Raças (ou tipologias) portuguesas de cães, não reconhecidas oficialmente
Cão de gado transmontano
O cão de gado transmontano é um molossoide tipo montanha de grandes dimensões. É aparentado com as outras raças portuguesas do 2º grupo e, muito provavelmente, com o mastim espanhol.
Particularmente parecido com o rafeiro do Alentejo e por esse motivo há quem defenda que se trata da mesma raça. Comparando as duas raças. O cão de gado é mais alto, de movimentos mais leves ( pelo menos tendo em conta o estalão do rafeiro alentejano)* e a cor é quase sempre branca com manchas de outra cor (amarelo, lobeiro ou preto) enquanto que rafeiro raramente o branco é a cor dominante.
Comparando com o mastim espanhol, o cão de gado é muito mais elegante, com muito menos peles soltas e muito mais seco de carnes. Tem ainda uma inserção de orelhas mais alta e é muito menos linfático.
estes cães apresentam, por vezes, as orelhas cortadas.
O pelo do cão de gado é semi-comprido denso com subpelo abundante.
Esta raça é originaria, do nordeste transmontano, onde continua a ser muito comum.
Comportamento
Tem o temperamento típico dos molossos de montanha. É distante, introvertido, dominante e desconfiado com os estranhos. É amante dos espaços livres e adapta-se mal à vida urbana.
Este cão está mais ligado ao rebanho do que ao pastor, por norma quando se vende um rebanho o cão vai incluído.
Utilidade
As razões da existência deste cão são o rebanho e o lobo. Praticamente todos os cães desta raça são cães de trabalho. Esperemos que assim continue e que não se transforme em mais uma para a lista das raças inúteis.
Note-se que é um cão de guarda de rebanhos e não um cão pastor.
O Cão de gado transmontano é também usado para a caça ao javali, onde cumpre a sua função com nota alta, principalmente nos agarres.
*o estalão do rafeiro do Alentejo refere os seus andamentos como sendo lentos, pesados e bambuleantes, características estas com as quais eu não concordo.
Barbado da terceira
O barbado da terceira é um cão tipicamente boieiro de tamanho médio a grande, um pouco mais comprido do que alto. A cabeça é larga e forte, o lombo é largo e musculoso e o pelo é comprido.
As suas cores são normalmente cinza, desde o cinza claro até ao “ quase preto”, a cor pode ser uniforme ou com malhas brancas.
As orelhas e a cauda são cortadas.
Este cão é parecido, e talvez aparentado, com outros pastores europeus.
Temperamento
É um cão pastor tipo boieiro, isto quer dizer que é apegado ao dono, inteligente e com vontade de aprender mas mais dominante e mais forte do que os pastores “ovelheiros”.
É também um excelente guarda.
Utilidade
O barbado é utilizado para o maneio do gado bovino incluindo o gado bravo.
Este cão é dotado de mordida potente, grande capacidade de presa e muita agilidade, o que o torna capaz de enfrentar um touro bravo.
Cão de fila da terceira
O fila da terceira é um molosso tipo dogue originário da ilha terceira (Açores). É um tipico molossoide de tamanho médio. Forte, corpo musculoso e cabeça larga e pesada. É mais “molosso” do que o Fila de São Miguel.
O pelo e a cor são os típicos dos dogues europeus, isto é, pelo raso e cor amarelo avermelhada.
Este molosso é, muito provavelmente descendente de diversos cães de presa europeus levados para as ilhas pelos colonos e que tinham como função o maneio do gado bovino e a protecção contra os ataques dos piratas.
É de notar, a mais que evidente, contribuição do antigo buldog inglês para a formação desta raça. Como prova disso é a cauda diminuta e em forma de saca-rolhas típica desta raça.
Devido à originalidade da cauda estes cães são também conhecidos por “Rabos tortos”. Facto curioso é o de que o cão transmitiu a sua alcunha às gentes da ilha. Os terceirenses são, até hoje, conhecidos por “rabos tortos”.
Os exemplares desta raça são muito raros e o futuro da raça está comprometido.
Há um grupo de pessoas empenhadas na sua recuperação das quais faz parte o engenheiro André Oliveira, conhecido pelo trabalho de recuperação de outras raças.
Podengo das ilhas
As ilhas portuguesas são muito ricas em coelhos, e como não podia deixar de ser, onde há coelhos há podengos.
O podengo insular é um cão comum, principalmente nas ilhas de Santa Maria, Terceira e São Miguel, no arquipelago dos Açores e em Porto Santo, no arquipelago da Madeira.
Este cão é muito parecido com o podengo canário ( das ilhas Canárias) do qual provavelmente descende, talvez com mistura de Podengo Português.
