Ajuda para resgatar ninhadas de gatinhos

Fórum para todos os assuntos relacionados com os nossos amigos felinos.

Moderador: mcerqueira

Tomkitten
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quinta abr 21, 2011 10:40 am

Olá a todos,

Sigo regularmente o vosso fórum que já me ajudou em várias situações com o meu gatinho que adoptei em Dezembro.

Hoje estou a contacta-los por outro assunto. Descobri no fim-de-semana duas ninhadas de gatinhos num quintal de uma conhecida perto de Braga. Estive a informar-me e normalmente as ninhadas que lá nascem são mortas. Já conversei com a pessoa para a ajudar a esterilizar as gatas. Entretanto gostava de tentar mudar a sorte destas ninhadas mas não sei muito bem como proceder. Tenho um gatinho de 7 meses mas não tenho muita experiência com muitos gatinhos e tão jovens.

Os gatinhos parecem-me ser ao todo 7. Estão em sítios de difícil acesso e portanto não tenho a certeza do número ou sexo. Têm os olhos abertos e pelo tamanho diria que têm cerca de duas semanas (?). Como devo proceder? A minha ideia era encontrar uma FAT que tivesse disponibilidade para cuidar deles até estarem prontos para adopção. Existe alguma associação com meios ou procedimentos para esta situação?

Em último caso eu própria posso tentar cuidar de alguns dos gatinhos durante 1 ou 2 semanas mas gostava de saber se eles têm possibilidade de sobreviver e se é possível encontrar alguém com quem possa partilhar esta tarefa. Qual a idade a partir da qual posso retirar os gatinhos à mãe? Durante estas duas semanas (eles devem ficar com cerca de um mês de idade) estava a pensar colocar anúncios para adopção ou, se não resultar, entregá-los no final desse período numa loja de animais que já me disse que em princípio conseguem ficar com os gatinhos.

Queria muito ajudar mas tenho algum receio de trazer os gatinhos para casa e eles não sobreviverem ou não encontrar pessoas para os adoptarem e ficar numa situação delicada por não conseguir sustentar por muito tempo tantos gatinhos.

O problema é que consegui negociar apenas uma semana com a senhora, portanto o tempo escasseia. Desta forma agradeço alguns conselhos vossos tão rápido quanto possível. Muito obrigada.
carolinas
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quinta abr 21, 2011 6:18 pm

Olá a partir do 1º mês já podem ser retirados à mãe. A mãe é mansinha? Se for seria boa ideia levá-la para casa com os bebés até poderem seguir para adopção. A minha prima esteve a alimentar por biberão um gatinho como esses pequeniiiinos, e conseguiu que ele sobrevivesse e arranja-se dono. Na sua zona não há associações? Peça ajuda!
paulograve
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quinta abr 21, 2011 6:39 pm

Os gatinhos não devem ser separados da mãe até pelo menos 1 mês e meio, claro, a não ser que não exista mesmo alternativa. Eles normalmente mamam até essa idade, alguns até mais tarde, outros mais cedo. Retira-los com menos de 1 mês, na minha opinião é arriscado, a não ser que possa dar-lhes biberão a todos, várias vezes ao dia, e com leite especifico que não é propriamente barato.
Apele á pessoa em questão e tente ganhar mais tempo até eles terem mês e meio... tente falar com associações, contacte a http://www.animaisderua.org/ que atua em todo país e talvez possa encontrar uma solução.
Por favor não deixe que essa pessoa retrograda os mate....

