COMANDO PARA LADRAR

Este é o fórum dedicado exclusivamente ao melhor amigo do homem! Troque ideias e tire dúvidas sobre o cão.

Moderador: mcerqueira

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dreamdog
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terça jun 11, 2013 12:09 pm

acho que o que o lds6 queria dizer até tem lógica .. se a técnica de dar recompensa com comida for usada 'desalmadamente' é provável que o cão ladre quando vir comida. Acho que a questão é mesmo usar a técnica de forma errada...

O meu cão tem um problema (isto apenas dentro de casa) uma dada altura para ele arrumar os brinquedos abusei nas recompensas (treats e outro tipo de comida..) talvez por desleixo ou por estupidez minha... o que acontece é que agora se tiver a comer algo 'que lhe cheire' o gajo 'arruma' os brinquedos todos aos meus pés :twisted: Se disser para ele parar..ele para de ir buscar os brinquedos. Mas até lá eu desmancho-me a rir com o ar dele tipo ''vá, é troca por troca..eu trago a tralha toda e tu das-me essa comida boa''
zeca2
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terça jun 11, 2013 3:15 pm

acho que o que o lds6 queria dizer até tem lógica .. se a técnica de dar recompensa com comida for usada 'desalmadamente' é provável que o cão ladre quando vir comida. Acho que a questão é mesmo usar a técnica de forma errada...
Pois, mas se fôr dada "desalmadamente" está a ser dada incorrectamente.
lds6
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terça jun 11, 2013 3:34 pm

zeca2 Escreveu:Pessoalmente não estou a ver o risco de usar comida para ensinar o cão a ladrar, e não percebo realmente o argumento do lds6. Então o sitz e o platz, ensinados com comida, levariam a que o cão os executasse apenas com comida? Perdoe-me a provocação, mas isso é dar razão a um dos argumentos muito usados contra os métodos exclusivamente positivos... argumento que, aliás, considero errado.

Como sabe melhor que eu, porque é defensor do método exclusivamente positivo, o objectivo deste método é levar o cão a obedecer sem recompensas de qualquer ordem. E isto consegue-se por:

- intermitência das recompensas;
- introdução do comando verbal, passando a ser recompensada apenas a execução ao comando;
- número progressivamente crescente de execuções sem recompensa;
- diminuição progressiva da intensidade das recompensas, mantendo os princípios anteriores, até à ausência completa (ou quase) de recompensa pela execução do comando.

Não percebo, pois, a diferença de critérios. E eu até utilizo mais a bola que a comida como recompensa...
Zeca, indique-me lá por favor, o momento em que eu disse que não se devia usar comida como recompensa. O que eu disse, única e exclusivamente, é que é mais conveniente e seguro usar-se um estímulo distinto da recompensa. Ou seja, é perigoso usarmos o mesmo "objecto" (seja comida, uma bola, um boneco, uma pedra ou uma estrela do mar, não importa!) como estímulo que instiga a ladrar e como recompensa.
Aliás, nem sei mesmo de onde tirou essa ideia de eu esteja a desaconselhar usar comida como recompensa, porque eu até digo várias vezes durante o tópico que o ideal é usarmos outra coisa que não comida para instigar o cão a ladrar, e depois usar a comida como recompensa!
zeca2
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terça jun 11, 2013 6:09 pm

Eu acho mais conveniente usar-se uma recompensa que seja diferente do estímulo usado para fazer ladrar. No vídeo, o Zak dá o pedaço de queijo pelo qual o cão está a ladrar. Se não houver um cuidado muito grande nos passos seguintes, ensinamos o nosso cão a ladrar para comer o que está na nossa mão. É preferível usar outra coisa como estímulo (uma bola, tocar à campainha, bater na parede, fazer saltar um objecto qualquer de mão para mão à frente do cão), e assim que ele ladrar, recompensar com comida.
Não me expliquei bem. Referia-me ao que está a bold e sobre isto a minha dúvida mantém-se - não sei porque é que a utilização de comida como estímulo /recompensa para o comando "ladra" deve ser encarada de forma diferente do que para os outros estímulos. Isto é, porque é que com o "ladra" há o risco de o cão ladrar pela comida, e com o "senta" ou o "junto" não há esse risco.
lds6
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terça jun 11, 2013 7:11 pm

zeca2 Escreveu:
Eu acho mais conveniente usar-se uma recompensa que seja diferente do estímulo usado para fazer ladrar. No vídeo, o Zak dá o pedaço de queijo pelo qual o cão está a ladrar. Se não houver um cuidado muito grande nos passos seguintes, ensinamos o nosso cão a ladrar para comer o que está na nossa mão. É preferível usar outra coisa como estímulo (uma bola, tocar à campainha, bater na parede, fazer saltar um objecto qualquer de mão para mão à frente do cão), e assim que ele ladrar, recompensar com comida.
Não me expliquei bem. Referia-me ao que está a bold e sobre isto a minha dúvida mantém-se - não sei porque é que a utilização de comida como estímulo /recompensa para o comando "ladra" deve ser encarada de forma diferente do que para os outros estímulos. Isto é, porque é que com o "ladra" há o risco de o cão ladrar pela comida, e com o "senta" ou o "junto" não há esse risco.

