Mais um dia na minha vida de cão...

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monikestarr
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Localização: Bianca (Retriever do Labrador)

terça mai 13, 2003 8:20 pm

Fiz agora, assim, como quem não quer a coisa, um mini-poema a pensar no dia de hoje da Bianca. Aqui fica, na sua singeleza...


Bianca Menina

Bianca menina
Assim apareceu
E minha vida
Meninou

Fez-me rir,
Ansiar,
Brincar e cuidar,
Desesperar e amar

Correu,
Pulou,
Saltou e caiu,
Choramingou e dormiu...



:oops: :oops: :oops: :oops: :oops:
sac
Membro Veterano
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Registado: terça set 17, 2002 11:06 am

terça mai 13, 2003 8:22 pm

Hehehehehehe :lol: :lol: :lol: :lol: :lol:

Pois está muito bem Mónica, continua ;)

Eu infelizmente não tenho tido tempo :( mas o prometido é devido... vamos lá a ver se me salta qq coisa um dia destes ;)

Bjcs
lapinrouge
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Localização: 2 gatos:Galileu e Oliver.1 cadela:Pètrouska, e duas tartarugas mutantes:polux e krilim.

terça mai 13, 2003 11:18 pm

sim senhora continua, a tua cadelinha deve ter dádo pulos de alegria ;)
não é todos os dias que os nossos amiguinhos têm direito a uma dedicatória tão pessoal e carinhosa...

:lol: um abraço

Lapin Rouge ;)
papoila
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Localização: Maria Papoila, Eva e Ginja (cadelas), Smecky (gato)
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quarta mai 14, 2003 12:40 am

Mónica,
Até a Bianca deve ter corado :D
Parabéns e continua, que o que temos de bom deve ser exaltado.
Sac, fico à espera, eh eh eh.

E já agora... cá vai mais um, que fiquei um formigueiro e não descansei enquanto não homenageei a minha Maria Papoila:D
(Mas porque será que as palavras me soam sempre tão distantes da realidade da minha alma?)


PAPOILA

Quanto o teu olhar doce
chega até mim e me toca,
o meu sorriso cresce
e funde-se nos teus bigodes,
passeia pela tua cauda
e sopra mimos e ternuras
que desaguam na barriga que me estendes.

Quando o teu focinho
me procura e me cheira,
largo trelas e coleiras
e rendo-me aos teus encantos
enquanto vagueias, senhora de ti,
pelos meus sentidos despertos.

Quando tu estás,
presente ou na memória,
os açaimos das palavras
rendem-se ao teu poder
e eu liberto-me.

Quando tu estás
nunca é hora de partir
e os meus dias correm leves
por entre jardins de girassóis
que tu percorres a meu lado,
num destino que abala o fado
e que nos une em explosões de cor.

Só tu conheces os passos do tempo
e é no teu tempo que me aninho em ti.

Beijocas,
Carla
Hannibal
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Localização: Cão sem raça definida

quarta mai 14, 2003 8:24 am

Mas o que vejo eu, após alguns dias em branco?
Novas revelações além das habituais?
Bonito!!!
Continuem minhas amigas.
Gostei...
Cleopatre
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Localização: Gata europeia tigrada tricolor (Anaïs) e 2 gatos europeus blottered (Matisse e Ankh)

quarta mai 14, 2003 11:05 am

Há muito que o poema se libertou do cárcere da forma, da restrição da rima, da rigidez da métrica. Os tempos mudaram e concederam um lugar digno à espontaneidade, ao instinto, rompendo o espartilho do preconceito e criando oportunidades para a expressão que segue o ritmo das pulsões emocionais e as vibrações dos gritos da alma.
Bravo Lapin Rouge e Papoila! Continuem e melhorem sempre, brindando à vida dos animais com a sinceridade dos vossos sentimentos!
papoila
Membro Veterano
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Localização: Maria Papoila, Eva e Ginja (cadelas), Smecky (gato)
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quarta mai 14, 2003 4:32 pm

Cleopatre, adorei. E gostava de ler mais umas dissertações suas, que estas coisas das palavras sabem bem.
Vou colocar aqui um texto que escrevi há uns tempos, não gosto de ser pessimista e a intenção não é entristecer ninguém. No entanto, há realidades que não podem ser esquecidas.