Importante seria capturar as fêmeas que deram origem ás ninhadas e esteriliza-las...
<p><strong>&nbsp; "A grandeza de uma na&ccedil;&atilde;o e o seu progresso moral podem ser avaliados pelo modo como os seus animais s&atilde;o tratados." -Mahatma Gandhi </strong></p>
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moslie
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quinta abr 21, 2011 7:37 pm

Os gatinhos de rua tem um problema: se esperamos muito para os retirar da rua, tornam-se bravios e muitos não se conseguem mais domesticar e tornar animais amistosos.
Por vezes basta umas semanas e os animais tornam-se completamente selvagens, fogem, evitam contacto com humano e pode até tornar-se muito doloroso deitar a mão a um gatinho estes!
Mesmo que se habituem à presença humana não se deixam tocar e torna-se depois muito complicado arranjar donos porque ninguém quer justamente adoptar um animal que passa o tempo todo escondido e assopra assanhado se nos vê!

Por isso ninhadas de rua, eu acho que quanto mais cedo se puderem tirar da rua (não pondo em risco a sua vida, claro) e habituar a colo, festas e casa, melhor.

Tive gatos apanhados minúsculos da rua, e eram muitissimo meigos e fieis.
Tassebem
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quinta abr 21, 2011 7:40 pm

Bem-vinda, Tomkitten, e parabéns pela sua atitude de querer ajudar esses gatinhos.

Eu talvez abrisse um tópico nos Pedidos, para ver se alguém da sua zona poderia ajudá-la. Ao mesmo tempo, pedia ajuda a associações também da zona, até para depois se esterilizar essas fêmeas. É bom resolver o problema desses, mas se elas não forem esterilizadas vai continuar a ser ninhadas atrás de ninhadas, e é impossível arranjar donos capazes para todos.

Se as gatas não forem mansas, não é provável que consiga ir manuseando os gatinhos, o que seria bom para os ir socializando com humanos ao mesmo tempo que continuam com as mães. Se assim for, aconselhava a retirá-los com cerca de um mês, porque já não precisam de mamar.

Muito boa sorte! :)
&laquo;Ningu&eacute;m cometeu maior erro do que aquele que nada fez, s&oacute; porque podia fazer muito pouco.&raquo; Edmund Burke
Tomkitten
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quinta abr 21, 2011 8:08 pm

Obrigada pelas respostas. Saber que existem amigos virtuais desse lado dá-me mais confiança na tentativa de ajudar esta situação.

Pois, não se consegue tocar nas gatas. Só me consegui aproximar dos gatinhos quando elas não estavam e quando voltaram não estavam com ar simpático. Por isso é que o plano de esterilizar as gatas tem que ser seguido com alguma calma e com apoio de pessoas experientes. Mas espero conseguir num futuro próximo. Se elas tiveram as duas ninhadas agora há pouco tempo, quando será a próxima vez que podem engravidar? Para me tentar antecipar.

Já contactei algumas associações aqui perto mas sem sucesso. Talvez esta altura de feriados não ajude. Vou tentar insistir.

A dona das gatas não quer esperar muito mais e, por mais que a tente dissuadir, eu compreendo os argumentos de alguma forma. Diz ela que se não arranjarmos solução rápido os gatinhos começam a andar e a correr pelo quintal e depois nunca mais se conseguem apanhar. Se algum for gata o problema cresce exponencialmente.

Tendo isto em consideração, e acrescentando o facto de serem gatos semi-selvagens à mais de 4 gerações, penso que apesar de arriscado ou os tiro da mãe este fim-de-semana ou o final não vai ser feliz.

Eu até tenho disponibilidade nas próximas semanas para cuidar dos gatinhos mas o problema é o que faço com eles depois. Será que consigo donos para todos rapidamente? Alguém tem ideia do sucesso de anúncios de adopção e se existem muitas pessoas à procura de gatinhos?

Vou abrir tópico nos Pedidos. Obrigada.
Tassebem
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quinta abr 21, 2011 8:22 pm

Ah, as gatas têm dona… E se ela já tivesse pensado em esterilizar, não seria melhor do que matar gatinhos já de olhos abertos e tudo? Bem, mas adiante, a culpa não é sua.