Em primeiro lugar, isto que diz agora é bem diferente do que disse antes.
É que, ao dizer
levariam a que o cão os executasse apenas com comida? Perdoe-me a provocação, mas isso é dar razão a um dos argumentos muito usados contra os métodos exclusivamente positivos... argumento que, aliás, considero errado.
depreende-se que estava a achar que a minha crítica ao uso de comida como estímulo tivesse origem numa eventual "adição" criada no cão...

Em segundo lugar, e em relação à pergunta concreta que coloca agora. Por que é que ensinar a ladrar é diferente de ensinar a sentar ou andar junto? Porque estes últimos são comportamentos que não só não nos importamos que sejam feitos sem comando, como é até o desejamos. Assim, se eventualmente estivermos com comida na mão, e o cão adopte, como estratégia para "pedinchar" essa comida, um senta ou um junto, não vem nenhum mal ao mundo.
Pelo contrário, ladrar não é um comportamento que desejamos ver realizado espontaneamente, sem ordem prévia. Se ensinado sem os devidos cuidados, pode (repito, PODE) resultar num cão que simplesmente aprendeu a ladrar para obter comida. O que é, convenhamos, muito diferente de um cão que aprendeu a esperar sentado para obter comida.

Repare o Zeca numa coisa. Eu não estou a dizer que usar comida simultaneamente como estímulo e como recompensa tenha, necessariamente, más consequências. O que estou a dizer é que é mais seguro usar duas coisas distintas, uma para estimular e outra para recompensar.
zeca2
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terça jun 11, 2013 7:30 pm

Eu compreendo o seu ponto de vista, mas acho que se o método de ensino fôr o correcto, não há esse risco que você assinala.

Já agora dois apontamentos em relação ao resto do seu último post:
Porque estes últimos são comportamentos que não só não nos importamos que sejam feitos sem comando, como é até o desejamos.
Eu pessoalmente NÃO desejaria que o fizesse, já que isso significaria que o treino tinha sido mal feito ou não estava completo: um dos objectivos do treino é precisamente obter do cão o comportamento APENAS após a verbalização da ordem (e isto é também válido para o "ladra", como é óbvio)
e ensinado sem os devidos cuidados, pode (repito, PODE) resultar num cão que simplesmente aprendeu a ladrar para obter comida
Pois, e significa também que o ensino do comando não está completo, já que o objectivo do treino é que o cão ladre À ORDEM. De resto, também seria um trabalho mal feito se o cão ladrasse sempre que me visse com uma bola na mão...

Eu não recuso validade ao seu argumento, lds, mas acho que não vale a pena complicar as situações, desde que o objectivo seja, como todos queremos, um comportamento devidamente consolidado.
lds6
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terça jun 11, 2013 9:12 pm

zeca2 Escreveu:Eu compreendo o seu ponto de vista, mas acho que se o método de ensino fôr o correcto, não há esse risco que você assinala.
É justamente isso que eu venho dizendo desde o início. Simplesmente, existe uma forma menos perigosa de fazer as coisas.
Já agora dois apontamentos em relação ao resto do seu último post:
Porque estes últimos são comportamentos que não só não nos importamos que sejam feitos sem comando, como é até o desejamos.
Eu pessoalmente NÃO desejaria que o fizesse, já que isso significaria que o treino tinha sido mal feito ou não estava completo: um dos objectivos do treino é precisamente obter do cão o comportamento APENAS após a verbalização da ordem (e isto é também válido para o "ladra", como é óbvio)
Pois é. Isso é o que acontece quando fazemos uma distinção demasiado rígida entre treino de comandos e "educação de boas maneiras". Ensinar "senta" ou "deita", por exemplo, não é apenas uma questão de obediência ao comando; é o ensino de um comportamento que, em muitas situações, funcionará como "comportamento incompatível alternativo". Por exemplo, quando chego a casa, gosto que o meu cão espere sentado que eu o cumprimente, em vez de se pôr a saltar ou a circular à minha volta, impacientemente. E para isso eu não preciso de dizer "senta". Ou então, enquanto como à mesa, gosto que o meu cão espere deitado, em vez de pedinchar, saltar para a mesa ou ladrar. E tudo isto sem comando accionado.

