Lhasa Apso que morde

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Moderador: mcerqueira

VascoV
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terça ago 31, 2004 9:23 pm

A minha opinião vai muito nos moldes do que diz a Elsa.

Tive oportunidade de verificar a forma de trabalho dos americanos e canadianos que nisto de comportamento animal estão bem avançados com associações e colégio de especialidades bem anterior à velha Europa. Aliás, um veterinário bem conhecido disse-me off the record que de facto dos casos que vê, a maior parte das vezes está a tratar o dono e não o animal.

Tudo começa por um extensissimo questionário sobre os hábitos, habitat do animal e sobre a vida do seu dono e pessoas, animais e alterações ambientais, que interagem com eles.

Como não podia deixar de ser, impera o bom senso. Um veterinário, com formação em etologia, ou mesmo com o grau de especialista, ou ainda orientado por um, é essencial. Pelas razões citadas pela Elsa, afinal determinados comportamentos são despoletados por razões fisiológicas ou podem ser evitados recorrendo a medicação, que, como é lógico , só deve ser administrada por um médico-veterinário.

O treinador, a nível de implementação de rotinas para o cão e para o dono de forma a condicionar os comportamento indesejáveis do cão e os do dono que os despoletam ou exacerbam.

O dono ajuda na detecção ds razões do comportamento e segue as indicações dadas à risca.

Temos aqui uma interacção triangular, em que cada uma das partes é essencial.

Claro que estou a referir-me a casos graves, mutos casos não necessitam de algo tão elaborado, mas daí a formação adequada que tanto falta neste país.

Uma pessoa não se torna especialista em 2 meses de saídas prara o estrangeiro. A especialidade leva ANOS. E para a tirar ou se está a trabalhar no Estado ou se tem bastante dinheiro para suportar essa formação.


O que vejo em Portugal é um misto de autismo, oportunismo, e mesquinhez.

O Veterinário lê uns livros, faz uns cursos, começa a espalhar que é especialista, acaba por andar a fazer o que leu, mas sem conmhecmento aprofundado. E daí vemos pessoas que compraram um livro metidos nos florais de Bach, na acupuntura, ou pior ainda, a drogar um animal até ao fim da sua vida para estar quieto. E os clientes pensam que isso é uma vitória e que ele é maravilhoso.

O Treinador aprende com outro, ignora o veterinário ( nomeadamente a fisiologia) e o dono ( psicologia), muitas vezes indica tratamentos, faz julgamentos errados ( porque um bom treinador de animais terá de ser OBRIGATÓRIAMENTE um bom juiz de pessoas) e quando falha, diz que o cão é irrecuperável...e lá vai o animal para debaixo da terra.

O dono, e aqui refiro-me a pessoas de espirito sugestionável, não se impôe ao cão e humaniza-o. Ignora as indicações de veterinários e de treinadores e pode acabar a abater o cão por ele ter atacado uma pessoa...
VascoV
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terça ago 31, 2004 9:27 pm

repetido.
Última edição por VascoV em terça ago 31, 2004 9:29 pm, editado 1 vez no total.
bombeira
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terça ago 31, 2004 9:27 pm

Ola,
Primeiro quero agradecer a todos q me responderam e segundo explicar melhor a situacao eu nao quero abandonar o cao ate porque vivo em Inglaterra e ca nao ha caes abandonados, mas tenho um filho com 6 anos que foi mordido na cara a semana passada por ele e nao quero q volte acontecer. Sempre que o cao morde ele leva umas boas palmadas e depois de morder a primeira vez ao meu marido a tareia foi grande mas nao serviu de nada ao fim de 10 dias mordeu outra vez e nao sao mordidelaszinhas sao mordidas de ficar com a mao cheia de sangue, mas o pior e que ele morde mesmo sem ser contrariado, acham que se fosse castrado resolvia a situacao? Tambem nao acho correcto ter um cao que comprei carissimo para agora nao dar banho nao ser tratado e levar purrada todos os dias que morda ou rosna.
Quanto a DRa nunca ouvi falar nao sei quem.
Obrigado e ate proxima
VascoV
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terça ago 31, 2004 9:30 pm

Se vive em Inglaterra será fácil descobrir um veterinário com a formação adequada.
leoa_nova_
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terça ago 31, 2004 9:59 pm

Só uma pequena questão, a senhora tem o\a cão\cadela desde os 2 meses de idade dele\a, ou mais tarde??