Tomkitten, acho que ninguém lhe pode dizer que vai conseguir dar os gatinhos todos, ou o contrário. Se tem hipótese, comprometa-se com a senhora a retirá-los ao mês de idade. Para além de ser bom para eles ficarem com as mães até esse tempo, será tarefa quase impossível dar de mamar a sete gatinhos, a menos que tenha muito tempo disponível e quem a ajude nessa tarefa (eles têm de mamar de três em três horas).

Quanto às associações, insista depois dos feriados, sim.
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Osafi
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sexta abr 22, 2011 10:22 am

Se as férias de verão estivessem próximas ficaria com os gatinhos sem problema algum...

Já salvei 11, ao todo. Todos resgatados com menos de duas semanas, todos me roubaram muitas horas de sono, todos sobreviveram, todos ficaram com uma família nova :D

O problema é que só posso aceitar gatinhos bebés durante as férias grandes do verão porque durante o periodo de aulas é impossível cuidar deles devido à falta de tempo...

Mas o que eu faço é mesmo isso, fico com gatinhos que outras pessoas encontraram e cuido deles até os 2 meses. Depois dou-os para adopção :wink:

Mas se os gatinhos têm mãe é sempre preferível deixá-los com ela...
moslie
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sexta abr 22, 2011 11:21 am

Se são gatas não domesticadas, os filhotes ficaram bravos e não adoptáveis.
Tomkitten
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sexta abr 22, 2011 11:28 am

Obrigada Osafi pelo testemunho.

Os gatinhos não podem ficar com a mãe muito mais tempo porque vão crescendo e depois a Dona não os consegue apanhar. Apesar de terem Dona são gatas que não se deixam tocar e vivem no quintal, não em casa.

Não percebi moslie - os gatinhos ficam agressivos mesmo que sejam cuidados por um humano desde pequeninos? Estamos a falar de 3 semanas com a mãe e a partir daí com humanos.
moslie
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sexta abr 22, 2011 12:09 pm

Os gatinhos tem de ser acostumados a humanos o mais rápido possível, não sei precisar as semanas mas do que vi dezenas de vezes, por vezes ainda quase não andam e já assopram.
Vi ninhadas que até já estavam acostumadas a pessoas mas as gatas levaram as crias, bastou 2 semanas e quando reapareceram já estavm bravios e já deu muito trabalho a habituar de novo, sendo que nunca foram totalmente confiáveis e meigos.

Com a dificuldade que sabemos que é para dar gatos rafeiros, muito maior é para dar animais que não são própriamente fáceis! Vi uma gatita muito pequena tinha mês e meio aproximadmente, um amigo meu tentou apanha-la e encurralou-a num canto, levou uma dentada a sério!

Os gatos tem um processo de socialização diferente dos cães, é muito fácil para eles reverterem ao estado selvagem.

Mesmo que não os levem logo, é muito importante, essencial mesmo, mexerem neles, pegar, dar mimo, desde muito cedo.
Por vezes eles até vem comer mas deitar-lhes a mão? É para esquecer, fogem que parecem ratos.
paulograve
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Sushi

sexta abr 22, 2011 1:40 pm

Concordo com a moslie, conheço 2 colónias aqui perto de onde vivo e já vi situações dessas. Uma vez um cão agarrou um gatito (talvez com mês e meio) de uma dessas colónias e fugiu com ele na boca, eu feito doido a correr atrás do cão, o gato lá deve ter arranhado o focinho do cão que ele largou-o, eu peguei-lhe para o colocar em segurança e devo dizer que me mordeu com tanta força que me perfurou a unha grande e fiquei com dores no polegar durante quase 2 semanas... mas o gatito safou-se!

Essa senhora "dona" das gatas, a meu ver, não tem razão nenhuma, ela prefere matar gatos bebes frequentemente do que gastar uns euros uma vez e resolver o problema esterilizando as gatas. Se ela as alimenta, é fácil captura-las com um pouco de perícia.

