domingo nov 21, 2004 12:21 pm
Um coelhinho, desses de estimação, acorda e se arruma todo. Passa gel, penteia o cabelo, bota sapato novo e vai para o açougue. Chegando lá, pergunta ao açougueiro:
-Moço, tem sapato?
-Não, seu coelho, aqui não vendemos sapato. Isso é um açougue, aqui a gente vende carne.
E o coelho volta para a casa.
No dia seguinte, o coelho acorda bem cedo, toma um bom café da manhã, escova bem os dentes, se arruma bem, põe terno e gravata, penteia bem o cabelo, e vai para o açougue.
Chegando lá, pergunta novamente:
-Moço, tem sapato?
-Não, seu coelho, eu já disse que isso aqui é um açougue, e que não vendemos sapato!
E o coelho volta para a casa.
No dia seguinte, mais uma vez o coelho acorda cedo. Depois de fazer o desjejum, se arruma todo, passa gel, perfume, põe óculos escuros, apara os pêlos, e vai para o açougue. Chegando lá, faz a mesma pergunta:
-Moço, tem sapato?
-Não, seu coelho! Caramba! Já tá enchendo! Não tem mais o que fazer? Já disse que isso é um açougue, e que não vendemos sapato! Pára de me perguntar essa besteira!
E o coelho volta para casa.
E assim, todo dia o coelho acordava cedo, se arrumava bem e ia ao açougue, perguntar se tinha sapato, e o açougueiro respondia que não, e dava uma bronca no coelho. Até que, passadas duas semanas, o açougueiro não se conteve e falou:
-Já chega, coelho! Você já esgotou minha paciência faz tempo! Não tô mais agüentando essa baboseira! Na próxima vez que você vier aqui, pego uma corda, passo no teu pescoço e te enforco!Não tô brincando! Te enforco mesmo! Agora sai daqui!
E o coelho voltou correndo para a casa.
No dia seguinte, o coelho acorda cedo, apreensivo. Toma o café lentamente. Depois, também se arruma lentamente, ajeita as orelhas, bota uma roupa nova, uns sapatos novos, escova bem os dentes, e vai, nitidamente nervoso, para o açougue, pé ante pé. Chegando lá, pergunta, meio encolhido, com voz vacilante:
-Moço, tem corda?
-Não.
-Tem sapato?