quarta out 22, 2003 4:53 pm
Olá.
Adoptei uma gata adulta – Riyadh. Ela, em tempos e durante 6 anos, chamou-se Daisy, que foi o nome dado na União Zoófila onde ela viveu durante aos tais 6 anos dentro do gatil. Vou começar a história desde o início, ou seja, antes da chegada da Riyadh. Este texto foi-me pedido pela Ana Ramos, que me levou a Riyadh e a quem eu estou muito agradecida, para ilustrar quão bom pode ser adoptar um gato adulto. No meu caso foi uma experiência magnífica!
Tudo isto começou com o DAT. Sempre tive animais mas durante dois anos, devido ao trabalho e ao passar muito pouco tempo em casa, não pude ter nenhum. Sendo ultra-alérgica a gatos tinha duas hipóteses: um cão ou outro animal cujo pêlo não me provocasse alergia. Depois de muito pensar resolvi adoptar o DAT. Fui ao site da JAVA e vê este cão rafeiro fantástico que, por sinal, já tinha uma certa idade... Liguei para lá e expliquei a minha situação: que tinha visto o tal cão e parecia o cão ideal por ser velhote (teria passar muito tempo sozinho em casa e, por isso, ser muito calmo). Afinal este cão era jovem, bastante activo e não gostava de homens (LoLoL). Uma vez que eu e o Ernesto vivemos juntos, não dava muito jeito... A senhora da JAVA disse-me que tinha o cão perfeito para mim, um caniche castanho que passava os dias a dormir. Isto foi de manhã, a seguir ao almoço pisguei-me para a Lourinhã (baldei-me ao trabalho) e fui buscar o pequenito DAT. Passei-me com os outros cães todos, adorei a JAVA. E trouxe o cão perfeito, super educado (uma coisa espantosa), fica em casa horas seguidas a dormir, uma maravilha, parece um gato! Entretanto tem sido estragado com mimos. Agora até se vinga se, por acaso, nós vamos sair e não o levamos....
A experiência foi excelente, sobretudo por ser um cão adulto, sem fazer disparates, sem destruição, sem cocós e chichis fora do penico.
Em Março fiz uma descoberta fantástica. Desapareceu a alergia que tinha a gatos. Nem pensei duas vezes, quis logo um lá para casa! Antes desta decisão tivemos duas más experiências com duas cadelas e um gato é fixe porque não dá trabalho e não deixa que apareçam bichos em casa... (tenho uma fobia a baratas que é qualquer coisa, LoL). Comecei à procura de uma gata na net... Havia um gato lá em casa que não era meu e pensei que uma fêmea fosse melhor porque causa de territórios e etc. Fui ver a mãe da Mitzi à clínica veterinária que a tinha recolhido da rua. Era uma gata muito nova, cinzenta tigrada lindíssima com três filhotas... Uma das filhotas, tartaruga, a mais pequenita e atrevida – deixou-me louca de todo. Vítima duma paixão assolapada à primeira vista, trouxe-a comigo. Minúscula, chegou a casa e começou de imediato a investigar e a bufar ao DAT. Tinha um mês... o DAT adoptou-a como filha, sempre a defendeu do outro gato (que não gostou nada dela) e continua a ser um pai extremoso. Tem crescido e está a tornar-se numa gata linda, tola de todo, muito beijoqueira e uma verdadeira escritora (escreveu miuuuuuuuuu uma vez no teclado do computador, sozinha), comporta-se como um cão, vai buscar-nos e levar-nos à porta, anda sempre atrás de nós pela casa. Pensa que é um cão e refila quando o DAT vai à rua e ela não. Quando o outro gato (era italiano de Milão) voltou para a sua terra, a pequenita Mitzi ficou deprimida. O DAT não lhe liga o suficiente e nós não estamos muito tempo em casa. Resolvemos adoptar outra gata, desta vez adulta.
A experiência com a Mitzi a crescer foi fantástica mas um gato adulto adapta-se bem, são meigos na mesma e não precisam de tantos cuidados... Lá convenci o Ernesto que mais uma gata não dava trabalho, sendo adulta teria menos custos, etc., etc. Ele, finalmente, lá disse OK! Durante o tempo de “lavagem cerebral” descobri a gata ideal na net – adulta, tartaruga, com uma daquelas histórias de partir o coração. Quando nos decidimos a adoptar a segunda gata, o anúncio tinha desaparecido... Enfim, alguém a tinha adoptado e ainda bem, o que não falta por aí são gatas adultas à espera de adopção. Liguei, pela primeira vez, à Ana Ramos porque ela tinha uma gata toda cinzenta. Tinha um senão – a idade -, aproximadamente 3 meses. Decidi-me por uma outra gata, adulta, abandonada... Foi lá para casa mas as coisas não correram muito bem e ela foi adoptada por outras pessoas. Aqui, o Ernesto disse-me: “Acabou-se, já pudeste comprovar que a Mitzi é feliz só com o DAT, não quero mais adopções, já tivemos histórias chatas, blá, blá, blá.” E eu lá concordei com ele... Mitzi e DAT e acabou-se a conversa.