Respondendo à sua questão, as gatas após terem uma ninhada, por vezes quando os bebes tem 2 meses já elas estão em cio novamente. Existe uma sazonalidade em que as gatas tem cios mais frequentes, e estamos nela... a partir da primavera. Como normalmente a taxa de sucesso nas ninhadas de gatos é baixa, devido a doenças, falta de alimento e outros fatores, as gatas procriam várias vezes por ano.
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moslie
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sexta abr 22, 2011 2:05 pm

Tal e qual o que aconteceu ao meu amigo! No polegar e tudo! Eu nem queria acreditar, a gata cabia numa mão mas era feroz como tudo!
O mais incrivel é ver gatinhos ainda com os olhitos mal abertos e já assopram!

E tive um que apanhei pequeino num palheiro, não era totalmente bravo, até era muito meigo mas com os humanos da casa, ao 3 º dia foi lá um primo meu ver o bichano e ele fugiu com uma luva de pele para brincar. O meu primo quis tirar-lhe a luva, o gatinho (nem dois meses devia ter), virou-se a rosnar como uma fera!
Fartei-me de rir, o meu primo tinha cães grandes como burros e não conseguiu tirar a luva do gato e a luva era maior que o gato!
Mas com o tempo e com muito mimo e umas sapatadas para aprender as regras, ficou normal.

O probelma é que os bebés copiam o comportamento das mães.
Chamarrita
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sexta abr 22, 2011 3:08 pm

Infelizmente, a maioria das pessoas não gosta de gatos. Gosta de gatos meigos, dóceis, sociáveis, que possam afagar. Eu devo incluir-me numa minoria que se ri das bufadelas dos pequenitos... Tenho aqui uma pequenita que era uma fera em bébé, ela é lindíssima, cinza-prateada com uns olhos castanhos fantásticos. Foi muitas vezes alvo de desejo por parte de eventuais adoptantes, mas o seu comportamento dissuadia-os rapidamente, bufava, mordia e arranhava. Fiquei eu com ela, claro... e chamei-lhe Kali, por ser tão terrível :roll: Aquilo era tudo medo! Até hoje não conheci um gato que não fosse feroz por medo, puro e simples. Todos os animais, uns mais que outros, nascem com um medo natural ao ser humano, é uma questão de sobrevivência. Quanto mais cedo forem habituados a ver-nos como fonte de protecção e alimento, melhor ultrapassam esse medo inato, que é reforçado pela imitação dos comportamentos dos outros gatos. Costuma dizer-se "quem quer o borrego manso, tira-o à mãe", e é verdade. Privá-los da companhia dos outros gatos ferais é meio caminho andado para a "domesticação". O outro meio caminho passa pelo respeito e pela inclusão numa família "pacífica".

Tenho outro gato que é a bondade em forma felina. Incapaz de uma agressão, e não se sabendo defender, os outros fazem dele "gato e sapato". Por isso sente-se tranquilo e confiante entre os bebés, que também encontram nele um "porto seguro", apesar de não ser muito dado a demonstrações de afecto. É ele o meu grande ajudante na socialização de gatinhos. Aliás, é ele quem tem praticamente o "trabalho" todo. É um pouco demorado, leva alguns meses, mas os resultados são extremamente proveitosos para todos: para mim, que tenho de os tratar e manipular e preciso de conservar a minha integridade física, para os gatinhos, que se tornam "adoptáveis" e fáceis de manipular por mim ou pelo vet (e podem ser desparasitados, vacinados e tratados como deve ser, ao contrário dos ferais) e para o próprio Gabriel, que encontra o seu lugar entre os adultos quando os gatinhos crescem - a amizade permanece e aumenta-lhe a confiança.

