Experimentação Animal - Reportagem
O Silêncio dos inocentes
Todos os anos, 10 milhões de animais são mortos em testes de cosmética. O número é, sem dúvida alguma, assustador, no entanto, poucos são aqueles que se deixam abalar quando o ouvem.
Muitos de nós já não viveriamos sem os cosméticos. A base com a qual sempre aprendemos a contar, o batôn e as sombras que, subtilmente, foram fazendo parte da nossa higiene diária. Na hora decisiva (quando os compramos) nunca reparamos nos “pormenores”. Sim, para muitos, mais não são do que pormenores, coisas sem importância, que causam o sofrimento e a morte de seres inocentes com os quais ninguém se parece preocupar.
Ratos, coelhos e gatos são os preferidos quando se trata de escolher quem sacrificar em nome da beleza. Há que testar substâncias nos seus olhos, na sua pele, para que possam ser considerados seguros para nós, humanos. Esquecem-se as alternativas. Sim, porque há quem produza os cosméticos de forma segura sem recorrer ao “sacrifício” de animais. Mas aqui, o marketing e a publicidade falam mais alto. Durante muito tempo compramos sempre a mesma marca. O mercado foi-nos vendendo uma imagem que, sem questionar, consumimos. Agora, torna-se difícil quebrar laços antigos. E então, mais vale não os quebrarmos. Esta é, normalmente, a nossa reacção quando descobrimos que o produto que consumimos faz testes em animais. Não concordamos que se rape a pele a coelhos para a expor a substâncias corrosivas apenas para obter o nosso perfume preferido, mas já o usamos há anos e tem mesmo o aroma que gostamos, é o ideal para nós! Para muitos, esta escolha é ainda um dilema.
A nossa sociedade tem ainda a ideia de que os testes em animais são absolutamente necessários para garantir a segurança dos cosméticos. Isto não é verdade.
Muitos cientistas defendem já que os resultados destes testes são limitados e não necessariamente aplicáveis aos humanos. De facto, os resultados variam mesmo entre espécies animais próximas.
Pelo contrário, se os testes provarem que um determinado produto é perigoso isso não é suficiente para manter o produto fora do mercado. Nestes casos, normalmente o produto contém um aviso para se contactar um médico caso engula o produto ou caso este entre em contacto com os olhos. Ou seja, muitas vezes os testes nem sequer comprovam a segurança de um determinado cosmético.
Um dado interessante é o facto de haver no mercado 8 mil ingredientes, usados regularmente na cosmética, cuja segurança foi testada. Mas nem por isso o número de testes parece diminuir.
Os porquês do sofrimento
Numa sociedade que gostamos de considerar evoluída, é caso para perguntar porque continuam então a ser os animais vítimas de tal crueldade.
As empresas não são obrigadas por lei a realizarem testes em animais quando se trata de cosméticos ou de outros produtos de higiene pessoal. É, no entanto, necessário que os ingredientes usados sejam considerados seguros (o que não implica testes em animais) ou que contenham um aviso informando os consumidores de que a segurança do produto não está determinada. No entanto, as empresas continuam com os testes como salvaguarda legal. Se o produto causar uma reacção adversa e o consumidor levantar um processo judicial contra a sua empresa, esta pode sempre defender-se, dizendo que fez de tudo para comprovar a segurança do produto e proteger o consumidor. É assim, uma razão meramente económica.
No entanto, se o produto contém um novo ingrediente cuja segurança é ainda duvidável, a regulamentação europeia exige testes. O que não se percebe é porque é que se continuam a testar novos ingredientes quando já existem 8 mil devidamente legalizados.
Principais testes
Todos os dias surgem novos produtos no mercado. Os métodos para os testar é que já não são nada inovadores. Os métodos normalmente usados são o teste Draize (teste de irritabilidade dos olhos e da pele) e o teste LD50 ou LD100.
Os coelhos são frequentemente usados no teste Draize, principalmente para os testes de irritabilidade dos olhos, uma vez que os seus olhos são grandes e com baixa produção lacrimal.