Bjs,
Carla

O primeiro Verão

Nasci quase por milagre. A minha mãe, cansada depois de dar à luz quatro crias, quase se esquecia do quinto rebento dentro de si. Era eu. Ainda bem que esperneei o suficiente, caso contrário poderia nada ser hoje.
Agora tenho uma menina que me dá de comer, deixa que me deite com ela e passeia comigo sempre que tenho vontade. Adora que eu abane a cauda para lhe mostrar que gosto dela. E eu estou sempre em correrias pela casa, também preciso de exercício e ela fica engraçada quando está feliz por me ver assim. Tem retratos meus pela casa e sinto-me mesmo da família.
Estou com eles desde o Inverno. Agora estamos numa altura qualquer que se chama Verão, pois farto-me de os ouvir falar nisso e de olharem para mim. Penso que planeiam qualquer coisa de grande.

Estão a fazer as malas, acho que desta vez vamos dar um grande passeio.
Olha, que bonito que é este carro. Espero não enjoar, não me quero deixar ficar mal logo na minha primeira grande viagem.
Mas que é isto? Não entendo. Deve ser uma brincadeira nova.
Pararam aqui na berma desta estrada solitária, puseram-me fora do carro e seguiram.
Se calhar houve alguma urgência, deixaram-me aqui um bocadinho e foram comprar-me comida. São tão queridos, os meus donos. Decerto não devem demorar. Sei que me adoram.

Eu não tenho muita noção do tempo, mas já escureceu tantas vezes e nada deles!
Será que se perderam? Devem andar tão aflitos à minha procura! Não iam de férias sem mim. Nunca, claro.
Sempre lhes abanei a cauda e até têm fotografias minhas pela casa.

Estou com fome, já passaram por aqui tantas pessoas a dizer coitadinho que nem sei o que pensar. Se ao menos eu tivesse uma coleira, as pessoas iam ver que me chamo Bobi e não Coitadinho e iam saber a minha morada. Porque é que me terão tirado a coleira antes de seguirmos viagem?
Daqui não saio. Já tentaram levar-me mas eu não quero. Quem sabe, pode ser que eles encontrem o caminho de volta. E eu quero estar aqui quando eles chegarem.


______
Aqui fica o resto da história do Bobi, de todos os Bobis. Um tributo a quem possa ter recolhido e um animal abandonado e tê-lo tratado com o mesmo carinho em todas as estações do ano.


Renascer

Tempos houve em que vivi guerras interiores, de olhos molhados com pena de mim e focinho em sangue vivo de tanto me ferir.
Renascer e começar de novo não é tarefa de um dia ou dois. É uma obra gigantesca para quem precisa de dar paz ao coração. E o meu batia descompassadamente quando me encontraste.
Agora estou contigo e os desencontros de hormonas e receios escondidos esfumaram-se por detrás do sol enquanto fui confiando mais e mais. Desculpa se no primeiro passeio de carro me descontrolei. Sei que deu trabalho limpares o banco de trás mas tive tanto medo... E tu percebeste, eu senti isso no toque carinhoso das tuas mãos, sem sermões nem castigos.
Os teus olhos, o teu carinho, a tua voz, tudo me enche os sonhos coloridos e com cheiro a relva acabada de cortar. Saber-te na minha vida deu-me uma luminosidade diferente, como quem transforma num encantamento a arte de se oferecer por inteiro e receber o mesmo em troca.
Às vezes gostaria de saber explicar com palavras mágicas tudo o que sinto desde que entraste na minha vida. Mas é difícil, há coisas que não se explicam, só se sentem.
Não sei de que cor são os meus sentimentos, decerto azuis, como tu gostas. És aquele que me absolveu quando desesperei e me desencantei numa berma da estrada. Por tudo, por existires, sou agora feliz. Por me aceitares na tua família, que é também a minha.
Nunca me tiraste a coleira.
E com o tempo foram crescendo, em molduras resistentes, as minhas fotos pela tua casa.
lapinrouge
Membro
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Localização: 2 gatos:Galileu e Oliver.1 cadela:Pètrouska, e duas tartarugas mutantes:polux e krilim.

