Desculpem as notícias tardias mas foi só o tempo de comer uma sandes e vir aqui.
O Martim ainda está cá. Não sei até quando mas, imagino que não seja por muito mais tempo.
Quando chegámos e ao contrário do habitual, não o trouxéram para estarmos com ele. O meu coração claro que disparou mas, o meu marido com o seu positivismo todo, começou a dizer que devia ser para ele não se excitar, etc.
Passado um bocado que nos pareceu uma eternidade, fomos chamados paa irmos ao internamento ter com o Martolas. Pelo caminho encontrei duas das vets que se abraçaram a mim, deram-me uma festinha e me disseram para ter força.
Quando cheguei ao pé do Martolinhas, ele estava deitado na box de costas viradas para nós mas, quando nos sentiu, olhou sem mudar de posição. Claro que quase que me deitei dentro da box dele a dar-lhe festinhas e beijocas e, de cada vez que parava ele olhava para mim.
Disseram que tinham pedido para irmos até ao internamento porque ele não queria sair, pois sentia-se desconfortável.
Foi mudando de posição e por fim sentou-se na box, depois meteu-se de pé e por fim quis sair. Estávamos com um certo receio de o trazermos cá fora mas, depois de perguntarmos, disseram-nos que se ele queria para virmos.
Ineditamente o Martim quando chegou cá fora, andou a passear cerca de 20 minutos. Era ele sempre que pedia para continuar o passeio. Quem não soubesse, ninguém diria que ele estava tão mal e, aliás, o vet quando posteriormente falou connosco frisou exactamente isso. Andava com o rabito no ar, a dar e de cada vez que ouvia a minha voz, ainda abanava mais.
Por fim viémos para dentro e fomos novamente para a box. O desconforto continuava mas, ao contrário do que se passou durante o dia que esteve constantemente a vomitar, nas cerca de quase três horas que estive com ele, só o fez um vez e não foi muito.
O meu marido e eu tal como já disse, estivémos bastante tempo com ele mas eu mais do que ele. O Martim estava bastante cansadito e o meu marido quis ir para a sala de espera para ele poder descansar. A contragosto também ainda fiz menção de o acompanhar mas, quando me levantei e comecei a andar ... o Martim olhou para mim, com aqueles olhinhos dele e ... não fui capaz de o deixar. Assim, ficámos os dois sózinhos a queimarmos os "últimos cartuchos". Foi mimo como se não existisse amanhã, sempre a falar com ele com uma voz muito calma (sabe Deus como) e imaginem que comecei a contar-lhe a nossa história ... a história da 1ª vez que o vi e os desenvolvimentos que já sabem. Senti-me muito bem por nos ter sido permitido podermos passar este tempo a sós.
Foi altura de falar com o vet e, as coisas estão mesmo a complicar-se e muito. Os valores dispararam tal como já tinha dito pelo que, numa tentativa "desesperada" foi decidido suspender tudo e fazer só o soro a ver se se consegue "alguma mexida" nos valores como aconteceu há duas semanas atrás.
Daí o vet ter-me pedido mais 24/48 horas. Estívemos a falar com toda a sinceridade e frontalidade e ele pediu para eu dar mais este tempo pois se avançassemos já para a eutanásia, ficaríamos sempre a pensar que só tínhamos ido até aos 95% e não tinhamos esgotado os 100%.
Já se lutou tanto pelo Martolas que ... vamos até ao final deste percurso. Todos sabemos qual irá ser o desfecho mas ... TUDO e MESMO TUDO terá sido feito.
Se nas próximas análises os valores não tivéram baixado um pouco ou tivérem mesmo aumentado ... acabou. Não se irá esperar mais pois será a confirmação de que realmente foram esgotados TODOS os recursos.
Muito honestamente, penso que durante este tempo extra pedido não irá dar grande resultado mas, também muito honestamente acho que devo isso ao Martim e ao próprio vet.
Uma forista telefonou-me hoje e alertou-me exactamente para estes 5% que estavam a faltar na cruzada do Martim e, sou obrigada a dar razão. Ele vai partir infelizmente mas eu, vou continuar e iria começar não hoje, nem amanhã mas talvez para a semana a pensar ... e se nas tais 24/48 horas tivésse havido um volte-face? NUNCA o saberia e seria uma dúvida que me iria atormentar para o resto da vida.
Falámos abertamente sobre a eutanásia e, apesar do vet ser de opinião que a presença dos donos é melhor, no meu caso em concreto, acha que eu me devo tentar proteger e que para mim irá ser pior. Sei que sim mas, o Martim merece e precisa que eu lá esteja e será isso que irei fazer. Pelo menos na 1ª injecção irei lá estar de pedra e cal ao pé do meu menino.
Pedi também para, caso aconteça um agravamento súbito e se tenha de antecipar o final para, por favor nada fazerem sem me ligarem para eu ir a"voar" até lá.
Ainda bem que estes pontos foram falados pois nunca tinham ficado bem claros e assim as "instruções" estão dadas.
O meu marido que até agora tem sido dum positivismo (irrealista) está a ficar mesmo KO. Hoje também ele não conseguiu almoçar ... e sinceramente que também estou com medo da reacção dele, pois apesar de ser uma pessoas "muito racional" ... acho que, quando a hora da "verdade" chegar ... ele se vai desmoronar como um baralho de cartas.
A Mariazoca, anda tristíssima e tem tido imensos miminhos mas, mesmo assim, o olhar dela revela bem o que lhe "vai na alma". Quando cheguei a casa, obviamente tinha o cheiro do Martim. Se vissem a alegria dela ... a dar ao rabito completamente doida e não me largava nem por nada.
Enfim ... amanhã será um outro dia e oxalá existisse um milagre ... infelizmente, os milagres não existem e amanhã se Deus quiser, o Martolinhas irá ter uma mega dose de miminhos e beijocas grandes.
