Uma das poucas pessoas que me dao prazer - genuíno - na discussão é a Madona.
Já vem de há muito atrás estes nossos diálogos - às vezes do mesmo lado - outras vezes nem tanto.
Mas é uma pessoa - não preciso de a conhecer pessoalmente - com ideias e, sobretudo, coerente na vida real com o que diz e pensa.
Muito, mas mesmo muito, admirável.
Também já tinha saudades suas, das suas ideis, da sua intransigência.
Embora, neste assunto, me pareça que convêm transigir.
Aliás acho que convêm sempre transigir, desde que isso não implique uma real interferência com as nossas convicções.
Como a Madona (mas sou mais velha) passei por muitos combates e fui tão intransigente como você.
Depois percebi que levava "água ao meu moinho" se não me prendesse tanto a aspectos superficiais e continuasse a bater-me pelo essencial.
Percebi que uma vitória - na vida - é um somatório de vitórias parciais.
Que se hoje conseguir que um cão dito "perigoso" ande na rua, calmamente, sendo estimado por quem se cruza com ele, a polícia não vai fazer nada.
E, devagar, devagarinho, as pessoas vão pensar "afinal não é nada como eles dizem" e, amanhã, temos condições para mudar a lei idiota.
Quanto a acharem mal que se avaliam as pessoas pelo aspecto :
Todos fazem isso.
Uns de um lado, outros doutro.
Os que dizem que não, fazem o mesmo.
Se virem um senhor de fato (um bom fato), guiando um mercedes, com o "Financial Times" é logo um "emproado", um burguês, etc.
Não esperam para o ouvir e ver realmente que pessoa é.
Ninguém espera.
E, deixem-me que lhes diga - provávelmente têm razão.
As probabilidades jogam a favor do preconceito.
Só se lembram que é preconceito quando os atingem.
Esta é que é a verdade.
So, please, "cut the crap".
E deixem-me dizer só mais uma coisinha, Jerry Rubin -o grande ideólogo do "flower power" é hoje um corretor em Wall Street e muito bem sucedido - só para dizer ,aqueles que parecem ser os pilares mais sólidos de qualquer tendência da moda (dreads, góticos, seja o que fôr) amanhã são o pilar mais sólido do sistema.
As aparências sejam quais forem, enganam.
Patetices, polícias e figuras tristes
Moderador: mcerqueira
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enganam? como dirão alguns teóricos, os rebeldes tomam sempre o lugar dos conformistas. é só uma questão de tempo. basta ver a história.E deixem-me dizer só mais uma coisinha, Jerry Rubin -o grande ideólogo do "flower power" é hoje um corretor em Wall Street e muito bem sucedido - só para dizer ,aqueles que parecem ser os pilares mais sólidos de qualquer tendência da moda (dreads, góticos, seja o que fôr) amanhã são o pilar mais sólido do sistema.
As aparências sejam quais forem, enganam.
mas há aparências que são verdadeiramente hilariantes. não me posso esquecer que a filha de uma amiga minha decidiu pintar o cabelo de verde. nessa altura, mudou-se para o camões para fazer o 12ª ano. a directora de turma chamou logo a mãe, porque pensava estar perante um caso grave de abandono, toxicodependência. enfim. de grande marginalidade. isto até que a petiza começou a tirar 18 e 19


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Apesar de tudo, acho que o dono exterioriza a sua personalidade através do cão: afinal, é por isso que preferimos raças, não? Quer queiramos quer não, o animal é sempre um "acessório" à nossa personalidade. E, como quanto mais acessórios melhor, bora decorar o bicho! Um "heavy metal" iria colocar a coleira de bicos quer o seu cão fosse um rotweiller ou um caniche, como forma de mostrar a sua personalidade, o seu "eu". Até há alguns que, à falta de cão, usam eles a coleira.
Por isso, acho que a Madonna não está a contribuir para a "fama" dos rotts ao expô-los à sua maneira. Está, com isso, a demonstrar-"se", a expressar-se. Estamos num país onde cada um é livre de se expressar, não? Pelo menos até ao momento em que a nossoa liberdade atinge a liberdade do próximo. Será que mostrar o nosso interior através dos nossos animais é um atentado à liberdade dos outros ou mesmo à integridade do bicho?
dizem que não há que ser bom, há que parecer bom... É a verdade, para a maior parte das mentalidades. Mas, se não espalharmos a ideia de que o aspecto não conta, como as poderemos mudar? Querem continuar quietos no vosso canto, sem fazer nada, sem lutar pela liberdade de se expressar, de se vestir, de ter os animais que queremos? Pelo que leio de vós não me parece... Neste ponto é que pessoas como a Madonna podem marcar a diferença: se continuarmos a "enfeitar" os nossos perigosos animais há-de haver uma altura em que a sociedade se há-de ajustar.
Por isso, acho que a Madonna não está a contribuir para a "fama" dos rotts ao expô-los à sua maneira. Está, com isso, a demonstrar-"se", a expressar-se. Estamos num país onde cada um é livre de se expressar, não? Pelo menos até ao momento em que a nossoa liberdade atinge a liberdade do próximo. Será que mostrar o nosso interior através dos nossos animais é um atentado à liberdade dos outros ou mesmo à integridade do bicho?
dizem que não há que ser bom, há que parecer bom... É a verdade, para a maior parte das mentalidades. Mas, se não espalharmos a ideia de que o aspecto não conta, como as poderemos mudar? Querem continuar quietos no vosso canto, sem fazer nada, sem lutar pela liberdade de se expressar, de se vestir, de ter os animais que queremos? Pelo que leio de vós não me parece... Neste ponto é que pessoas como a Madonna podem marcar a diferença: se continuarmos a "enfeitar" os nossos perigosos animais há-de haver uma altura em que a sociedade se há-de ajustar.