Curiosidade...

Este é o fórum dedicado exclusivamente ao melhor amigo do homem! Troque ideias e tire dúvidas sobre o cão.

Moderador: mcerqueira

anacs
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segunda set 06, 2004 2:56 am

Olá a todos!

Segundo ouvi dizer - o que não signifa que seja necessariamente verdade -, as cadelas devem ter pelos menos uma ninhada na vida para bem da sua saúde.

Não sei se isto é verdade ou não, por isso gostaria que me esclarecessem...

É que, no caso de ser verdade, não tem lógica (penso) impedir uma cadela de procriar, porque é srd ou por qualquer outro motivo.

P.S. Não quero com isto provocar uma discussão demasiado acesa, como já vi por aí, mas sim esclarecer uma dúvida.
PauloC
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segunda set 06, 2004 8:11 am

Olá,
Isso é apenas um 'mito' que, infelizmente, muitos ainda acreditam...inclusivamente alguns veterinários. É tão verdade como que os cerebros dos Dobermann cresce durante toda a vida e acaba por ficar maior que o craneo, e por isso eles enlouquecem todos. É tão verdade como tratar a esgana com uma caninha debaixo da lingua, ou lá o que é!!
Não faz nenhum 'bem' às cadelas, ou aos cães, criarem pelo menos uma vez na vida. A unica coisa que 'faz bem' às cadelas para evitar os problemas que supostamente essa "gravidez sanitária" evitaria, é a esterelização. Fora isso não há gravidez que evite ou previna nada!
Seja de raça ou SRD, não há qualquer utilidade ou bem que venha da reprodução de uma cadela. Só se ela for de raça, e um exemplar que traga efectivamente beneficiamento a essa raça através da reprodução, ela deverá ser reproduzida.

Cumprimentos
Paulo C.
anacs
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segunda set 06, 2004 5:05 pm

Caro PauloC:

Obrigada pelo esclarecimento.
Eu pensava que tal era verdade, até porque uma prima minha tem uma cocker com 6 anos e anos e, andava a ver se acasalava, porque acho que o vet. tinha dito que isso faria bem à cadela...
Estava enganada. :oops: Acontece aos melhores e o importante é que já aprendi qualquer coisa. :D

Fugindo um bocado ao tópico... Reparei que é a favor da esterelização... Eu, nem por isso, a não ser em casos de absoluta necessidade. Mas isso é uma questão de opinião e cada um faz o que acha melhor. :)

Todavia, não percebo qual é o mal de alguém que tem uma cadela (de raça ou srd) querer que ela tenha filhotes para ficar com eles, p.e.: quando a cadela está a ficar velhota... o medo de a perder, pode fazer com que se queira ficar com um filhote dela... Se se tiver donos (pessoas de confiança) que queiram os restantes cãezinhos da ninhada resultante para lhes fazer companhia, será um pecado assim tão grande deixá-la ter uma ninhada?

Não estou a falar de criadores, nem de Criadores. Ou seja, os cães nem sequer são para vender. Conheço pessoas que o fazem, simplesmente, porque adoram o cão/cadela.

Será isto assim tão mau?
leoa_nova_
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segunda set 06, 2004 5:14 pm

Ñ é mau, mas é uma atitude egoísta, tendo em conta que muitos cães estão a morrer em canis e associações sem dono, sem amor sem carinho, porque trazer mais ao mundo se já existem tantos que precisam de um lar heim :?:
PauloC
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segunda set 06, 2004 6:26 pm

