sexta ago 29, 2003 12:40 pm
Uma vez que este assunto "veio à baila", aproveito para relembrar quem se sente sensibilizado pelas histórias que aqui já lemos, que o gatil (e o canil também, claro) da União Zoófila está a abarrotar de gatos adultos que, obviamente, são muito mais difíceis de dar para adopção do que os bebés, pelo preconceito que já aqui lemos sobre os animais adultos.
Toda a gente pensa que "um gatinho bebé é muito mais fácil de ensinar", que "não tem vícios", que "vai criar um elo de relacionamento mais forte com o dono que um adulto"...
No entanto, qualquer especialista em comportamento animal dirá que a personalidade de um gato é imprevisível enquanto bebés, e que podem, ao crescer, tornarem-se ariscos, mal educados e perfeitos terroristas, que nenhum dono, mesmo o mais extremoso, consegue domesticar.
Eu conheço pessoalmente não um, mas vários casos de pessoas, que têm em casa gatos desde bebés que ainda hoje não lhes conseguem "pôr a mão em cima" e outros gatos, adoptados já adultos, que são a maior meiguice e simpatia que pode haver. Por isso se confirma que não há certezas e que este preconceito com os gatos adultos é perfeitamente descabido.
Um gato adulto, principalmente se sofreu com o abandono ou maus tratos, pode até mais facilmente sentir-se "agradecido" por ter sido resgatado e lhe terem dado uma nova oportunidade para ser feliz e, por essa razão, tornar-se um amigo fiel para o resto da vida. Já um gato bebé não tem essa percepção. Sempre viveu com os mesmos donos, e encara os cuidados e mimos que tem como garantidos, às vezes, até, como um dever dos seus donos!
Claro que não estou a dizer que todos os gatos bebés se tornam "maus" gatos em adultos e que os gatos adultos serão todos "anjinhos". Tudo depende da personalidade que o gato tem (mas que só se constrói em adulto) e, obviamente, da forma como é tratado. Apenas digo que o preconceito não deveria existir e que os gatos adultos deveriam ter tantas chances de adopção como os bebés.
Sem compromisso, visitem o gatil da União Zoófila, e perceberão o que quero dizer quando um gato adulto se roçar nas vossas pernas, desesperado por uma festa, ou se rebolar no chão de barriga para cima a olhar-vos nos olhos e a convidar-vos para a brincadeira, ou mesmo aqueles que se agarram ao nosso pescoço num forte abraço, com turrinhas e lambidelas à mistura e que parece que choram quando nos vamos embora. Ainda que não adoptem nenhum, tenho a certeza que sairão de lá sem qualquer preconceito entre gatos bebés e adultos.