A Dominância nos cães - existe mesmo ou não

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Moderador: mcerqueira

cbraga
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segunda set 01, 2008 5:23 pm

O encontro que relata, é visto, pelos defensores deta teoria, por uma situação, em que ambos estão a tomar conhecimento um do outro, e embora por vezes a nós pareça algo assustador, eles também afirmam que passado algum tempo já tudo passou e eles parecem, tal como relatou, grandes amigos, pois entretanto ambos compreenderam que não estão ali, nem um nem outro para provocar qualquer tipo de dano um ao outro.
pimba22
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segunda set 01, 2008 5:50 pm

Não me interessa nenhuma religião cujos princípios não melhoram, nem tomam em consideração, as condiçõeses dos animais."
<strong>Abraham Lincoln</strong>
cbraga
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terça set 02, 2008 12:09 pm

Estava eu à procura de um texto para vos mostrar e surgiu-me agora este

http://caosciencia.blogspot.com/2008/05 ... nncia.html

É impressionante todos os relatos que tenho lido, onde só falam em dominância nos cães, mesmo em cachorros, como tem num tópico aqui, de 1 mês que quase nem desmamado está. Será que é aí que se começam a cometer determinados erros que levam a que os cães detenham certas caracteristicas posteriormente e às quais nós chamamos dominância?
jcsousa
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terça set 02, 2008 1:27 pm

Dada a quase igualdade do ADN entre o lobo e o cão, parece-me lógico inferir que os parametros de uma e de outra espécie não sejam substancialmente diferentes. A aquisição, por parte do cão, de certos comportamentos diferentes do seu antepassado lobo, pode justificar-se mais por factores ambientais do que por determinismos genéticos específicos. A título de exemplo, o medo dos humanos e os comportamentos sexuais podem facilmente ser compreendidos à luz da convivência com o homem e a selecção artificial.

Referindo-me à questão citada em post anterior que focava a gravidade dos conflitos, convém dizer que mesmo entre os lobos raramente se assiste a conflitos graves, tirando talvez a questão de desafios ao líder. Como os cães, os lobos procuram o mais possível ganhar os conflitos recorrendo à emissão de sinais de força e de intenções, só avançando para a luta quando não há outro remédio. Isto compreende-se dum ponto de vista etológico, uma vez que em caso de luta, mesmo o vencedor pode ser penalizado com ferimentos graves.

A questão dos "jogos de guerra" entre irmãos de ninhada reproduz da mesma forma o tipo de aprendizagem infantil dos lobos, e é nestes jogos que se definem, dentro da ninhada, as diversas posições hierárquicas.

Experiências com cães selvagens na sierra Nevada mostram que, ao fim de poucos meses, a estrutura social destes se assemelha fortemente à dos lobos.

Para além disto, convém termos em linha de conta que entre os lobos, por motivos óbvios, a dominância que se manifesta é a intra-específica nos seus vários tipos, enquanto que nos cães, para além desta que se mantém inalterada, se aprecia um outro tipo de dominância, a inter-específica, sendo esta maioritàriamente fruto da selecção artificial e tendo, para além disso, uma forte componente individual.

Sendo certo que a compreensão destes conceitos é fundamental para melhor compreendermos os nossos amigos de quatro patas, fico-me pela teoria que aponta o cão como herdeiro e portador da matriz genética da organização social do lobo.
cbraga
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terça set 02, 2008 1:48 pm

Cientistas tentam desvendar mistério sobre origem do cão

Dan Vergano
USA Today - 02-10-2002

Uma cena do alvorecer da história: um homem primitivo e o seu amigo lobo emergem de uma caverna para dar início à caçada matinal.

Cem mil anos depois, basta adicionar uma coleira e uma guia, além de uma parada em uma loja para cães, e eis a história do melhor amigo do homem, certo?

Talvez não. Embora vários treinadores acreditem na idéia de que o homem criou o cão ao domar o lobo selvagem, assegurando que contaria com um companheiro confiável de caçadas e um vigia noturno, alguns especialistas duvidam dessa hipótese.