Comparando com o podengo português, o das ilhas é muito mais esbelto, menos compacto, tem a cabeça mais estreita e afilada e o pelo mais curto e fino.
As cores são as típicas dos podengos. Amarelo, avermelhado, lisos ou com manchas brancas, quase sempre lisos.
Utilidade
Este cão é, tal como todos os podengos, um especialista na caça ao coelho, sendo este roedor a razão da sua existência.
Como todos os cães primitivos, este caça utilizando o faro, avista e o ouvido. Com grande sentido de matilha, o podengo, quando caça em grupo, cria um espectáculo da natureza, um autentico bailado digno de ser visto.
Xochaso
Com este estranho nome é conhecida uma raça de cães madeirense. Pelas suas características, tanto físicas como funcionais, e por alguma investigação feita nesse sentido, tudo leva a crer que o Xochaso tem origem em diversos molossos europeus e sul africanos que foram levados para a ilha, primeiro pelos colonos e mais tarde por emigrantes.
Posteriormente, tendo em vista a utilização dos cães na caça, cruzaram-se os molossos com cães de rasto (sabujos). E assim nasceu o Xochaso, uma mistura de molosso com sabujo (algo parecido com o fila brasileiro mas mais pequeno).
O Xochaso é um cão de tamanho médio, muito forte e activo.
As orelhas são caídas e de tamanho médio. O pelo é curto e denso. As cores são o amarelo nos seus diferentes tons ( do claro ao avermelhado), preto e preto afogueado.
Temperamento
O Xochaso é muito meigo e submisso para a família e agressivo com os estranhos. É um excelente cão de guarda.
Este madeirense é ainda um bom cão de caça, com muito bom faro e um grande instinto de rasto, alem de uma resistência a toda a prova.
Utilização
O xochaso é utilizado para a guarda e a caça.
Como guardião, a sua tradicional (e actual) função, é proteger as quintas de bananeiras dos possíveis intrusos. Também é comum ver cães destes a guardar as vivendas de cidade.
Na caça, o Xochaso é utilizado em grupos de dois ou três e caça coelhos e porcos bravos *. Utiliza sobretudo o faro e o forte instinto de rasto para seguir as presas. Frente ao porco bravo tem uma forte capacidade de presa.
O Xochaso é um cão muito ágil, o que lhe permite caçar na acidentada ilha da madeira.
* Nas serras da Madeira existem porcos selvagens que descendem de porcos domésticos evadidos. Segundo alguns estudos talvez tenha havido javalis introduzidos para a caça, que se cruzaram com estes porcos, dando assim origem ao porco bravo da Madeira.
Raças portuguesas não reconhecidas
Moderador: mcerqueira
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Parece que o CPC vai reconhecer mais duas raças portuguesas, segundo o que vinha descrito numa revista da especialidade.
Passo a transcrever:
"A decisão de reconhecimento de duas raças portuguesas - o Cão de Gado Transmontano e o Cão Barbado da Terceira - será tomada em Março aquando da próxima reunião da Assembleia Geral do CPC. Se o reconhecimento for avante, o Cão de gado Transmontano será inserido no grupo 2, a que também pertencem o Serra da Estrela, o Castro Laboreiro e o Rafeiro Alentejano, e o Cão Barbado da Terceira será incluido no grupo 1, onde se encontram o Serra de Aires e o Fila de S. Miguel.
Há ainda a referir que este reconhecimento das raças tem um carácter provisório, que só passa a definitivo quando as seguintes gerações de cães confirmarem a manutenção das características estabelecidas nos respectivos estalões."
Cumprimentos,
Marta
Passo a transcrever:
"A decisão de reconhecimento de duas raças portuguesas - o Cão de Gado Transmontano e o Cão Barbado da Terceira - será tomada em Março aquando da próxima reunião da Assembleia Geral do CPC. Se o reconhecimento for avante, o Cão de gado Transmontano será inserido no grupo 2, a que também pertencem o Serra da Estrela, o Castro Laboreiro e o Rafeiro Alentejano, e o Cão Barbado da Terceira será incluido no grupo 1, onde se encontram o Serra de Aires e o Fila de S. Miguel.
Há ainda a referir que este reconhecimento das raças tem um carácter provisório, que só passa a definitivo quando as seguintes gerações de cães confirmarem a manutenção das características estabelecidas nos respectivos estalões."
Cumprimentos,
Marta
Alguém sabe se ainda existem Filas da Terceira?FBC Escreveu:Raças (ou tipologias) portuguesas de cães, não reconhecidas oficialmente
Cão de gado transmontano
O cão de gado transmontano é um molossoide tipo montanha de grandes dimensões. É aparentado com as outras raças portuguesas do 2º grupo e, muito provavelmente, com o mastim espanhol.
