Os animais necessitam de ser desparasitados interior e exteriormente, e nada melhor como aconselhar-se no veterinário.
Este tópico, como em tantos outros entrou em polémica, em vez de ajudar.
Os endoparasitas (aqui referidos) podem-se dividir em 3 grupos:
Tremátodes: são vermes planos que normalmente afectam os ruminantes (ovelhas e vacas), e não é normal parasitarem os animais de companhia.
Céstodes: conhecidos vulgarmente como ténias, são vermes planos. Algumas das espécies de céstodes afectam os animais de companhia, outras os ruminantes e outras ainda os humanos, apesar de por vezes se entrecruzarem.
Nemátodes: São vermes cilíndricos. Da mesma forma que nos céstodes, existem espécies diferentes com especificidade relativa para cada animal.
Céstodes (ténia):
Cada uma das ténias passa por um estado imaturo que se desenvolve num hospedeiro intermediário enquanto que o estado adulto parasita o hospedeiro definitivo.
Normalmente, são parasitas intestinais, não apresentando um grave problema para a saúde do seu hospedeiro definitivo (o cão ou o gato). No entanto, as suas formas imaturas (ou larvares) são responsáveis por sérios problemas sanitários nos hospedeiros intermediários, que tanto podem ser animais de interesse pecuário, como os humanos. Normalmente, as formas larvares das ténias provocam quistos ou degeneração da carne animal e, quando ingeridas por humanos, enquistam-se em vários tecidos.
O controlo de todos estes processos passa pelos tratamentos antiparasitários regulares nos animais, conjugados com medidas preventivas como não os alimentar com carne crua, de modo a cortar o ciclo vital do parasita.
As duas ténias mais frequentes nos carnívoros são Echinococcus granulosusno cão, e Dipylidium caninum no cão e no gato, assim como diferentes espécies do género Taenia
O quisto hedático:
O agente causal desta doença é a ténia do cão chamada Echinococcus granulosus.
Como tal, o seu hospedeiro definitivo é o cão, tendo um hospedeiro intermediário (por onde passam as formas imaturas), que normalmente é um ruminante, embora existam ocasiões em que é o Homem.
Ciclo de vida:
- A forma adulta do Echinococcus é uma ténia muito pequena, entre 3 a 6 mm de comprimento, que vive no intestino do cão, normalmente em grandes quantidades.
- Os proglótides grávidos com ovos no seu interior saem junto com as fezes do hospedeiro e contaminam os pastos.
- Quando a erva contaminada for consumida pelas ovelhas ou pelas vacas, as formas intermediárias atravessam a parede do intestino do hospedeiro intermediário e dirigem-se a territórios corporais como o fígado, o pulmão ou, menos frequentemente, o cérebro, onde dão lugar à formação dum quisto que cresce de maneira constante e vai comprimindo a região circundante.
- Quando as vísceras da ovelha ou da vaca afectada forem oferecidas a um cão como alimento, fecha-se o ciclo e formam-se os novos adultos no intestino do hospedeiro definitivo.
Nos humanos , a infestação dá-se também por ingestão acidental dos ovos, que muitas vezes se encontram no pêlo dos cães parasitados . Mas, além da manipulação dos animais de companhia, o ser humano também pode ser infestado ao ingerir vegetais crus (como alface ou agrião) contaminados nos campos pelas fezes dos cães.
Para prevenção , existem então medidas óbvias de precaução, baseadas em três pontos fundamentais:
Desparasitações regulares dos cães, consoante o conselho veterinário, com produtos tenicidas.
Lavagem sistemática de mãos após a manipulação de animais.
Impedir que os cães lambam as pessoas, especialmente na face, ou pelo menos, efectuar lavagem cuidada das zonas em questão.
Lavagem e desinfecção de vegetaias consumir crus, mediante a adição de gotas de lixívia ou vinagre à água da sua lavagem.
Tratamento das infestações por céstodes:
O tratamento e prevenção das parasitoses por céstodes adultos, faz-se com medicamentos de administração oral, disponíveis em farmácias e clínicas veterinárias.
As formas imaturas, devido à sua natureza e localização, não se costumam tratar, a não ser no caso do quisto hidático, que requer tratamento cirúrgico.
Nemátodes:
Estes vermes cilíndricos já apresentam aparelho digestivo diferenciado. A maior parte tem um ciclo de vida directo, mas algumas espécies têm hospedeiros intermediários como os rastejantes.
Noutros casos, o parasita pode ser transportado por um hospedeiro no qual não sofra nenhum tipo de evolução, e que recebe o nome de hospedeiro paraténico.
Dentro dos nemátodes que têm interesse em veterinária, existem diferentes espécies que afectam diversos aparelhos, sistemas ou órgãos do corpo. Desta forma, existe um grande número de animais que parasitam o intestino, como os ascaris , as uncinárias , os ancilostomas e os trichuris. Outros parasitam o coração, como as dirofilárias. Outros o fígado e a vesícula biliar (capilária ). E outros o pulmão, entre os quais se encontram alguns estrongilídeos.