Olá,
Se existem tantos cães SRD a morrer diariamente por não terem quem os adopte, fará sentido criar mais SRD?
Quando falamos de cães de raça e com qualidade para reprodução ( não é qualquer um), fará sentido a respectiva reprodução porque aí sim está a haver continuidade ou melhoramento de algo que se sabe tem possibilidade de ser geneticamente transmissível ( morfologicamente e de caracter). Num SRD que continuidade ou melhoramento existe? Para quê reproduzir a cdelinha que tivemos e gostámos muito, se não fazemos a minima ideia como os filhotes vão sair? Um SRD é uma panoplia de genes que torna impossível determinar o que vai sair daquela "paleta" ;) Os filhotes da nossa cadela muito provavelmente iriam sair diferentes dela! Tinham uma confusão dee genes da mãe e outra do pai...não seriam de maneira nenhuma 'clones' da cadela!
POr isso, se já com cães de raça deveria haver o cuidado de apenas reproduzir os cães com qualidade, com os SRD não faz qualquer sentido a reprodução Não é uma questão de ter direito a..., é uma questão de ter o dever de...

Abraços ;)
Paulo C.
BBlonde
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segunda set 06, 2004 9:50 pm

Tenho uma cadela rafeirita muito docinha e mais esperta que muitos cães de raça.Ela tem 9 anos,e nunca acasalou com nenhum SRD,justamente pelo receio de não encontrar quem fique com os filhotes,pelo menos a maior parte deles.Um pelo menos teria que ficar comigo.
Nisso o Paulo C tem razão.Mas se as pessoas nao fossem tão egoistas e irresponsaveis,se não abandonassem os cães a "torto e a direito",não era por causa da"panoplia de genes",ou a impossibilidade de melhoramento e continuidade dos SRD,que eu nao defenderia a reprodução destes SRD.
Para mim,não distingo os animais pela raça ou inexistência dela, ou pelas potencialidades económicas que daí poderão resultar.Para mim,gosto tanto de um boxer como de um rafeirito pequenino.Agora enquanto continuar este abandono flagrante de animais,claro que será a atitude mais correcta a tomar.


Jokas
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"NICO"lau - Labrador com 1 ano

segunda set 06, 2004 10:44 pm

PauloC Escreveu: Olá,
Se existem tantos cães SRD a morrer diariamente por não terem quem os adopte, fará sentido criar mais SRD?
Quando falamos de cães de raça e com qualidade para reprodução ( não é qualquer um), fará sentido a respectiva reprodução porque aí sim está a haver continuidade ou melhoramento de algo que se sabe tem possibilidade de ser geneticamente transmissível ( morfologicamente e de caracter). Num SRD que continuidade ou melhoramento existe? Para quê reproduzir a cdelinha que tivemos e gostámos muito, se não fazemos a minima ideia como os filhotes vão sair? Um SRD é uma panoplia de genes que torna impossível determinar o que vai sair daquela "paleta" ;) Os filhotes da nossa cadela muito provavelmente iriam sair diferentes dela! Tinham uma confusão dee genes da mãe e outra do pai...não seriam de maneira nenhuma 'clones' da cadela!
POr isso, se já com cães de raça deveria haver o cuidado de apenas reproduzir os cães com qualidade, com os SRD não faz qualquer sentido a reprodução Não é uma questão de ter direito a..., é uma questão de ter o dever de...

Abraços ;)
Paulo C.
Sr Paulo C.

Não interprete isto como pessoal, mas já infinitas vezes, vi usar estes argumentos com o intuito de nos convencerem, a não cruzar os nossos cães.
Nunca esteve (nem está) nos meus planos cruzar os meus. Mas não o faço por vários motivos, em que o principal é mesmo comodismo (admito !!!).
E digo isto porque entendendo que é muito complexo, o acto de decidir "ter" uma ninhada de cachorrinhos ( com responsabilidade,.... Claro ! ), e como tal, é uma decisão que não deve ser tomada tão ao de leve.

Mas se a responsabilidade, disponibilidade, informação e condições,... existirem, aí desculpem-me mas eu não sou contra.

