Boa tarde
Venho pedir a vossa ajuda..
Tinha um casal de labradores,que viveram juntos 12 anos; acontece que a menina faleceu há 2 meses atrás, ficando o menino sozinho, situação a que ele não estava habituado.
Nas semanas seguintes, tentámos habitua-lo á mudança, introduzindo outras mudanças na sua rotina diaria, como passeios á rua diários (eles vivem num jardim grande, onde passeiam livremente, e por alguma dificuldade de mobilidade da menina, ultimamente não faziam grandes saidas á rua), acesso a outras zonas da casa/ jardim ( ha uma zona na frente da casa, a que eles não tinham acesso e que lhe foi aberta) etc....
A reacção do menino foi óptima, bastante activo, contente até, e a fazer as suas rotinas diárias como costume, bem como a reagir alegremente ás idas a rua e a adoptar como sua a zona que lhe foi aberta.
3 a 4 semanas após a morte da menina, ele começou a manifestar as duas coisas que me preocupam:
1 - A parte de trás da casa, tem um terraço que dá acesso pela cozinha; é uma zona de utilização diaria, e como a porta da cozinha esta quase sempre aberta quando estamos em casa, era o local de eleição deles para estarem deitados, a observar-nos e a partilhar o nosso dia a dia; nesse terraço existe também uma mesa onde fazemos refeições, e onde gostavam bastante de estar, usufruindo da sombra da mesa nos dias quentes de Verão.
Apesar de com alguma dificuldade de locomoção, a fêmea fazia diariamente o esforço de subir a pequena escada, para estar connosco.
Foi exactamente debaixo dessa mesa que partiu.
Nas semanas seguintes, o menino continuou normalmente a subir as escadas, a dormir debaixo da mesa, e a deitar-se a porta da cozinha.
Cerca de 3 semanas depois, deixou de subir...vai ate ao fundo da escada e não sobre, nunca mais subiu ao terraço, nunca mais foi dormir para debaixo da mesa, nem para a porta da cozinha...nem aliciado com comida, chamado, nada....!
2 - Eles tem uma casa no jardim, onde dormiam e comiam; está devidamente preparada para ambas as coisas, e sempre foi o sitio onde ao fim do dia se recolhiam para dormir, e se abrigavam da chuva e frio.
Tal como no ponto anterior, nas semanas seguintes tudo decorreu normalmente e o menino comia e dormia no sitio habitual; mais ou menos apos as mesmas 3 semanas, deixou de dormir na casa e passou a dormir no jardim, em cima da relva; continua a ir comer a casa, mas acabando de comer, vem para a rua para o jardim, onde dorme.
Mudei tudo na casa, substitui inclusive o revestimento do interior, mas nada resulta, continua a vir para o jardim mal acaba de comer.
Apercebi-me que escolhia quase sempre o mesmo sitio do jardim para dormir, e construí-lhe um pequeno telheiro nesse sitio, com um estrado em madeira e com uma mantinha para ficar confortavel; mudou-se de imediato para o lado, e dorme ao lado do telheiro, na relva...pensando que poderia ter a ver com o escuro, revesti o telheiro com telhas transparentes, para que se mantivesse luminoso..
Não resulta, e continua a dormir na relva...
Nestes últimos dias chuvosos, dei com ele a dormir na relva, á chuva...fui varias vezes durante a noite tentar obriga-lo a abrigar-se, ficou por momentos, mas quando voltava de novo dai a pouco, voltava a estar na relva, á chuva..
Preciso das vossas opiniões sobre o que posso fazer.
Parece-me evidente que nas primeiras semanas pensou que a menina ia voltar, que tinha ido para fora uns dias ( tinha acontecido há uns anos, que ela foi operada, e esteve internada umas 2 a 3 semanas, logo, um período semelhante ao que ele esteve a espera dela...esse foi nos 12 anos, o período mais longo de tempo que estiveram separados), e penso que finalmente percebeu que ela não iria voltar.