E volto a dizer: parece-me bastante óbvio que ladrar não entra na mesma gaveta que sentar ou andar junto; estes últimos não causam problemas se acontecerem espontaneamente; o primeiro causa.

De resto, também seria um trabalho mal feito se o cão ladrasse sempre que me visse com uma bola na mão...
Óbvio. Por isso é que não é uma questão de se usar comida ou deixar de se usar. É uma questão de usar uma coisa qualquer como estímulo e outra coisa distinta como recompensa.
Eu não recuso validade ao seu argumento, lds,
Vá lá. ainda há bocado não o percebia :D
mas acho que não vale a pena complicar as situações, desde que o objectivo seja, como todos queremos, um comportamento devidamente consolidado.
Zeca, uma vez mais, é isto que digo desde início. Ensinar a ladrar, quando é feito de forma "não-profissional" ou "inexperiente", pode desembocar num resultado indesejado. E esse resultado é facilmente evitável se, simplesmente, tomarmos a precaução que eu sugeri. Desse modo, o jeito e a experiência podem continuar toscos, e pode não se conseguir ensinar o comando, mas pelo menos evita ter-se ensinado algo indesejado. Isto não é complicar; é simplificar.
zeca2
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quarta jun 12, 2013 7:57 am

Acho que temos opiniões diferentes sobre esse seu conselho. Para mim a coisa é simples: ensinar um cão a ladrar à ordem é precisamente isso - ladrar À ORDEM.

Pois é. Isso é o que acontece quando fazemos uma distinção demasiado rígida entre treino de comandos e "educação de boas maneiras". Ensinar "senta" ou "deita", por exemplo, não é apenas uma questão de obediência ao comando; é o ensino de um comportamento que, em muitas situações, funcionará como "comportamento incompatível alternativo". Por exemplo, quando chego a casa, gosto que o meu cão espere sentado que eu o cumprimente, em vez de se pôr a saltar ou a circular à minha volta, impacientemente.
Mais uma vez não coincidimos. Os tais "comportamentos alternativos incompatíveis" não sucedem espontâneamente, terão de ser ensinados... mas, como depreendo que ensina o junto com comida, imagine que o cão, "espontâneamente", resolve colar-se a si enquanto o amigo saboreira uma boa posta mirandesa... não seria mais adequado mandá-lo deitar-se enquanto você come, em vez de esperar para ver qual o comportamento "alternativo" que ele espontaneamente resolve adoptar?
lds6
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quarta jun 12, 2013 2:54 pm

Bom... eu começo a achar que há aqui mais qualquer coisa além de falta de compreensão.

Vamos ver alguns diálogos em excerto:

eu disse:
Ensinar "senta" ou "deita", por exemplo, não é apenas uma questão de obediência ao comando; é o ensino de um comportamento que, em muitas situações, funcionará como "comportamento incompatível alternativo".
ao que o Zeca responde:
Os tais "comportamentos alternativos incompatíveis" não sucedem espontâneamente, terão de ser ensinados...
Quem disse que não têm de ser ensinados? Quem disse que o que eu procuro é que eles ocorram espontaneamente?

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Eu disse:
Ou então, enquanto como à mesa, gosto que o meu cão espere deitado, em vez de pedinchar, saltar para a mesa ou ladrar. E tudo isto sem comando accionado.
e o Zeca coloca depois o seguinte cenário:
como depreendo que ensina o junto com comida, imagine que o cão, "espontâneamente", resolve colar-se a si enquanto o amigo saboreira uma boa posta mirandesa... não seria mais adequado mandá-lo deitar-se enquanto você come, em vez de esperar para ver qual o comportamento "alternativo" que ele espontaneamente resolve adoptar
Não só, uma vez mais, é estranha a sua insistência em relação a eu desejar que o comportamento surja "espontaneamente", como chega até a referir um exemplo-situação para a qual eu já tinha dito aquilo que acontece no meu caso.
Já agora, ser-me-ia bastante indiferente que o meu cão esperasse que eu terminasse a refeição deitado, sentado, a fazer o pino ou a jogar sudoku; o que importa é que seja ensinado um comportamento alternativo incompatível com aquilo que eu não quero, que seria pedinchar ou saltar para a mesa. No caso, foi "deitar".

