Já há uns tempos que ando para publicar este tópico, tal como tinha prometido num outro.
O texto abaixo é uma "versão trabalhada" de uma resposta publicada num outro tópico sobre o tema.
Quero deixar bem claro que o que o texto abaixo é uma opinião baseada no que tenho lido e aprendido o que não quer dizer que esteja 100% certa!!!. Não tenho nenhum curso de nutrição canina, nem algo que se pareça...
Por isso, falem com veterinário e outros entendidos, pesquisem por vocês e vejam se as coisas são mesmo assim. Não se limitem a acreditar em tudo o que lêm! "Estudem" e formem a vossa opinião.
Podemos dizer que existem vários pontos de vista, "filosofias", sobre este tema. Logo o que está escrito abaixo é segundo aquilo que eu considero mais "correcto" - equilibrado.
O texto abaixo tem algumas dicas, não todas! Com um pouco de trabalho de pesquisa talvez consigam reunir mais informação.
Estas são dicas mais gerais, no entanto não quer dizer que não existam rações que "produzam" bons resultados mesmo sem seguirem todos os pontos!
Existem raçoes com boas composições e bons resultados e que não seguem todos os pontos abaixo.
ATENÇÃO: Estas dicas não se devem aplicar para escolher a alimentação de animais com necessidade de dietas especiais. Essas devem ser decididas pelo veterinário!
Também não recomendo que se sigam todos os pontos para escolher a ração de um animal sénior.
Sintam-se à vontade para discordar do que vou escrever e dizê-lo, pois assim é uma oportunidade para discutirmos de forma saudável de modo a melhorar este texto e de eu "corrigir" o meu pensamento.
Sintam-se também à vontade para sugerir novos pontos para acrescentar
Desde já agradeço aos users que deram sugestões e discordaram de algumas coisas que tinha escrito no outro tópico pois assim ajudaram-me a melhorar o texto
Então aqui vai: "Análise de rações" - Algumas Dicas "Básicas"
- Sobre os rótulos (ingredientes, análises, etc):
- •Percentagem de ingredientes
Para isto deve-se olhar no mínimo para os primeiros 5 ingredientes.
Ter como 1° ingrediente carne pode não ser assim tão significativo se de seguida estiverem vários nomes de cereais. Isto porque uma das estratégias dos produtores é colocarem vários tipos de cereais numa percentagem inferior à da carne para que na listagem apareçam depois da carne.
Esses cereais todos, depois de somados, acabam por ser a maioria.
Exemplo: "45% farinha de aves, 30% milho, arroz, aveia, trigo, 3% farinha de peixe..."
- •Ingredientes de origem animal
E além de variar de ingrediente para ingrediente a qualidade pode variar dentro de um mesmo ingrediente. Por exemplo, uma composição pode incorporar uma "farinha de carne" de qualidade superior a uma outra que tem exactamente o mesmo escrito no rótulo sendo que a "farinha de carne" deste segundo poderá ser de qualidade mais fraca. (Isto acaba por tornar as "análises" muito complicadas...)
- •Nome do ingrediente
Exemplos: termos como "carne" "cereais" , "carnes e subprodutos animais", "farinha de carne" etc. devem ser evitados, em vez destes devemos procurar termos que indiquem que tipo de carne é usada (como: "carne de borrego", "farinha de frango" etc)
- •Farinhas de carne
Uma vantagem da farinha de carne é já estar desidratada antes do processo de fabrico, ao contrario da carne fresca. Vou tentar explicar:
Ter uma grande quantidade de "carne fresca" pode-nos soar, a nós, melhor do que ter a mesma quantidade de farinhas de carne.
No entanto quando diz apenas "50% carne de frango" por exemplo esses 50% incluem uma grande quantidade de água visto que a carne ainda não foi desidratada.
No final do processo a quantidade de carne presente é muito inferior a 50% e por isso este ingrediente pode "descer" vários lugares na lista e deixar o 1° lugar a um ingrediente "menos desejável"
Enquanto quando diz "50% farinha de carne de frango" ou "50% carne de frango desidratada" esses 50% são praticamente todos compostos por carne de frango.
Portanto entre "50% de carne de X" e "50% de farinha de X/ carne desidratada de X" estes segundos ingredientes contêm na verdade muito mais carne que o primeiro.