E agora a parte que interessa:
Um belo dia, sem nunca desistir de adoptar uma gata adulta (sim, às vezes sou um bocado obsessiva), ao ver anúncios na net dou de caras com o anúncio da tal gata tartaruga. Fiquei super feliz por ela ainda estar na UZ (eu sei que é foleiro e egoísta da minha parte mas fiquei mesmo)! Liguei de imediato para a Ana Ramos para saber da gata. Estava com o nervoso miudinho todo, medo que ela me dissesse que a gata já não estava lá e que o anúncio ainda não tinha sido tirado... Mas não, ela estava lá há 6 anos. Não pude ir buscá-la na hora e pedi à Ana para me reservar a gata, desse por onde desse, que assim que pudesse ia buscá-la. A Ana respondeu-me “Claro que sim.” Eu, mesmo assim, ainda stressada com medo que alguém quisesse a Daisy. O anúncio era tão tocante e a descrição dela tão boa e eu andei tanto tempo atrás dela que pensei, qual namorada ciumenta, que todos a iam querer também. Há que notar que a foto do anúncio não a favorecia muito mas mesmo assim... nunca se sabe.
Lá fui buscar a gata, passados uns dias... Liguei ao Ernesto um pouco antes para lhe dizer que ia haver um novo membro na família... mesmo à cobarde, quando já não podia dizer que não. Li-lhe o tal anúncio pelo telefone. O Ernesto disse “Também quero ir buscá-la. Quero vê-la também. Dá-me a morada, vou lá ter.”
Lá chegámos, atrasados os dois porque havia greve da Carris nesse dia. E vimos a Daisy! E ficámos loucos de todo! Depois vimos a Ana Ramos e tratámos da adopção... LoLoL, só educação. Chamámo-lhe Riyadh porque o Ernesto ia para a Arábia Saudita (já lá está) e, embora fosse para Jeddah, achámos Riyadh mais giro. Metemo-nos a caminho de casa e eu, histérica, a dizer ao Ernesto “Vais ver, com esta gata vai correr tudo bem. Vai adaptar-se em 3 tempos, a Mitzi vai gostar dela e tudo”. O Ernesto, ponderado como sempre “Não podes pensar assim, é uma gata, é adulta, vamos passar uns bons dias à espera que ela se adapte... eu já tive gatos, sei como é, não cries muitas expectativas.” Calei-me e continuei a ter expectativas muito grandes em relação à Riyadh, pensei que num ou dois dias ela estaria adaptada, sem confusões de território. Enganei-me redondamente! Chegámos a casa, abrimos a caixa transportadora, sem qualquer atenção o que se deve fazer na adopção de um gato quando já existem outros. O DAT e a Mitzi ansiosos, sem sair de ao pé da caixa. A Riyadh saiu, bufou uma ou duas vezes ao DAT e a Mitzi bufou-lhe uma vez. A adaptação estava feita. Nem 5 minutos demorou... Foi maravilhoso vê-la chegar a casa, a olhar para tudo fascinada, a cheirar tudo durante horas. Parecia que sempre tinham vivido juntos, desde sempre. Fiquei tão “burra” que passado mais ou menos 2 horas liguei à Ana para contar a adaptação da Riyadh. Eu sou uma seca com estas coisas e precisava mesmo de partilhar a história... A Riyadh parece mãe da Mitzi, dá-lhe tabefes quando a Mitzi salta para cima dela na brincadeira e não tem paciência para a “hora do disparate” da Mitzi. O DAT também não tem, ela é mesmo muito tolinha...
Agora o resto da história... Ando tão babada que tenho que contar o resto até hoje...
30 de Setembro, 1.ª manhã da Riyadh
Derrete-se com as festas e encosta-se toda com um ar de satisfação total. Há que notar que isto aconteceu tudo em menos de 24 horas. Ainda não me saltou para o ombro... De manhã estive uma hora a fazer-lhe festas e a escová-la, encostou-se toda a mim e deu-me torrinhas na cara. Mas mais giro: deu uma torrinha no DAT que estava deitado encostado ao meu outro lado. Hoje vai tomar a primeira banhoca (tem mesmo que ser, já não tenho nariz de tanto assoar) e espero que não me odeie depois de tal tortura.
Pós-banho seco: amuou e não me liga nenhuma. Vai para o colo de toda a gente menos para o meu L.
Dias seguintes: é tudo dela, uma das cadeiras da sala para dormir à noite. Durante o dia não sai de cima da máquina da roupa, tem vista para a rua. O microondas é outro dos “spots” preferidos da menina... Vai para o colo de todos menos para o meu (grrrrr!), já pede comida dos nossos prato (mau hábito que apanhou da Mitzi), corre quando nos vê a ir para a cozinha. Também já dá umas corridas tresloucadas pela casa com a Mitzi. Está a torna-se mais brincalhona.
O dia de "aniversário" do DAT foi no passado dia 9 que coincidiu com o dia em que fez duas semanas que a Riyadh chegou lá a casa. Ao acordar, acordei a Mitzi. Espreguiçou-se e foi falar ao "pessoal", como é habitual. O que não é habitual é ela dar beijinhos na Riyadh e foi a primeira vez. Foi lindo! A Riyadh estava a dormir e Mitzi aproximou-se e deu-lhe um beijinho na cara.
