terça dez 16, 2003 3:31 am
O gato, desde que vive com o homem, nunca chegou a ser um animal verdadeiramente doméstico. Sempre viveu em liberdade, alimentando-se e reproduzindo-se por conta própria, sujeito mais à selecção natural do que à selecção humana.
Odiado por certas culturas adorado noutras, no entanto sempre respeitado como espécie que vive ao lado mas nunca sob o domínio homem.
Quase selvagem, o gato é, enquanto espécie, o animal “doméstico” que mais tem sido respeitado pelo homem, mantendo intactas as suas capacidades de viver por conta própria. Nunca tendo sido verdadeiramente manipulado pela mão pesada do homem.
Hoje, vitima da drástica mudança do modo de vida humano, o gato é castrado (em todos os sentidos), privado da liberdade, humanizado, abonecado ... isto é, criado e seleccionado sob o critério da “vaidosice” humana e não pela sua funcionalidade natural. Está a passar de um orgulhoso e digno animal quase selvagem para aquilo que nunca foi: um brinquedo humano.
O gato está pela primeira vez na sua história a ser domesticado, no pior sentido do termo, isto é, domado.
Tenho passado algum tempo da minha vida a observar e a analisar o comportamento de gatos que vivem em liberdade ou semi-liberdade ( os únicos que realmente vivem ) e tenho verificado que, tal como nos outros animais, o que os move é o sexo. Tudo na vida de uma espécie gira à volta da reprodução. As relações socio-familiares, o território, a hierarquia, etc, etc estão relacionadas com a capacidade reprodutiva e com a virilidade.
No gato, principalmente no macho, todo o seu ritual diário gira em volta da sua sexualidade.
Quando castrados, os machos, vivem no fundo da escala social, apáticos, sem orgulho e sem comportamentos típicos da espécie. Existem numa não vida.
Concordo com métodos de esterilização sem que haja castração.
A castração é um crime horrendo, seja contra quem for.
A mentalidade dos “defensores” dos animais, de hoje em dia, é tipicamente urbano-depressiva. Defendem a não vida para que não haja sofrimento. Na natureza existe vida e morte, sofrimento e prazer, mas não há lugar para essa semi-existência que é a não vida.