No entanto é sempre preciso comparar as percentagens. Entre 60% de carne fresca e 10% de farinha de carne talvez compense optar pela 1ª.
Pode-se sempre investigar a quantidade de água presente na carne de frango e ver-se qual a quantidade de carne que sobra após ser desidratada. Por exemplo se tivermos 60% de carne fresca e essa carne for 80% de água apenas 12% são realmente carne e os outros 48% são agua (isto assim muito rapidamente, pois certamente haverá outras coisas a considerar)
Com tudo isto não quero dizer que a carne fresca é um mau ingrediente, é até um bom ingrediente mas que infelizmente poderá não estar presente na quantidade que nos fazem pensar.
- •Carnes frescas
- •Subprodutos animais
Exemplos: patas, cabeças etc.
Editado: Este ponto tem de ser trabalhado.
Os sub produtos animais podem ser também as entranhas, intestinos, patas, órgãos e outro tipo de partes.
Analisando bem os órgãos não são propriamente maus ingredientes.
No entanto como podemos saber se quando listam "sub produtos" falam de patas ou de órgãos por exemplo?!
É complicado... e aí pode estar um "problema".
Uma boa marca irá, supostamente, evitar ingredientes de baixa qualidade. No entanto eu não escolheria uma ração que tivesse sub produtos como principal ingrediente.
Recomendo que leiam: http://www.askavetquestion.com/nutritio ... yproducts/
- •Subprodutos vegetais
- •Cereais
Exemplo: Arroz
- •Tabelas de análises nutricionais
Isto porque a percentagem de proteína (pex) até pode ser altíssima, mas se provier de ingredientes de má qualidade de nada serve pois o cão pouco vai aproveitar dessa percentagem.
Portanto é sempre importante olhar para esta tabela em conjunto com a lista de ingredientes, e não como algo "independente".
- Aditivos, complementos nutricionais e minerais:
- •Corantes
- Conservantes
Já por aqui foi falado e fica ao critério de cada um. Há quem diga que não vale a pena evitar, pois o risco é mínimo ou não está provado, outros dizem que sim.
Exemplos: E320 - BHA - Butylatedhydroyanilose, E321 - BHT - Butylatedhydroyutoluen, E324 - Ethoxyquin ou Etoxiquina
- •Suplementos e Minerais Geral
Neste ponto há muito que poderia ser dito. Aconselho a pesquisarem sobre as necessidades gerais e especificas de cada cão em termos de suplementos.
- •Cálcio e Fósforo
O cálcio é um macromineral e é o mais abundante mineral no organismo. e encontra-se sobretudo nos osso e dentes. O cálcio, apesar de ser um mineral bastante importante, tem de ser administrado de forma equilibrada. A falta deste mineral em quantidade adequada em animais jovens pode levar ao Raquitismo e em animais adultos, a ossos frágeis. Por outro lado o excesso deste mineral pode ter consequências tais como problemas ósseos especialmente em cachorros de crescimento rápido, cálculos renais entre outros.
O fósforo é também um mineral importante e que se encontra principalmente nos ossos e dentes tal como o cálcio. Uma dieta com excesso ou deficiência deste mineral pode levar também a problemas.
A necessidade destes dois minerais é geral, no entanto é diferente dependendo da idade e condição do animal. Um cachorro precisará de uma maior quantidade que um adulto por exemplo.
O rácio entre o cálcio e fósforo é bastante importante este deve ter o mínimo de 1 para 1 e um máximo de 2 para 1. O "equilibrio" andará entre estes dois valores, no entanto não o sei especificar...
Como disse no início a vitamina D desempenha também um papel importante na absorção destes dois minerais. Tal como o cálcio e o fósforo a sua deficiência pode levar a problemas ósseos. A luz solar tem grande influência sobre esta vitamina pois é após a exposição solar que esta vitamina se "activa".
- •Prebióticos e Probióticos
Prebióticos são compostos não digeríveis que ajudam na proliferação de bactérias benéficas no trato intestinal e diminuem a proliferação de bactérias nocivas. Ajudam também na absorção dos nutrientes e facilitam a digestão, reforçam o sistema imunitário (entre outros benefícios)
Exemplos de Prebióticos usados: mananoligossacarídeos (MOS), frutoligossacarídeos (FOS), raiz de chicória
Probióticos são microorganismos vivos benéficos para a flora intestinal.