quarta mai 14, 2003 5:58 pm

Fiquei sem palávras ao ler o teu poema Pap, está simplesmente GENIAL.
Parabéms, a Maria Papolia deve ser muito feliz em ter-te como dona ;)


Continua quero MAIS.
Senti-me tão bem ao ler o teu poema ai ai ai...
Um beijinho grande para ti
Lapin Rouge
papoila
Membro Veterano
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Localização: Maria Papoila, Eva e Ginja (cadelas), Smecky (gato)
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quarta mai 14, 2003 6:44 pm

:D :D :D :D
Uau! Pegando numa exprssão utilizada recentemente por outra membro, estou a gostar deste «caldeirão de amor».

Continuem.

Sê quem tu quiseres, desde que sejas sempre da cor dos teus sonhos.
Desde que consigas adormecer em qualquer lugar.


Beijos,
Carla
Cleopatre
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Localização: Gata europeia tigrada tricolor (Anaïs) e 2 gatos europeus blottered (Matisse e Ankh)

quinta mai 15, 2003 10:26 am

Papoila

Como as palavras brotam com destreza dessa alma infinita! Quantas vezes não senti a dor das emoções aprisionadas pela limitação do vocabulário ou pela própria incapacidade de as exprimir e partilhar de forma condigna?! Em tempos idos tentei, mas o resultado foi sempre uma esvaída miragem da realidade interior. Hoje, o meu coração transborda de emoção e dilata o peito provocando uma sensação de angústia sufocante por não conseguir descrever o que sinto. As lágrimas são o último recurso desse meu desespero e a única forma de expressão que de mim sai...
No entanto, apenas num acto de reciprocidade despido de qualquer pretenção, aqui deixo algo que há 10 anos escrevi sobre a perda do meu cão, o Nice:

«Ainda lembro com clareza o dia em que peguei na enxada para romper a terra em sangue… Abri uma cova por entre as raízes do pessegueiro e lancei o seu corpo no fundo escuro.
Ajoelhei-me então na relva e, pela última vez, toquei o pêlo, senti ainda o calor da carne já inanimada, as veias duras por debaixo da pele macia, os músculos fortes, os membros firmes e hirtos…
Recordei o medo sentido nas noites que ele rompia com uivos de dor! Ambos pressentiamos o fim. Restava-nos esperar.
Acabou por morrer na Primavera...
Agora, no pessegueiro brotam flores que brilham como os olhos dele quando eu lhe cantava a nossa canção durante as longas caminhadas…»


P.S. O Nice morreu com Leichmaniose, doença que na altura era ainda desconhecida e para a qual continua a não haver cura.
sac
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quinta mai 15, 2003 10:40 am

Cleopatre Escreveu: Papoila

Como as palavras brotam com destreza dessa alma infinita! Quantas vezes não senti a dor das emoções aprisionadas pela limitação do vocabulário ou pela própria incapacidade de as exprimir e partilhar de forma condigna?! Em tempos idos tentei, mas o resultado foi sempre uma esvaída miragem da realidade interior. Hoje, o meu coração transborda de emoção e dilata o peito provocando uma sensação de angústia sufocante por não conseguir descrever o que sinto. As lágrimas são o último recurso desse meu desespero e a única forma de expressão que de mim sai...
No entanto, apenas num acto de reciprocidade despido de qualquer pretenção, aqui deixo algo que há 10 anos escrevi sobre a perda do meu cão, o Nice

