quinta fev 06, 2003 9:53 pm
Bom, primeiro que tudo, peço desculpa pelo atraso na resposta.
Segundo, vamos a aulas de português (e espero que não me levem a mal, nestes tempos que correm). Cada vez mais me convenço que muitas das guerrinhas que por aqui surgem se devem ao facto das pessoas não dominarem português e não saberem ler/interpretar o que está escrito. As aspas (" ") usam-se fundamentalmente quando a palavra/frase que lá está ou é citação ou é usada com um sentido que não o normal (aquele que se encontra no dicionário). Outros casos haverão, que agora não me lembro. Quando usei "displexia" (e continuo a usar as aspas) foi porque vi o termo num anúncio de venda de cães (eu faço colecção de anedotas de anúncios, para aqueles que não sabem. Já agora, estou sempre aberta a contribuições). Mais, o anúncio era do mais ridículo que se possa imaginar, já que a redacção completa era "pais com certificado de invenção da displexia" (aqui estão as aspas de novo). É óbvio que você não sonhou e o termo certo é "displasia", de facto (aqui as aspas servem para individualizar a palavra do resto do texto). É óbvio também que só isto diz muito do nível de conhecimentos do pretenso "criador" (aqui as aspas significam que é óbvio que não se trata de um criador) e que só me faz confusão como é que alguém compra cães a estes anormais.
Terceiro ponto: a Biologia não é Matemática. E mesmo a Matemática tem um ramo dedicado às Probabilidades e Estatística. A Genética é basicamente um problema de Probabilidades e Estatística. Ora, probabilidades não significam certeza. Resumindo e concluindo, é óbvio que há montes de coisas que o criador não controla e de que não tem a certeza. Agora o que deve fazer é minimizar o risco (aumentar a probabilidade de obter cães bons e saudáveis) e assumir a responsabilidade se as coisas correrem para o torto. Para fazer a primeira coisa (minimizar o risco) há que coligir informação, informação, informação, estudar pedigrees (que não são só uma colecção de nomes divertidos) e testar, testar, testar, quer os cães que usa como reprodutores, quer, e sobretudo, a sua descendência.
De qualquer forma, penso que os "erros" que referia até não era tanto no sentido destas coisas das doenças, mas mais no sentido de se obterem bons cães. Pois, aqui entra o "faro" do criador, e aquilo que distingue os bons dos maus criadores. Há montes de exemplos do estilo um determinado cão com determinada cadela dar coisas fabulosas e com todas as outras só dar porcaria. De cruzar campeões e só sair desgraça. E entra também a sorte. Por muito que um criador conheça, por muito que tenha "faro", é preciso ter sorte. De vez em quando é preciso. É por tudo isto, por esta combinação misteriosa de conhecimento, intuição e sorte, que a criação de cães de raça é tão aliciante. E que se torna, muito rapidamente, uma paixão.
Espero ter respondido às sua dúvidas.
"Quando o sábio aponta para a Lua, o idiota olha para o dedo" (provérbio chinês)