A vida deles é tão curta...

[nel]

Olá

Na nossa cultura ocidental não nos preparamos para a morte como o fazem noutras civilizações. A morte é tabu. Vamos disfarçando e afastando do pensamento esse “fantasma”, seja em relação aos nossos familiares, aos nossos amigos humanos e também em relação aos nossos amigos de quatro patas. A morte não acontece connosco, acontece com os outros. E quando nos toca é avassalador.

Este tema é muito triste. É, de facto é. Deve-me ter sido inspirado pela altura do ano. Mas o objectivo de o colocar não é o de puxar a lágrima nem o de suscitar sensacionalismo. Para isso já bastam as histórias e notícias do tipo “faca e alguidar” que nos vão entrando pela porta dentro diariamente através da comunicação social.

Os nossos amigos têm uma vida muito curta. Os meus cães, na melhor das hipóteses, têm uma esperança de vida que vai além dos doze anos. Os dois mais velhos já só têm oito ou nove anos de vida à frente. Às vezes penso nisto e não me conformo. Tento afastar a ideia para não me incomodar. Vou fazendo de conta que são imortais...
Como é que lidam com isto?
Como se pode dar um fim digno a um cão? Já ouvi falar de cemitério de cães. Em Lisboa sei que há um no Jardim zoológico. E no Porto?

Desculpem trazer este tópico tão triste. É uma tentativa assumida e honesta querer quebrar o tabu.

[SeaLords]

[FAbarm]

A minha mais velha, tem ainda 14 anos.
Goza neste momento da merecida reforma... mas deixou-nos na memória, imagens que nem a erosão pelo tempo vai conseguir apagar.

Tiago

[Elsa]

Olá nel,

O meu rafeiro morreu com 17 anos!!! Era um cão grande, foi sempre extremanente saudável e quando ficou doente foi um instante... parece que alguém se lembrou de o chamar pois já se tinham esquecido dele

A doença foi rápida e não se chegou a saber exactamente o que foi, numa semana deixou de comer totalmente e enquanto esperava as análises ele piorou ao ponto de eu o ter que mandar adormecer.

Na altura ainda chamei o vet a minha casa, pois acho que as eutanásias deveriam ser feitas no local em que o animal vive, junto dos donos, com calma e com tempo para nos despedirmos dele... Mas não foi possivel. Tive que o levar enrolado numa toalha, ao colo, passar pelas pessoas todas especadas a olhar, passar pela humilhação de chorar em frente de todos e ver o meu cão ser adormecido num consultório frio e impessoal.... Enfim. Ainda tive tempo de lhe sussurar que tivesse calma, pois estava assustado com aquele ambiente estranho, que gostava muito dele, que ele tinha sido um bom amigo e que nunca o esqueceria. Morreu serenamente nos meus braços...

Foi o meu primeiro cão...
viu-me crescer...

A morte é inevitável, eu já a esperava, aliás até já estranhava, mas quando chega o dia, quando chega a hora... nunca estamos preparados. A dor é imensa.

Eu não considero a morte tabu, nem a dos animais nem a das pessoas. Tento encará-la com naturalidade. É parte da vida. Penso nos que partem como estando num lugar melhor e um dia os verei novamente...

Espero um dia voltar a ver o Snoopy, bonito e jovem de novo, com a cauda a abanar de contente por me ver novamente...

[anjaazul]

olá

eu costuma dizer que os meus gatos "nunca morrem".
quando a salomé se foi de parto, apanhei um choque. foi tudo muito repentino. fez agora um ano em outubro que se foram embora os meus velhotes, o gato com 15 anos e a gata com quase 16. sempre disse que não gostava de os pôr a dormir e que queria enterrá-los num lugar bonito. pois nada aconteceu como eu tinha "sonhado". ainda par cima foram-se com uma diferença de pouco mais de uma semana. a joana já há tempos que andava doente. portanto não me admirei quando ela se foi. quanto ao joão, estava com muitas expectativas que durasse mais tempo. foi-se que nem um relâmpago. ainda por cima entre muito sofrimento.
como desabafo disse ao vet que eles tinham tido uma vida boa mas um final "trágico". ele respondeu que antes assim. pois....

agora tenho um monte de animais quase da mesma idade. comecei a arranjar uma "reserva" para substituírem os velhotes. um vet disse-me sem ter nenhum fundamento, que eles não passavam dos 12 anos. afinal...
com estes se tudo correr bem, hão-de envelhecer juntos... e morrer ao mesmo tempo

anjaazul

[angel]

