fórum fosse capaz de entrar cá em casa.
Mas eu nunca realcei as qualidades do whippet como cão de guarda. E ele tem-nas naturalmente, sem qualquer treino, sem teorias e sem preconceitos.
Poderia dar muitos mais exemplos. E não resisto dar um, mas pela negativa.
Conheço dois cães de guarda, dois Serras, um de guarda a um conhecido e afamado restaurante aqui da zona e outro que está no jardim de uma vivenda. Eu passo por eles diariamente e custa-me sentir o stress daqueles bichos a ladrar a tudo quanto passa por ali e ansiosos por que os tirem daquela prisão. Mas estão a cumprir a sua função: guardar. O do restaurante, nas horas de entrada dos clientes é fechado numa jaula lá ao fundo. Bom, é aquilo a que se chama vida de cão e... sem mais comentários.
Eu tenho os meus cães com a EXCLUSIVA função de animais de companhia. Agradeço que me aconselhem para os pôr a correr numa pista, mas não, muito obrigado; agradeço que me aconselhem que os leve à caça, mas também não, eles preferem ir atrás da bola, seja a correr.... seja a nadar. Agradeço muito os vossos conselhos, mas ... não insistam mais, por favor. Garanto-vos que eles são felizes e são mesmo cães porque os respeito como tal.
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- Membro Veterano
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- Registado: sábado jan 25, 2003 1:09 am
- Localização: 2 cadelas cdp, Angie e Lua , uma tartaruga
Nel, sempre li os seus comentários, aliás como leio todos aqueles que acho que me podem ensinar alguma coisa. Como todos já sabem eu sou filha de uma criadora para mim, a melhor do mundo.nel Escreveu: Eu tenho os meus cães com a EXCLUSIVA função de animais de companhia. Agradeço que me aconselhem para os pôr a correr numa pista, mas não, muito obrigado; agradeço que me aconselhem que os leve à caça, mas também não, eles preferem ir atrás da bola, seja a correr.... seja a nadar. Agradeço muito os vossos conselhos, mas ... não insistam mais, por favor. Garanto-vos que eles são felizes e são mesmo cães porque os respeito como tal.

Por essa razão acho muita coisa normal, coisas que para muita gente é dificil de entender para mim é lógico como tal tenho dificuldade em entender o porquê dos outros não verem na mesma prespectiva que eu. Mas acho que isso é o normal seja em que circunstância se trate.
O que queria dizer é que tenho duas cadelas de água uma é definitivamente uma cadela de companhia que não acha graça nenhuma a essas coisas de trabalhar, nem nunca achou como tal respeito-a por isso e não insisto em leva-la para a praia porque sei que ela não gosta. A outra desde sempre que vejo a felicidade dela quando vê água. atira-se para qualquer charco. Faz uma coisa naturalmente que muitos cães da mesma raça fazem quando treinados, que é mergulhar. Ela não tem problema nenhum em enfiar a cabeça toda dentro de água para ir buscar uma coisa que ela queira. Nada muito bem e adora praia. Uma vez que posso leva-la a povas práticas, estou seriamente a pensar em dedicar-me a treinar a minha cadela para esse fim. Acho muito bonito e gratificante o trabalho conjunto dos cães com os seus donos, penso que se não houvesse trabalho e se desistissemos disso deixariamos de ter cães a descobrir droga, a achar pessoas nos escombros, enfim a salvar muita gente tanto na água como na terra. Eles embora muita gente não o ache ficam felizes a trabalhar com o dono, ficam felizes por serem úteis.
Nem todos são assim, o caso da Lua acho que é para o lado que ela dorme melhor, mas da Angie acho que a felicidade dela passa por aí também.
Uma vez que dá para ter as duas coisas, um cão de companhia e um cão de trabalho em conjunto, porque não?
Não estou a impingir nada a ninguém, cada um faz aquilo que entender com o seu cão, concordo que se os donos podem e gostam, porque não tê-los como companheiros de trabalho também, além de os ter para dar umas festas em casa.

Acho bem que se selecione cães de trabalho, para esse fim, selecionar cães com aptidões naturais e para a sua continuação. Mas se as pessoas querem um cão para ter em casa só para companhia também acho bem. Desde que os cães sejam bem tratados, cada um faz a vida á sua maneira. Compreendo os dois lados porque em casa também tenhos os dois.
