Pedra Escreveu:
Outros, porque viajam bastante, deixam os animais nesses locais por um ou dois meses, voltam para casa, e depois, mais canil, etc.
Bom, sem brincadeiras, esse foi o caso do meu cão anterior, o Bobby, era um cocker spaniel lindo, os seus donos eram um casal já grande, sem filhos, aparentemente o compraram naquela altura em que os cockers estavan na moda e despois ficaram cada vez mais chateados com a realidade do cão: a sujeira, os moveis roídos, os pelos no sofa, etc.
O Bobby ficava sozinho o dia todo enquanto eles trabalhavam e ás sextas feiras enfiavam o bicho no hotel canino porque era chato com as visitas lá em casa e o casal gostava de reuniões e festas, ás vezes ficava lá mais tempo, quando eles viajavam.
O mesmo dono do hotel canino disse ao casal para oferecer o cão, já que evidentemente não gostavam dele, e eles concordaram. Uma amiga minha namorava naltura com o dono do canil e perguntou se não queríamos o cão e pronto, ficamos com ele.
Via-se logo que não sabia vivir em familia, era desastrado e nervoso, qualquer coisa fora da rutina diaria era motivo para ele ficar a dar voltas e a ganir, tinha dois anos e fazia-se chichi aos pinguinhos quando íamos a levar-lho á rua, foi uma trabalheira educar-lho.
Mas era muito submisso e doce conosco, até com as meninas que eram pequeninas e lhe punham fitas e molas no pelo, lençois, chapeus, ele aturava tudo. Nunca ficaram sozinhas com o cão, mas foi porque nunca ficaram sozinhas em caso nenhum, eram traquinas e eu estava sempre de olho nelas ou então ficavam com as avós.
Lembro-me dalgumas noites que ficavamos a ver televisão no sofa e o Bobby, desde o seu tapete, olhava para nós até adormecer, pode ser maluquice minha, mas acho que nesses momentos ele era um cão feliz. Trouxemos-lho conosco da Argentina, eu ponderei a hipótese de procurar novos donos para ele e deixar-lho lá, mas não fui capaz, e lá foi ele, 12 horas de avião numa caixa transportadora mais 3 horas de carro de Málaga a Faro.
Morreu cá em Portugal, nunca tinha chorado tanto como chorei por esse cão. Passou-se quase um ano até que me senti com vontade de procurar outro cão... e ali começou a saga do Dylan.
Peço imensa desculpa pelo testamento, fiquei com saudades do meu primeiro maluco
Sobre a pergunta feita pela Isabel:
Nao sei se um cão obrigado a passar longas temporadas enfiado num canil sem ver aos donos pode ser feliz, eu acho que não.
Acho que quando a gente decide partilhar a sua vida com um ser vivo, seja humano (marido/mulher/filhos) ou animal (cão, gato, passaro, etc) tem que disponibilizar o tempo e os recursos que esse novo companheiro de vida vai precisar. Sobre tudo aqueles que dependem de nós quando somos adultos, nomeadamente os filhos e as mascotes, acho que não podemos (não devemos) fugir á responsabilidade de os acompanhar.
Alicia