sábado jun 28, 2003 12:11 am
Olá
Este assunto já foi aqui discutido várias vezes, mas nunca é de mais (Porquê a ironia, Piolha?)...
Tenho 16 gatos em casa, todos testados para FIV e FELV, todos com resultado negativo, todos com testes de kit... Segundo as minhas vets, os testes de kit para o FIV e o FELV são fiáveis. Isso não quer dizer que não possam falhar. Até as análises de laboratório podem falhar, porque há sempre uma margem de erro associada...
Testes de PIF em kit são para esquecer! (Penso que era a esses que a fabriro se referia, quando disse que não eram fiáveis) Os de laboratório, segundo pesquisas que fiz recentemente, são muito demorados e complicados, não basta uma única análise (de fezes ou de sangue), é necessária uma bateria de testes, ao longo de vários meses, e, mesmo assim, podem dar falso negativo, porque há sempre a hipótese de a colheita de fezes ser feita numa altura em que o vírus não está a ser "largado" nas fezes.
Quanto ao modo de transmissão de FIV e FELV, nunca pesquisei muito, mas uma amiga minha pesquisou, porque tem 4 gatos com FIV (que ela saiba...) e uma gatinha com FELV. Nos gatos com FIV, é fundamental terem as vacinas em dia, pelos motivos óbvios.
Creio que a Piolha falou de alguém a quem deu dois gatinhos e um deles veio a saber-se que tinha FELV e que a pessoa optou por não os separar. Bom, no caso do FELV isso não é tão grave como no caso do FIV porque há uma vacina para o FELV, certo? Ok, não é 100% eficaz, mas nenhuma vacina o é! Não é por isso que deixamos de vacinar os gatos, certo?
No caso do FIV, a eficácia fica-se pelos 80%. Não é genial, e talvez por isso ainda não se tenha difundido muito. Mas, vistas as coisas, 80% é melhor que 50% que é melhor que 0%...
Ainda segundo pesquisas da minha amiga, não é de descartar a hipótese de o FIV ser transmitido através da saliva entre gatos que se lambam uns aos outros, como é normal em gatos que se dêem bem. Claro que há quem afirme peremptoriamente que esse contágio não é possível. A minha amiga não duvida que seja possível, até porque os primeiros gatos que deram positivo para o FIV davam-se todos bem, não andavam à bulha. Podiam, por uma grande coincidência, já estar contaminados quando ela os adoptou, de várias origens. Quem vai saber agora? Ela, na altura, também nunca tinha ouvido falar da doença. Soube dela da pior maneira: um dos gatos dela adoeceu, começou a ser tratado e continuava a definar. Os vets falaram-lhe de um teste, ela mandou fazê-lo, deu positivo. Começou a testar os outros, encontrou mais dois positivos. Parou por aí. Para quê saber se havia mais algum? Não ia mandar abatê-los, isso estava fora de questão. Ela sabe perfeitamente que há risco de contágio, apesar de eles serem mais ou menos pacíficos. Posteriormente, adoptou mais dois com FIV. Não lhe passa pela cabeça adoptar um gato saudável. O risco pode ser muito baixo, mas existe. Para quê correr o risco? Também não está nos planos dela adoptar mais gatos com a doença. Isso iria aumentar o risco para os que ainda não estão contaminados. Penso que ninguém contesta que o stress aumenta a susceptibilidade às doenças...
Quanto ao FELV, e ainda segundo as pesquisas da minha amiga, pode transmitir-se até pelos bebedouros e comedouros e através de secreções nasais, ao contrário do FIV. Felizmente, há uma vacina.
Uma vez que todos os meus gatos deram negativo para FIV e FELV, não me passaria pela cabeça adoptar um positivo. Quem junta animais saudáveis e animais doentes, com certeza tem consciência do risco. Espero que tenha. Assumir esse risco fica ao critério de cada um e da sua consciência. Mas tenham consciência de que o risco existe, por muito pequeno que seja. Desdramatizar a questão não me parece correcto.
A questão de dar animais sem serem testados... Pois, o ideal era serem testados. Mas quem é que tem dinheiro para testar todos os que lhes passam pela mão? Eu não tenho! Acho que quem adopta é que deverá levar o gato ao veterinário e pedir para fazer os testes, se quiser saber. E se der positivo? Deve ir pedir satisfações a quem lho deu? Essa questão é mais complicada...
Se o gato for de raça e for vendido, penso que não há dúvidas de que a responsabilidade é do "criador", que tem a obrigação moral de só reproduzir e vender animais saudáveis. Mas no caso de animais recolhidos da rua... que responsabilidade tem alguém que o recolhe e tenta encaminhá-lo para um lar, onde espera que o animal seja bem tratado? Terá alguma responsabilidade? Eu acho que não! Se essa pessoa souber que o gato está infectado, tem o dever moral de informar a pessoa interessada em adoptá-lo, para que essa pessoa possa tomar uma decisão informada. Um animal infectado com uma doença destas não se pode impor a ninguém. Claro que se se vier a descobrir que o gato é FIV positivo, alguém vai ter de tomar uma decisão. Difícil, sem dúvida nenhuma. Nunca me aconteceu, e espero que nunca me aconteça. É um dilema que não desejo a ninguém. De uma coisa tenho a certeza: eu não assumiria, neste momento, o risco de o pôr em contacto com os meus.
Fiquem bem
Florinda Lopes