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Olá
Na minha mensagem anterior poderei ter sido pouco explícito neste aspecto: eu não sou contra o aproveitamento das aptidões naturais dos cães, seja através de provas desportivas ou de outras actividades, nomeadamente de interesse social. Seria estupidez da minha parte. Longe disso.
E mais ainda. Nos concursos acho muito bem que determinadas raças sejam sujeitas a determinadas provas funcionais, mesmo que as funções para que essas raças foram criadas já não existam de todo, como aliás se provou ao longo deste tópico. Tal como já tinha dito antes, isso deve ser muito mais aliciante para o criador, ou para alguns criadores, embora o resultado prático, em si mesmo, em grande parte dos casos, não tenha realmente um sentido de utilidade pública ou social e se resuma mais ao simples gozo do criador e, por inerência, ao cão.
O que pretendi na minha mensagem anterior foi nem desvalorizar que o cão deva cumprir tarefas em função das aptidões para as quais foi criado, nem defender que o cão deva ser apenas para companhia, mas chamando a atenção para a sua importância como amimal de companhia, aspecto este que, a meu ver, de forma de certo modo arrogante e sobranceira é sistematicamente desvalorizada por algumas pessoas.
E de uma coisa eu não tenho dúvidas depois da leitura atenta das várias mensagens. É que realmente o conceito de "cão de companhia" não passa pelo simples prazer de ter um cão. E as pessoas que têm desvalorizado essa função ainda não perceberam que isso também é trabalho. E, muito sinceramente e sem qualquer cinismo, duvido que venham a entender a verdadeira dimensão desse trabalho.
Por isso, fico um pouco desiludido com a forma tão redutora, tão limitada e tão arcaica de entenderem assim a cinofilia. Mas pronto, acho que isto é uma guerra perdida.
Já agora, aproveito fazer aqui um aparte sobre uma expressão que usei na minha mensagem anterior. Eu disse que poderia dar lições sobre como actuar em relação ao lidar com um cão de companhia. Acontece que por vezes escrevo o texto no word e só depois o passo para a janela onde escrevemos as mensagens. Era minha intenção colocar aí uma daquelas bolinhas (
) para dar a entender que estava a ironizar ou a brincar. Mas esqueci-me. E isso fez a diferença de tom a dar à expressão.
A minha intenção, pois, não foi nem é dar lições a ninguém, até pelo facto de não me sentir com competência para tal. Foi mais no sentido de responder simbolicamente ou ironicamente a uma certa "autoridade", em relação à qual, repito, fiquei muito desiludido. Realmente não me convenceram.
Mas o ter metido aqui aquelas fotografias dos meus cães a nadar, foi intencionalmente, em contraposição a umas outras que foram postas anteriormente de forma um tanto triunfal. Recorde-se uma das frases: "isto não é uma mancha de óleo a flutuar na água..."
Pois não é, e daí? A gente deve bater palmas? É assim um feito tão extraordinário? Por favor!
Nas minhas fotos, reparem, olhem que não é um peluche a flutuar... foi o meu cão que se atirou à água na brincadeira e sem saber ler nem escrever pôs-se para ali a nadar que parecia um campeão, sem alardes nem sensacionalismos.
Apesar de tudo, prefiro entender estas posições um tanto radicais mais pela própria natureza do debate em que os extremismos são mais aparentes do que reais. É vulgar acontecer isto aqui no fórum.
Na minha mensagem anterior poderei ter sido pouco explícito neste aspecto: eu não sou contra o aproveitamento das aptidões naturais dos cães, seja através de provas desportivas ou de outras actividades, nomeadamente de interesse social. Seria estupidez da minha parte. Longe disso.
E mais ainda. Nos concursos acho muito bem que determinadas raças sejam sujeitas a determinadas provas funcionais, mesmo que as funções para que essas raças foram criadas já não existam de todo, como aliás se provou ao longo deste tópico. Tal como já tinha dito antes, isso deve ser muito mais aliciante para o criador, ou para alguns criadores, embora o resultado prático, em si mesmo, em grande parte dos casos, não tenha realmente um sentido de utilidade pública ou social e se resuma mais ao simples gozo do criador e, por inerência, ao cão.
O que pretendi na minha mensagem anterior foi nem desvalorizar que o cão deva cumprir tarefas em função das aptidões para as quais foi criado, nem defender que o cão deva ser apenas para companhia, mas chamando a atenção para a sua importância como amimal de companhia, aspecto este que, a meu ver, de forma de certo modo arrogante e sobranceira é sistematicamente desvalorizada por algumas pessoas.