E se não concordo com vocês, é porque este é um local onde um possível candidato a criador (de ocasião ou não ), poderia aproveitar para se aperceber da responsabilidade do acto que se preparava para cometer, mas que sempre é recebido com os mesmos argumentos, e com uma postura que deixa qualquer um desconfiado.
Argumentos estes que ainda não me convenceram a mim, e duvido que tenham convencido muita gente.
Reparem que, são o tipo de argumentos, que mais parecem ter sido elaborados, por uma associação de criadores de cães, com a intenção de preservar o mercado ( sim porque mesmo os criadores de ocasião prejudicam o negócio ! ).

Sr Paulo C, mais uma vez, refiro que esta não é uma critica pessoal, ( e menos se aplica, por afirmar não ser criador ), mas principalmente para os ditos criadores, a quem lhes peço que me admitam um conselho:
Sejam mais convincentes ( e pacientes ), e usem outros argumentos ( que existem ! ), e expliquem-lhes que não têm preparação, responsabilidade, disponibilidade,... para o que os espera.
<p>Bem ajam e haja ordem na ordem.</p>
<p>L.G.</p>
VascoV
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segunda set 06, 2004 11:22 pm

PauloC Escreveu: Olá,
Se existem tantos cães SRD a morrer diariamente por não terem quem os adopte, fará sentido criar mais SRD?
Quando falamos de cães de raça e com qualidade para reprodução ( não é qualquer um), fará sentido a respectiva reprodução porque aí sim está a haver continuidade ou melhoramento de algo que se sabe tem possibilidade de ser geneticamente transmissível ( morfologicamente e de caracter). Num SRD que continuidade ou melhoramento existe? Para quê reproduzir a cdelinha que tivemos e gostámos muito, se não fazemos a minima ideia como os filhotes vão sair? Um SRD é uma panoplia de genes que torna impossível determinar o que vai sair daquela "paleta" ;) Os filhotes da nossa cadela muito provavelmente iriam sair diferentes dela! Tinham uma confusão dee genes da mãe e outra do pai...não seriam de maneira nenhuma 'clones' da cadela!
POr isso, se já com cães de raça deveria haver o cuidado de apenas reproduzir os cães com qualidade, com os SRD não faz qualquer sentido a reprodução Não é uma questão de ter direito a..., é uma questão de ter o dever de...

Abraços ;)
Paulo C.
Isso mesmo .
Bullie
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terça set 07, 2004 2:01 am

[quote]Sr Paulo C.

Não interprete isto como pessoal, mas já infinitas vezes, vi usar estes argumentos com o intuito de nos convencerem, a não cruzar os nossos cães.
Nunca esteve (nem está) nos meus planos cruzar os meus. Mas não o faço por vários motivos, em que o principal é mesmo comodismo (admito !!!).
E digo isto porque entendendo que é muito complexo, o acto de decidir "ter" uma ninhada de cachorrinhos ( com responsabilidade,.... Claro ! ), e como tal, é uma decisão que não deve ser tomada tão ao de leve.

Mas se a responsabilidade, disponibilidade, informação e condições,... existirem, aí desculpem-me mas eu não sou contra.

E se não concordo com vocês, é porque este é um local onde um possível candidato a criador (de ocasião ou não ), poderia aproveitar para se aperceber da responsabilidade do acto que se preparava para cometer, mas que sempre é recebido com os mesmos argumentos, e com uma postura que deixa qualquer um desconfiado.
Argumentos estes que ainda não me convenceram a mim, e duvido que tenham convencido muita gente.
Reparem que, são o tipo de argumentos, que mais parecem ter sido elaborados, por uma associação de criadores de cães, com a intenção de preservar o mercado ( sim porque mesmo os criadores de ocasião prejudicam o negócio ! ).

Sr Paulo C, mais uma vez, refiro que esta não é uma critica pessoal, ( e menos se aplica, por afirmar não ser criador ), mas principalmente para os ditos criadores, a quem lhes peço que me admitam um conselho:
Sejam mais convincentes ( e pacientes ), e usem outros argumentos ( que existem ! ), e expliquem-lhes que não têm preparação, responsabilidade, disponibilidade,... para o que os espera.[/quote]

Olá

Começo por lhe dizer de forma a evitar confusões que, tal como o Paulo, eu também não sou criador.

