Eu também já resgatei um pardal da rua.
Quanto estava a chegar a casa, um pequenino passarinho estava à beira da estrada. Ao lado estavam os irmãos e a mãe mortos no chão e o ninho caído.
É óbvio que o trouxe imediatamente.
Cheguei a casa, com ele na mão a piar muito e coloquei-o numa caixinha de cartão com uma mantinha! Fui de imediato comprar papa para alimentar aves bébés ( já não me lembro da marca ) e ele aceitou de imediato.
Foi crescendo até que começou a debicar as sementes de canário, exóticos e periquitos. Como já se alimentava bem sozinho, introduzi fruta e vegetais na alimentação e não é que o meu Pom-Pom ( sim, era o nome dele

) desenvolveu um gosto muito especial por uvas !? Adorava-as!
Até que chegou a hora de ele querer voar! Tentava saltar da caixa ( esta foi aumentando de altura e comprimento! ) e eu e uns familiares meus decidimos ensiná-lo a voar.
Ora, colocávamos mantas no chão ( para amortecer a queda! ), uma pessoa ía para um lado da sala e outra para outro. Com alguns incentivos, rapidamente começou a voar bem. Foi ao fim de poucas semanas.
Sempre o deixei à solta pela casa, nunca o coloquei numa gaiola e ele, na maior parte das vezes, dormia no sofá ou em cima dos móveis

.
Durante o dia passeava em cima das nossas cabeças.
Uma coisa que o Pom-Pom fazia e que nos deixava derretidos era, no Inverno, ele aninhar-se nas nossas mãos e dormir como um anjinho

. Horas e horas que eu estava a aninhá-lo e ele a dormir tão bem ... nem me mexia.
Até que ele começou, muito de repende, a tentar voar contra os vidros das janelas, coisa que nunca tinha feito. Tentava esquivar-se por algum lado e vimos que ele queria ir à sua vida, conquistar a liberdade que lhe pertencia.
Dias depois soltei-o num parque muito próximo a minha casa. A alegria dele ... soube tão bem vê-lo livre, a debicar a relva com o seu biquinho, muito desastrado ( ele sempre foi desastrado

) a tropeçar nas ervas mais altas.
Fiquei horas seguidas com ele a explorar o parque ... até que ele voou.
Tive pena, ainda hoje sinto saudades, é inevitável. Aquele passarinho bébé que eu acolhi e criei, de repente, tornou-se num conquistador dos céus, num adulto que sabia que rumo dar à vida.
Eu sabia que ele estava preparado para ser solto. Eu conhecia-o melhor do que ninguém.
Não me arrependo nem um bocadinho de o ter deixado ir. É ali que ele pertencia.
O meu Pom-Pom marcou-me e espero que a sua Biquinhos o marque também desta maneira.
Boa sorte

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