Exemplo de Probióticos usados: Lactobacillus acidophilus, Enterococcus faecium, levedura de cerveja.
- •Condroprotectores
Os condroprotectores mais usados nas rações são a Glucosamina e a Condroitina e agem quase em conjunto. A Glucosamina estimula a formação de nova cartilagem enquanto a Condroitina inibe as enzimas que destroem a cartilagem mais antiga.
Estes componentes são especialmente importantes em cachorros e cães de porte grande e gigante que são mais propensos a problemas nas articulações.
Estes componentes são também usados para aliviar os sintomas de certos problemas como artrites e displasia
- •Antioxidantes
Os antioxidantes estão presentes em diversos tipos de alimentos, mas sobretudo em verduras e frutas
- Como saber se escolhi a ração adequada?:
Depois de o ter feito deve lembrar-se fazer uma transição gradual e avaliar os resultados que o seu cão lhe mostra.
Não esquecer que ais nossos olhos a composição pode ser perfeita, que os outros cães até se dão bem, mas o nosso pode não se dar! Cada cão é um cão e como tal cada um pode reagir de forma diferente à mesma alimentação. É importante referir mais uma vez que existem rações que não "cumprem" tudo o que está acima e no entanto à animais que reagem de forma bem positiva.
Depois da transição estar concluída à pelo menos uma semana (opinião minha) deve-se ter em conta os seguintes aspectos para avaliarmos se a escolha foi correcta: pelagem, fezes, condição física, apetite, no fundo, o estado geral de saúde.
- Outras dicas e conselhos:
- •Opiniões
- •Recolha de sugestões
Procure também relatos de quem use a ração que está a investigar, claro que não pode esquecer que "cada cão é um cão"
- •Trocas de rações
- •Respeite o seu cão
Se ao trocar de ração vir que os resultados não são os melhores (fezes moles, pelo baço, pouca energia etc) não force apenas porque você acha que a composição daquela ração é muito boa. Tente procurar outra de qualidade e faça a troca. (ATENÇÃO que os sinais que referi acima podem ser indicadores de uma doença e não da ração. O melhor nestes casos será consultar o seu veterinário)
- •O porte e idade são importantes
- •Atenção aos suplementos
- •Alternativas à ração seca
Hoje em dia já existem alternativas ás rações, pesquise e informe-se e faça a sua escolha. (pesquise por alimentação natural, Raw, Barf etc)
- •Horário de alimentação
Neste segundo caso o horário tem de ser adaptado ao cão. Um cão adulto com uma condução normal pode ser alimentado 2 vezes por dia, já um cachorro de meses deve ter a subalimentação distribuída por mais vezes.
- •Doses diárias
- •Recipientes
Outro assunto muito discutido é a utilização de taças em suportes para ficarem a uma maior altura do chão. Sobre isto não tenho opinião formada. Para mim parece-me mais cómodo para o cão, mas a questão central é se previne ou não as torções de estômago. Ao que parece ainda não se chegou a "acordo" sobre o tema.
Para além das típicas taças há quem use outras técnicas de vez em quando como: usar a comida como recompensa para treinos ou servir a comida em brinquedos próprios para o efeito.
- •Refeições seguidas de exercício
- •Água
- •Snacks
- •Ossos e brinquedos
- Documentos com possível interesse relacionados com o tema:
•Regulamento sobre a utilização de de subprodutos animais: http://eur-lex.europa.eu/LexUriServ/Lex ... 033:PT:PDF
•Regulamento geral relativo aos requisitos necessários para a colocação no mercado de alimentos para animais: http://eur-lex.europa.eu/LexUriServ/Lex ... 028:PT:PDF
•Regulamento que cria o Catálogo de matérias-primas para alimentação animal: http://eur-lex.europa.eu/LexUriServ/Lex ... 032:PT:PDF
•Regulamento relativo ao Catálogo de matérias-primas para alimentação animal: http://eur-lex.europa.eu/LexUriServ/Lex ... 065:PT:PDF