Tal como o PauloC disse, e bem, um cão de raça não significa que, por ser de raça, é forçosamente um bom progenitor. Aquilo que aqui se afirma é o seguinte:

Quem pretende ser criador de uma determinada raça (estamos a falar de criadores sérios!) tem, invariavelmente, sempre como objectivo principal o melhoramento constante da raça. O objectivo não é ter cachorrinhos, não é fazer dinheiro. É tentar dar o seu contributo para o melhoramento da raça de sua eleição.
Ora, se é esse o objectivo, então a forma como se atingirá esse objectivo será seleccionar os exemplares que melhor garantias lhe dão de poderem transmitir aos seus descendentes o património genético que lhe permita melhorar e/ou colmatar as qualidades e defeitos dos seus progenitores. É por isso (e é aqui, na minha opinião que muita gente não entende) que não é o facto de um cão ter inúmeros prémios que garante uma boa prole. Envolve todo um trabalho de selecção que é extremamente complexo.

Eu dou-lhe um exemplo: o criador X ao longo de vinte anos foi cruzando cães e cadelas sua propriedade ou de vizinhos, amigos seus sem qualquer cuidado nesse trabalho de selecção (qual o cão que melhor serviria para a sua cadela, que apresentasse as qualidades necessárias para melhorar as qualidades menos boas da fêmea, que cujo pedigree demonstrasse a existência predominante na sua linha de uma caracteristica desejável na raça que a cadela nem os seus antecessores a apresentassem, etc.). Nesses vintes anos resultaram em 5 gerações de cãesde raça, puros, com pedigree, mas que eram todos eles exemplares vulgares, ou mesmo medíocres da raça. A certa altura aconteceu (por acaso uma vez que não há um trabalho de selecção em que se procure atingir esse ponto) surge um macho de uma qualidade excepcional (a mixórida genética era tanta naquelas linhas que, eventualmente, haveria de um dia resultar algo de jeito - ao estilo totoloto) que venceu o campeonato em 3 países diferentes, foi campeão da europa, campeão do mundo e venceu o Cruft's. Resultado?
Os milhentos criadores dessa europa fora que tem (ou melhor não têm) um programa de selecção como o desse criador acorreram em massa para conseguir cruzar com aquele cão. O peso dos títulos e a sua fama era tudo o que lhes bastava. Até as vendas eram certas. Verificou-se que passadas 5 gerações desse cão não mais apareceu um exemplar com qualidade acima de vulgar ou medíocre.

Moral da história: Em 10 gerações de cães (qualquer coisa como 62 cães) surgiu um (1!) exemplar que cumpriu os objectivos a que a criação quando séria se resume. Ao melhoramento da raça e a sua máxima aproximação possível ao estalão. Agora pergunto eu, para que criar outros 61 animais que nada melhoraram a raça, pelo contrário, pois também esses tiveram descendentes, quando o objectivo inicial é precisamente o oposto? Que benefícios trouxe isso à raça. E que danos terá causado os defeitos por esse criador introduzidos a médio/longo prazo com a introdução de características indesejáveis (surdez, olhos azuis, despigmentação, prognatismo, etc.?)

Espero que tenha conseguido fazê-lo entender o meu ponto de vista e que compreenda que aqui não é uma questão de medo de perder mercado mas sim uma questão de protecção da raça.

Um criador vizinho não é um inimigo porque o seu cão tem uma qualidade superior ao meu, antes pelo contrário. É uma oportunidade de poder através de sangue desse cão do meu vizinho melhorar a minha linha de sangue e, posteriormente, contrinuir para o melhoramento da raça.

