Periquito Inglês

Fórum para trocar ideias sobre os nossos amigos com penas.
Budgerigar
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sexta fev 04, 2011 9:16 pm

Boas


Este debate de ideias pode ter muito interesse ou interesse nenhum, dependerá da forma como o quisermos encarar e abordar.

Para mim terá sempre muito interesse, se for encarado de forma inteligente, sabendo ler aquilo que por vezes não é dito claramente, até porque, estando num fórum, ou escreverei testamentos ou ficará sempre algo por dizer e/ou explicar.

Face a isto, quero apenas esclarecer algumas dúvidas:

Quando falo de aves pequenas, falo de Periquitos Ingleses e não de Periquitos normais um bocadito maiores.

Não vou discutir assuntos sobre higiene e alimentação neste contexto, porque, se me estou a referir a criadores, é assunto que nem se coloca... quem não alimenta ou não mantêm condições de higiene, não é criador, é passarinheiro.


Adiante...







CH2O2 Escreveu:
Budgerigar Escreveu: Efectivamente é assim, mas no seu todo, isto seria aquilo que a WBO designa como o Periquito Ideal e esse muito raramente surge.

O facto de uma ave apresentar uma determinada caracteristica pouco desejada em relação ao standard, não invalidada que, num todo, seja uma exclente ave e que venha a ganhar muitos campeonatos.
Uma ave pode perder pontos por ter "defeitos" em relação às várias caracteristicas do standart. Mas é desqualificada se não tiver o tamanho mínimo exigido. Em minha opinião se não tem o tamanho mínimo, não é periquito inglês. É apenas um periquito normal grande. É isso que vemos em muitas lojas de animais em portugal.

Budgerigar Escreveu: Eu acho que se criou o mito de que o criador ou os grandes criadores, não vendem a lojas, o que não é , de todo, verdade.

Os grandes criadores têm, por motivos obvios, uma maior facilidade em escoar as aves remanescentes, mas muitas outras acabam por ver vendidas a importadores que por sua vez os espalham pelas lojas desse mundo fora.
Pode existir esse mito mas não foi isso que eu disse. Muito pelo contrário. O que eu disse foi que os criadores vendem para as lojas de animais os periquitos ingleses de má qualidade e ficam com os exemplares de boa qualidade. Se fosse ao contrário não seriam grandes criadores.


Obviamente não se pode dizer que nas lojas se encontrarão com facilidade Periquitos de boa qualidade.

No entanto há que distinguir duas situações.... aves nacionais e aves importadas.


Nas aves Nacionais e face ao nível de qualidade que temos, que infelizmente e salvo honrosas excepções, ainda é algo baixa, não é fácil encontrar aves de grande qualidade, já que, os criadores guardam para eles os melhores, o que tem toda a lógica.

Quando falamos de aves importadas a situação é ligeiramente diferente, sobretudo face à qualidade existente em Países como a Bélgica, Holanda ou Alemanha, em que, em boa parte dos casos, o que eles têm de mau, não está muito longe daquilo que nós temos de bom.

Por outro lado, também nesses Países e face à qualidade existente, a evolução é também mais rápida, daí que, temos criadores a desfazerem-se de aves que são muito boas, porque entretanto fizeram melhorias significativas na qualidade do plantel e desfasem-se de aves que, para nós e para o nosso nível, são um bom patamar para se começar (ou até para melhorar plantel), sobretudo se pensarmos na parte monetária.




CH2O2 Escreveu:
Budgerigar Escreveu: Também é necessário compreender que, no que ao Periquito Inglês diz respeito, existem algumas regras mal ditadas.

Quem achar que para criar deverá ter aves grandes, poderá estar a começar da pior forma.
Porquê?

Simples


Quanto maior for a ave, mais apática é, maior dificuldade tem em criar... há machos que nem galar conseguem.

Há pessoal que se mete a comprar "avestruzes" e depressa desanimam por não conseguirem os resultados esperados.

O resultado está à vista.... temos 2 ou 3 criadores de topo, uma mão cheia de pessoal que começa a fazer um excelente trabalho, e um mundo de desistentes.

Quando há mais de 20 atrás me iniciei na criação de Periquitos Ingleses, em Portugal existiam uns 5 ou 6.

Actualmente, desses 5 ou 6, mantêm-se 1 ou 2 activos e o resto....

Destes 1 ou 2, temos, o Rui Teixeira, que tem aves de topo, resultados de topo e uma vontade e persistência imensa para continuar.



É mais fácil começar com aves de menor porte, mais activas e com maior aptidão para criarem.... se não se ganhar na qualidade, ganha-se na experiência.

É importante referir que, a selecção que tem sido alvo o Periquito Inglês, centrou-se sobretudo no seu porte, em detrimento de outras características que hoje em dia, alguns criadores querem reverter e a par do porte, pretendem fixar essas capacidades perdidas.

Não é em vão que o Periquito normal cria que nem um rato, já o Inglês....


