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Histórias, sugestões e opiniões sobre a temática dos direitos animais em Portugal e no mundo...

Moderador: mcerqueira

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fang
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domingo out 03, 2004 12:48 pm

Neste texto existem muitos conceitos que concordo em absoluto, mas existem outros com os quais não concordo. Muitas vezes este discurso é feito por quem tem muita vontade mas tem fracos conhecimentos ecológicos e de funcionamento dos ecossistemas. Daí por vezes uma visão demasiado "humana" e irreal acerca dos animais.

Agradeço comentários.
A PROTECÇÃO AOS ANIMAIS - Será que somos protectores?

Escutar o termo "protecção aos animais" para muitas pessoas soa a sensibilização para pessoas idosas, sós ou frustradas e a realidade é bem diferente. Não é fácil ser protector de animais e são muito poucos os que podem considerar-se como tal. O próprio termo "protector" é muito complexo e contempla muita entrega e autenticidade.

Para compreender a complexidade do termo devemos analisar qual a verdadeira essência da protecção animal.

As raízes da protecção aos animais baseiam os seus princípios no direito, no respeito e na moral. Não podemos dizer que somos protectores de animais sem respeitarmos o direito de todos os seres vivos que nos rodeiam, ao dizer todos os seres vivos estou-me a referir ao animal humano e ao animal não humano.

Ao falar de direito, estou a referir-me ao direito à vida, direito à justiça, direito de viver nas condições propícias a cada espécie sem nenhuma alteração.

Ao falar de respeito, estou-me referindo ao respeito que merecemos enquanto seres vivos deste planeta. Todos nós, animais, temos direitos. A inteligência e o grau de raciocínio de uma espécie não a excluem do direito a uma vida sã, em paz e harmonia.

Ao falar da moral, muitos podem interrogar-se se os animais tem ou não moral, se sabem ou não de moral, mas para esclarecer estas dúvidas primeiro decifremos … o que é a moral? A moral é a atitude ou conduta que no conceito da ordem jurídica está logo após o âmbito da consciência pessoal. É o conjunto de faculdades do espírito que nos leva a uma conduta correcta e harmoniosa entre toda a Criação.

Com esta descrição demonstra-se que a moral não distingue os seres que a possuem pelo grau de inteligência ou raciocínio, nem muito menos por raças, religiões ou nível social. Portanto, observando a conduta dos animais, bem podemos assegurar que possuem atitudes naturais de moral. Entre eles respeitam-se pela idade, formam os seus próprios grupos sociais muito solidários, não matam por prazer, não destroem o habitat de outras espécies, não invadem territórios alheios, não mentem, etc. etc. A todas estas atitudes que muitos cientistas chamam "instinto" bem poderemos chamar moral, o que acontece é que custa muito reconhecermos que em muitos casos os animais possuem qualidades que muitas vezes o homem carece.

Estamos então de acordo que as raízes da protecção animal se baseiam no direito, no respeito e na moral. Isto significa que para ser um verdadeiro protector e lutar pelos direitos dos animais, devemos começar por reconhecer esses direitos, respeitá-los e ser leais a estes princípios como uma atitude moral ou ética.

Não podemos ser protectores de animais senão amarmos os seres humanos.

Não podemos ser protectores de animais senão demonstrarmos compaixão e compreensão pelo próximo.

Não podemos ser protectores de animais senão tivermos consciência ecológica e contaminamos o meio ambiente, desperdiçamos e contaminamos a água dos mares e dos rios, derrubarmos arvores, desperdiçarmos energia eléctrica e continuarmos a colocar em cativeiro animais silvestres retirando-os do seu meio natural etc.

Não podemos ser protectores de animais se não deixarmos de nos alimentar de animais cruelmente sacrificados em matadouros, mercados ou quintas onde a morte é uma tortura antes de chegar à nossa mesa. Estamos a ser cúmplices dessas mortes.

Não podemos ser protectores de animais se não nos preocupamos em ler as etiquetas dos produtos químicos que usamos para não comprarmos aqueles que são testados em animais.