"Precisamos superar a idéia de que o homem teria criado o cão ao domar um lobo", argumenta Janice Koler-Matznick, da Sociedade para a Preservação do Cão Cantor da Nova Guiné, com sede em Central Point, Oregon. Ao invés disso, ela e outros pesquisadores sugerem que os cães que se transformaram nos melhores amigos do homem se originaram de uma outra linhagem de animais, mais sociáveis e cooperativos. Os especialistas dizem que a questão não é apenas acadêmica. Ela pode dizer respeito ao tipo de treinamento mais recomendável para estimular o melhor comportamento do Totó.

E, agora, com o anúncio feito na semana passada pelo Instituto Nacional de Pesquisa do Genoma Humano, de que a organização planeja decifrar o conjunto completo de genes do cão, pesquisadores esperam elucidar algumas questões pendentes sobre a origem do vira-lata da família.

Pesquisares que procuram desvendar a origem dos cães têm pesquisado genes, fósseis e comportamentos, a fim de achar uma solução para o problema. Mas, mesmo após se deparar com as evidências, a resposta não é clara.

A evidência genética

Na última década, pesquisas genéticas se tornaram mais importantes do que estudos de fósseis e comparações de comportamentos de lobos, cães, coiotes e chacais, no sentido de analisar a origem do cachorro doméstico.

"Já existe bastante evidência genética de que a origem dos cães domésticos está no lobo cinzento", afirma o especialista em veterinária genética, Niels Pedersen, da Universidade da Califórnia, em Davis. Um artigo publicado em 1997 na revista Science sugeriu que os cães (Canis familiaris) são lobos cinzentos (Canis lupus) com umas poucas diferenças genéticas. Segundo o artigo, a data da domesticação do lobo foi por volta de 135 mil anos atrás.

Mas, rastrear a evidência genética da origem de uma espécie é uma tarefa que apresenta alguns problemas, começando por uma perda de credibilidade quanto a tais estudos, que vem sendo observada nos últimos cinco anos. Por exemplo, diferentes estudos genéticos não chegam a um acordo sobre se o lobo vermelho, nativo da América do Norte, é uma espécie genuína ou, simplesmente, um híbrido de lobo cinzento com coiote.

Para aumentar ainda mais a confusão, existe o fato de que cães, coiotes, lobos e chacais são, todos eles, capazes de se intercruzar, afirma o geneticista molecular C. William Kilpatrick, da Universidade de Vermont-Burlington. Sem dúvida todos eles se intercruzaram no passado e continuam a fazê-lo. Mesmo assim, Kilpatrick concorda com vários especialistas, ao dizer que as provas de vínculo genético entre o cão e o lobo cinzento são "enormes".

No que diz respeito aos fósseis, o quadro é mais nebuloso. Os primeiro cães, ou "canídeos", emergiram nos registros fósseis cerca de 37 milhões de anos atrás. Os ossos mais antigos de criaturas dotadas de características típicas dos cães modernos, como, por exemplo, órbitas oculares arredondadas, têm 14 mil anos de idade.

Pesquisadores que publicaram um trabalho na revista Science, liderados por Carles Vila, da Universidade da Califórnia, em Los Angeles, sugeriram que os cães se assemelhavam aos lobos, apesar das suas diferenças genéticas, até que os seres humanos deixassem de ser nômades e se estabelecessem em comunidades rurais, quando começaram a criar variedades específicas de animais para atender a diversas finalidades. Mas os biólogos Raymond e Lorna Coppinger, da Universidade Hampshire, em Amherst, Massachusetts, autores do livro "Dogs: A Startling New Understanding of Canine Origin, Behavior & Evolution" ("Cães: Uma Nova e Surpreendente Compreensão da Origem, Evolução e Comportamento Caninos"), lançado no ano passado, sugere uma explicação mais razoável: os cães teriam simplesmente se originado, há pouco mais de dez mil anos, nas aldeias rurais, comendo lixo e animais daninhos nesses locais. Os animais que vivem como carniceiros não precisam ser dotados das mesmas características físicas daqueles que caçam suas presas.

