É difícil não notar que há muita gente a pensar "adoptar" dragões barbudos; os inúmeros tópicos criados, muitas vezes repetidos, a levantar questões sobre o cuidado destes comprovam esse facto. Assim, decidi criar um tópico com variadas dicas que consegui extrair da minha experiência com estes animais até agora.
Antes de mais, queria frisar que não sou nenhum "expert"; possuo apenas uma mão cheia de meses a lidar com dois exemplares, e pude verificar que até agora tenho lidado bem com a situação; algo de que me orgulho.
Para além do mais, aviso também que não tentarei cobrir os aspectos básicos de cuidado com os dragões; para isso, existe a abençoada função do Search, e as "care-sheets" abundam por aí, basta pesquisar um pouco para encontrar a informação básica.
1 - Antes de comprar
Como para qualquer outro animal, não basta arranjar as "condições básicas" e adquirir o animal. É preciso um longo período de reflexão, para ter todas as certezas de que se está pronto para o compromisso. E digo compromisso, porque estas criaturas podem viver mais de 10 anos com as melhores condições; assim, NUNCA se deve levar esta decisão de ânimo leve; caso contrário, será mais um dragão adulto enfezado a ir parar a uma loja de animais qualquer, ou pior.
Há também que pensar no seguinte: "Para que quero o animal?". Infelizmente, verifica-se a tendência de pessoas a arranjarem animais de estimação apenas "para inglês ver", porque é bonito, e seria uma coisa gira de ter em casa quando vierem as visitas. É mais que necessário gostar do animal em questão, e ter consciência de que será um exemplar diferente de todos os outros; assim, por exemplo, diga-se que se vai arranjar um DB porque é um "animal muito sociável, colorido, e que até nem é difícil de cuidar". E se calha um exemplar agressivo, com cores aborrecidas, e com inúmeras dificuldades? Não é de todo moralmente correcto abandonar o bicho, apenas porque não corresponde ao que se desejava. A única atitude correcta para se cuidar de um ser vivo, não é a de tentar que ele sobreviva com boas condições, mas sim a de nos esforçamos para que ele seja o melhor exemplar possível; e é, simultâneamente, a que trará maior gratificação.
2 - Na chegada
Como é opinião comum, é vital que haja um período de habituação ao novo ambiente após a chegada. Assim, é aconselhável evitar o manuseamento, deixando o animal habituar-se ao que o rodeia. No meu caso, ambos os exemplares vieram extremamente receptivos ao contacto humano - em grande parte, imagino, devido ao criador (obrigado TMSurfer

3-Alimentação
Após a pesquisa básica, já se deverá saber a alimentação que se terá de providenciar : Grilos (ou outro tipo de "staple"), as ocasionais larvas, e variados tipos de vegetais deverão constituir a ementa. Caso o animal não coma devidamente (e estes bichos comem muito bem), poder-se-á tentar variar o tamanho da presa; por exemplo, tive um dragão que se recusava a comer grilos de um certo tamanho, no entanto, quando lhe ofereci grilos ligeiramente mais pequenos, apetite não faltou. Como regra de ouro, tentar sempre oferecer alimento vivo cujo tamanho não exceda o espaço entre os dois olhos. Outra forma de espevitar o apetite, poderá ser através do uso de guloseimas; por exemplo, as larvas de Tenébrio Molitor podem ser usadas; no entanto, o uso destas não deve ser excessivo, devido às suas grandes quantidades de gordura e ao risco de impactação. Uma técnica que verifiquei ser útil para mim, aquando da muda do terrário (que NUNCA deverá conter substrato solto; é algo comprovado, basta pesquisar) consiste em retirar tudo o que preciso (os papeis, qualquer tipo de decoração, vegetais, etc), deixando apenas os dragões e os eventuais restos de grilos que se teriam escondido. Depois, basta esperar que estes "aspirem" os ditos grilos, eliminando assim os que se tinham escondido, e limpando melhor o terrário ; ganha-se um melhor controle da sua alimentação quando se sabe que não sobraram grilos.
4- Manuseamento
Regra geral, o manuseamento não é difícil. Apesar disso, isto varia conforme o espécime em questão; a sua idade e outros factores poderão ter o seu peso na sua relação com o dono. Para cultivar laços, verifiquei que resulta bem oferecer os vegetais à mão, assim como, obviamente, o manuseamento regular. Para o convívio fora do terrário, poderá ajudar aquecer uma toalha (pode parecer estranho, mas para este efeito, uso mesmo o micro-ondas), onde se irá colocar o animal. Com o calor, é provável que ele se aninhe na toalha; caso se faça isto à noite, é quase garantido que o dragão vá adormecer. Esta técnica também é útil caso se queira transportar os bichos; há que lembrar, no entanto, que possuem o sangue frio; como o seu corpo não irá emitir calor por si só, quando a toalha arrefecer, também eles o irão. Se possível, a exposição ao sol natural também poderá ter boas consequências, nomeadamente a nível de coloração; o ocasional "passeio" fora de casa, DEVIDAMENTE MONITORIZADO e em quantidades de tempo não muito longas, poderá contribuir para o seu bem-estar.
5 - Higiene
Não irei relatar os cuidados (ou a ausência destes) que o dono deverá ter, porque penso que isso apenas diz respeito a cada um.
A limpeza do terrário deverá ser sempre regular. Como já disse, NUNCA se deve usar substratos soltos; em vez disso, o "clássico" papel de cozinha (ou até mesmo um conjunto de placas de xisto, ou de azulejos, desde que não sejam agressivos para as patas dos residentes, que não possuam elementos tóxicos e que estejam devidamente isolados contra a água) é também muito fácil de retirar na altura da limpeza.
São também aconselháveis os banhos, especialmente em muda de pele. Para estes, deve-se utilizar água morna (usar o pulso para medir a temperatura da água poderá revelar-se útil), pela altura dos "ombros" dos animais. Vigiar sempre os banhos, especialmente se nestes estiverem vários animais; por vezes, um poderá tentar trepar para o outro para se escapar da água, podendo isto ter consequências graves. É perfeitamente normal os dragões defecarem na altura do banho; a temperatura estimulará a actividade intestinal. Assim, os banhos revelam-se úteis para ajudar na muda de pele, na hidratação, e no ciclo digestivo dos animais.
6 - Vigilância
Acima de tudo, o dono deve estar o mais atento possível ao comportamento (e às variações deste) do seu animal; esta é a melhor maneira para saber se existe algo de errado. Acima de tudo, qualquer réptil é um animal sensível ao meio,e mesmo a mais inocente das mudanças a nível do seu ambiente o poderá afectar em grande escala. Caso haja algum problema, deve-se SEMPRE levar o animal a um veterinário; "deixar para amanhã" é pedir por agravamentos.
7- LINKS ÚTEIS:
Tabela de valores nutritivos dos vários alimentos para um dragão barbudo; é muito útil, só é pena possuir os nomes dos alimentos em inglês:
http://www.beautifuldragons.503xtreme.c ... ition.html
Fórum americano beardeddragon.org; tem um bom ambiente, e existe muita boa informação a circular por aqui: http://www.beardeddragon.org/
De resto, concluo por afirmar que não pretendi criar uma "care sheet" detalhada com este texto; apenas esclarecer alguns aspectos do cuidado dos Dragões Barbudos, com base no que pude observar.
Um abraço,
Skhisma