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eu digo isto:
ladrar não é um comportamento que desejamos ver realizado espontaneamente, sem ordem prévia.
e isto:
parece-me bastante óbvio que ladrar não entra na mesma gaveta que sentar ou andar junto; estes últimos não causam problemas se acontecerem espontaneamente; o primeiro causa.
e o zeca diz:
Acho que temos opiniões diferentes sobre esse seu conselho. Para mim a coisa é simples: ensinar um cão a ladrar à ordem é precisamente isso - ladrar À ORDEM.
está a discordar do quê, se eu digo, justamente, que no caso específico de 'ladrar' é extremamente conveniente que seja unicamente feito ao comando?

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Zeca, sintetizando, a ver se nos entendemos:


Eu nunca disse que pretendo que o meu cão realize espontaneamente os comportamentos em vez de fazê-lo ao comando; disse sim que não acontece nada de catastrófico se um cão senta ou deita ou anda junto de modo espontâneo, sem comando, enquanto no caso de ladrar, aí sim, não queremos de todo que seja um comportamento que aconteça sem indicação nossa. A única vez em que falei em "espontâneo" foi para dizer que não vem nada de mal ao mundo se um cão se senta ou anda junto espontaneamente, sem comando; nunca falo em "espontâneo" como o aquilo que é mais desejável. Ficou claro?
zeca2
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quinta jun 13, 2013 9:52 am

eu começo a achar que há aqui mais qualquer coisa além de falta de compreensão.
Meu caro lds, não leve o debate para o campo dos "supônhamos": você insinua, eu contra-insinuo, e acabamos por descer o nível e estragar a discussão. Daí que não comece com juizos de intenções, para eu não começar também.

Eu também vou sintetizar, a ver se nos entendemos:

1. O meu amigo defende a utilização de uma bola como estímulo e comida como recompensa, por forma a obviar a que - se o treino fôr mal feito - se corra o risco de que o cão se habitue a ladrar sempre que o vir com comida, ou sentado à mesa a comer (o que já é uma generalização do comportamento).

Eu discordo e explico porquê:

- porque o objectivo aqui no forum (digo eu) é expôr os procedimentos para que o treino seja feito eficazmente e os comandos consolidados, e não arranjar "truques" para evitar incorrecções no treino.

- por outro lado,, e já que estamos em maré de antecipa problemas, também é verdade que o uso da bola como motivador também se pode revelar particularmente incómodo. Dou um entre muitos exemplos possíveis: se o meu amigo estiver calmamente a jogar uma partida de bilhar com o seu cão presente, sempre que pegar numa bola vaio ser uma ladrada tremenda... para mim isto significa que o cão foi mal treinado e ladra quando lhe apetece, e não à ordem, como deveria.

2. o lsd6 diz que, se tiver um cão a quem ensinou o fuss com comida e ele se puser em fuss quando você come, não o incomoda nada, aliás até é um "comportamento incompatível espontâneo". Eu gosto de comer sossegado e sem os olhos do cão ao nível do meu peito, ainda para mais esbugalhados pelo "apetite".

Daí que eu tenho várias alternativas, tanto para o "ladra" espontâneo como para o "fuss" espontâneo:

- mando-o deitar
- mando -o sentar
- ponho-o fora da sala
- ponho-o fora de casa.

Isto é: não espero a espontaneidade que o amigo tanto aprecia, apenas imponho a minha qualidade de super-alfa. Já sei que não concorda com o termo, mas eu acho-o adequado.

Penso ter deixado bem explícita a minha posição, para que não haja dúvidas que o levem a fazer insinuações. Por mim não tenho qualquer interesse em prolongar a discussão, até porque as nossas posições ficaram, acho eu, bastante claras.
lds6
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quinta jun 13, 2013 5:09 pm

zeca2 Escreveu:
eu começo a achar que há aqui mais qualquer coisa além de falta de compreensão.
Meu caro lds, não leve o debate para o campo dos "supônhamos": você insinua, eu contra-insinuo, e acabamos por descer o nível e estragar a discussão. Daí que não comece com juizos de intenções, para eu não começar também.
Zeca, eu apenas disse aquilo porque achei (e acho) inacreditável a forma como o Zeca põe palavras na minha boca da forma completamente oposta à forma que eu usei. Dei-lhe três exemplos no comentário anterior. O Zeca nem se lhes referiu agora. Curioso.
Aliás, a dispersão que esta conversa está a tomar era evitável se o Zeca respondesse directamente àquilo que, de facto e em concreto, eu digo, em vez de fazer um apanhado geral do que digo e, pelo caminho, deturpar tudo.