E o que esta a acontecer é o luto dele, a reacção dele a ter que viver sem ela, e a não querer continuar a usar alguns sítios, que por alguma razão, associa a ela.
Isto penso eu, será?
Que posso e deverei fazer?
Vem ai dias de chuva e frio, não posso deixar que continue no jardim, devo obriga-lo a ficar na casa? Devo forçá-lo, fechando-lhe a porta a noite e abrindo pela manha?
Agradeço desde já todas as opiniões e ajudas que me possam dar...
Obrigado
Luto de um Labrador..
Moderador: mcerqueira
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Lamento mesmo muito a vossa perda e louvo os seus esforços, que não têm sido poucos, para tentar manter o pequeno confortável.
Nunca passei por essa situação, porque até há bem pouco tempo os meus cães eram "filhos únicos".
De qualquer forma, tentando perceber o comportamento deles, uma das coisas que me parece que eles depreendem muito bem é a NOSSA CULPA. Ou dito de outra forma, a nossa preocupação. Quer, de certa forma, pedir-lhe desculpa por ter perdido a companheira, mas ninguém tem culpa! Mas a sua culpa fa-lo ganhar atenção e eles percebem isso... em 5 minutos!!! E a situação vai escalando! E o dono vai dando mais atenção ao que o preocupa e o cão aumenta esses comportamentos.
Dou-lhe outra analogia que tenho cá em casa com uma das cadelas: quanto mais eu me preocupo que ela não come, mais dificuldade tenho em faze-la comer. Quando, por várias razões, pude relaxar e deixar de me preocupar ("se queres comer, comes, senão, amanhã à mesma hora!") passou a comer muito melhor.
Não se preocupe demasiado. Da mesma maneira que come bem quando tem fome, irá abrigar-se quando tiver frio. E a família terá que fazer um esforço inicial por manter as mesmas rotinas (as refeições no mesmo sítio exterior quando possível) e talvez seja melhor barrar-lhe o acesso aos sítios a que ele também não tinha acesso antes dela partir. As mesmas rotinas.
Força. Tudo a correr bem.
Nunca passei por essa situação, porque até há bem pouco tempo os meus cães eram "filhos únicos".
De qualquer forma, tentando perceber o comportamento deles, uma das coisas que me parece que eles depreendem muito bem é a NOSSA CULPA. Ou dito de outra forma, a nossa preocupação. Quer, de certa forma, pedir-lhe desculpa por ter perdido a companheira, mas ninguém tem culpa! Mas a sua culpa fa-lo ganhar atenção e eles percebem isso... em 5 minutos!!! E a situação vai escalando! E o dono vai dando mais atenção ao que o preocupa e o cão aumenta esses comportamentos.
Dou-lhe outra analogia que tenho cá em casa com uma das cadelas: quanto mais eu me preocupo que ela não come, mais dificuldade tenho em faze-la comer. Quando, por várias razões, pude relaxar e deixar de me preocupar ("se queres comer, comes, senão, amanhã à mesma hora!") passou a comer muito melhor.
Não se preocupe demasiado. Da mesma maneira que come bem quando tem fome, irá abrigar-se quando tiver frio. E a família terá que fazer um esforço inicial por manter as mesmas rotinas (as refeições no mesmo sítio exterior quando possível) e talvez seja melhor barrar-lhe o acesso aos sítios a que ele também não tinha acesso antes dela partir. As mesmas rotinas.
Força. Tudo a correr bem.
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www.cavalierportugal.com
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- Registado: domingo out 30, 2005 2:44 pm
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Quando o max morreu, eu pensei que a estrela ia ressentir-se muito. eram muito amigos. até me perguntaram como é que ela tinha reagido. como se nada fosse. confesso que até me senti chocada. mas acho que ela percebeu que ele estava doente e ia partir. já na altura, não lhe ligava nenhuma. insensível
ao contrário, quando dei uma gatinha bebé, nos primeiros dias, os manos andaram um bocado baralhados.
ao contrário, quando dei uma gatinha bebé, nos primeiros dias, os manos andaram um bocado baralhados.