Viva,
Um cão das raças ditas perigosas se bem-educado nunca provocará nenhum acidente nem constitui um perigo à sociedade.
Então por quê é que acontecem estes acidentes?
A resposta a essa questão, muitas vezes está associada ao comentário que antecede a pergunta. Independentemente da raça, o excesso de confiança num animal e o desrespeito (cães soltos na via publica) por terceiros leva a que acidentes aconteçam.
Um cão, quando bem sociabilizado e educado, é um animal que passeado à trela, pode estar junto ao dono numa rua movimentada, numa esplanada de café, numa feira, etc sem que o ambiente que o rodeia ou a aproximação imprevista de pessoas/animais lhe cause transtorno, instintos de auto-defesa ou defesa territorial. Nestas circunstâncias, os acidentes são muito difíceis de acontecer, mas atenção: Podem acontecer.
Após este primeiro comentário, gostaria ainda de acrescentar relacionado com o tema e com as raças mais dominantes, o seguinte:
Um criador, para alem do cuidado no estudo de linhagens, tem um papel importante a desempenhar antes da entrega dos cachorros. Estes, a partir de determinada altura, devem ser integrados na sua vida caseira do dia-a-dia, bem como sociabilizados com pessoas e hábitos a que brevemente serão expostos.
Principalmente em raças mais dominantes, este trabalho é fundamental para uma boa integração do cachorro na sua futura casa e com os futuros donos.
Posteriormente, os futuros proprietários devem ser sensibilizados a dar continuidade ao trabalho desenvolvido, alertando-os para as dificuldades que terão, caso não o façam. Deverá haver, sempre que possível, um esforço inicial por parte do criador, através de contacto telefónico em acompanhar o crescimento e educação do cachorro.
Infelizmente, na fase de crescimento de um cachorro, os donos acham graça aos disparates que este causa sendo tolerantes. Pensam sempre:”São assim agora, depois acalmam.”
No caso de raças mais dominantes, eu digo:”São assim agora e depois eles mandam (com os riscos inerentes).”
A falta de conhecimento prévio das raças por parte de quem compra um determinado exemplar, a par de uma igual falta de conhecimento sobre o comportamento canino, leva a uma sociabilização e educação deficientes. Estas mais tarde, irão traduzir-se em exemplares potencialmente perigosos e que em nada abonam o bom-nome da raça a que pertencem.
Muitas pessoas entendem que sociabilizar um cão é deixá-lo andar à solta na rua ou no jardim. Sem dúvida, ele adaptar-se-á ao que o rodeia, mas ao estar solto e distante será ele que definirá como reagir perante determinadas situações. Crescerá, habituado a tomar as suas próprias decisões. Nunca será corrigido na altura certa.
É com frequência que vejo cães soltos a ladrar às pessoas. Os donos à distância, dizem:”Não tenha medo ele não faz mal...”.
Mais tarde quando os cães atingem a adolescência, onde tendem a ter “pelo na venta” e a fazerem-se esquecidos (testando a sua posição hierárquica) do pouco que até então lhes foi ensinado, surgem os primeiros problemas.
Nesta altura, as parvoeiras que se dizem das raças dominantes, começam afectar psicologicamente os donos:” O meu cão modificou-se. Ele não era assim. Agora não nos obedece. Temos medo de andar com ele na rua porque ladra a toda a gente e uma vez até tentou morder. Não sai de cima do sofá...Dantes, ia-mos lá e empurrávamo-lo (à força e não por obediência), agora que está grande rosna (se era à força, vamos lá medi-la). Bem nos avisaram para não comprar este tipo de cães.”
Resumindo, na minha opinião, os incidentes acontecem porque também aqui, anda meio mundo a enganar outro meio mundo. Uns querem vender a todo o custo o cão da moda e outros querem comprar a todo o custo o cão da moda. Os primeiros não sabem o que estão a fazer e os segundos cegos pelo capricho ou machismo tornam-se irresponsáveis. O final, infelizmente, já se conhece: O cão ou a Raça paga as favas.”
Ninguém que tem um cão está livre de amanhã ter um incidente. Temos que ser os mais responsáveis possíveis, apelar ao nosso bom senso e respeito pelo próximo. O tempo acabará por nos dar razão e essa servirá o intento e os direitos dos nossos amigos de quatro patas. Temos que nos credibilizar se queremos ser ouvidos.