" Isidoro Matos Fortuna da freguesia da Quinta do Anjo é criador de ovelhas e produtor de queijo há cerca de 30 anos, um trabalho a que se devotou com imensa dedicação e que , inclusive, o levou a colaborar na organização do concurso de ovelhas de raça saloia , que no seu inicio era apadrinhada por Beatriz Costa. Toda esta dedicação assenta na vontade que tem em "valorizar as coisas do campo, as coisas que temos".
Hoje o motivo que o traz a nós é a revolta de ver os seus animais esventrados, mortos, feridos a agonizar devido ao ataque de cães cujos donos insistem deixar à solta sem sequer se responsabilizarem com os danos e prejuizos causados. De acordo com as palavras de Isidoro Fortuna o " ultimo ataque ocorreu dia 17 de Janeiro, no Casal dos Cantos, onde foram atacadas cerca de 20 ovelhas selecionadas para reprodução, das quais 12 já morreram, representando 10% da criação.
Este problema não é nenhuma novidade , conforme revela Isidoro Fortuna, " há anos que estes ataques de cães acontecem, tenho poucas ovelhas , mas não queria acabar com esta atividade. Todos os anos perco ovelhas e borregas, mesmo queixando-me na junta de freguesia não resulta diferença nenhuma. "E acrescenta " mesmo no canil, há cerca de dois anos quando se conseguiu a captura de animais , estes estiveram no canil, mas ninguem os reclamou, dadas as reponsabilidades que o acto representaria e no canil não quiseram averiguar quem eram os donos , limitaram-se a proceder ao abate, ainda sugeri que os soltassem para os podermos seguir até aos donos, mas rejeitaram".
Esta situação de haver cães soltos é tão mais grave dado que atualmente recorre-se a cercas abertas sem pastor deixando as ovelhas vulneráveis ao ataque dos cães.
O presidente da junta da freguesia da Quinta do Anjo, Valentim Pinto, esclareceu que "nestes casos a junta apenas pode reportar a situação aos serviços médico-veterinários da Câmara Municipal de Palmela, que por sua vez procede à recolha dos animais atacantes.
Isidoro Fortuna defende que " a solução poderia passar pelo recurso a uma técnica antiga em que se utilizava uma "carroça dos cães " que procedia com regularidade à recolha dos cães que andassem à solta, porque estes ataques não são de cães vadios, muitos deles têm dono. As pessoas tinham muito mais cuidado com os seus animais porque se fossem apanhados tinham que pagar uma multa para reaver o seu animal.Aliás, já D. Manuel I proibiu por documento régio a circulação de animais na via pública, por isso basta olhar para trás, não se pede uma grande evolução".
A Camara Municipal de Palmela não adiantou até à data do fecho deste jornal quais as medidas que tem implementadas para combate a estes ataques , obtendo-se apenas a informação, através dos seus meios de informação geral, de que "procede regularmente à recolha de animais na via pública . "
In Impacto da Região 1 de Fevereiro de 2010
Isto fez-me lembrar um tópico em que quase crucificaram aqui um forista quando ele veio alertar para este problema precisamente : o impacto dos animais domésticos no ambiente.