Particularmente parecido com o rafeiro do Alentejo e por esse motivo há quem defenda que se trata da mesma raça. Comparando as duas raças. O cão de gado é mais alto, de movimentos mais leves ( pelo menos tendo em conta o estalão do rafeiro alentejano)* e a cor é quase sempre branca com manchas de outra cor (amarelo, lobeiro ou preto) enquanto que rafeiro raramente o branco é a cor dominante.
Comparando com o mastim espanhol, o cão de gado é muito mais elegante, com muito menos peles soltas e muito mais seco de carnes. Tem ainda uma inserção de orelhas mais alta e é muito menos linfático.
estes cães apresentam, por vezes, as orelhas cortadas.
O pelo do cão de gado é semi-comprido denso com subpelo abundante.
Esta raça é originaria, do nordeste transmontano, onde continua a ser muito comum.
Comportamento
Tem o temperamento típico dos molossos de montanha. É distante, introvertido, dominante e desconfiado com os estranhos. É amante dos espaços livres e adapta-se mal à vida urbana.
Este cão está mais ligado ao rebanho do que ao pastor, por norma quando se vende um rebanho o cão vai incluído.
Utilidade
As razões da existência deste cão são o rebanho e o lobo. Praticamente todos os cães desta raça são cães de trabalho. Esperemos que assim continue e que não se transforme em mais uma para a lista das raças inúteis.
Note-se que é um cão de guarda de rebanhos e não um cão pastor.
O Cão de gado transmontano é também usado para a caça ao javali, onde cumpre a sua função com nota alta, principalmente nos agarres.
*o estalão do rafeiro do Alentejo refere os seus andamentos como sendo lentos, pesados e bambuleantes, características estas com as quais eu não concordo.
Barbado da terceira
O barbado da terceira é um cão tipicamente boieiro de tamanho médio a grande, um pouco mais comprido do que alto. A cabeça é larga e forte, o lombo é largo e musculoso e o pelo é comprido.
As suas cores são normalmente cinza, desde o cinza claro até ao “ quase preto”, a cor pode ser uniforme ou com malhas brancas.
As orelhas e a cauda são cortadas.
Este cão é parecido, e talvez aparentado, com outros pastores europeus.
Temperamento
É um cão pastor tipo boieiro, isto quer dizer que é apegado ao dono, inteligente e com vontade de aprender mas mais dominante e mais forte do que os pastores “ovelheiros”.
É também um excelente guarda.
Utilidade
O barbado é utilizado para o maneio do gado bovino incluindo o gado bravo.
Este cão é dotado de mordida potente, grande capacidade de presa e muita agilidade, o que o torna capaz de enfrentar um touro bravo.
Cão de fila da terceira
O fila da terceira é um molosso tipo dogue originário da ilha terceira (Açores). É um tipico molossoide de tamanho médio. Forte, corpo musculoso e cabeça larga e pesada. É mais “molosso” do que o Fila de São Miguel.
O pelo e a cor são os típicos dos dogues europeus, isto é, pelo raso e cor amarelo avermelhada.
Este molosso é, muito provavelmente descendente de diversos cães de presa europeus levados para as ilhas pelos colonos e que tinham como função o maneio do gado bovino e a protecção contra os ataques dos piratas.
É de notar, a mais que evidente, contribuição do antigo buldog inglês para a formação desta raça. Como prova disso é a cauda diminuta e em forma de saca-rolhas típica desta raça.
Devido à originalidade da cauda estes cães são também conhecidos por “Rabos tortos”. Facto curioso é o de que o cão transmitiu a sua alcunha às gentes da ilha. Os terceirenses são, até hoje, conhecidos por “rabos tortos”.
Os exemplares desta raça são muito raros e o futuro da raça está comprometido.
Há um grupo de pessoas empenhadas na sua recuperação das quais faz parte o engenheiro André Oliveira, conhecido pelo trabalho de recuperação de outras raças.
Podengo das ilhas
As ilhas portuguesas são muito ricas em coelhos, e como não podia deixar de ser, onde há coelhos há podengos.
O podengo insular é um cão comum, principalmente nas ilhas de Santa Maria, Terceira e São Miguel, no arquipelago dos Açores e em Porto Santo, no arquipelago da Madeira.
Este cão é muito parecido com o podengo canário ( das ilhas Canárias) do qual provavelmente descende, talvez com mistura de Podengo Português.
Comparando com o podengo português, o das ilhas é muito mais esbelto, menos compacto, tem a cabeça mais estreita e afilada e o pelo mais curto e fino.