Nel
Muito sinceramente, não me consigo mentalizar, para a morte de meus cães. Recuso-me a pensar em tal, limito-me a viver cada dia que passa com eles da melhor maneira possível e aproveitando ao máximo!!!!!!!
Eu já tive que enfrentar a morte de um cachorro meu, e, não desejo a ninguem o que senti durante algum tempo, com tanta tristeza. É verdade que o tempo ajuda a atenuar, e, então agora me lembro dele, com o maior carinho e já não com aquele aperto cá dentro que me sufocava, foi muito complicado para mim. Por isso...não penso, nesse tema em relação aos meus cães!!!!!!

[SeaLords]

[KROZ]

Humilhação foi para quem viu e não sabia que se podia amar tanto um animal como uma pessoa.
Já chorei mais por animais do que por pessoas.

Tive que o levar enrolado numa toalha, ao colo, passar pelas pessoas todas especadas a olhar, passar pela humilhação de chorar em frente de todos e ver o meu cão ser adormecido num consultório frio e impessoal....

[nel]

Olá

Hesitei muito colocar este tópico, para não se cair na lamechice barata. Mas valeu a pena. Precisava bem de ouvir o que foi dito por todos.
Isto claro que não é para agradecer. Mas agradeço na mesma.
A Sealords surpreende-me sempre. O texto que transcreveu é das coisas mais bonitas que se têm dito aqui no fórum.

Um abraço a todos
Nel

[anavaz]

Infelizmente ja tive que me despedir de dois amigos, pai e filho (Snoopi e Siegfried). Hoje dormem na quinta da familia junto de um lindo castanheiro que foi plantado propositadamente quando morreu oSnoopi.
Espero que o Guzzi me de ainda muitos anos de companhia mas o destino dele será certamente a sombra do nosso castanheiro.

[dicas]

Creio que é (quase) normal, Kroz.

Eu, não só chorei mais por animais do que por pessoas, como tenho mais saudades deles do que dos meus familiares falecidos, e o que ainda é mais estranho é que não tenho vergonha em confessá-lo.

Mas também nunca me morreu um familiar que vivesse comigo 24 horas por dia, ou que fizesse tão inteiramente parte de mim, ou que vivesse tanto para mim.

Desfiz-me em lágrimas quando mandei adormecer o Ídéfix como já o tinha feito nos dias anteriores das vezes que fomos ao Vet e à medida que as esperanças morriam. Bem eu reparei quem estava ou não a ver, nem isso me importou fosse de que modo fosse.

Momentos difíceis...

Mandei cremar o cadáver do meu cão, tive pena que não me dessem as cinzas para as poder espalhar pelos sítios por onde ele gostava tanto de passear.

Pronto, lá estou eu de lágrimas a espreitar...

[Pakika]

[quote=KROZ]
Humilhação foi para quem viu e não sabia que se podia amar tanto um animal como uma pessoa.
Já chorei mais por animais do que por pessoas.

[quote=Elsa]
Tive que o levar enrolado numa toalha, ao colo, passar pelas pessoas todas especadas a olhar, passar pela humilhação de chorar em frente de todos e ver o meu cão ser adormecido num consultório frio e impessoal.... [/quote]
[/quote]

Elsa, já passei pelo mesmo e comprrendo-a pois é uma sensação horrível e de desespero.

Kroz, faço minhas as suas palavras.......

[anjaazul]

mas o mais incrível, é quando o animal morre "duas" vezes. quer dizer, quando levei o joão ao vet a pensar que ele tivera uma recaída, foi-lhe administrado soro. vi-o esquisito e pareceu-me que estava a vomitar. a vet disse-me que ele se estava a ir. saí disparada a chorar. lá o reanimaram (mas valia ter ficado logo ali). depois, pouco mais durou. eu vinha para os açores nessa altura e a vet despediu-se dele, coisa que nunca tinha acontecido. sabia bem como ele estava.
anjaazul

[VascoV]

A morte continua a ser tabu. EXiste quem queira até cremar o seu animal e ficar com as cinzas, mas não sei se isso cá já é possivel...

[dicas]

Vasco

Pelo menos no canil/gatil de Monsanto, não é!!!

Ignoro se há outros pontos de cremação aqui em Lisboa.