E ñ sabe se possa ter acontecido alguma coisa de à um mês para cá para tal agressividade??
Elsa
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terça ago 31, 2004 10:18 pm

Pedro,

O comportamento animal é umas das minhas áreas de interesse, embora esteja por agora em standby, pois tenho ainda que consolidar conhecimentos e experiência nas outras áreas mais "tradicionais". Tenho pena de não poder explicar-te com mais promenor, pois também é só o que sei..

Se calhar expressei mais um desejo meu do que na realidade está a acontecer.
Na minha opinião, não consigo conceber, um veterinário actuar sozinho sem a colaboração de um treinador, visto que para QUALQUER cão, o treino de obediência e as aulas de cachorros e sociabilidade por exemplo, são do mais importante que há para a formação correcta do caracter e boa convivência entre dono-cão-sociedade. Um veterinário, mesmo que especializado na área, não pode andar a dar aulas de treino ou não faz outra coisa na vida.
Os cães problemáticos, com GRAVES problemas necessitam do mesmo treino como complemento do seu "tratamento", e a diferença entre colaboração e recomendação, está aí, em que ALGO mais se pode fazer durante o treino a pedido do veterinário e devidamente discutido entre os dois, em que a opinião e experiência do treinador também é tida em conta.

Depois no final de cada aula, os donos continuam a necessitar de apoio em casa e no dia-a-dia, pois algumas vertentes do problema manifestam-se só aí e então entra em campo o veterinário. Ele observa, diagnostica, acompanha, aconselha, corrige, ensina, etc... e se o problema também passar por alterações fisiológicas, este será o único que o pode diagnosticar e tratar.

Porque não devem estas duas pessoas, trabalhar como uma equipa multidisciplinar, cada uma na sua área mas tendo como ramo comum a etologia? Para mim são completamente essenciais para um tratamento completo e bem sucedido.

Se calhar sonho mais alto do que o meu país me permite...

O Vasco já disse tudo...

Ah.... e eu também, quando falo em especialidade, falo de residências de 2 ou 3 anos SEGUIDOS em hospitais estrangeiros ( porque cá não há), devidamente reconhecidas pelos colégios das especialidades respectivas. Isso é uma especialidade. Uma área de interesse é outra coisa, é ler uns livros, ir a umas palestras, tirar uns cursos, trabalhar na área... mas isso não basta para se intitular especialista... talvez "especializado" mas não especialista.
Elsa
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terça ago 31, 2004 11:08 pm

bombeira Escreveu: Ola,
Primeiro quero agradecer a todos q me responderam e segundo explicar melhor a situacao eu nao quero abandonar o cao ate porque vivo em Inglaterra e ca nao ha caes abandonados, mas tenho um filho com 6 anos que foi mordido na cara a semana passada por ele e nao quero q volte acontecer. Sempre que o cao morde ele leva umas boas palmadas e depois de morder a primeira vez ao meu marido a tareia foi grande mas nao serviu de nada ao fim de 10 dias mordeu outra vez e nao sao mordidelaszinhas sao mordidas de ficar com a mao cheia de sangue, mas o pior e que ele morde mesmo sem ser contrariado, acham que se fosse castrado resolvia a situacao? Tambem nao acho correcto ter um cao que comprei carissimo para agora nao dar banho nao ser tratado e levar purrada todos os dias que morda ou rosna.
Quanto a DRa nunca ouvi falar nao sei quem.
Obrigado e ate proxima
O caso é grave e acho que já não vai lá só com umas lambadas e castrar não resolve esse tipo de problemas.

Procure urgentemente um veterinário especialista. Só ele pode diagnosticar o que está a provocar esse tipo de comportamento.

Não desista do seu cão, pois mesmo que o dê a uma assoiação, muitas delas depois de avaliar cães agressivos consideram-nos não-adoptáveis e ou ficam a vida toda num canil ou são eutanaziados.
A vida dele só depende de si.

