terça mar 06, 2012 2:01 am
Floripes, há aqui várias questões.
Vou começar pela mais pacífica, a meu ver, que é a legal. Num enquadramento legal como o nosso, estou-me a borrifar para os aspectos legais se se tratar do bem-estar de um animal, uma vez que a nossa lei os trata como objectos – coisa que, penso que todos estaremos de acordo, não são.
Em segundo lugar, o facto de o animal até ter mostrado sinais de felicidade ao regressar a casa: a posteriori, é fácil falar. Eu e outras pessoas falámos antes disso. E, mantenho a minha opinião, um animal que, num cenário como o descrito, é deixado a deambular a seu bel-prazer não é um animal bem cuidado, por muito que os donos ou ele dêem sinais de felicidade ao reencontrarem-se. Em terceiro lugar, a questão dos supostos maus-tratos nunca aqui foi explicitada e abstenho-me, portanto, de a comentar. Mas que foi sugerida, foi. Que se pronuncie, se quiser, quem sabe mais do que eu.
Em relação à primeira questão que abordou e que é a mais complicada: ao incitar a Lucci a não devolver o gato, fi-lo de acordo com a minha consciência e com aquilo que, julgo, faria se estivesse no lugar dela – tanto quanto me é dado avaliar o lugar dela. E, mais importante ainda, a maior parte do que aqui foi dito leva-me a crer que a Lucci não fez tudo aquilo que nela lhe dizia para fazer, mas aquilo que foi levada a fazer pelas circunstâncias. Não me esqueço do desafabo «estou sozinha». Por tudo aquilo que aqui li da parte da Lucci estou em crer que, se dependesse só dela, o gatinho não tinha sido devolvido, pelo menos assim tão sumariamente.
Dito tudo isto, não estou a julgar a Lucci, como penso que transmiti na minha intervenção anterior. É uma pessoa que ao longo do tempo conquistou a minha simpatia e respeito e continua a tê-los, independentemente de… e porque julgo perceber as circunstâncias em que se encontrou.
Por último, é sempre muito desagradável vermo-nos no centro de um caso e esse nosso caso ser alvo de opiniões públicas para aqui e para acoli. Mas este não é só o caso da Lucci, é um caso em que qualquer de nós poderia ver-se envolvida. Por isso peço à Lucci que não se melindre e tente não ver estes nossos comentários, a partir de agora, como pessoais, mas como a nossa própria reflexão com casos que possam ser parecidos com este e com que possamos deparar-nos tanto directa como indirectamente. A título de exemplo, ainda hoje tive conhecimento de um caso em que se me poria, muito sinceramente, a questão de devolver uma cadela aos donos. São casos frequentes e que nos dão muito que pensar, nunca havendo respostas fáceis – por vezes, a começar pela questão de podermos, nós próprios, assumir a responsabilidade pelo animal.