Nemátodes intestinais (lombrigas):
-> Ascarídeos:
Trata-se de vermes grandes que aparecem com mais frequência e em maior número nos animais jovens. Os hospedeiros destes parasitas são o cão e o gato, podendo afectar outros animais como as aves e os répteis.
Assim como as ténias, usualmente não causam grandes alterações no estado do animal, excepto nas situações em que a infestação é massiva, em que se produzem alterações intestinais, do crescimento, podendo até causar a morte em animais muito jovens.
Dentro dos ascarídeos, existem diferentes espécies importantes, entre as quais se destacam Toxocara canis, Toxascaris leonina e Toxocara cati.
Toxocara canis:
Trata-se de um agente de grande importância, visto ser responsável por uma zoonose (zoonoses são doenças de animais transmissíveis ao homem), e além disso por ser muito frequente em cachorros.
Ciclo de vida:
A situação mais frequente é a que os cachorrinhos adquirem o parasita antes do seu nascimento, através da placenta, por volta do 42º dia da sua gestação.
As larvas migram através do fígado e do pulmão dos fetos, de onde passam às vias respiratórias altas, e posteriormente são engolidas e chegam ao intestino.
No intestino alcançam o estado adulto aproximadamente quando o cachorrinho tiver três semanas de vida.
Os cachorros também podem adquirir o parasita através do leite materno ou de ovos embrionados existentes no ambiente.
Quando o cachorro estiver muito parasitado, pode apresentar distensão do ventre, vómitos, diarreia, ou até morte, conforme a gravidade do caso.
A partir das sete semanas, os cachorros começam a expulsar de forma espontânea as formas adultas do parasita. A maior parte dos cães eliminou a totalidade de vermes adultos à idade de 6/7 meses e, a partir desse momento, as novas larvas que se ingerem não chegam a desenvolver-se como adultos, ficando no tecido muscular em forma latente, salvo em 10% dos casos, em que os cães adultos desenvolvem infestação do intestino por vermes adultos.
Os vermes adultos põem uma grande quantidade de ovos que saem do hospedeiro misturados com as fezes (pode haver vários milhares de ovos por grama de fezes). Cada um dos ovos está rodeado por um envoltório protector que lhe confere grande resistência perante agentes físicos ou químicos, que pode durar até dois anos. Os ovos não têm capacidade infecciosa imediata, visto que necessitam de um tempo para se dar o desenvolvimento da larva (14 dias em temp. normais).
No caso das cadelas, as larvas que ficam latentes, têm a capacidade para migrar aos fetos, quando engravidam.
Se as larvas de Toxocara canis são ingeridas de forma acidental por outros animais incluindo o ser humano (mais as crianças), migram desde o intestino até outros tecidos, onde ficam em estado latente (sem grande lesão) ou migram pelo organismo se presentes em grandes quantidades. Estas larvas, assim como as do cão macho, não completam o seu ciclo vital, a não ser no caso destes animais serem ingeridos por uma cadela, o que obviamente só acontece com roedores ou outros pequenos animais.
Tratamento e prevenção:
O controle desta parasitose visa a prevenção das infestações em cães e cachorros e, consequentemente, a diminuição do risco para humanos, principalmente crianças.
Para tal a profilaxia passa por:
- Desparasitação com larvicidas em cadelas gestantes, desde o 42º dia até o 2º após o parto.
- Desparasitação sistemática de cachorros a partir da segunda semana de vida, com a periodicidade recomendada pelo médico veterinário (normalmente mensal até os seis meses).
- Desparasitação periódica de todos os cães adultos.
Todas estas medidas vão reduzir a prevalência de ovos de Toxocara canis no ambiente e só vão ser efectivas se houver sensibilização dos proprietários, que são quem mantém o calendário de desparasitação.
Em relação às medidas de prevenção focalizadas para as pessoas e crianças, devem-se ter presentes os seguintes aspectos:
Os cães devem defecar em locais o mais afastados do contacto humano possível. Os proprietários têm que se responsabilizar pela recolha e eliminação das suas fezes nos contentores.
Crianças e adultos têm que se acostumar à lavagem cuidadosa das mãos antes de comer.
Crianças e adultos não devem manipular animais desconhecidos ou não desparasitados e, no caso de o fazerem, têm que proceder a uma lavagem vigorosa das mãos.
Toxocaris leonina:
Este verme afecta cães e gatos. O ciclo vital é mais simples que no caso anterior, e a doença não tem carácter de zoonose.
Ciclo vital:
Os adultos do parasita encontram-se no intestino delgado de cães e de gatos, e ali põem ovos que saem com as fezes.
