E são apaixonantes e viciantes mesmo!

Então para quem gosta de desafios e mentes complexas...

Para quem não é doido varrido como eu, acho que 3 gatos é o número ideal. Número máximo...7. Dez já pode ser um bocadinho demais, sobretudo pela trabalheira que dá aos donos manter tanta caixa de areia limpa, e pelas limitações de espaço. Eu não sou exemplo para ninguém, tenho "gatos a mais" e há muito que desisti de definir os meus limites, porque aparece sempre mais ou dois a provar que estou enganada

- isto em termos de gestão de afectos, atenções, etc. E não tenho "vida própria", isto é, redefini todas as minhas escolhas e prioridades e, além do meu emprego, com o qual estou cada vez mais desencantada devido à sua desumanização e excessos burocráticos (sou professora de Artes Visuais,... em "terra de cegos"

), vivo para os gatos. No final de 2009, tinha 11 gatos num t3. Em Agosto de 2010, eram 17, e já tinham morrido 5.

Desde Abril, sempre que ultrapassava os 16, havia gatos a morrer... A Natureza é sábia e, mesmo entre apredes de cimento, ela age no sentido d equilibrar as populações. Consegui, finalmente, encontrar uma moradia numa aldeiazinha rural, entre Leiria e a Maceira (vivo nos Cavalinhos), a 10 minutos de Leiria e 5 minutos da escola - suficientemente perto e suficientemente longe da cidade que não é, de todo, indicada quando 1/3 dos gatos vieram da rua jovens ou adultos, e jamais esqueceram a liberdade. O confinamento, a impossibilidade de se isolarem, por muito que o espaço fosse mais "na vertical" do que "na horizontal", a divisão em "subgrupos", acabam por gerar stress, que é o grande inimigo dos gatos e das "cat people". O facto de me encontrar de baixa devido a esgotamento associado a depressão (o chamado "burn out") permitiu-me estar disponível e ir gerindo, mas em Setembro tinha de regressar à escola. A continuar no apartamento em que estava (e q era pavoroso, mas o único onde me aceitaram animais sem perguntas...), dava-nos o badagaio a todos. Como os anteriores inquilinos da moradia em que vivo agora sairam, tive a oportunidade e aproveitei-a! Logo no dia 1, mudei-me com os gatos e o seu "enxoval"; eu "acampei" durante mais de 3 semanas, já que esta casinha, apesar de humilde e antiga, estava semi-mobilada e tinha tudo o que necessitava. Aliás, descobri que tinha muito menos necessidades do que pensava ter! Sem companheiro/a, sem filhos, teho os meus hábitos e rotinas e a verdade é que a casa está completamente "adaptada" aos gatos, ao seu bem estar, e também eu me sinto bem assim. Muitos amigos "desapareceram" - não aceitaram a minha escolha, o meu "sacerdócio", a minha mudança de hábitos. Mas conheci outras pessoas, "maluquinhas dos gatos" também, que aceitam, compreendem e não levam a mal, e com as quais tenho aprendido imenso. Estou certa de que pessoas "normais" teriam um choque ao visitar-me, sobretudo as que me conheceram antes de eu "enlouquecer"

e passar a valorizar outras coisas, e pôr os meus animais em primeiro lugar. Eu tenho muita gente, família, amigos... eles só podem contar comigo e assumi, com gosto, esta responsabilidade. É verdade também que estou cada vez mais "eremita" e anti-social mas, se não "encaixo", é escusado violentar-me. Não me fazem falta as férias fora de casa, já viajei onde quis, já realizei os sonhos que tinha. Agora, os sonhos são outros... 3/5 do salário vão para as despesas obrigatórias - prestação da casa que ando a tentar reconstruir e que tenciono vender quando tudo estiver licenciado (fui miseravelmente enganada, mas isso é outra história

- e aprendi com o erro, fiz várias más escolhas), para a renda, para as despesas com água, luz, gás, combustível, etc, o resto é para mim e para os gatos. Sempre fui uma adoradora de cães, e tenho 8, que me "calharam na rifa", mas são muito mais fáceis de lidar e satisfazer. Tal como eu, vivem felizes com o "básico" e, contra tudo o que aprendi antes, bem mais resistentes do que os gatos, sobretudo os gatos criados em ambiente urbano.
Já li algures, numa assinatura, que cães têm donos, gatos têm empregados...

eu alteraria para "cães são educados, gatos são educadores".
Mas já me estou a alargar...

Acredito na Paciência, na Persistência, no Pai Natal e no Poder do Fiambre!