Não podemos ser protectores de animais se assistirmos a espectáculos onde os animais são torturados para nossa diversão. (circos, corridas de toiros, de galgos etc etc.)

Não podemos ser protectores de animais se permitimos que um animal sofra e nos negamos a dar-lhe uma morte humanitária pela pena que nós sentimos sem pensar na pena do animal.

Não podemos ser protectores dos animais senão lutarmos de viva voz pelos direitos dos animais.

Em resumo se analisarmos os requisitos para ser um bom protector de animais, pode parecer utópico ou difícil, mas a chave consiste unicamente em evitar o sofrimento dos animais e sermos melhores seres humanos.

Porquê os animais e não as pessoas?

Esta é uma pergunta que nos fazem constantemente. É feita por aqueles que nada fazem e que vêem superficialmente as acções em prol do bem-estar animal. A esta pergunta nós podemos responder com outra pergunta: Porquê as pessoas e não os animais?.... Simplesmente nenhuma delas marca a diferença, são estes os argumentos que podemos responder:

. Um animal é tão sensível ou mais que um ser humano.

. Um animal também faz parte da Criação.

. Um animal é muito mais racional que um bebé recém-nascido, o qual goza de direitos ainda antes do seu nascimento.

. Um animal faz parte do equilíbrio da natureza.

. Ao defendermos os direitos de um animal estamos a promover a defesa dos nossos próprios direitos.

. Ao defender os direitos dos animais não ficamos impossibilitados de defender os direitos dos seres humanos.

. Simplesmente defendemos os animais porque a raça humana com a sua sapiência e astúcia invadiu o planeta terra violando e negando o direito à espécie animal não humana, evitando assim a sua evolução e posição de igualdade dentro do nosso planeta.

Rosário Quintanilla - Presidente de Amigos de los Animales (Lima-Peru)
<p>Francisco Barros</p>
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MHZ
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domingo out 03, 2004 3:21 pm

Concordo que toda a natureza deveria ser protegida pelo Homem. Mas o Homem também faz parte dela e para sobreviver terá forçosamente que se alimentar dela. E aí está o busílis da questão. E se não houver um critério equilibrado (e não há), assistimos ao desequilíbrio ecológico e à matança indiscriminada por pura ganância. Por isso é que se tornaram necessárias as Leis, porque o Homem não soube manter esse equilíbrio.
Em princípio, a Natureza soube fazer as coisas e criar predadores naturais, mas ao mesmo tempo dar às espécies mais fracas a capacidade de se reproduzirem com mais facilidade que os seus naturais predadores. Ou seja, por muito que sejam apanhados, a espécie não acabará. O Homem, infelizmente, está a dar cabo do ecossistema e embora esteja agora a tentar remediar o que estragou, há vícios introduzidos difíceis de eliminar.
A protecção à Natureza e consequentemente aos animais, deveria ser uma tarefa de cada ser humano. No meu entender, sem cairmos em exageros, pois o Homem também precisa deles para se alimentar. No entanto pode-o e DEVE-O fazer sem que implique sofrimento para eles.
E precisamente por ser a raça superior, mais obrigações terá.

O texto diz: “Não podemos ser protectores de animais senão amarmos os seres humanos.
Não podemos ser protectores de animais senão demonstrarmos compaixão e compreensão pelo próximo”.

Poder, podemos, eu diria é que não devemos ser protectores…., porque há muita gente que coloca os animais acima do ser humano e embora muitos homens nos desiludam, outros há que honram a espécie.

E mais abaixo: “Não podemos ser protectores de animais senão tivermos consciência ecológica e contaminamos o meio ambiente, desperdiçamos e contaminamos a água dos mares e dos rios, derrubarmos arvores, desperdiçarmos energia eléctrica e continuarmos a colocar em cativeiro animais silvestres retirando-os do seu meio natural etc.”