CH2O2 Escreveu:
Budgerigar Escreveu: A "força" do Periquito de Standard Inglês está na sua genética e esta deve ser a base para se iniciar uma criação de sucesso.
Não entendi o que quis dizer com esta afirmação. Obviamente o genética é importante mas não mais importante nos ingleses do que noutra ave qualquer. Além disso também uma boa alimentação e higiene são importantes.

Sim, é um facto que se aplica a todas as aves, mas estamos a falar de Periquitos Ingleses e sobretudo, estamos a falar de uma ave fruto de uma selecção e que regride com imensa facilidade, daí que a genética tenha um importância especial por forma a manter e melhorar determinadas características.

Quanto à questão da higiene e alimentação, está respondido no inicio do post




Budgerigar Escreveu:
CH2O2 Escreveu: Não acredito que um periquito "inglês" comprado numa loja de animais em Portugal chegasse a ser qualificado para competir num dos países que referiu.

Nem eu acredito nisso, até porque, as aves em exposição têm de ter anilha do próprio criador, portanto nunca poderia expor com uma comprada.

O que eu não tenho dúvidas é que as possibilidades da prole desta ave chegarem a qualquer campeonato com boa classificação, não é nenhuma hipótese remota.
CH2O2 Escreveu:Não concordo. Se começar com aves pequenas vai ter muita dificuldade em chegar ao tamanho mínimo exigido pelo startnda.


Tal como referi no inicio, há que ter a capacidade de perceber o que não está escrito, sendo que, quando falo em aves pequenas, não estou a falar de pseudo periquitos ingleses nem coisa parecida.

Um Periquitos Inglês pode até ser mais pequeno do que aquilo que o standard determina, mas ter outras características que importam preservar ou fixar noutra ave.

Um macho com um bom tamanho pode necessitar de uma boa marcação ou de maior profundidade na mascara.

Uma fêmea ligeiramente mais pequena, pode ter tudo isso, faltando-lhe apenas o tamanho.

Este casal, pode ser o ponto de partida para aves com um tamanho dentro do standard, aliando outras características essenciais





Uma nota final em relação às exposições e à avaliação das aves.

Como em tudo, a avaliação feita vale o que vale.

Recordo-me de em finais de 2004 ter ido a Rio Meão a uma expo e de ter visto um excelente Periquito do Rui Teixeira, classificado com 86 ou 87 ponto, muito mau, especialmente tendo em conta a qualidade da ave.

Na altura liguei ao Rui por não perceber como tal teria sido possível e o Rui estava tão admirado quanto eu, já que a qualidade da ave era por demais evidente, tão evidente que, pouco tempo depois, já em 2005 essa mesma ave foi classificada com 92 pontos no Campeonato Mundial na Alemanha, junto aos grandes senhores dos Periquitos, e tivemos o orgulho de ter o primeiro periquito Inglês criado em Portugal como Vice-Campeão do Mundo ;)
<strong>Paulo Santos</strong><strong> </strong>
CH2O2
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sexta fev 04, 2011 10:07 pm

Budgerigar Escreveu: Sim, é um facto que [a genética] se aplica a todas as aves, mas estamos a falar de Periquitos Ingleses e sobretudo, estamos a falar de uma ave fruto de uma selecção e que regride com imensa facilidade, daí que a genética tenha um importância especial por forma a manter e melhorar determinadas características.
Continuo a não entender o que quer dizer. Concretamente, não entendo o que é que o conhecimento de genética pode contribuir para melhorar o standart do periquito inglês que não contribua para melhorar outra ave qualquer. Não quero com isto dizer que a genética não interessa. Pessoalmente interessa-me muito o assunto, particularmente nesta espécie. Mas a genética interessa tanto no ingles como no periquito comum. A única diferença entre os dois é que têm um tamanho, postura e proporções relativas do corpo diferentes. Essas características são melhoradas pela experiência do criador. É algo baseado no instinto to criador porque não conhecemos os genes que regulam essas características.

Voltando ao assunto inicial, porque esta conversa é agradável mas já nos afastamos do ponto de partida. As lojas de animais em portugal, na sua grande maioria, vende periquitos mais caros justificando o preço ao cliente leigo, dizendo que são ingleses. No entanto são periquitos normais um pouco maiores. Concorda?
Budgerigar
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sexta fev 04, 2011 10:38 pm

Vou deixar a primeira parte da questão para amanhã responder de forma mais pormenorizada.



Quanto a isto:
CH2O2 Escreveu: Voltando ao assunto inicial, porque esta conversa é agradável mas já nos afastamos do ponto de partida. As lojas de animais em portugal, na sua grande maioria, vende periquitos mais caros justificando o preço ao cliente leigo, dizendo que são ingleses. No entanto são periquitos normais um pouco maiores. Concorda?

Estamos em sintonia

No geral as lojas são muito más, especialmente na abordagem que fazem ao cliente.

Admito que em relação à loja de que falámos anteriormente, tenho alguma ligação emocional.

Ainda em miudo, foi ali que a minha paixão por Periquitos Ingleses e até por aves em geral, despertou.