As cores são as típicas dos podengos. Amarelo, avermelhado, lisos ou com manchas brancas, quase sempre lisos.
Utilidade
Este cão é, tal como todos os podengos, um especialista na caça ao coelho, sendo este roedor a razão da sua existência.
Como todos os cães primitivos, este caça utilizando o faro, avista e o ouvido. Com grande sentido de matilha, o podengo, quando caça em grupo, cria um espectáculo da natureza, um autentico bailado digno de ser visto.
Xochaso
Com este estranho nome é conhecida uma raça de cães madeirense. Pelas suas características, tanto físicas como funcionais, e por alguma investigação feita nesse sentido, tudo leva a crer que o Xochaso tem origem em diversos molossos europeus e sul africanos que foram levados para a ilha, primeiro pelos colonos e mais tarde por emigrantes.
Posteriormente, tendo em vista a utilização dos cães na caça, cruzaram-se os molossos com cães de rasto (sabujos). E assim nasceu o Xochaso, uma mistura de molosso com sabujo (algo parecido com o fila brasileiro mas mais pequeno).
O Xochaso é um cão de tamanho médio, muito forte e activo.
As orelhas são caídas e de tamanho médio. O pelo é curto e denso. As cores são o amarelo nos seus diferentes tons ( do claro ao avermelhado), preto e preto afogueado.
Temperamento
O Xochaso é muito meigo e submisso para a família e agressivo com os estranhos. É um excelente cão de guarda.
Este madeirense é ainda um bom cão de caça, com muito bom faro e um grande instinto de rasto, alem de uma resistência a toda a prova.
Utilização
O xochaso é utilizado para a guarda e a caça.
Como guardião, a sua tradicional (e actual) função, é proteger as quintas de bananeiras dos possíveis intrusos. Também é comum ver cães destes a guardar as vivendas de cidade.
Na caça, o Xochaso é utilizado em grupos de dois ou três e caça coelhos e porcos bravos *. Utiliza sobretudo o faro e o forte instinto de rasto para seguir as presas. Frente ao porco bravo tem uma forte capacidade de presa.
O Xochaso é um cão muito ágil, o que lhe permite caçar na acidentada ilha da madeira.
* Nas serras da Madeira existem porcos selvagens que descendem de porcos domésticos evadidos. Segundo alguns estudos talvez tenha havido javalis introduzidos para a caça, que se cruzaram com estes porcos, dando assim origem ao porco bravo da Madeira.
O Podengo das Ilhas terá diferenças em relação ao Podengo Português que lhe permita ser classificado como uma raça diferente?
Um outro que devia estar nesta lista era o Cão do Barrocal Algarvio...Acho que a sua associação está a trabalhar para que a raça seja reconhecida, e tem mesmo marcado presença em algumas feiras de caça...
O que me desperta mais curiosidade é o Xochaso...não estará já extinto?Tenho pesquisado muito e não encontro nada, e o que encontro são apenas descrições em sites estrangeiros

Edit: Desenterrar um tópico com 7 anos não é para qualquer um

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- Localização: 1 West Highland White Terrier, 1 Gata SRD, 1 Tartaruga Hieroglífica, Guppys
Sou da Madeira mas nunca tinha ouvido falar nesta raça...c_saraiva Escreveu: Alguém sabe se ainda existem Filas da Terceira?
O Podengo das Ilhas terá diferenças em relação ao Podengo Português que lhe permita ser classificado como uma raça diferente?
Um outro que devia estar nesta lista era o Cão do Barrocal Algarvio...Acho que a sua associação está a trabalhar para que a raça seja reconhecida, e tem mesmo marcado presença em algumas feiras de caça...
O que me desperta mais curiosidade é o Xochaso...não estará já extinto?Tenho pesquisado muito e não encontro nada, e o que encontro são apenas descrições em sites estrangeirosAlguém sabe alguma coisa sobre ele que queira partilhar?
Edit: Desenterrar um tópico com 7 anos não é para qualquer um
Estive à procura de fotos na internet e encontrei esta:

mas nem sei se corresponde à realidade. Não posso dizer que já tenha visto algum.
É uma pena, mas da maneira como muitos cães são tratados por cá, não me surpreende que já não existam...
"Chegará o dia em que os homens conhecerão o íntimo dos animais e nesse dia, um crime contra um animal será considerado um crime contra a Humanidade." Leonardo Da Vinci
Ainda existem cães de Fila da Terceira como podem ver aqui https://www.facebook.com/media/set/?set ... 739&type=3
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Xochaso? Vou investigar.



