30 | 07 | 2007 08.09H
Donos dos animais combinam os confrontos directamente ou então organizam um leilão para encontrar adversário. Por valores que vão dos 100 aos 300 euros, as disputas ocorrem em zonas problemáticas, para fugir ao controlo da polícia.
Pedro Junceiro | [email protected]
As lutas de cães não são só uma ficção dos filmes de acção. Em Chelas, na problemática Zona J, há quem faça apostas para ver cães em lutas ferozes, a troco de quantias que podem chegar a 300 euros ou até mais.
De gorro enfiado na cabeça até quase aos olhos e óculos de sol que os tapam, Nélson (nome fictício), de 27 anos, costuma participar regularmente neste tipo de lutas, com o seu cão, um pitbull.
O funcionamento das apostas está longe de ser complicado. «Funciona de modos diferentes. Pode haver uma base de licitação, como num leilão, do género «o meu cão só luta por 200. Quem é que quer lá ir?», ou do género de aposta directa: «o meu contra o teu por 100 euros», explica.
«É como qualquer outra aposta, tipo 'matrecos'.» Os valores também variam, «podendo chegar até aos 300 ou 400 euros, mas esses já são mais raros», afirma.
«Os cães são soldados»
A escolha de locais mais recônditos de zonas problemáticas, como a Zona J, não é descabida na óptica de Nélson. «É uma zona à qual a polícia nunca quer ir. Alias, nem sequer lá podem entrar», conta, em tom de ironia.
Sobre a escolha dos cães e porquê as lutas, o jovem é claro: «os cães são como os nossos "soldados". Ao mesmo tempo, aproveitamos e sempre fazemos algum... A vida está má», revela. Inquirido sobre se algum dos seus cães já tinham perdido a vida nestas lutas, Nélson refere que não. «Isso não. Tentamos parar sempre antes de chegar a esse ponto», garante.
«Mas há muitos cães que saem de lá em muito mau estado. Mesmo muito mau», assevera o jovem, apontando para o seu cão, já com algumas «cicatrizes de guerra».
Nova lei não assusta
Nélson não faz criação de cães para participar em lutas, mas sabe que «há quem o faça». Sobre a nova lei que irá regulamentar a posse de cães considerados perigosos, afirma que fará todos os testes, mas adianta que se recusa a andar com o cão preso com açaime.
«Eu mando no cão, não vou andar com ele com açaime. Já vai preso com a corrente e chega bem», explica, afiançando que não teme as multas pelo não cumprimento da nova legislação.
http://www.destak.pt/artigos.php?art=2495
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