Boa sorte.
KROZ
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quarta set 01, 2004 9:51 am

VascoV Escreveu: Tudo começa por um extensissimo questionário sobre os hábitos, habitat do animal e sobre a vida do seu dono e pessoas, animais e alterações ambientais, que interagem com eles.
Questionário essencial na ATAAC ;) Os treinos lá agora baseiam-se muito na etologia e nada em competição.
VascoV Escreveu: Como não podia deixar de ser, impera o bom senso. Um veterinário, com formação em etologia, ou mesmo com o grau de especialista, ou ainda orientado por um, é essencial. Pelas razões citadas pela Elsa, afinal determinados comportamentos são despoletados por razões fisiológicas ou podem ser evitados recorrendo a medicação, que, como é lógico , só deve ser administrada por um médico-veterinário.


Que comportamentos por exemplo?

Vou dar um exemplo a ver se é isto. Temos lá um pa que era bem mauzinho para tudo e todos, inclusive donos. Fizemos o tal questionário, como quase sempre, a culpa foi dos donos, ensinámos os donos, estes mudaram totalmente os seus hábitos e o cão começou a mudar com eles. Depois, no treino, o cão começou a mudar no geral pois habituou-se à presença de outros cães e pessoas, embora só tolere o contacto com cadelas. Por muitos progressos que ele faça, a sua agressividade dificilmente chegará a um ponto que o deixe andar solto, pois com outros machos não vai lá, mas pelo menos está controlado, ligado aos donos e a reagir às ordens dos donos.
Agora, é aqui que entra o veterinário? Naquela parte que falta para eliminar a agressividade? Só me vem à cabeça castração ou drogas, mas nem uma nem outra para mim são opções. Pessoalmente preferia ter um cão agressivo desde que controlado.

Mas repara que no teu texto ligaste etologia aos veterinários, e o treino aos treinadores. Mas o que tenho vindo a dizer, é que um bom treinador tem formação em etologia, ou pelo menos estudou e colocou isso em prática. E para mim nada melhor que um etólogo prático e não um teórico. Um veterinário pode nem sequer ter cão e nunca ter praticado nada.

Por outro lado, em Portugal tenho ideia que é complicado encontrar treinadores com formação etológica, muita ou pouca. Estamos 99% virados para a competição e como tal a etologia não interessa muito. As escolas que treinam com base em formação etológica são poucas e não estão viradas para a competição e como tal, o nome delas é desconhecido para muitos.
Ainda estou para saber para onde vão mandar os cães considerados perigosos quando o tribunal ordenar que sejam adestrados. Ainda ficam piores...
KROZ
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quarta set 01, 2004 10:57 am

Elsa Escreveu: Os cães problemáticos, com GRAVES problemas necessitam do mesmo treino como complemento do seu "tratamento", e a diferença entre colaboração e recomendação, está aí, em que ALGO mais se pode fazer durante o treino a pedido do veterinário e devidamente discutido entre os dois, em que a opinião e experiência do treinador também é tida em conta.
Esses graves problemas serão o que? De nível neurológico?
Gostava mesmo de saber o que um especialista faz ou para que serve, pois até hoje só ouvi um, que visto ser uma recomendação do Vasco, acredito que seja bom, mas o que ouvi foram coisas banais daí que a minha impressão não tenha sido a melhor e fiquei com a sensação que essa especialização não serve de muito quando se pode optar por uma escola de cães.
Mas também não confundam a minha desilusão com o facto de os considerar inúteis que não é verdade. Só queria é que recomendassem pessoas cujo trabalho vos é conhecido para não criar a ilusões.

A minha experiência é curta e nunca vi um cão a não reagir a treinos, por isso não consigo imaginar que problemas serão esses cuja solução não seja apenas um treinador. Também creio que quem tem cães com esses problemas não tenha muita vontade de os resolver e "despacham" o cão. Deve ser o mais usual...
Elsa Escreveu: Porque não devem estas duas pessoas, trabalhar como uma equipa multidisciplinar, cada uma na sua área mas tendo como ramo comum a etologia? Para mim são completamente essenciais para um tratamento completo e bem sucedido.
É um cenário bonito, mas para quando a realidade?
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