Com esta afirmação concordo. Somos nós que estamos a destruir o seu habitat e embora isso por vezes seja necessário para o nosso desenvolvimento, deveríamos colocar alternativas a esses animais. O que nem sempre é feito.

“Um animal é tão sensível ou mais que um ser humano”

Um animal é sensível, sempre vi essa sensibilidade, nos animais que já tive ou com os quais convivo. Mas um ser humano, ou seja o Homem, é a raça a que primeiro que tudo devemos respeito. Mesmo que ele não se mostre digno desse respeito…

MHZ
fang
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segunda out 04, 2004 10:17 am

Bom dia,
Creio que ao ter lançado o texto inteiro, acabei por dispersar o raciocinio de quem o leu.
Aquilo que referi acima prende-se sobretudo com este parágrafo:
Com esta descrição demonstra-se que a moral não distingue os seres que a possuem pelo grau de inteligência ou raciocínio, nem muito menos por raças, religiões ou nível social. Portanto, observando a conduta dos animais, bem podemos assegurar que possuem atitudes naturais de moral. Entre eles respeitam-se pela idade, formam os seus próprios grupos sociais muito solidários, não matam por prazer, não destroem o habitat de outras espécies, não invadem territórios alheios, não mentem, etc. etc. A todas estas atitudes que muitos cientistas chamam "instinto" bem poderemos chamar moral, o que acontece é que custa muito reconhecermos que em muitos casos os animais possuem qualidades que muitas vezes o homem carece.
Opiniões?
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Xino
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segunda out 04, 2004 10:35 am

fang Escreveu: Entre eles respeitam-se pela idade, formam os seus próprios grupos sociais muito solidários, não matam por prazer, não destroem o habitat de outras espécies, não invadem territórios alheios, não mentem, etc. etc.

Opiniões?

Não será bem assim, porque existem espécies que invadem o território e destroem o habitat de outras. Estou-me a lembrar de certas aves, por exemplo, que procuram os ninhos de outras espécies, partem os ovos e deixam lá os seus....

Mas percebo onde quer chegar e penso que se homem prestasse um pouco mais de atenção à natureza e aos animais que o rodeiam poderia viver num mundo muito melhor!

Podíamos começar por não matar por prazer e não torturar....
SarahKay
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segunda out 04, 2004 10:41 am

Entre eles respeitam-se pela idade, formam os seus próprios grupos sociais muito solidários, não matam por prazer, não destroem o habitat de outras espécies, não invadem territórios alheios, não mentem, etc. etc.

Não sei quem escreveu isto, mas deve ter sido alguém que não sai muito de casa e também não vê muita televisão...

O respeito há nalgumas raças, não há em todos. Nem todos os animais vivem em grupo.

Os gatos se não tiverem fome matam ratos por prazer sim senhora! Pelo gozo que lhes dá brincar com eles. E não os chegam a comer. (quem diz ratos diz passaros ou outro animal pequeno)

E essa de não destruirem/invadirem o habitat uns dos outros também é muito engraçada! Então quer dizer que os antilopes quando andam alegremente a correr, andam a olhar para o chão para ver se não destroem os ninhos das formigas... Ou quando há pragas, por exemplo de gafanhotos, o que é que isso é considerado?

E é claro que não mentem! Eles não falam nem raciocinam!

Acho que deviam querer fazer uma comparação homem-animal, o que retirou automaticamente a lógica ao discurso... Já para não falar que este tipo de organizações preocupam-se com ideais muito grandes e deixam de parte coisinhas pequenas mas muito importantes...
Xino
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segunda out 04, 2004 11:04 am

SarahKay Escreveu:
E é claro que não mentem! Eles não falam nem raciocinam!
Parece-me que o "não mentem" quer dizer que os animais são sinceros nos seus sentimentos, ou seja, ou gostam e são afectuosos, ou não gostam e afastam-se ou atacam..... Essa é, pelo menos, a minha interpretação, e concordo plenamente!

