Isto é um mito.
Dois dos meus três cães têm medo de criancinhas. E quanto mais pequenas forem, pior. Aquela máxima “Os cães nunca fazem mal às crianças” não se aplica aos meus. É certo que eles nunca fizeram mal a nenhuma criança, mas para isso tem contribuído uma grande atenção da minha parte ou de quem os conduz no exterior.
Isto acontece apenas em relação aos mais velhos, ao Guga e ao Fozzy. Em relação ao Kiko, que venham as criancinhas todas do mundo. Não há qualquer problema.
E como é que eles se manifestam? Quando uma criança pequena se aproxima com aquelas atitudes afectuosas de os querer acariciar, eles ficam desconfiados e chegam a rosnar, entendendo essa atitude da criança como ofensiva. Ficam com uma expressão do tipo: “Aproxima-te e verás o que te acontece”.
A explicação que encontro para isto é a seguinte. Quando eles tinham poucos meses de idade, recebi a visita de uns vizinhos que têm uma filha. Na altura a miúda tinha cerca de três anos e era levada da breca. Lembro-me perfeitamente de ela andar a correr aqui na sala com uma coisa na mão atrás dos cães e eles a fugirem dela a sete pés. Na altura não se deu qualquer importância ao facto e só se achou graça à descontracção da garota.
O problema é que eles ficaram marcados para toda a vida com esse episódio. A partir daí, quando se cruzavam com ela na escada, ficavam todos encolhidos. E generalizaram esse sentimento em relação a todas as crianças dessa faixa etária.
Neste momento o problema está praticamente resolvido. Mas foi difícil de ultrapassar. Só se agudiza quando uma criança, a querer brincar, mostra atitudes mais bruscas e que são interpretadas por eles como agressivas. Bom, e o grande problema é que criancinhas bruscas e, porque não, agressivas não faltam por aí...
A forma mais eficaz de resolver o problema foi pegar na mão das crianças e fazer-lhes festas em conjunto, demonstrando-lhes que elas não representam perigo.
Neste tópico não se pretende reduzir a questão do trauma, referida apenas às criancinhas. Este foi o único que identifiquei nos meus cães e que apresento como exemplo. Mas haverá certamente outras situações.
Reconhecem algum trauma nos vossos?