1. O meu amigo defende a utilização de uma bola como estímulo e comida como recompensa, por forma a obviar a que - se o treino fôr mal feito - se corra o risco de que o cão se habitue a ladrar sempre que o vir com comida, ou sentado à mesa a comer (o que já é uma generalização do comportamento).
Não, mais uma vez, leu mal. Eu não defendo isso. Eu defendo que se use um estímulo diferente do que se vai usar como recompensa. Seja uma bola como estímulo e comida como recompensa; seja comida como estímulo e bola como recompensa; seja uma campainha como estímulo e comida/bola como recompensa (aqui era óbvio que não se ia usar a campainha como recompensa), etc.
A ideia, já estou cansado de me repetir, é que se evite que o cão ladre para obter aquilo que lhe foi apresentado.
Eu discordo e explico porquê:

- porque o objectivo aqui no forum (digo eu) é expôr os procedimentos para que o treino seja feito eficazmente e os comandos consolidados, e não arranjar "truques" para evitar incorrecções no treino.
O objectivo é expor procedimentos? Ãh? Desculpe?? Quando muito, o objectivo será ajudar as pessoas. E, acho eu, alertar as pessoas para um passo que pode degenerar em erro é ajudar as pessoas. Evitar incorrecções no treino não é uma forma de ajudar a que o treino seja feito eficazmente?
Zeca, vá lá atrás e veja o contexto em que surgiu a minha sugestão. Foi mostrado um vídeo em que se ensina um cão a ladrar com uso de comida; a mesma comida que lhe é oferecida. Em relação a esse vídeo (onde, aliás, não se mostra o processo inteiro), eu adverti: cuidado para não ensinarem o que não desejam. E, para evitar isso, referi uma "técnica" que ajudará a que se tenha esse cuidado. Nada mais. Formas de evitar erros no treino não são úteis?

Já agora, aproveito para acrescentar algo. Mesmo que o treino seja bem feito, se o estímulo coincidir com a recompensa (bola como estímulo e bola como recompensa; comida como estímulo e comida como recompensa, etc.), vai haver ali uma fase em que o cão vai estar a ladrar para obter o que lhe foi prometido (o estímulo). Claro que é possível ultrapassar esta fase. Mas a minha sugestão (estímulo diferente da recompensa) vai acelerar o processo e evitar que a tal fase em que o cão ladra para receber o estímulo se arraste por muito tempo e seja muito mais fácil de superar.
Uma vez mais, só para que o Zeca não interprete mal: não quer isto dizer que a técnica que usa o mesmo objecto como estímulo e recompensa não resulte. Resulta. Mas se existe uma forma de tornar todo o processo mais directo, fácil e controlável, não percebo a embirração?

- por outro lado,, e já que estamos em maré de antecipa problemas, também é verdade que o uso da bola como motivador também se pode revelar particularmente incómodo. Dou um entre muitos exemplos possíveis: se o meu amigo estiver calmamente a jogar uma partida de bilhar com o seu cão presente, sempre que pegar numa bola vaio ser uma ladrada tremenda... para mim isto significa que o cão foi mal treinado e ladra quando lhe apetece, e não à ordem, como deveria.
sim, Zeca, o que mais há são pessoas que têm mesas de bilhar em casa e jogam junto dos seus cães, ou salões de bilhar que deixam entrar cães, e os respectivos donos levem cães para lá. Poderia ter dado um exemplo melhor. Mas vou pegar na generalidade do seu exemplo, ou seja, sempre que eu estivesse com uma bola na mão, o cão iria ladrar.
Pois, mas por isso mesmo é que eu sugiro que se use um estímulo diferente da recompensa. Acho que é a sexta vez que o digo aqui. Use um estímulo (bola, comida, campainha, etc.) diferente da recompensa (comida, bola, tug, etc.).
Mais uma vez: se usarmos o mesmo "objecto" como estímulo e como recompensa, se fizermos tudo direito, é possível que não haja problemas. Claro. Mas se tomarmos o cuidado que eu sugeri, ainda é menos provável que surjam problemas. Com a vantagem de que a minha sugestão vai reduzir os problemas mesmo, e sobretudo, nos casos em que o ensino não seja o mais correcto.
2. o lsd6 diz que, se tiver um cão a quem ensinou o fuss com comida e ele se puser em fuss quando você come, não o incomoda nada, aliás até é um "comportamento incompatível espontâneo". Eu gosto de comer sossegado e sem os olhos do cão ao nível do meu peito, ainda para mais esbugalhados pelo "apetite".
Já começa a ficar constrangedor. Na mensagem imediatamente anterior demonstro-lhe que, em nenhum momento, eu defendo a espontaneidade do comportamento; e o Zeca volta à carga, a dizer que "eu tanto aprecio a espontaneidade". De onde é que o Zeca retirou essa ideia?
O que disse foi (terceira vez que digo): ladrar espontaneamente é perturbador; sentar ou andar junto espontaneamente não é. É claro que não é esse o objectivo; é claro que isso não me satisfaz; simplesmente não é perturbador como o seria o ladrar. Há aqui alguém que não concorde que ladrar (por exemplo, para pedir comida) seja mais incomodativo do que sentar para o mesmo efeito?
"Andar junto", para mim, é isso mesmo: ANDAR junto. Seria preciso um golpe dramático de generalização (ou uma catástrofe no processo de ensino) para que o cão achasse que iria andar junto enquanto eu estou sentado, à mesa.
Volte atrás na conversa e conte as vezes em que eu lhe disse, já, que "comportamento alternativo incompatível" tem de ser ensinado e nunca algo espontâneo da parte do cão.