Também concordo com o que diz a SarahKay em relação ao matar por prazer, sobretudo no caso dos gatos.... Por experiência própria, pois os meus fazem questão de nos presentear com bichos da mais variada espécie, e não é por terem fome, garanto.... Mas isto tem a ver com a natureza do gato, e não é isso que está em discusão.
fang
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segunda out 04, 2004 12:20 pm

Ora bem, esta é a minha leitura e opinião do que foi transcrito.

Com esta descrição demonstra-se que a moral não distingue os seres que a possuem pelo grau de inteligência ou raciocínio, nem muito menos por raças, religiões ou nível social. Portanto, observando a conduta dos animais, bem podemos assegurar que possuem atitudes naturais de moral.
Ou seja, pretendia-se demostrar que havia moral na natureza recorrendo ao comportamento dos animais.
Entre eles respeitam-se pela idade,
Nem sempre. Mesmo em “animais sociais” quando a idade pesa num determinado indivíduo, este pode ser destronado por um indivíduo mais novo, sendo colocado num nível hierárquico inferior ou mesmo escorraçado do grupo.
formam os seus próprios grupos sociais muito solidários
Nem sempre. Muitas espécies são solitárias á excepção da época de reprodução e não toleram a presença de outros membros da mesma espécie no seu território.
não matam por prazer,
Depende do conceito de prazer. Muitos predadores quando tem oportunidade, matam presas em quantidade muito mas muito superior ao que comem.
não destroem o habitat de outras espécies
Não só destroem habitat como podem destruir as próprias espécies. Foi o que aconteceu com a introdução de espécies em ambientes insulares. E é o que acontece por cá com espécies generalistas que continuam a aumentar exponencialmente.
não invadem territórios alheios,
Embora todas as espécies tenham mecanismos para demarcar território com a finalidade de evitar confronto, muitas mas muitas vezes há devesa de território por ter havido invasão. Este confronto várias vezes resulta na morte de um dos intervenientes.
não mentem, etc. etc.
Muitas espécies fingem-se mortas ou feridas para desviar a atenção dos predadores sobre a prole. Não é mentir, é enganar, mas quanto a mim vai dar ao mesmo.
A todas estas atitudes que muitos cientistas chamam "instinto" bem poderemos chamar moral,
Eu continuaria a chamar instinto, já que moral é um conceito meramente humano.
o que acontece é que custa muito reconhecermos que em muitos casos os animais possuem qualidades que muitas vezes o homem carece.
Aqui estou de acordo. Mas não é decerto com os exemplos dados, já que não são verdadeiros. Estes são de facto semelhantes aos humanos naquilo que consideramos IMORAL.
Cada espécie é uma espécie. E cada espécie tem os seus mecanismos de sobrevivência (com vista á perpetuação da mesma) por evolução na adaptação ao meio. O Homem não é excepção.

Fazer analogias como as descritas acima, não podem ser levadas a sério e podem ser conotadas com o síndroma do “bambi”.
Não nos podemos esquecer que grande parte dos ecossistemas actuais já não são auto reguláveis e evoluirão em sentido negativo sem a intervenção do homem. É puro lirismo pensar que todo o mundo funciona como a floresta amazónica.

O grande problema está no aumento alarmante da população humana no planeta.
E aqui sim, somos nós que enquanto “seres conscientes” devemos usar a nossa moral para não acabarmos sós no planeta. É a nossa moral que deve fazer com que respeitemos todos os outros seres vivos, dando-lhes condições que não os levem á extinção. Não é a “moral” dos animais.

Tal como é a nossa moral que deve fazer com que evitemos sofrimento desnecessário nos animais que consumimos. Mas é a NOSSO conceito de moral. Ou seja, é sobretudo para satisfazer as NOSSAS sensibilidades, a NOSSA ética, aquilo que NÓS sabemos estar errado e sentirmo-nos bem com NÓS próprios.
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segunda out 04, 2004 1:48 pm

Concordo plenamente com o fang.

