Viva,
Para AnaS:
Obrigado pelas respostas às minhas questões, mas lamento discordar consigo, pois acho que não está a beneficiar a raça em nada com a ninhada que fez. O seu “beneficiamento” foi feito com base nas características morfológicas dos progenitores quando deviam ser feitas com base nas características da funcionalidade dos mesmos. Nenhum dos exemplares possui prova de trabalho, logo nenhum dos cães pode ser considerado um bom exemplar da raça, pois os Rottweilers são uma raça de cães de trabalho, sujeito por isso a uma prova de trabalho.
Entendo a sua posição, a qual em parte partilho. Contudo, gostava de comentar e trocar algumas ideias. Não posso concordar quando diz:
O seu “beneficiamento” foi feito com base nas características morfológicas dos progenitores quando deviam ser feitas com base nas características da funcionalidade dos mesmos.
Não vamos passar de um “extremo” para outro. O ideal, na minha opinião, seria o casamento de ambas as características, entre outras.
Uma das preocupações que tive, dentro das limitações existentes, foi para alem dos aspectos morfologicos/ Saude, olhar para o caracter/temperamento (do dia-a-dia) de ambos os exemplares. Não me interessa ter uma “beldade” que depois dado o seu temperamento não pode sair de casa nem ver ninguém. Não me interessa ter um cão que na minha presença me obedece cegamente, mas se me distraio...
Pessoalmente, vivo com o temperamento dos cães e não com a beleza ou obediência mecanica. O facto de termos um excelente cão de trabalho, não significa que o mesmo não possa ser agressivo. Assim sendo, na minha opinião, para obter um bom exemplar, há que tentar potenciar as características inerentes à raça e não beneficiar uma em deterimento de outra.
No caso da ninhada em questão onde características como: Morfologia, Saúde, temperamento e referências de trabalho dos antepassados dos progenitores, aliado ao facto da progenitora demonstrar grande disponibilidade para o adestramento (talvez por a avó materna Fenja Vom Hause karg ter sch I) não são características suficientes para se considerar um beneficiamento, bom...então não sei. Vamos optar por exemplares de pelo comprido e pelagem branca, ausência de afogueados, dentição incorrecta e imcompleta, olhos claros, temperamento instável e agressivo, excelente na pistagem, obediência e guarda. Será este o Rottweiler que se pretende?
Uma das minhas “guerras” com o R.C.P. e com o criador em questão, é estarem sempre a falar de morfologia descurando o temperamento/caracter e o trabalho. Se há alguem que fala nisto até ter a garganta seca, sou eu.
Infelizmente, o clube não tem condições para disponibilizar um campo de trabalho. Já sugeri, efectuarem protocolos com diversas escolas de adestramento ao longo do pais, permitindo aos sócios do R.C.P. descontos interessantes. Em paralelo sensibilizar as pessoas para o adestramento/Trabalho. Organizarem seminários.Não é só dizer que portugal não é a alemanha, há que fazer algo para mudar.
E já que a sua relação com o criador dos seus cães é tão boa, pergunte-lhe o que é o ZTP e o Korung dos Rottweilers
Modestamente, sei do que se trata. E pode estar certa que já abordamos esse tema.
Tive a oportunidade, recentemente (2 meses), de falar longas horas com o ex-presidente do clube Austriaco do Rottweiler. Em relação ao trabalho, no seguimento de lhe ter dito que não era apologista de cães escravos de trabalho (canil-trabalho-canil-trabalho), comentou o seguinte:
O excesso de rigor (Alemanha/Austria) no trabalho está na origem de muitos dos incidentes com a raça. A obecessão no trabalho leva a que os cães sejam “isolados” e o contacto com o mundo exterior muito reduzido. Muitos deles afirmam mesmo: Para o cão ser agressivo no trabalho de guarda, não pode ser um cão sociavel. O proprio diz ter presenciado algumas situações desagradáveis em plenas provas. Estamos a falar da opinião e constatação de factos de uma pessoa, ligada há mais de dez anos, à raça e em paises como a Alemanha e Austria.
Foi-me dito do Brasil, existirem casos flagrantes de proprietários (alguns deles criadores) que entregam os seus cães a treinadores profissionais. Estes são os responsáveis pelo seu treino e participação em provas de trabalho. No final, quando vem a taça, o dono dá um grande abraço ao treinador e aparece na foto com o trofeu na mão. O cão nessa altura já está fechado no atrelado pronto a ir para o canil. Lamentavel.
O que me atrai no Rottweiler é achá-lo um cão globalmente completo. O que entendo por completo: Bonito (discutivel), Sensível e Inteligente, Companheiro (brincalhão) familiar, Grande personalidade, Leal, Grande sentido de guarda (quer territorial, quer pessoal) tudo isto aliado a uma excelente capacidade de trabalho.
O Rottweiler, como qualquer outro cão merece uma vida digna e adequada às suas caracteristicas. Neste ultimo caso, não é necessário para tal, torná-lo num mero instrumento de vaidade mas sim no cão equilibrado. Aquele que pode estar ao pé de uma criança e em sociedade, independentemente de ser um cão de trabalho.
Quanto aos profissionais preferirem treinar outras raças que não o Rottweiler, já colocou a hipótese de ser porque a maioria dos exemplares actualmente em Portugal não reúnem as características que tanta fama deram a raça?
Não concordo na totalidade. Existe também sempre a possibilidade de irem buscar a uma linhagem de trabalho, um cão à alemanha e mostrarem aquilo que valem. Claro, é preciso gostar da raça. Volto a dizer: existem raças que permitem uma ascenção mais rápida e paralelamente são bons exemplos e pretextos para o negócio da criação.
Em jeito de desabafo, no que diz respeito ao Rottweiler em Portugal, o problema é as pessoas ainda andarem de costas voltadas a olharem para o umbigo. Não existe um interesse efectivo em conciliar ideias e esforços em prol da raça.
PS – Já consegui visualizar a sua página e devo alertá-lo para ter cuidado com algumas das coisas que escreve, como por exemplo com a técnica de mostrar dominância aos cães colocando-se sobre eles – “Alfaroll” -, pois esta para além de difícil de executar em termos físicos, pois não é fácil tombar e manter imóvel um cão que pode chegar a pesar 60 kg contra vontade, e que se efectivamente for muito dominante vai utilizar todos os meios disponíveis (boca, patas, força física) para impedir que o dono se coloque sobre ele. Algumas pessoas que leiam isto no seu site podem tentar pôr em prática esta técnica com os seus cães, colocando em risco a própria integridade física. Esta técnica apenas deve ser executada por pessoas experientes, pois há que garantir que o cão não sai vencedor nunca, caso contrário o efeito será precisamente o contrário do que se pretende
Só com pessoas interessadas e participativas é que se pode mudar o que quer que seja. Acho a sua crítica muito construtiva o que desde já agradeço. Brevemente, irei efectuar algumas retificações nesse sentido.
Em tempos tive que usar com o Panzer, devido à intolerância com alguns cães, o método em causa.
Desejo-lhe também para si a melhor sorte. Obrigado.
Para Sealords e boerboelfan:
Agradeço o vosso incentivo. obrigado.
Obs - Quanto ao preço da cauda, vamos ver o que se pode fazer...