Depois da correspondente etapa de desenvolvimento larvar, os ovos com larvas podem ser ingeridos por um novo hospedeiro definitivo (cão ou gato), ou por um hospedeiro paraténico (ratazana, p. ex.), em cujo caso o ciclo se completará no momento em que o hospedeiro paraténico é ingerido pelo definitivo, dirigindo-se ao seu intestino.
Uma vez ingeridas as larvas, independentemente da forma de ingestão, o período que decorre até que o novo hospedeiro volte a eliminar os ovos está compreendido entre as sete e as onze semanas.
Neste caso não existe infestação pré-natal, mas de qualquer forma, a infestação dá-se maioritariamente em animais jovens. Os sinais clínicos muitas vezes nem aparecem, já que o hospedeiro pode suportar bastante bem infestações massivas.
Toxocara cati
Como se pode deduzir pelo nome deste ascarídeo, o seu hospedeiro definitivo é o gato e, especialmente, os gatinhos.
Os animais lactentes adquirem os ovos do parasita através do leite materno, do meio envolvente ou pela ingestão de um hospedeiro paraténico infestado. As infestações massivas podem causar
atraso no crescimento ou distensão abdominal.
O verme adulto é facilmente identificável porque apresenta uma espécie de asas nos dois lados da cabeça que lhe dão forma de seta. O controlo destes indivíduos está baseado na desparasitação dos gatinhos a partir das 2/3 semanas de vida até que atinjam vários meses (ao critério do médico veterinário).
Outros nemátodes intestinais:
Além dos ascarídeos, existem outras espécies de nemátodes que parasitam o tubo digestivo, por exemplo, Uncinaria stenocephala e Ancylostoma caninum.
Estes dois nemátodes fixam-se na mucosa do intestino delgado devido a possuírem ganchos que, ao se fixarem, ingerem e lesam o tecido intestinal. As infestações massivas destes dois agentes podem provocar quadros de emagrecimento ou anemia no cão. Os ovos postos pelos adultos saem do hospedeiro com as fezes. A partir destes ovos, desenvolvem-se as larvas, que têm a capacidade de atravessar a pele.
No caso das uncinarioses, as larvas simplesmente provocam uma dermatite, e não chegam a aprofundar nos tecidos; no entanto, os ancilostomas são capazes de chegar até ao intestino e desenvolverem-
se até indivíduos adultos.
Outra espécie de parasita intestinal é Trichuris vulpis, responsável por danos mais severos que os anteriores. O que os distingue é o facto de viver no intestino grosso, escavando a sua mucosa até enterras a parte anterior do seu corpo na mesma.
Quando o número de indivíduos é pequeno, o hospedeiro tolera-o sem problemas, mas, em infestações massivas, aparecem quadros de diarreia mucosa e sanguinolenta, severa.
Nemátodes cardíacos:
O representante deste grupo é Dirofilaria immitis.
Ciclo vital:
Os adultos deste nematóde vivem no interior do coração e produzem umas larvas conhecidas como microfilárias .
As larvas encontram-se em circulação na corrente sanguínea e a sua transmissão ocorre quando um mosquito pica o animal afectado e posteriormente outro são.
Esta doença, portanto, é mais frequente nas zonas onde há abundância de mosquitos, nomeadamente zonas com águas paradas.
As dirofilárias podem gerar sintomatologia leve (tosses ocasionais) mas, se em grande número ou em animais com baixa resistência, esta parasitose causa lesão cardio-pulmonar séria.
Diagnóstico de parasitoses por nematódes:
O diagnóstico é baseado, na maior parte dos casos, na análise macroscópica e microscópica de fezes, que devem ser recolhidas do chão imediatamente após a defecação, para que não se contaminem por formas parasitárias do meio. Os métodos de diagnóstico utilizados nestes casos são específicos para ovos ou para larvas, conforme os casos.
A excepção é o diagnóstico da Dirofilariose, que é feito por serologia (análise de sangue), quer seja no laboratório ou por teste rápido, na clínica.
Tratamento de parasitoses por nematódes:
O tratamento deve-se realizar em três planos:
1- Tratamentos (desparasitações) de forma periódica, com anti-helmínticos de amplo espectro que com frequência, são combinados com outros antiparasitários (geralmente para céstodes). Os animais adultos devem realizar o processo de eliminação de parasitas cada 3 ou 4 meses, conforme a zona onde vivam.
2 - Controlo de infestações por Toxocara em cãezinhos e gatinhos. Deve-se realizar sempre de forma sistemática, e partindo do princípio que todos estão parasitados.
3 - Tratamento de animais que manifestam uma sintomatologia clínica como consequência dum quadro parasitário. Nestes casos, o princípio activo elegido pode ser mais específico perante o agente responsável pela parasitose diagnosticada.
Bem... não era suposto ser tão extenso, mas poderá ajudar em alguma coisa e esclarecer algumas dúvidas que surgiram neste tópico.
No entanto, não deixe de ir com o cão ao veterinário, ele melhor do que ninguém poderá tomar as medidas mais correctas.