Também tive o caso do Serafim, gatito preto bravio que apanhei quando tinha uns seis meses, embora tivesse tamanho de 3, e cujo género só soube definitivamente quando o recapturei, dentro de casa, para levar a castrar. Durante dois meses fugiu, embora cada vez com menos pavor, e não deixou pôr a mão. Não deixou, é como quem diz: eu não insisti. Tinha planos de o castrar e devolver à liberdade, mas era Inverno, estava frio, e ele adorava o aquecedor. Quando foi finalmente castrado... é o sais! Não quis. A rua não tem aquecedor, nem Gabriel, nem os outros amigos, nem comida à disposição... Continuou cá por casa até à chegada dos dias bonitos. O apelo do sol foi mais forte, e atreveu-se a sair da soleira da porta. Passados 15 minutos voltou... :lol: As saídas foram aumentando de frequência, até que um dia desapareceu. Pensei, "foi desta", quando fiz "a chamada" e todos regressaram, menos ele: uma vez livre, sempre livre, pensei. Horas mais tarde, já de pijaminha e preparando-me para ir dormir, ouvi uma grande miação à porta. Estranhei, por não me faltava nenhum gato em casa e todos os miadores estavam presentes. Fui abrir... e, qual seta disparada da escuridão, entra o Serafim a correr, entre miadinhos de mimo e aflição (e eu que pensava que ele era mudo...), e começou a roçar-se nas minhas pernas. "Eu pertenço aqui", dizia o olhar dele. Há coisa de duas semanas experimentei afagá-lo, e ele descobriu que era bom. Não o procuro, não o persigo, trato-o da mesma forma que os outros, que me saltam para o colo à mínima oportunidade. Ele é que vem ter comigo, ele é que faz as suas escolhas, e eu aceito. A continuar assim, será mais um a disputar o colo ao serão, embora eu preferisse que ele fosse à vidinha dele. Mas pronto, ele decidiu que a vidinha dele é aqui. comigo e com os amigos.

Claro que estes gatinhos bravos não são para "marinheiros de primeira viagem" e ainda menos para quem não tem gosto pelo desafio, pela conquista e quer gatos de colo. Alguns nunca gostarão de ser agarrados - mas isto também acontece com gatos bem socializados -, outros confiam exclusivamente numa pessoa, uma boa parte não ultrapassa nunca o medo inicial, embora a agressividade diminua bastante com o convívio (e a castração). Temos de aceitar que nem todos são meigos, nem todos se moldam a nós - muitas vezes temos de ser nós a moldar-nos a eles, e aceitá-los e amá-los exactamente como são, sem pretender mudá-los. Tal como gostamos que ajam connosco...

Não é difícil arranjar donos para gatinhos; difícil é arranjar bons donos, responsáveis, e donos excepcionais para os casos "difíceis", sejam eles gatinhos bravos ou com deficiências.
Acredito na Paci&ecirc;ncia, na Persist&ecirc;ncia, no Pai Natal e no Poder do Fiambre!
moslie
Membro Veterano
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sexta abr 22, 2011 4:41 pm

Temos de compreender e aceitar que a esmagadora maioria das pessoas não quer animais em casa que se escondem, fogem e assopram e eventualmente atacam.
Eu não quereria. Gatos para mim é para pegar e acariciar.
É uma grande chatice ter um gato que está pronto a fugir a toda a hora.

As pessoas querem um animal doméstico não querem o BBC Vida Selvagem ao vivo e 3D em casa.

Precisamente porque os gatos infelizmente tem má fama, convém que os gatinhos que sobram por todos os cantos para adopção, sejam isso mesmo que se espera deles: domésticos e manipuláveis.

Até porque temos de pensar sempre nas idas ao vet., em possiveis tratamentos, em deixar alguém a tomar conta dele nas férias.

Se estou a tentar desesperadamente arranjar donos para gatinhos (e já passei por isso e sei que até chorar chorei de aflição) não vou arranjar chatice para quem os leva.
Até hopje sei que os que dei, foram bem encaminhados e foram aquilo que se esperava: fofos e domésticos.
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