Era mais ou menos iso que eu queria dizer, mas o dom da escrita passou-me ao lado! ;)
MHZ
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segunda out 04, 2004 9:18 pm

Com esta descrição demonstra-se que a moral não distingue os seres que a possuem pelo grau de inteligência ou raciocínio, nem muito menos por raças, religiões ou nível social. Portanto, observando a conduta dos animais, bem podemos assegurar que possuem atitudes naturais de moral. Entre eles respeitam-se pela idade, formam os seus próprios grupos sociais muito solidários, não matam por prazer, não destroem o habitat de outras espécies, não invadem territórios alheios, não mentem, etc. etc. A todas estas atitudes que muitos cientistas chamam "instinto" bem poderemos chamar moral, o que acontece é que custa muito reconhecermos que em muitos casos os animais possuem qualidades que muitas vezes o homem carece.

Concordo que a moral não distingue raças nem credos, mas observando a conduta dos animais, encontro muita analogia com a dos seres humanos…Tal como nós, formam os seus grupos sociais, respeitam-se ou não se respeitam pela idade…matam ou não matam por prazer…Também destroem o habitat de outras espécies, embora sem intenção…Invadem territórios alheios…Também são embusteiros…e quando querem, dos bons…
Certo que possuem qualidades de que muitas vezes o homem carece mas eu acrescentaria: “de que alguns homens carecem”.
Mas uma coisa os desculpa, no meu entender, que é precisamente o facto de desconhecerem a Moral e agirem por instinto e preservação da espécie.
Nisso ganham ao Homem…Que conhecendo a Moral, não tem desculpa se a ignorar.

Acho que neste texto há algum facciosismo na forma como o animal é encarado e nas comparações feitas.
Mas o fanatismo existe sobre variadas formas e por vezes o amor aos animais é tão grande, que muitos andam lá perto sem repararem…

Uma coisa é certa. Sendo seres viventes, merecem o nosso respeito e a nossa protecção. Concordo com o Fang quando diz que : “É a nossa moral que deve fazer com que respeitemos todos os outros seres vivos, dando-lhes condições que não os levem à extinção”.

MHZ
fang
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terça out 05, 2004 3:46 pm

MHZ Escreveu: Acho que neste texto há algum facciosismo na forma como o animal é encarado e nas comparações feitas.
Mas o fanatismo existe sobre variadas formas e por vezes o amor aos animais é tão grande, que muitos andam lá perto sem repararem…

MHZ
Aí é que está o problema. E o fanatismo não ajuda em nada.
Alias, acaba por atrapalhar quem quer realmente fazer algo.
Eu que o diga, que por vezes sou conotado com " fanático" quando faço alguma acção de sensibilização em relação ao equilibrio das populações de predadores como auxiliares do fomento cinegético.
Há pessoas que querem tudo de uma vez. Mas nem sempre as mudanças "radicais" deram bons frutos. :?

É que uma coisa é combatermos algo moralmente incorrecto, mas LEGALMENTE punível, outra é combatermos algo moralmente incorrecto mas LEGAL. Aí nem sempre a atitude é a mais correcta de quem o faz.
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quarta out 06, 2004 1:44 am

Concordo, basicamente, com a análise feita pelo Fang, mas vou tentar dizer algo mais.

A pessoa que escreveu este texto comete um erro que é muito comum a algumas pessoas que se auto-intitulam de defensores dos direitos dos animais e que é o de moralizar os animais e a natureza. Estas pessoas dão como justificativa para a sua acção (defender os animais) o facto de eles serem bons ( do ponto de vista moral). Isto é um erro e por duas razões:
1ª O valor da moral é relativo porque o bem e o mal são relativos, variam de cultura para cultura e muito mais ainda de espécie para espécie. Do ponto de vista da nossa moral ( humana e da cultura ocidental) certos animais estão longe de poderem ser considerados bons. Há mesmo animais que, como forma de vida, cometem aquilo que nós poderíamos considerar os crimes mais hediondos.
2ª A moral é sempre um pau de dois bicos. Se justificamos a nossa acção ( de fazer o bem porque eles são bons) então facilmente podemos justificar a nossa acção de lhes fazer mal quando eles são maus. De facto é isso que tem acontecido ao longo da história: perseguimos, exterminamos e torturamos muitos animais com o pretexto de que eles eram maus. Muitos predadores são bem testemunha disso, eram perseguidos porque eram considerados assassinos, com prazer pela morte e pelo sangue; as cobras foram, e são, perseguidas por serem consideradas más, traiçoeiras, impuras, etc...