O que foi magnífico em todo este processo foi constatar que há gatos que nem precisam de fase de adaptação. E continuo felicíssima da vida porque a relação entre eles os três é óptima, dão-se bem desde o primeiro instante e parece que viveram sempre juntos! E adoro vê-los juntos e observar as relações entre eles. O DAT, que é um cavalheiro, deixa-as sempre comer do prato dele, ao mesmo tempo que ele, inclusivamente, os raros petiscos de lata! Uma das meninas de cada lado e comem os três em perfeita harmonia...
Ontem, dia 17 de Outubro, a Mitzi foi esterilizada. Fui buscá-la e quando cheguei a casa fui recebida pelo DAT e pela Riyadh que estavam super curiosos com a caixa transportadora, abri a porta da caixa transportadora, a Mitzi saiu aos tombos cá para fora o DAT encheu-a de beijinhos. Mas qual não é o meu espanto quando a Riyadh lhe dá um beijinho na cabeça, mesmo com o cheiro a anestesia... Ontem fez três semanas que a “cota” chegou lá a casa.
Não sei se o texto vai aparecer todo mas, se sim e se o leram, obrigada. Isto está quilométrico mas pareceu-me importante contar a história desde o princípio.
É verdade, a Riyadh já vem para o meu colo (já lhe passou o amuo do banho de há 3 semanas), dorme no meu roupeiro e não vai para a cama porque há sempre dois ocupantes e ela respeita isso. Mas uma vez apanhou-me sozinha, deitou-se ao meu lado a “escorregar” para a minha cara e a dar torrinhas. Pareceu-me que ontem começou a responder pelo nome... olhou para mim quando a chamei.
Quando adoptei a Riyadh, tive algum medo que ela não gostasse do DAT e lhe bufasse muito ou o arranhasse... Isto porque ele é muito simpático e, cada vez que chega um animal lá a casa, ele vai logo cheirar e coscuvilhar tudo. Uma vez que ela é adulta... Abri a caixa transportadora com o DAT aos pulinhos e a Mitzi por cima. A Mitzi bufou só uma vez e deu um saltinho para o lado. A Riyadh saiu, cheirou o DAT, o DAT cheirou-a e já está. Uma alegria, deram-se bem, passou o stress. Elas as duas também se deram bastante bem, logo de início.
Ontem fui buscar o Matias. O Matias é o novo hóspede, vai ficar instalado lá em casa até ter um dono que seja tão meigo com ele como ele é para todos os que se atravessam à sua frente. Mais uma vez tive um certo receio da reacção do Matias ao DAT.
O Matias tem entre 3/4 anos, é muito, muito meigo mas é um gato e podia não gostar do DAT. Burrice minha pensar isto. Chego a casa com o Matias, a Mitzi e a Riyadh nem o viram mas o DAT, claro está, já estava entusiasmadíssimo à volta da caixa. Abro a caixa, ao mesmo tempo que tento afastar o DAT sem qualquer resultado, sai o Matias. Cheiram-se um ao outro e o Matias vai imediatamente deitar-se na minha cama. Eu vou atrás e deito-me ao lado do Matias. O DAT, que quer a exclusividade do meu colo e da minha atenção, deita-se no meio de nós de barriga para cima a pedir festas. Fiquei espantada, o Matias não reagiu! A Catarina (uma amiga minha) junta-se à festa, ainda mais surpreendida que eu com a falta de reacção do Matias. Nisto, o DAT vira-se e dá duas lambidelas no Matias. E, aleluia!, o Matias lá reage... Dá uma lambidela no DAT!!! Mas o melhor é que continuaram na beijoquice um ao outro!
Entretanto, tive que sair. Quando volto, passado poucas horas, o coitado do Matias que, entretanto travara conhecimento com as meninas tontinhas e territoriais, estava em cima do roupeiro do meu quarto com um ar de quem tem uma vida social pouco interessante. Agarro no Matias e coloco-o na minha cama para o mimar um bocado (as miúdas, por vezes, gostam de mostrar que são emancipadas e que quem manda ali são elas) porque ele parecia um bocadinho desconsolado. O DAT, sempre mimalho, deita-se quase em cima do Matias. O Matias (tão lindo!!!) começou a lambê-lo, desta vez a sério, deixando metade do pescoço do DAT encharcado! Parou porque a Mitzi apareceu por lá com cara de poucos amigos a exigir atenções.
A título de conclusão:
Nesta minha pouca experiência com gatos descobri que a adaptação de um gato adulto é muito mais fácil do que o que poderia imaginar. Mas, melhor ainda, foi-me mais fácil a adaptação de gatos adultos ao cão do que a de um gato bebé.
Quando a adoptar o Matias: não posso adoptar mais animais por diversas razões. É com muita pena minha que ele não fica lá em casa para sempre... porque é lindo e é o gato mais meigo que já vi até hoje.
Raquel