Acho que já passava muito tempo desde a última discussão sobre fauna indigena... Já é ciclico no fórum que de vez em quando aparece o tema de alguém que faz a boa acção de salvar um ninho de "passarinhos" sejam "pintassilgos, melros e afins" seja da boca de um gato ou de um "agricultor enraivecido" que cortou as suas couves e depois dá nisto!
O problema aqui no fórum é que as pessoas não percebem que existem sensibilidades diferentes, conhecimentos diferentes e por consequência lógica formas diferentes de lidar com estes assuntos "normais".
Adiante. Francisco tenho que concordar com o facto de que os criadores têm grandes responsabilidades no estado da coisa. Mas não podem ser os únicos. Também sabemos que as autoridades não exerceram devidamente a capacidade de fiscalização desde 1994 como deveriam o que permitiu a captura, posse e venda. Temos que concordar que a proibição foi uma má solução para um problema de abuso das licenças. Não resolveu (pois a fiscalização não funcionou), apenas criou um mercado clandestino (e o fruto proibido...).
A questão dos hibridos é um problema, mas não o seria se a criação fosse possivel. Já várias vezes disse que pessoalmente não concordo que se desperdicem exemplares para criar outros estéries por maioria. Mas se alguém reproduzir pintassilgos o que faz com a descendência já é discutivel. Posso continuar a não concordar que crie hibridos, mas enfim admito que é um mal menor!
O problema como disse o Pedro é que mesmo quando era permitido capturar e manter estas aves ninguem se dava ao trabalho de criar uma espécie que o vizinho em meio dia apanhava 20 ou 30... Dava menos trabalho apanhar 20 ou 30 também. Aliás isto acontece também com muitas espécies importadas legalmente a baixo custo e que hoje em dia sem importação estão quase desaparecidas da ornitofilia nacional.
Agora eu tenho estado um pouco afastado do processo em curso, mas continuo a dizer (e já discutimos isso) que enquanto se pretender criar um processo "burocrático" por muito simples que seja temos dois problemas: os criadores não querem ter trabalho e o ICN dificilmente tem capacidade de resposta útil para lidar com isso.
Vejamos a situação dos CITES que como sabemos à pedidos á espera de resposta à meses e meses (e anos...).
Infelizmente por muito que me custe admitir, 90% dos criadores não querem esse trabalho, não estão para isso, não querem papéis, não querem documentos isto e aquilo. E dos restantes 10% mesmo que queiram infelizmente não chegam para manter a criação destas aves viável. Não vai ser termos 100 criadores a criar estas espécies que tem qualquer significado, porque se os restantes não as quiserem ter (e os papéis que isso significa) é um beco sem saida!
Espero que o sistema seja realmente MUITO simplificado!
Em relação à situação lá fora, não é assim tão fácil conseguir o comprovativo de origem da maioria das espécies, muito menos nas mais comuns, pois na maioria dos paises a anilha é aceite como única forma de identificação. Inclusivé em França exemplares mutados (não fenótipo selvagem) são excluidos dessa obrigação.
Ou seja ao comprar verdelhões, pintassilgos, lugres, etc na Belgica, Holanda, Alemanha (embora nesta ultima haja mais papelada em algumas espécies) a unica coisa que eu irei ter são aves anilhadas, eventualmente factura de compra (se comprar em criadores particulares pode não existir como é normal) e na melhor das boas fés um declaração do criador que as aves são realmente de cativeiro.
Eventualmente a melhor prova de origem será um certificado veterinário oficial de exportação, mas mesmo ai tenho alguma dúvidas.
Quando ao tópico inicial, ninguém criticou o "salvar" das aves. Vejam se percebem a única coisa apontada é que se a questão era "SALVAR" as aves então entregues a um centro de recuperação também estariam salvas e a boa acção cumprida. A questão está no ficar com elas ou não.
Continuo com a minha, de que todos os pássaros são aves e todas as aves são pássaros!
Como dizia o outro: "Olhe que não, olhe que não..." (e esta também é uma expressão irónica!)
Realmente todos os pássaros são aves, mas nem todas as aves são pássaros. Já foi explicado porquê. É basicamente a mesma coisa que afirmar que todos os homens são mamiferos, mas nem todos os mamiferos são homens... Este tipo de raciocinio chama-se "silogismo" e pode ter várias formas (está nos livros de filosofia, por exemplo)
Agora se quiserem perceber (e aprender - está nos livros de zoologia, ciências, biologia) força, senão cada um sabe de si.
Quando ao fórum ser muito mau, é aquilo que fazemos dele (como foristas). Eu também participo menos do que fazia à algum tempo. Passei a só comentar algumas coisas até porque sempre gostei da máxima "quem está mal..."
Cumprimentos,
Ricardo M.