A história do “bom selvagem”, de que a natureza e os animais são puros e bons e que o homem é o único ser que quer o mal, que mata por prazer, etc...não passam de tentativas de lavagem do cérebro às pessoas, e às crianças em particular. Isto é feito com a melhor das intenções, que é a de as pessoas passem a amar os animais e a natureza, mas o principio da moralização é errado pelas razões que já apontei atrás e que pode levar a que uma pessoa trate muito bem um animal porque este é bom o passe a tratar mal quando descobrir que ele é mau.

Os direitos dos animais são realmente uma questão moral, mas uma questão moral nossa e não tem nada a ver com a moralidade dos animais, isto é, devemos tratar bem os animais porque isso é correcto ( do ponto de vista da nossa moral) independentemente de acharmos que eles são bons ou maus. Simplesmente não devemos fazer juízos de valores sobre a natureza.
Além de toda a relatividade referente à moral, ou às várias morais, sou da opinião que o bem não precisa de justificativa para ser praticado. Se se ajuda um ser que sofre, deve só porque sofre, e não porque esse ser é bom ou mau.

Quanto ao facto de os animais terem moral ou não, depende do que é que estamos a considerar por moral.
Do meu ponto de vista moral é uma norma de conduta para os comportamentos, isto é, algo que nos leva a poder fazer determinadas coisas que são permitidas “ o bem” e não fazer outras que não são permitidas “ o mal”. Deste ponto de vista os animais também têm moral, pois em cada espécie ou “cultura” animal há acções que são aceites e outras que não. Não podemos é pretender que os valores morais dos animais sejam os mesmos que os nossos, mesmo dentro da nossa espécie os valores morais variam de cultura para cultura ( o que nem sempre é compreendido e aceite e por vezes leva a guerras, por exemplo aqui, no ocidente, é comum considerar-se que a cultura ocidental e urbana, que é tendencialmente anglo- saxonica, é moralmente superior às outras culturas) logo é lógico que variem muito mais de espécie para espécie.
O erro de muita gente é que considera que a moral é um valor absoluto e único e como se não bastasse consideram que a moral correcta é a delas.


Outro erro que é comum cometer-se ( a respeito de o texto atacar as corridas de galgos) é a aplicação do adágio popular “ não faças aos outros aquilo que não queres que não te façam a ti”. Este ditado parte do principio de que todos somos iguais, o que não é correcto mesmo dentro dos seres humanos quanto mais tratando-se de seres de outras espécies.
O que é bom ou mau para um animal é muito relativo e nós humanos temos tendência a ver as coisas sempre de uma forma parcial, ou seja, partimos do principio que o animal é idêntico a nós nos seus prazeres e desprazeres.
Se queremos compreender o que é bom ou mau para um animal temos que ter alguma capacidade de abstracção, e de conhecimento de como funciona a natureza desse animal ( se é que alguma vez o conseguimos totalmente) e tentar dar-lhe o que é bom para ele e não adaptar o que é bom para nós a ele.
Jordan
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quinta out 07, 2004 4:13 pm

fang Escreveu:
A PROTECÇÃO AOS ANIMAIS - Será que somos protectores?
...
. Um animal é muito mais racional que um bebé recém-nascido, o qual goza de direitos ainda antes do seu nascimento.
Pois tem logo o direito ao aborto, não é?
. Um animal faz parte do equilíbrio da natureza.
. Simplesmente defendemos os animais porque a raça humana com a sua sapiência e astúcia invadiu o planeta terra violando e negando o direito à espécie animal não humana, evitando assim a sua evolução e posição de igualdade dentro do nosso planeta.

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