Isto é: não espero a espontaneidade que o amigo tanto aprecia, apenas imponho a minha qualidade de super-alfa.
Eu acabei de lhe dizer, no comentário anterior, que a espontaneidade não é aquilo que procuro; simplesmente há comportamentos que, se realizados espontaneamente, não são tão problemáticos quanto outros. No mais, um comportamento alternativo incompatível não é, NUNCA, um comportamento espontâneo; é, ao invés, ensinado, repetidamente ensinado.

Penso ter deixado bem explícita a minha posição, para que não haja dúvidas que o levem a fazer insinuações. Por mim não tenho qualquer interesse em prolongar a discussão, até porque as nossas posições ficaram, acho eu, bastante claras.
A sua posição é perfeitamente clara. Acha que o ensino do 'ladra', se bem realizado, não acarreta problemas, logo pode ser usado qualquer objecto para recompensar e para estimular. Tudo bem; isso é perfeitamente claro.
Menos clara é a forma como tem estado a interpretar de forma absolutamente errada muitas das coisas que lhe digo, mesmo após eu repeti-las insistentemente.

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Bom, tendo em conta que, à excepção do que coloquei em itálico, nada do que disse foi novo, tudo o que disse foram já repetições do que já havia tentado explicar-lhe, não vejo grandes motivos para continuar a martelar mais. Se desta vez, ainda assim, vai continuar a achar que eu procuro comportamentos espontâneos em vez de ensiná-los, e se continuar a achar que aquilo que entendo por comportamento alternativo incompatível é algo não ensinado e espontâneo da parte do cão, apesar de já lho ter dito que não por diversas vezes; então acho mesmo que termino por aqui.

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Quanto ao super-alfa: eu é mais Batman e Robin. Já agora, estou a ver um holofote com uma forma de morcego aqui no tecto. Deve ser aqui o patudo que quer ir à casa de banho.

Abraço
zeca2
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sexta jun 14, 2013 9:36 am

Ora bolas (passe a alusão...). Não é que eu entendi mal e você nunca referiu a utilização de uma bola como estímulo e comida como recompensa? Peço desculpa pela desatenção...

Eu, por acaso, tenho mesa de bilhar e não percebo porque é que quem admite cães no espaço das refeições não possa admiti-lo neste espaço. Mas também podia ter mesa de ping-pong, matrecos, campo de volei no jardim, bola de futebol, enfim, tudo coisas inacessíveis ao comum dos mortais e reservadas apenas para uma casta de privilegiados. Para além de não me ser permitido assistir a jogos de futebol, volei de praia, street basket, luxos não compatíveis com a crise que atravessamos...

De qualquer modo, não fui eu que evoquei a bola como estímulo e que agora digo que pode ser outra coisa.

O junto não é só andar junto, acho eu, mas se calhar também estou enganado. Pensava que ao dar o comando o cão se colava à minha perna esquerda, com a omoplata ao nível do meu joelho, devidamente focalizado, e só começava a andar quando eu o fizesse...

Outro engano terrível em que incorri foi pensar que ensinar um comando era falar sobre as distintas fases de consolidação. Parece que também estava enganado.

Sobre o Batman e não sei quem mais, nunca fui adepto de transportar a banda desenhada para o mundo canino. A não ser que, com o milagroso treino dos biscoitinhos, seja possível ensinar os cães a ler livrinhos de aventuras.

Enfim, com um pedido de desculpas por tão lamentáveis erros de apreciação, dou por terminada a minha intervenção neste tópico - que já vejo para onde vai.
lds6
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sexta jun 14, 2013 3:19 pm

zeca2 Escreveu:Ora bolas (passe a alusão...). Não é que eu entendi mal e você nunca referiu a utilização de uma bola como estímulo e comida como recompensa? Peço desculpa pela desatenção...
Pois entendeu mal. Entendeu que eu apenas e exclusivamente referi esse "par". Na verdade, o que referi foi: uma coisa qualquer como estímulo e outra coisa diferente como recompensa. Bola como estímulo e comida como recompensa é apenas um dos exemplos possíveis, tal como já disse várias vezes, e só por desatenção, de facto, lho pode ter passado.