Segundo os Coppinger, ao invés de servirem como servos e animais domésticos, os cães teriam sido essencialmente os lixeiros primitivos do homem. Com o passar do tempo, eles passaram a ver nos humanos um meio de obter refeições regularmente. Assim, atualmente há mais de 50 milhões de cães nos Estados Unidos.

As diferenças comportamentais

Embora os lobos cinzentos e os cães compartilhem indubitavelmente várias características, aqueles que criticam a idéia de que há um vínculo entre as espécies apontam muitas vezes para as diferenças comportamentais entre elas, no que tange ao temperamento, à timidez e à sociabilidade.

Koler-Matznick argumenta que, sob o ponto de vista do temperamento, o lobo cinzento consiste em uma precária matéria-prima para domesticação. Ainda com as atuais guias, cercas, artefatos de treinamento e petiscos caninos, é difícil conseguir que um lobo faça muita coisa: "É por isso que não é comum que se veja lobos atuando em circos".

Em um artigo sobre as origens do cão, publicado em 15 de setembro na revista inglesa de zoologia, Anthrozovs, Koler-Matznick argumenta que, ao invés de ter no lobo cinzento o seu único ancestral, o atual cão doméstico provavelmente descende de cães selvagens menores. Ela cita os cães cantores da Nova Guiné, que ajuda a preservar, como prováveis ancestrais do atual cão de colo. Os cães cantores têm esse nome porque costumam uivar em conjunto, seguindo as mesmas notas, subindo e descendo a escala musical. Sem medo do ser humano e mansos, os cães cantores vivem próximos ao homem, mas fora das vilas, assim como outros "cães párias", os dholes, da Índia e o dingo, da Austrália. Segundo ela, tais criaturas seriam muito mais facilmente domesticáveis do que o lobo cinzento.

O zoólogo I. Lehr Brisbin Jr, do Laboratório Ecológico Savannah River, em Aiken, Carolina do Sul, diz que o cão cantor e outros cães selvagens representam pequenos nichos dos mais primitivos cães existentes no mundo.

Kilpatrick rebate esses argumentos, dizendo que as diferenças comportamentais entre os atuais lobos cinzentos e cães podem não ser sequer relacionadas aos genes. Em vez disso, a disponibilidade de um vasto conjunto de subespécies de loboque teria originado o cão pode explicar as diferenças. Subespécies do lobo cinzento, como o lobo arábico (Canis lupus arabs), podem ter optado por refeições gratuitas há muito tempo, o que teria feito deles possíveis candidatos para progenitores dos cães.

No entanto, o ancestral comum de cães e lobos não existe mais, para que se coloque um fim às polêmicas, afirma George Happ, da Universidade do Alasca. "Saber se o ancestral de ambos deveria ser chamado de cão-lobo, lobo-cão, ou de "canídeo generalizado" é, na minha humilde opinião, uma questão teológica improdutiva e desinteressante".

Mas a origem do cão pode ser importante para donos desses bichos de estimação que tentam decidir qual é a melhor maneira de treinar os seus companheiros de quatro patas. Os guias de treinamento enfatizam, em geral, as origens do cão como partindo do lobo, dizendo aos donos que estes precisam se tornar os "cães alfa", a fim de que os seus cachorros os obedeçam.

Mas os Coppinger argumentam que, o fato de ver os cães como descendentes de criaturas mais cooperativas, um "proto-cão", ao invés de um lobo cinzento, poderia contribuir para que nos relacionássemos melhor com os nossos cachorros. Filhotes de cães e de lobos se desenvolvem de maneiras muito diferentes, para dar um exemplo. As pessoas agiriam de forma mais sábia ao criar vínculos com cães de menos de 16 semanas de idade, argumentam os Coppinger, do que ao tentar encontrar a raça "certa", a fim de dominá-la e reduzi-la à servidão.


Este texto encontrei-o numa pesquisa, apesar de datar de 2002.
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