segunda out 26, 2009 7:45 pm
Tenho seguido este tópico com algum interesse mas confesso que não li todos os´posts, quero apenas partilhar o que se passa na associação onde trabalho (Cantinhos dos Animais de Beja) e onde sou eu o responsável pela gestão do canil.
No "Cantinho", temos um limite de 40 cães. Este limite existe considerando o sitio onde a associação existe, o numero de adopções mensais, a capacidade de angariação de fundos e o numero de voluntários disponiveis.
Parece pouco mas o que realmente interessa é que damos para adopção cerca de 8 cães por mês, o que não é nada mau para o sitio onde estamos.
Estamos instalados dentro do canil municipal mas separados por um portão, o que faz com que o cão numero 41, 42, etc, estejam do outro lado sem qualquer assistência à espera que o veterinário os abata.
Temos para além disso outras regras que são:
- Se o cão tem leishmaniose é eutanasiado (a não ser que tenha adoptante e este se aceite ter um cão doente)
- Se necessita de tratamentos superiores a 500 euros é eutanasiado (a não ser que tenha um padrinho que se responsabilize pelos gastos)
- Se tem problemas comportamentais de agressividade para com pessoas é eutanasiado ou não passa do canil municipal para o nosso ( a não ser que exista ulguma FAT com conhecimentos em comportamento canino disponivel para mudar este comportamento).
- Entram para o canil imediatamente animais com situações de saúde que ponham em risco a sua vida, cadelas com o cio e cachorros que sejam encontrados abandonados.
- Não recolhemos animais errantes que não apresentem sinais de doença.
Durante 6 dos 11 anos de existência funcionamos sem eutanasia, sem critérios de recolha, todos os cães eram recolhidos. Isto levou a situações insustentáveis em termos financeiros, de higiene, de espaço e a ter 160 cães num espaço para 100.
Neste momento todos vão ao vet, fazem testes, estão desparasitados e vacinados, e quase todas as operações são efectuadas porque custam menos de 500 euros.
Temos um questionário para as familias adoptantes e por isso em vez de dar para adopção 100 cães damos 50, mas houve uma grande redução nas devoluções, nos problemas em casa com os cães.
Tentamos cruzar a avaliação do temperamento que eu faço do cão com as caracteristicas da familia, e fazemos se a familia desejar um acompanhamento ou treino de borla do cão adoptado.
Não salvamos todos mas definitivamente salvamos os que conseguimos por muitos e bons anos porque as coisas funcionam de forma sustentada e com objectivos a longo prazo.
Não concordamos com a RSPCA no ponto aqui falado da eutanasia ao fim de 6 meses por causa do que se considera loucura de canil, porque observo que muitos cães que temos há 4/5 anos ainda conservam os seus comportamentos pouco deteriorados, e são muito sociáveis, pelo que a eutanasia não se justifica, mas se se tornarem perigosos numa possivel adopção obtamos pela autanasia.
Desculpem o testamento mas, embora seja uma forma polémica de funcionar, orgulha-me muito a mudança de um santuário para uma associação de bem-estar animal, porque neste momento sabemos que conseguimos continuar o bom trabalho e antes nunca sabiamos quando iriamos desaparecer, pelas dividas, pelos problemas, pelo desgaste dos voluntários, etc.
Para perceberem a nossa postura no dia do animal não tivemos cães expostos para adopção fizemos um passeio dos cães da associação com a ajuda dos escoteiros e uma demonstração de treino de obediência, nunca levariamos cães para dar, nem dariamos imediatamente um cão a quem quer que fosse que se mostra-se interessado.... teria de preencher o questionário e esperar... se ainda assim estiver interessado terá de pagar a quota de sócio e levar o cão vacinado e com chip... se não tem 20 euros para a quota não tem dinheiro para sustentar o cão se ele ficar doente.
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