Cumprimentos


Bullie & Gaspar
Bullie
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[quote]Sr Paulo C.

Não interprete isto como pessoal, mas já infinitas vezes, vi usar estes argumentos com o intuito de nos convencerem, a não cruzar os nossos cães.
Nunca esteve (nem está) nos meus planos cruzar os meus. Mas não o faço por vários motivos, em que o principal é mesmo comodismo (admito !!!).
E digo isto porque entendendo que é muito complexo, o acto de decidir "ter" uma ninhada de cachorrinhos ( com responsabilidade,.... Claro ! ), e como tal, é uma decisão que não deve ser tomada tão ao de leve.

Mas se a responsabilidade, disponibilidade, informação e condições,... existirem, aí desculpem-me mas eu não sou contra.

E se não concordo com vocês, é porque este é um local onde um possível candidato a criador (de ocasião ou não ), poderia aproveitar para se aperceber da responsabilidade do acto que se preparava para cometer, mas que sempre é recebido com os mesmos argumentos, e com uma postura que deixa qualquer um desconfiado.
Argumentos estes que ainda não me convenceram a mim, e duvido que tenham convencido muita gente.
Reparem que, são o tipo de argumentos, que mais parecem ter sido elaborados, por uma associação de criadores de cães, com a intenção de preservar o mercado ( sim porque mesmo os criadores de ocasião prejudicam o negócio ! ).

Sr Paulo C, mais uma vez, refiro que esta não é uma critica pessoal, ( e menos se aplica, por afirmar não ser criador ), mas principalmente para os ditos criadores, a quem lhes peço que me admitam um conselho:
Sejam mais convincentes ( e pacientes ), e usem outros argumentos ( que existem ! ), e expliquem-lhes que não têm preparação, responsabilidade, disponibilidade,... para o que os espera.[/quote]

Olá

Começo por lhe dizer de forma a evitar confusões que, tal como o Paulo, eu também não sou criador.

Tal como o PauloC disse, e bem, um cão de raça não significa que, por ser de raça, é forçosamente um bom progenitor. Aquilo que aqui se afirma é o seguinte:

Quem pretende ser criador de uma determinada raça (estamos a falar de criadores sérios!) tem, invariavelmente, sempre como objectivo principal o melhoramento constante da raça. O objectivo não é ter cachorrinhos, não é fazer dinheiro. É tentar dar o seu contributo para o melhoramento da raça de sua eleição.
Ora, se é esse o objectivo, então a forma como se atingirá esse objectivo será seleccionar os exemplares que melhor garantias lhe dão de poderem transmitir aos seus descendentes o património genético que lhe permita melhorar e/ou colmatar as qualidades e defeitos dos seus progenitores. É por isso (e é aqui, na minha opinião que muita gente não entende) que não é o facto de um cão ter inúmeros prémios que garante uma boa prole. Envolve todo um trabalho de selecção que é extremamente complexo.

Eu dou-lhe um exemplo: o criador X ao longo de vinte anos foi cruzando cães e cadelas sua propriedade ou de vizinhos, amigos seus sem qualquer cuidado nesse trabalho de selecção (qual o cão que melhor serviria para a sua cadela, que apresentasse as qualidades necessárias para melhorar as qualidades menos boas da fêmea, que cujo pedigree demonstrasse a existência predominante na sua linha de uma caracteristica desejável na raça que a cadela nem os seus antecessores a apresentassem, etc.). Nesses vintes anos resultaram em 5 gerações de cãesde raça, puros, com pedigree, mas que eram todos eles exemplares vulgares, ou mesmo medíocres da raça. A certa altura aconteceu (por acaso uma vez que não há um trabalho de selecção em que se procure atingir esse ponto) surge um macho de uma qualidade excepcional (a mixórida genética era tanta naquelas linhas que, eventualmente, haveria de um dia resultar algo de jeito - ao estilo totoloto) que venceu o campeonato em 3 países diferentes, foi campeão da europa, campeão do mundo e venceu o Cruft's. Resultado?
Os milhentos criadores dessa europa fora que tem (ou melhor não têm) um programa de selecção como o desse criador acorreram em massa para conseguir cruzar com aquele cão. O peso dos títulos e a sua fama era tudo o que lhes bastava. Até as vendas eram certas. Verificou-se que passadas 5 gerações desse cão não mais apareceu um exemplar com qualidade acima de vulgar ou medíocre.