E de uma coisa eu não tenho dúvidas depois da leitura atenta das várias mensagens. É que realmente o conceito de "cão de companhia" não passa pelo simples prazer de ter um cão. E as pessoas que têm desvalorizado essa função ainda não perceberam que isso também é trabalho. E, muito sinceramente e sem qualquer cinismo, duvido que venham a entender a verdadeira dimensão desse trabalho.
Por isso, fico um pouco desiludido com a forma tão redutora, tão limitada e tão arcaica de entenderem assim a cinofilia. Mas pronto, acho que isto é uma guerra perdida.
Já agora, aproveito fazer aqui um aparte sobre uma expressão que usei na minha mensagem anterior. Eu disse que poderia dar lições sobre como actuar em relação ao lidar com um cão de companhia. Acontece que por vezes escrevo o texto no word e só depois o passo para a janela onde escrevemos as mensagens. Era minha intenção colocar aí uma daquelas bolinhas (

A minha intenção, pois, não foi nem é dar lições a ninguém, até pelo facto de não me sentir com competência para tal. Foi mais no sentido de responder simbolicamente ou ironicamente a uma certa "autoridade", em relação à qual, repito, fiquei muito desiludido. Realmente não me convenceram.
Mas o ter metido aqui aquelas fotografias dos meus cães a nadar, foi intencionalmente, em contraposição a umas outras que foram postas anteriormente de forma um tanto triunfal. Recorde-se uma das frases: "isto não é uma mancha de óleo a flutuar na água..."
Pois não é, e daí? A gente deve bater palmas? É assim um feito tão extraordinário? Por favor!
Nas minhas fotos, reparem, olhem que não é um peluche a flutuar... foi o meu cão que se atirou à água na brincadeira e sem saber ler nem escrever pôs-se para ali a nadar que parecia um campeão, sem alardes nem sensacionalismos.
Apesar de tudo, prefiro entender estas posições um tanto radicais mais pela própria natureza do debate em que os extremismos são mais aparentes do que reais. É vulgar acontecer isto aqui no fórum.
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Isabel, a minha última mensagem não foi em resposta à sua (eu ainda não a tinha lido). Foi em complemento à minha primeira. Grande, de facto, mas não consigo dizer o mesmo em poucas palavras. Peço desculpa.
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Olá Sealords
De facto tem razão ( eu próprio quando estava a escrever lembrei-me disso, mas não pensei que alguém pegasse nesse ponto).
A morfologia e o caracter foram seleccionados com vista a uma determinada função, mas não só, também a determinado clima, geografia local, cultura humana, etc, etc ( e mais uma infinidade de factores que forçosamente nos escapam). Por esse motivo não defendo, nem nunca defendi, que o único critério de selecção de uma raça deveria ser a funcionalidade, senão ( como aliás exemplificou) extinguir-se-iam certas raças.
O que se passa em relação aos exemplos que referiu, é que, além do clima e de outros factores que influenciam na selecção de uma raça, as provas de funcionalidade nem sempre retractam rigorosamente a função original da raça. De facto, o Malamute nunca foi seleccionado para ser um campeão de corridas, nem o PP foi seleccionado para ser um cão de caça de alta performance como se exige hoje. Não quero com isto dizer que se devam fazer uma infinidade de provas tendo em vista todos os pormenores específicos de cada raça de modo a retratá-la exactamente como era nas origens, cada caso é um caso, tem que haver bom senso. Mas sempre que possível a funcionalidade de uma raça deve ter em conta a sua função original, mesmo que com adaptações ( por exemplo quando surgiram os primeiros cães de parar não havia armas de fogo).
Mas o que se passa hoje em dia é que , salvo algumas excepções, a selecção das raças é feita através das exposições de beleza, que apenas avaliam a morfologia ( em muitos casos mal) e fingem que avaliam o caracter. Isto é reduzir a canicultura a muito pouco, é ver as raças de uma forma superficial. A funcionalidade de uma raça foi um dos factores mais importantes ( penso mesmo que, salvo raras excepções, foi o mais importante) como tal deve continuar a sê-lo se quisermos continuar a ter as mesmas raças.
A função da canicultura moderna é manter as raças puras, então devemos fazê-lo o mais sério e rigorosamente possível.
Cumprimentos
Francisco Bica
De facto tem razão ( eu próprio quando estava a escrever lembrei-me disso, mas não pensei que alguém pegasse nesse ponto).