«Ainda lembro com clareza o dia em que peguei na enxada para romper a terra em sangue… Abri uma cova por entre as raízes do pessegueiro e lancei o seu corpo no fundo escuro.
Ajoelhei-me então na relva e, pela última vez, toquei o pêlo, senti ainda o calor da carne já inanimada, as veias duras por debaixo da pele macia, os músculos fortes, os membros firmes e hirtos…
Recordei o medo sentido nas noites que ele rompia com uivos de dor! Ambos pressentiamos o fim. Restava-nos esperar.
Acabou por morrer na Primavera...
Agora, no pessegueiro brotam flores que brilham como os olhos dele quando eu lhe cantava a nossa canção durante as longas caminhadas…»


P.S. O Nice morreu com Leichmaniose, doença que na altura era ainda desconhecida e para a qual continua a não haver cura.

Li e chorei...
Nanico
Membro Veterano
Mensagens: 1159
Registado: quinta jan 02, 2003 1:50 pm
Localização: 3 caes

quinta mai 15, 2003 11:18 am

Ola a todos,

Tenho acompanhado este topico desde o principio, sem coragem de participar. Agora, estava a pensar no Oscar que me vem acordar todos os dias de manha: Este e o dialogo de nos os dois:


Bons dias pequenino!



Bons dias pequenino, que me vieste acordar,
Saltaste-me para cima, aninhaste-te ao meu colo,
Olhaste para mim com o olhinho mais doce e viste que estava acordada,
Soltaste um latido e ficaste a olhar para mim, a sorrir, porque todos os caes sorriem e tu tambem.

Olhei para ti a sorrir tambem,
Fazes-me sorrir sempre com as tuas tropelias,
Fazes-me sorrir porque nunca olhas para tras,
Fazes-me sorrir porque es um peluchinho com coracao de leao.

Encontraram-te doente, pequenino, e ninguem te queria,
Ja nao te lembras? pergunto-te, e lambes-me a cara.
Tinhas desistido de viver, pequenino, e houve quem pensasse "melhor assim".
Ja nao me interessa, dizem-me os teus olhos cheios de alegria e trazes-me a tua bola.

Encheste o meu mundo pequenino!
Com alegria, com sol, com vida, com ar.
Nunca me deixas ficar triste, porque as tristezas consolam-se com farrapos, brinquedos e bolas.
E mostraste-me como olhar para a frente com alegria, para cada dia que acordo contigo ao colo.
Cleopatre
Membro Veterano
Mensagens: 643
Registado: quinta mar 27, 2003 4:29 pm
Localização: Gata europeia tigrada tricolor (Anaïs) e 2 gatos europeus blottered (Matisse e Ankh)

quinta mai 15, 2003 12:06 pm

sac Escreveu: Li e chorei...
Não vos queria entristecer, mas foi dolorosa a experiência para mim... Encontrei-o sem vida numa tarde quente de Primavera, tão brilhante e tão intensa que exigiu demasiado daquele ser já debilitado. Sabem quando rebentam os primeiros botões de flor nas àrvores, quando o pólen se lança no vento morno e o sol nos cega? Parece que a Natureza em renovação testa a capacidade do corpo dos seres vivos e dá um golpe de misericórdia nos fracos... Julgo que foi isso que aconteceu... O Nice já não ladrava de júbilo quando ouvia os meus passos na calçada; já não se lançava à minha cintura quando me aproximava para o afagar; já não corria ensandecido para o portão quando eu perguntava "Vamos à rua?!"; já nem chegara a tocar nas aparas de fiambre que lhe tinha dado no dia anterior... Nunca teria passado no teste rigoroso da Primavera.
Pressenti algo estranho logo quando levei a chave ao portão de casa. Parei em frente à porta e recusei olhar para trás onde ele estaria. Senti-me invadida pelo horror! Mas tive de encarar a realidade. Olhei. Deitado na casota que eu havia pintado uns anos antes, ele tinha uma expressão serena, como se tivesse partido em sossego, finalmente liberto do padecimento que o torturara nas últimas semanas. As dores dele ficaram no corpo inanimado e as minhas começavam a dilacerar-me a alma. Eu estava sozinha, sem ninguém com quem partilhar a dor da primeira perda na minha vida. Não chorei. Peguei nele e preparei-me para o enterrar. Só então chegaram os meus pais que viram a incredulidade nos meus olhos. Chamaram o meu avô e, em família, abrimos a terra do nosso jardim. Sabíamos que não era legal, mas não poderíamos entregá-lo a outras mãos! Ficaria connosco para sempre! E assim foi.
Não me recordo de, antes ou depois, o nosso jardim ter florido como naquele ano... Apercebi-me que afinal o meu Nice não tinha morrido apenas com a Primavera, mas também para ela. A energia que lhe restava transformou-se em seiva e alimentou flores, àrvores e frutos que ele nos ofereceu como um bouquet...
A memória dele ficará sempre comigo e, no fundo, ele morrerá apenas quando eu também morrer!
sac
Membro Veterano
Mensagens: 1413
Registado: terça set 17, 2002 11:06 am

