Até entre gente, a comunicação verbal é o que menos conta... o corpo "fala", os olhos são o espelho da alma, não é o que se diz?
Mas nós, por termos uma comunicação verbal tão complexa, acabamos por menosprezar essa comunicação que se faz de gestos, posturas e expressões, que são a principal forma de comunicação entre os animais. Há quem se espante porque um cão morde, quando até estava a abanar a cauda. É como estranhar que um tubarão abocanhe um braço a alguém quando até estava a sorrir...

Mas eles percebem-nos MUITO bem. É por isso que se encolhem e fazem ar de culpados quando asneiram - basta olhar para a nossa expressão, a nossa postura, prestar atenção ao tom de voz, para perceberem que não estamos contentes. Há quem diga "ah, ele sabe muito bem que fez mal", o que
é uma idiotice, eles não têm noção de bem e de mal, mas percebem linamente os nossos estados de espírito. Aqui há dias o cão dos meus vizinhos soltou-se e ainda demorou um bocado a voltar. Eles sabem que não deve ralhar-se ou castigar quando o cão regressa, e encheram-no de festas. Mas até EU percebi que os festejos eram fingidos. O cão estava à rasca e muito confuso, e não partilhou da "alegria" dos donos. E, quando há vários meses atrás as minhas cadelas apanharam o gato Gaspar, não foi preciso falar nem fazer nada... olharam para a minha cara e imediatamente o largaram, cientes de que estava profundamente desagradada. Apesar de não me faltar vontade, não ralhei, não bati. Socorri o gato, que estava em estado de choque, ignorei-as e só passadas várias horas lhes fui dar o jantar (nesse dia cearam, e bem tarde). Estava furiosa com elas, mas bolas, o ser racional sou eu. Eu bem as vi, pelo canto do olho, atrapalhadas, de caudinha baixa, sacudindo apenas a ponta, as orelhas para trás, em sinal de submissão, sem qualquer dos habituais sinais de euforia contente por me reverem. Eles não falam, porque observam e escutam.
Acredito na Paciência, na Persistência, no Pai Natal e no Poder do Fiambre!