Passei lá muitas horas a ver entrar e sair aves... aprendi muito com o Sr Armando, tenho por ele uma enorme estima.



Voltando ao assunto...

É um facto aquilo que diz.

Não há muito tempo vi numa loja da Margem Sul, Periquitos cruzados de Inglês com Normal a serem vendidos como Ingleses e a preço completamente absurdo.

Além desta situação, as lojas utilizam todo o tipo de argumento para inflacionar o preço.

Basta ver o que acontece com os Periquitos normais.

Na altura em que cá em casa tive bastantes Periquitos normais, cheguei a vender à loja às dezenas todos ao mesmo preço.

Assim que eu saia da loja, começava a separação:

Azuis e Verdes eram vendidos a mais do dobro do preço de compra.

Lutinos, Albinos e outras mutações que saltassem à vista, eram ainda mais caros.

As fêmeas eram vendidas mais caras que os machos com o argumento que eram mais raras.... enfim, para mim, nada mais que trafulhice.

Por estes e por outros motivos, admito que a dada altura e em relação aos normais, preferia oferece-los a amigos ou deixa-los até ao fim dos seus dias no viveiros, a ter de os vender à loja.




Aproveito para lhe deixar um link, eventualmente já conhecerá, mas se não conhecer, vale a pena a visita.

É o blog do Rui Teixeira, o criador de Periquitos Ingleses em Portugal com mais títulos ganhos e com um trabalho ímpar em prol destas aves

http://ruiteixeiraperiquitos.skyrock.com/
<strong>Paulo Santos</strong><strong> </strong>
CH2O2
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sábado fev 05, 2011 9:09 am

Budgerigar Escreveu:Aproveito para lhe deixar um link, eventualmente já conhecerá, mas se não conhecer, vale a pena a visita.

É o blog do Rui Teixeira, o criador de Periquitos Ingleses em Portugal com mais títulos ganhos e com um trabalho ímpar em prol destas aves

http://ruiteixeiraperiquitos.skyrock.com/
Ainda não conhecia o blog. Obrigado pela sugestão.
Budgerigar
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sábado fev 05, 2011 5:38 pm

CH2O2 Escreveu: Continuo a não entender o que quer dizer. Concretamente, não entendo o que é que o conhecimento de genética pode contribuir para melhorar o standart do periquito inglês que não contribua para melhorar outra ave qualquer. Não quero com isto dizer que a genética não interessa. Pessoalmente interessa-me muito o assunto, particularmente nesta espécie. Mas a genética interessa tanto no ingles como no periquito comum. A única diferença entre os dois é que têm um tamanho, postura e proporções relativas do corpo diferentes. Essas características são melhoradas pela experiência do criador. É algo baseado no instinto to criador porque não conhecemos os genes que regulam essas características.
A Genética é importante na criação de aves em geral.

"Trabalhar" as características destas aves não é algo apenas e só limitado ao instinto do criador, mas sobretudo, a um conjunto de factores que o criador deve ter em conta, para atingir os seus objectivos, daí a importância daquilo a que habitualmente chamamos de pedigree.

Podemos não saber efectivamente que gene controla o tamanho, a marcação, a profundidade da máscara ou a estrutura da pena, mas com base nos apontamentos que deveremos fazer dos resultados obtidos, saberemos com certeza que aves deveremos utilizar para obtermos determinadas características... isto é mais do que instinto.

A titulo de exemplo:

Tenho um macho que, embora com uma máscara pouco profunda, transmite aos filhos máscaras profundas e de boa qualidade.

Tenho uma fêmea cuja estrutura de pena, mais leve e por sua vez mais volumosa, é presença nas ninhadas que tem, daí que, é uma boa fêmea para um macho que possua outras característica, mas que, a estrutura da pena não seja a que pretendo.

Tenho uma fêmea enorme que só tira crias pequenas, no entanto, com cabeças bastante volumosas. Tenho uma fêmea pequena que tira crias grandes com cabeça sem volumes.

Isto são factores a ter em conta e não se baseiam apenas em instinto.

Porque é que entendo que no Periquito Inglês (mas não só) isto se reveste de especial importância ?

Se eu estiver a criar Periquitos normais e não tiver em conta todos estes aspectos, continuarei a obter Periquitos normais, com mais ou menos qualidade, maiores ou mais pequenos, mas sempre Periquitos normais.

Se eu estou a criar Ingleses e adoptar a mesma postura, em pouco tempo, todas as características que definem o periquito de Standard Inglês se perderão e eu estarei a criar periquitos normais.

Tal como referi diversas vezes o Periquito de Standard Inglês não é mais do que a espécie Melopsittacus Undulatus seleccionada/trabalhada, e cuja ausência da continuidade deste trabalho, depressa o faz regredir.

Esta, entre outras situações, é um dos motivos que tem levado a desistências por parte daqueles que se tentam iniciar na criação destas aves, já que, entendem que bastará juntar duas aves grandes, para se obterem os resultados esperados.
<strong>Paulo Santos</strong><strong> </strong>
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