Mas quando eu digo que o Zeca tem estado a compreender mal, eu estou a falar, sobretudo, de outras coisas que, por sinal, o Zeca já não refere no último "post". Refiro-me por exemplo à incompreensível forma como insistia que eu "tanto apreciava" a espontaneidade dos cães, mesmo depois de eu insistentemente lhe dizer que "a espontaneidade de alguns comportamentos é um mal menor por comparação com outros". Ou da perturbante associação entre comportamento espontâneo (e não ensinado) e comportamento alternativo incompatível, como se essa associação tivesse alguma vez sido feita por mim. Era sobretudo a isto que eu me referia e refiro quando dizia e digo que o Zeca coleccionou uma série dá más compreensões do que eu disse. Se pusermos lado a lado algumas citações minhas e suas, isso tornar-se-á uma evidência.
Eu, por acaso, tenho mesa de bilhar e não percebo porque é que quem admite cães no espaço das refeições não possa admiti-lo neste espaço. Mas também podia ter mesa de ping-pong, matrecos, campo de volei no jardim, bola de futebol, enfim, tudo coisas inacessíveis ao comum dos mortais e reservadas apenas para uma casta de privilegiados. Para além de não me ser permitido assistir a jogos de futebol, volei de praia, street basket, luxos não compatíveis com a crise que atravessamos...
O problema do seu exemplo é que ele tem muito pouco de genérico, como se quer que um exemplo seja. No mais, escusa de estar a dar outros exemplos, eu próprio já tinha aceite a generalização implicada no seu exemplo do bilhar e tinha falado sobre essa generalização, que era o mais importante. Mas sobre isso, que era o mais importante, o Zeca já nada diz.
De qualquer modo, não fui eu que evoquei a bola como estímulo e que agora digo que pode ser outra coisa.

Não, não foi apenas "agora" ou recentemente que eu comecei a dizer que, afinal, podem ser outras coisas usadas como estímulo e não apenas a bola. Volte atrás e conte o número de vezes em que eu digo que pode ser outra coisa qualquer. Mais uma vez por desatenção apenas reteve a bola.
O junto não é só andar junto, acho eu, mas se calhar também estou enganado. Pensava que ao dar o comando o cão se colava à minha perna esquerda, com a omoplata ao nível do meu joelho, devidamente focalizado, e só começava a andar quando eu o fizesse...
Normalmente, para começar a andar, tenho já de estar em pé, e de preferência sem uma mesa à frente.
A situação em que o andar junto é ensinado, generalizado e posto em prática, que me recorde, não costuma envolver um dono sentado com uma mesa à frente. Tanto mais que, quando o dono se senta à mesa, depreende-se que um outro comportamento que foi ensinado, generalizado e posto em prática vá ocorrer...
Outro engano terrível em que incorri foi pensar que ensinar um comando era falar sobre as distintas fases de consolidação. Parece que também estava enganado.
Nem sei bem a que é que se está a referir aqui? (mais uma vez, ajudava se o Zeca fizesse "quotes", mas isso iria colocar a nu a forma como mais do que uma vez me põe a achar coisas sobre as quais tinha acabado de dizer o contrário). Será que se está a referir à parte em que eu lhe pergunto se dar uma dica para não se cometer erros é ou não ajuda legítima num fórum? Se for, mais uma vez lhe digo que está a partir de um pressuposto errado que tudo o que se trata aqui é de ensinar comandos e processos para obter "comandos".
Aliás, bem antes de começarem as suas questões, na altura em que eu dei a sugestão que tanto o chateia, havia um vídeo em que se davam instruções de como ensinar o comando, vídeo esse em relação ao qual eu fiz a advertência. Nada mais.
Para além disso, eu até referi essa questão das várias fases de um processo de aprendizagem de um comportamento, e disse que, sob esta perspectiva, usar um estímulo diferente da recompensa ajuda a que esse processo se torne mais simples e menos maleável a contratempos.
O mais curioso disto tudo é que o Zeca, a quem tanta impressão faz que eu apenas tenha dado um conselho para evitar erros em vez de fazer um minucioso tutorial de como ensinar o cão a ladrar, ainda nada disse acerca do tema, fosse na forma de um tal tutorial, fosse na forma de um simples conselho.
Sobre o Batman e não sei quem mais, nunca fui adepto de transportar a banda desenhada para o mundo canino. A não ser que, com o milagroso treino dos biscoitinhos, seja possível ensinar os cães a ler livrinhos de aventuras.
É curioso esse renovado desdém pelos "biscoitinhos" ter surgido agora, quando toda a discussão surgiu pelo facto de o Zeca estar muito surpreendido e discordante com a minha (pretensa) crítica ao uso de comida.
Em relação à BD, bom eu achava que Super-Alfa era algum tipo de personagem, mas já vi que é mesmo coisa séria.
Enfim, com um pedido de desculpas por tão lamentáveis erros de apreciação, dou por terminada a minha intervenção neste tópico - que já vejo para onde vai.
Ora essa, por quem sois.
Um abraço, caro Zeca.
zeca2
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sábado jun 15, 2013 9:17 am