Moral da história: Em 10 gerações de cães (qualquer coisa como 62 cães) surgiu um (1!) exemplar que cumpriu os objectivos a que a criação quando séria se resume. Ao melhoramento da raça e a sua máxima aproximação possível ao estalão. Agora pergunto eu, para que criar outros 61 animais que nada melhoraram a raça, pelo contrário, pois também esses tiveram descendentes, quando o objectivo inicial é precisamente o oposto? Que benefícios trouxe isso à raça. E que danos terá causado os defeitos por esse criador introduzidos a médio/longo prazo com a introdução de características indesejáveis (surdez, olhos azuis, despigmentação, prognatismo, etc.?)

Espero que tenha conseguido fazê-lo entender o meu ponto de vista e que compreenda que aqui não é uma questão de medo de perder mercado mas sim uma questão de protecção da raça.

Um criador vizinho não é um inimigo porque o seu cão tem uma qualidade superior ao meu, antes pelo contrário. É uma oportunidade de poder através de sangue desse cão do meu vizinho melhorar a minha linha de sangue e, posteriormente, contrinuir para o melhoramento da raça.

Cumprimentos


Bullie & Gaspar
PauloC
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terça set 07, 2004 7:07 am

Olá,
O Sr. "Ordem dos Membros" se já leu várias vezes os meus argumentos, decerto terá lido também que a responsabilidade, a informação e a disponibilidade são também condições apontadas por mim para que se possa fazer criação. O que acontece, é que dentro da 'responsabilidade' eu incluo a responsabilidade para com a raça e para com aqueles que ao longos dos anos vêm desenvolvendo um trabalho consciente de selecção.
Parece-me uma falta de responsabilidade, e até de respeito, que alguém passe anos a seleccionar cães por forma a conhecermos as raças tal como elas são, e depois venham outros estragar todo esse trabalho apenas tendo em vista o lucro ou para terem cãezinhos filhos da 'Laica' a passear em casa.
Se alguém quer criar, deve perguntar-se antes de mais porquê? Se a razão for monetária ou siplesmente porque quer ter filhotes dos cães que tem lá em casa e que acha o 'máximo', então é melhor ficar logo por aí e não pensar sequer no resto.

Cumprimentos
Paulo C.
PauloC
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terça set 07, 2004 7:34 am

