Concordo em quase tudo com o texto inicial, apenas tendo a fazer algumas observações relacionadas com a minha experiência. Mais do que gosto, tem que ser paixão, porque dá tanto trabalho...
Quanto à esterilização, penso que quando se entrega um cão é ainda muito cedo para isso. Quando penso que aquele cachorro não vai cumprir o estalão ofereço-o a pessoas amigas para o poder seguir e aconselhar na altura certa, estando os donos conscientes dessa hipótese.
Temos mesmo que ter vontade de aprender, e asneiras fazemos todos. A minha primeira ninhada foi um acidente e penso que, se fosse hoje, não teria vendido nenhum daqueles cachorros. Fiquei a saber que há cães que fazem tudo, incluindo rebentar com uma persiana, para cruzar

, pelo que a esterilização é a única coisa segura a fazer, na altura devida que, penso, deve coincidir com o 1º cio.
tem que ser ter capacidade financeira. Quem diz que criar cães dá dinheiro, normalmente não sabe do que está a falar. Os cães dão despesa, e, com muito trabalho e depois de uns anos, pagam-se a si próprios. Fazer dinheiro com cães? Se souberem como, sem sacrificar a saúde dos mesmos, digam-me por favor. Quem está de fora faz as contas a 8 cachorros x tantos euros, dá muito dinheiro. O problema é o que se gastou para chegar ali, o preço de todos os cuidados que os cães têm que ter, e o risco aparecer uma infecção tipo parvovirose e levar os cachorros todos.
É necessário ter o espaço adequado a cada raça. Pode-se criar um cão num apartamento, dependendo da raça, mas não podemos criar 8 cães num apartamento, nem sequer numa moradia com um patiozito. Os meus cães têm 7000 m murados, e, acreditem, não é demais.
é absolutamente indispensável ter ética, dizer a verdade aos compradores, mesmo quando isso prejudica as vendas. Se o cachorro esteve doente, deve levar um papel do médico a dizer o que se passou, a medicação que tomou, tudo o que permita ao novo dono e ao médico que o vai assistir fazer um acompanhamento correcto.
Aqui eu sei que é um ponto que gera discórdia: não acho que as exposições sejam indispensáveis. Pode-se ter excelentes cães, e não participar em competições de beleza. É lógico que é bom ter uma opinião externa, mas isso pode-se conseguir sem ser com um juiz, numa situação de competição.
Os cães devem ser encarados como as crianças. Dão muita alegria, mas são uma fonte de trabalho e preocupação, gastam o nosso dinheiro e o nosso tempo, e não há ajudas do estado, nem centro de saúde, nem hospitais perto de casa para tratar uma urgência. A medicina veterinária, tirando as grandes cidades, não está muito desenvolvida, há sítios onde nem um raio-X se consegue tirar. Os vets de pequenas localidades são, muitas vezes médicos de vacas e porcos, e têm pouca experiência com cães. Os medicamentos para animais são muito mais caros do que os nossos, enfim, não é um mar de rosas. Só quem tiver esta noção e pensar que, mesmo assim, está disposto a avançar é que deve meter-se nisto. Já vi pessoas começarem cheias de entusiasmo, mas que depois, devido a problemas deste, se pôem a fazer asneiras por falta de dinheiro.