É preferível usar outra coisa como estímulo (uma bola, tocar à campainha, bater na parede, fazer saltar um objecto qualquer de mão para mão à frente do cão
Pronto, cá vai uma das citações de que o lsd tanto gosta, e que foi, aliás, a que deu azo à nossa discussão...

Curiosamente, o primeiro exemplo que dá é da bola. Foi o primeiro que lhe ocorreu. Porque seria?

Quanto aos outros, é fácil imaginar situações em que o cão ladrará inconvenientemente ante eles, se tiver sido MAL ENSINADO. Deixo à sua fértil imaginação e sentido de antecipação detectá-las, mas poderei, se precisar e quiser, dar-lhe uma ajuda.
A situação em que o andar junto é ensinado, generalizado e posto em prática, que me recorde, não costuma envolver um dono sentado com uma mesa à frente. Tanto mais que, quando o dono se senta à mesa, depreende-se que um outro comportamento que foi ensinado, generalizado e posto em prática vá ocorrer...
O argumento parece arrasador, só que:

- um fuss bem ensinado pressupõe que o cão adopta a posição ao seu lado, esteja você em pé ou sentado
- a questão de a mesa estar à frente é falaciosa - pode não estar. Além disso o cão tem sempre a opção de a contornar. A não ser que o lds coma em cima da mesa, aí sim já terá pertinência o argumento.
o Zeca, a quem tanta impressão faz que eu apenas tenha dado um conselho para evitar erros em vez de fazer um minucioso tutorial de como ensinar o cão a ladrar, ainda nada disse acerca do tema, fosse na forma de um tal tutorial, fosse na forma de um simples conselho.
Primeiro, não me faz impressão nenhuma o que quer que você diga, vejo apenas falta de lógica. Depois, já aqui me referi às fases do processo (é uma questão de procurar essa referência, e, talvez, metê-la numa das suas apreciadas "quotes". Deixo apenas mais uma:

- a partir de certo nível de aprendizagem, o cão deixa de ver a comida e age apenas ao comando verbal, recebendo a comida como recompensa.
É curioso esse renovado desdém pelos "biscoitinhos" ter surgido agora, quando toda a discussão surgiu pelo facto de o Zeca estar muito surpreendido e discordante com a minha (pretensa) crítica ao uso de comida.
Nada me move contra os "biscoitinhos" ou contra o uso de comida no treino, embora, à excepção da pistagem, as minhas preferências sejam outras, por várias razões. Tratou-se apenas de uma piada equivalente à sua do Batman... e que tentei que tivesse a mesma "graça".

Resumindo: o que eu disse foi que, em vez de andarmos a arranjar estímulos alternativos à comida, o correcto seria expôr o modo correcto de se conseguir um comportamento consolidado. Um "ladra" mal consolidado tem efeitos indesejáveis seja com que estímulo fôr. Pensei que tivesse apreendido, mas vejo que não. Você propõe "remendos" para um comportamento mal consolidado, eu defendo que se concolide esse comportamento.

E porque suspeito que estamos a chatear quem nos lê com esta discussão, estarei disposto a continuá-la por mp, se assim o desejar.

Até então, uma abraço também para si, lsd.
lds6
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sábado jun 15, 2013 2:15 pm

zeca2 Escreveu: E porque suspeito que estamos a chatear quem nos lê com esta discussão, estarei disposto a continuá-la por mp, se assim o desejar.
Não, Zeca, obrigado. Tal como tinha dito antes, se não houvesse nada de novo a acrescentar, da minha parte, não iria continuar a discussão. Como tudo do que eu poderia dizer para lhes responder ao seu último "post" iria limitar-se a repetir o que já me cansei de dizer, não vale mesmo a pena continuar.
No mais, não acredito que mais alguém esteja a ler isto. Como tal, acho que o enfado só poderá atingir algum de nós. Não sei quanto a si, mas eu já estou bem enfadado.

Abraço
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