A morfologia e o caracter foram seleccionados com vista a uma determinada função, mas não só, também a determinado clima, geografia local, cultura humana, etc, etc ( e mais uma infinidade de factores que forçosamente nos escapam). Por esse motivo não defendo, nem nunca defendi, que o único critério de selecção de uma raça deveria ser a funcionalidade, senão ( como aliás exemplificou) extinguir-se-iam certas raças.
O que se passa em relação aos exemplos que referiu, é que, além do clima e de outros factores que influenciam na selecção de uma raça, as provas de funcionalidade nem sempre retractam rigorosamente a função original da raça. De facto, o Malamute nunca foi seleccionado para ser um campeão de corridas, nem o PP foi seleccionado para ser um cão de caça de alta performance como se exige hoje. Não quero com isto dizer que se devam fazer uma infinidade de provas tendo em vista todos os pormenores específicos de cada raça de modo a retratá-la exactamente como era nas origens, cada caso é um caso, tem que haver bom senso. Mas sempre que possível a funcionalidade de uma raça deve ter em conta a sua função original, mesmo que com adaptações ( por exemplo quando surgiram os primeiros cães de parar não havia armas de fogo).
Mas o que se passa hoje em dia é que , salvo algumas excepções, a selecção das raças é feita através das exposições de beleza, que apenas avaliam a morfologia ( em muitos casos mal) e fingem que avaliam o caracter. Isto é reduzir a canicultura a muito pouco, é ver as raças de uma forma superficial. A funcionalidade de uma raça foi um dos factores mais importantes ( penso mesmo que, salvo raras excepções, foi o mais importante) como tal deve continuar a sê-lo se quisermos continuar a ter as mesmas raças.
A função da canicultura moderna é manter as raças puras, então devemos fazê-lo o mais sério e rigorosamente possível.
Cumprimentos
Francisco Bica
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- Localização: labradora retriever ZORRA
periquito FALCANITO
Ó Nel, eles podem não o compreender, mas eu compreendo e muitos outros simples donos que por aqui andam, também.
Eu mudei a minha vida por causa do Calvin.
O meu marido nem acreditava no que via.
Não pensem que não custa.
Todos os dias levo a Zorra ao estádio nacional para a hora de passeio (sem trela).
Todos os fds começamos a manhã com um grande passeio para ela.
Muitas vezes não me apetece, sinto-me muito cansada, preciso de ir às compras, quero fazer outra coisa qualquer.
Sei que é pouco este exercício (está gorda, cum raio
), mas é o que eu posso dar.
Com o meu cunhado a martelar-me a cabeça, não pensem que não tenho sentimentos de culpa por não deixar a Zorra caçar.
Mas nisto sou do pior - para ela caçar, eu tinha de caçar.
A Zorra não fará nada sem mim porque eu não quero - sou possessiva.
E, de facto, mato a cabeça a pensar em formas de a compensar sem eu ter de ir caçar.
No entanto, trato-a como cão.
A inteligência dela é limitada e as asneiras maiores são consequência da falta de educação que lhe dou.
Portanto sou eu que tenho de mudar o meu comportamento se quero obter resultados, não ela.
Nós amamos os nossos cães - queremos o melhor para eles enquanto cães.Não é tão fácil se pensa.
Eu mudei a minha vida por causa do Calvin.
O meu marido nem acreditava no que via.
Não pensem que não custa.
Todos os dias levo a Zorra ao estádio nacional para a hora de passeio (sem trela).
Todos os fds começamos a manhã com um grande passeio para ela.
Muitas vezes não me apetece, sinto-me muito cansada, preciso de ir às compras, quero fazer outra coisa qualquer.
Sei que é pouco este exercício (está gorda, cum raio

Com o meu cunhado a martelar-me a cabeça, não pensem que não tenho sentimentos de culpa por não deixar a Zorra caçar.
Mas nisto sou do pior - para ela caçar, eu tinha de caçar.
A Zorra não fará nada sem mim porque eu não quero - sou possessiva.
E, de facto, mato a cabeça a pensar em formas de a compensar sem eu ter de ir caçar.
No entanto, trato-a como cão.
A inteligência dela é limitada e as asneiras maiores são consequência da falta de educação que lhe dou.
Portanto sou eu que tenho de mudar o meu comportamento se quero obter resultados, não ela.
Nós amamos os nossos cães - queremos o melhor para eles enquanto cães.Não é tão fácil se pensa.