quinta mai 15, 2003 12:11 pm

Cleopatre Escreveu:
sac Escreveu: Li e chorei...
Não vos queria entristecer, mas foi dolorosa a experiência para mim... Encontrei-o sem vida numa tarde quente de Primavera, tão brilhante e tão intensa que exigiu demasiado daquele ser já debilitado. Sabem quando rebentam os primeiros botões de flor nas àrvores, quando o pólen se lança no vento morno e o sol nos cega? Parece que a Natureza em renovação testa a capacidade do corpo dos seres vivos e dá um golpe de misericórdia nos fracos... Julgo que foi isso que aconteceu... O Nice já não ladrava de júbilo quando ouvia os meus passos na calçada; já não se lançava à minha cintura quando me aproximava para o afagar; já não corria ensandecido para o portão quando eu perguntava "Vamos à rua?!"; já nem chegara a tocar nas aparas de fiambre que lhe tinha dado no dia anterior... Nunca teria passado no teste rigoroso da Primavera.
Pressenti algo estranho logo quando levei a chave ao portão de casa. Parei em frente à porta e recusei olhar para trás onde ele estaria. Senti-me invadida pelo horror! Mas tive de encarar a realidade. Olhei. Deitado na casota que eu havia pintado uns anos antes, ele tinha uma expressão serena, como se tivesse partido em sossego, finalmente liberto do padecimento que o torturara nas últimas semanas. As dores dele ficaram no corpo inanimado e as minhas começavam a dilacerar-me a alma. Eu estava sozinha, sem ninguém com quem partilhar a dor da primeira perda na minha vida. Não chorei. Peguei nele e preparei-me para o enterrar. Só então chegaram os meus pais que viram a incredulidade nos meus olhos. Chamaram o meu avô e, em família, abrimos a terra do nosso jardim. Sabíamos que não era legal, mas não poderíamos entregá-lo a outras mãos! Ficaria connosco para sempre! E assim foi.
Não me recordo de, antes ou depois, o nosso jardim ter florido como naquele ano... Apercebi-me que afinal o meu Nice não tinha morrido apenas com a Primavera, mas também para ela. A energia que lhe restava transformou-se em seiva e alimentou flores, àrvores e frutos que ele nos ofereceu como um bouquet...
A memória dele ficará sempre comigo e, no fundo, ele morrerá apenas quando eu também morrer!
Minha querida, não me entristeceste.
As tuas palavras sentidas é que tocaram no coração de uma pessoa que tal como tu ama os animais e também sabe a dor de perder um amigo.

Um grande bem haja para ti e para todos aqueles que sabem dar o devido valor aos nosso amiguinho ;)
Will
Membro Veterano
Mensagens: 1032
Registado: terça ago 20, 2002 11:49 pm
Localização: 5 Cães (Nina, Xuxu, Alice, Matilde e Baltazar), 2 Gatos (Brad Pitt e Ninja) e alguns penduras.

quinta mai 15, 2003 3:08 pm

Que sensibilidades! ;)

Talvez eu só consiga escrever rimas coloridas, mas consigo chorar ao ler os vossos textos sentidos!

;)
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