Tenho uma cadela rafeirita muito docinha e mais esperta que muitos cães de raça.Ela tem 9 anos,e nunca acasalou com nenhum SRD,justamente pelo receio de não encontrar quem fique com os filhotes,pelo menos a maior parte deles.Um pelo menos teria que ficar comigo.
Nisso o Paulo C tem razão.Mas se as pessoas nao fossem tão egoistas e irresponsaveis,se não abandonassem os cães a "torto e a direito",não era por causa da"panoplia de genes",ou a impossibilidade de melhoramento e continuidade dos SRD,que eu nao defenderia a reprodução destes SRD.
Para mim,não distingo os animais pela raça ou inexistência dela, ou pelas potencialidades económicas que daí poderão resultar.Para mim,gosto tanto de um boxer como de um rafeirito pequenino.Agora enquanto continuar este abandono flagrante de animais,claro que será a atitude mais correcta a tomar
Estou certo que a sua cadelinha poderá ser muito esperta e até bonitinha. Pelo menos, se você gosta tanto dela, ela será concereteza muito feliz. Mas pense lá comigo....se acasalásse a sua cadela e ficásse com um filhote o que é que iria ter de diferente do que se fosse a um canil municipal e adoptásse um cachorrinho bebé dos tantos que lá estão?
Ser filho da sua cadela, sendo ela SRD, não quer dizer de maneira nenhuma que seria igual ou mesmo parecido com a sua cadela. Uma conhecida minha deixou a cadela SRD ( pequeninissima, com pelo comprido e de focinho semi achatado) cruzar com um cãozinho SRD ( igualmente pequeno, tipo Pinscher/podengo) o resultado foram 4 filhotes, sendo que nenhum deles era parecido com o pai ou com a mãe. Os pais eram castanhos e nasceram 2 completamente brancos. Todos tinham pelo curto e nenhum tinha focinho semi achatado. Um dos cachorros cresceu tanto que ninguém acreditava que era filho daqueles 2!! Isto é apenas um exemplo, mas certamente muitas destas situações acontecerão. Um SRD é uma 'palete' de genes e não se sabe minimamente o que vai dali sair! Criar nestas circunstâncias é para quê, se o resultado é tão aletório como ir buscar um cachorro ao canil? Parece-me que o motivo, nestes casos, é de ordem 'sentimental' : quer ter-se um filho da nossa cadela, nem que venha a ser o oposto dela ( em termos fisicos e de comportamento), mas é 'o filho da Mimi'! Pois se é sentimento que está por trás disso, então não será muito mais válido ir salvar um cachorro de um canil? Quem não distingue os animais pela raça ou inexistência dela, fará sentido distinguir cachorros SRD porque uns são 'filhos da Mimi' e outros não são?
Cada um pode pensar como quiser, e esta é a minha opinião, mas parece-me que às vezes as pessoas não levam o raciocinio até ao fim e acabam por não ver certas coisas.....


Cumprimentos
Paulo C.
BBlonde
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terça set 07, 2004 10:31 pm

Caro Paulo C,parece me a mim que muitas vezes as pessoas vêm o mundo demasiadamente racional.Por isso é que esta "bolinha" terra é tão cinzenta e amarga,despida de emoção,e a vida das pessoas tão aborrecida..Mas isso agora não interessa nada.Voçê esta a misturar as coisas.Veja bem uma coisa:mesmo que a atitude das pessoas mudasse,mesmo que se tornassem bem mais conciênciosas em relaçâo a este abandono incontrolavel dos animais,vôçê iria continuar a defender o não cruzamento dos SRD.O problema não se trata os animais abandonados nos canis,mas a "panoplia" dos genes,que voçê defende como inaceitavel para criaçâo. A justificação que invoca para mim não é valida.E acredite se eu tivesse a oportunidade de escolher entre adoptar umSRD e acasalar a minha SRD com outro SRD,de certeza que escolheria a primeira opção.E ainda lhe digo mais :tenho um Shiba Inu,adoptei o já ele tinha seis meses,e sabe porquê?Disseram me que era um cachorro traumatizado,no canil onde ele estava ninguem pegava nele,pois fugia das pessoas,escondia se,e vá se la saber porquê,não é?!Realmente,decidi ser "sentimental",e adoptei o cachorro,na esperança de o conseguir recuperar.
A primeira vez que o vi,nem reacção teve,o pobre animal.Tremia,não se mexia,afastava se do meu toque,especialmente na parte traseira do corpo,parecendo transparecer maus tratos.Enfim.
Mas pensei"posso melhorar a condição deste animal"e com muita paciência e dedicação,hoje em dia é um cão magnifico!E se eu pudesse,mais adoptaria.Calhou ser Shiba,bem podia ter sido um SRD.Apenas foi o sofrimento deste animal que me transtornou.Esta é a minha opiniâo,Paulo C,tão diferente da sua,mas igualmente tão valida.


Jokas ,BBlonde
anacs
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quarta set 08, 2004 2:15 pm

Antes de mais, obrigada a todos os que me responderam.

