Venho apenas "desabafar" a minha história, ou melhor a história da Chinchila Gabriel.
Andava há já muito tempo indecisa entre uma Chin ou um Furão, até que as Chins me conquistaram.
O meu companheiro construiu uma gaiola enorme e entramos em contacto com um criador para comprar duas Chins macho.
Assim foi e no domingo, dia 23, vieram cá para casa o Gabriel (4 meses) e o Ernesto (2 meses e meio).
No primeiro contacto com o Gabriel, com o pêlo aos bocados e menos activo que o Ernesto,a justificação dada foi que "estava na mudança do pêlo". E nós acreditámos, nunca lidámos com este tipo de animais.
Chegados a casa, enquanto o Ernesto ia cuscar tudo, o Gabriel não saía do mesmo sítio, todo encolhido, olhos semi-cerrados. Estranho, pensámos nós, mas podia ser por ter medo, é tudo novidade agora.
Segunda-feira de manhã. O Gabriel não comia, pouquíssimas necessidades fazia, não se mexia, respiração ofegante. Mau, talvez a casa estivesse muito quente para ele?
Nessa tarde liguei ao criador e contei-lhe o que se passava. Disse para não me preocupar, que era o stress da mudança, que o Ernesto é que era energético demais. Lá me conseguiu animar um pouco o espírito, apesar do mesmo ter dito uma frase que me está na cabeça "ele teve uma vida muito sofrida".
Só depois de desligar é que me lembrei de questionar o que ele queria ter dito com aquilo. Bem, da próxima hei-de perguntar.
À noite chegamos a casa e soltamos os bichinhos. O Gabriel está cada vez pior. Uma diferença abismal. Já não segura a cabeça. Nota-se que já lhe custa bastante a respirar. Vamos ver contactos de veterinários. A maior parte não atende e os que atendem, o veterinário de exóticos já não se encontra. Lá descobrimos um nas Olaias (VetOlaias - recomendo). Foi de propósito para lá para nos atender.
A caminho, vemos o bicho literalmente a definhar à frente dos nossos olhos. Já vamos a comentar que desta noite não passa...
No veterinário, tiram-lhe a febre. 24 graus, o que é pouco para uma Chin. Foi posta numa almofada de água quente para lhe subir a temperatura. Vê os dentes para ver se não estão demasiado grandes, mas não é o caso. O veterinário apalpa-a e diz que os intestinos estão muito moles, que tem fezes que não consegue expelir, que está muito magra. Deu-lhe a medicação através de umas quantas injecções. Explicou que, embora desconhecendo a origem, sabe dizer que os intestinos pararam de trabalhar, o que origina dores, letargia, não conseguir defecar, não se alimentar. Avisou logo que o prognóstico era muito grave, que quando os roedores chegam a este ponto, são raros os que sobrevivem.
Falámos de como será a melhor maneira de o tratar. Ou ficavamos nós encarregues de o alimentar a água e papas, umas horas durante a noite, e de manhã levávamos ao vet para lhe dar mais medicação, ou ele próprio levava o nosso Gabriel para casa dele, para ser mais fácil ir controlando o estado e dar-lhe a medicação de 6 em 6 horas, em vez de 12 em 12.
Também falámos do criador. O veterinário confirma que o stress pode deixá-los meio atrofiadinhos, mas a magreza do Gabriel era por já não comer há, pelo menos, uma semana. Como não o queríamos assustar, muito pouco lhe tocámos, porque se o tivéssemos feito, sentia-se aquele corpinho debaixo do pêlo todo.
Reparou também que tinha bigodes partidos. Nunca nos tinhamos apercebido, bolas, só o tinhámos há cerca de um dia! Avançou com a hipótese de outros na gaiola dele assediarem-no e não o deixarem comer.
Depois disto tudo, já quando nos estávamos a despedir, olhamos para o Gabriel e ele não se mexia, nem sequer respirava. O vet confirmou, morto. Não havia mais nada a fazer. O estado dele já era tão mau, que não houve recuperação possível. Mas o vet tinha realizado trabalho, pelo que o pagamento é devido. € 62,60 lá deixámos, para ver o Gabriel morrer à nossa frente. E € 60,00 foi o preço que pagámos pelas duas Chins...
Só faltou decidir o que fazer com o corpo. Mandar cremar no canil, mas o custo era de € 37,00. Se algum de nós morasse na zona, não pagava nada. Não somos, foi dada uma morada falsa. Ficaram desconfiados, mas como estávamos os dois com lágrimas nos olhos, devem ter tido pena de nós. Vamos ver...
O que mais me custa, no meio disto tudo, é o criador que via um animal seu a definhar, a morrer literalmente à fome e nada fez para o salvar. Para lhe dar os cuidados médicos necessários. Não sei o que será maior: a minha tristeza pela infeliz morte do Gabriel ou a minha raiva por o criador não ter feito algo para o salvar.
Se quem ler isto for criador, por favor, cuide dos seus animais. Preste-lhe os cuidados necessários. Não pense apenas no lucro.
Sei muito pouco sobre leis relativamente a animais. Penso que, perante este caso, poderei fazer uma denúncia daquele criador por maus-tratos a animais, não por acção mas por omissão. Omissão de cuidados de saúde, de alimentação e, eventualmente, de segurança se realmente o Gabriel era assediado pelos outros, impossibilitando-o de comer. Se calhar foi por isto que ele me disse que "levou uma vida muito sofrida"...

O meu companheiro é de opinião de querer que ele nos dê uma nova Chin. Eu não sei, se calhar prefiro que me devolva o dinheiro que gastei com o Gabriel (€ 92,60) e nunca mais o quero ver à frente.
Se alguém já passou por uma situação deste género, gostava de saber a vossa história, ser aconselhada sobre o que fazer.
Principalmente acerca da denúncia, se se enquadra como eu penso, e o que será feito dos animais desse criador nessa situação? Serão todos abatidos?
Desde já, obrigada.