Sr. PauloC:
Compreendi o seu ponto de vista em relação ao cruzamento de SRDs, mas ainda não estou convencida em relação aos restantes...

É que, geralmente, os argumentos predem-se com animais tipicos da raça para exposição (ou o argumento é generalizável?)... E, eu não me referia a esses, mas sim a animais de companhia com ou sem LOP. Ou seja, para pessoas que, como eu, não têm "pachorra" para concursos e têm o canito porque gostam da companhia, sendo-lhes indiferente se o cão é um exemplar maravilhoso da raça ou se é um pouco menos maravilhoso.

Além disso, quando falei em ter ninhadas, era responsavelmente... Tendo condições para arranjar donos de confiança, que não abandonassem os canitos.

Como pode ver:

quando a cadela está a ficar velhota... o medo de a perder, pode fazer com que se queira ficar com um filhote dela... Se se tiver donos (pessoas de confiança) que queiram os restantes cãezinhos da ninhada resultante para lhes fazer companhia, será um pecado assim tão grande deixá-la ter uma ninhada?

Não estou a falar de criadores, nem de Criadores. Ou seja, os cães nem sequer são para vender. Conheço pessoas que o fazem, simplesmente, porque adoram o cão/cadela.
Será isto assim tão mau?
Gostava que soubesse que não o pergunto por ter a intenção de que o meu cão seja "pai" e, que, o meu cão é um Pequinês e não SRD. Não é que isso me fizesse gostar mais ou menos do cão...

Só não consigo compreender, porque é que há-de ser tão irresponsável ou impensável, decidir ter uma ninhada de cães (esquessamos o SRD) pelos motivos que apresentei acima e se o fizer com responsabilidade...

Qual é o pecado de alguém querer ficar com um filho do seu cão/cadela?

Não sei se compreendem o meu ponto de vista... Mas pelo menos eu gostava de perceber o vosso...
PauloC
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quarta set 08, 2004 2:49 pm

Você esta a misturar as coisas.Veja bem uma coisa:mesmo que a atitude das pessoas mudasse,mesmo que se tornassem bem mais conciênciosas em relaçâo a este abandono incontrolavel dos animais,vôçê iria continuar a defender o não cruzamento dos SRD.O problema não se trata os animais abandonados nos canis,mas a "panoplia" dos genes,que voçê defende como inaceitavel para criaçâo.
Parece-me que não me expliquei bem, ou então não me entendeu ;)! O que eu defendo NÃO É que a panoplia de genes é inaceitável! O que eu defendo é que quando se cria deve saber-se exactamente o que se está a fazer e porquê. Quem cria um cão de raça sabe, minimamente, com o que contar. Há todo um background de ascendência conhecida que nos diz que aqueles cachorros que vão ter determinadas características, que nós gostamos e queremos manter ou apurar. No caso dos SRD o que vai nascer é uma incógnita! Pode até haver gente que goste de 'surpresas' e de ficar à espera para saber que raio de bicho sairá dali, mas fará sentido criar estas "surpresas"? Não estão os canis cheios delas?
No dia em que não houvessem SRD's ( teoricamente falando), não me chocava de maneira nenhuma que, havando quem os quisesse, se criassem SRD's! Que eu saiba SRD's são coisa que nunca se extinguirá enquanto houverem no mundo cães e cadelas de raças diferentes ( nem sequer é preciso serem filhos de outros SRD) ;) .
Mas olhe que também não defendo que sendo de raça toca a criar ;) Se vir os meus tópicos por aí verá que defendo a criação apenas em condições muito definidas. Aliás, pelo andar da carruagem, qualquer dia temos canis municipais cheios de cães de raça ( já há alguns) e então ainda teremos mais razões para restringir também este tipo de criação apenas à manutenção e melhoramento das raças.

Cumprimentos
Paulo C.
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