Nestes testes a substância a testar é colocada nos olhos dos animais. No caso da irritabilidade da pele usam-se, em geral, coelhos ou cobaias. A região lombar dos animais é depilada e esfregada antes da substância-teste ser aplicada. Depois, os animais são mantidos num suporte que os imobiliza para que não possam lamber a área sujeita ao teste.
Todos os dias são examinados. Todos os dias avaliados os sinais de vermelhidão, hemorragia e ulceração que nós, humanos, consumidores de determinadas marcas de produtos, lhe causamos.
Um cosmético pode afectar o corpo inteiro se for engolido. O teste LD50 ou LD100 (”lethal dose”) serve para fazer uma espécie de índice de toxicidade.
Este teste consiste em ministrar doses de um produto para determinar a quantidade de substância-teste necessária para matar uma dada percentagem de animais. O LD50 e o LD100 continuam a ser ministrados até que metade ou a totalidade, respectivamente, dos animais morram.
Durante estes testes os animais sentem fortes dores, convulsões e perdem as funções motoras. Às vezes estas experiências chegam a durar semanas. Ironicamente, os resultados destes testes raramente são usados em situações de envenenamento humano. Obviamente, os resultados dos testes LD50 ou LD100 são muito limitados…
Alternativas
Em 1993, uma directiva da União Europeia veio trazer nova esperança no combate aos testes em animais. Esta previa o fim do comércio de produtos testados em animais e seria implementada a partir de 1 de Janeiro de 1998, desde que as alternativas estivessem devidamente validadas.
No entanto, eis-nos chegados ao dia 1 de Janeiro de 1998 e a Directiva não foi aplicada. A União Europeia diz que nestes cinco anos não foram encontradas alternativas válidas tradicionais.
Há empresas que produzem cosméticos sem recorrerem aos testes em animais. São produtos considerados seguros que a União Europeia parece ignorar.
Os produtos não testados em animais demonstram uma segurança pelo menos igual à dos que usam. O problema é que se continua a requerer padrões de confiança mais elevados para os métodos alternativos. Estes deveriam ser adaptados tão depressa quando ficasse provado um nível de precisão idêntico ao dos testes com animais.
É preciso dizer, no entanto, que há alternativas. Alternativas seguras, que muitos ainda parecem não querer adap-tar.
Modelos compu-torizados simulam os resultados do teste LD50 ou LD100 para ingredientes individualizados. Outra das alternativas é a cultura de células. Estudos realizados com células animais e humanas indicam as doses letais em humanos de dez químicos com o mesmo grau de precisão que o teste LD50 em ratos.
O teste de Draize tem vindo também a ser substituído por outros que não utilizam animais.
Os modelos computorizados para prever a irritabilidade da pele possuem uma precisão de 90% e os modelos químicos (como o Skintest) possuem um grau de segurança de 91%.
Para prever a irritabilidade dos olhos, o teste Draize tem vindo a ser substituído por modelos computadorizados, que revelam cerca de 91% de precisão. Os sistemas químicos são também utilizados (como o Eyetest). Estes mostram uma eficácia de 93%.
Mesmo para os novos ingredientes já há solução. Topkat é um programa de computador com vários dados sobre actividade química. Este programa consegue prever a provável actividade dos novos ingre-dientes baseado nas suas es-truturas.
Outras alternativas têm vindo a ser estudadas e, esperamos que sejam validadas rapi-damente. Tudo para que possamos evitar que todos os anos milhões de animais sejam mortos para satisfazer os nossos desejos mais obscuros.
O que podemos fazer
Apesar de tudo aquilo que se pode fazer do ponto de vista legal (e há muito a fazer!) temos que ser nós os primeiros a tentar mudar esta situação. Há coisas que podemos ser nós a fazer, que temos que ser nós a fazer. Uma medida lógica será boicotar as empresas que continuam a fazer testes em animais. Não compre os seus produtos, escolha outras alternativas. Nem que toda a sua vida tenha comprado sempre produtos de uma marca que testa em animais, deixe de os comprar. Lembre-se: “A tradição já não é o que era”.
Temos também que sensibilizar os outros para esta questão. Lembro-me agora de uma frase que ouvi na faculdade: “Aquilo que não se fala, não existe!”. Fale, então, desta questão. Mostre toda a crueldade por que passam estes animais só para que possamos
ter um novo perfume, um novo batôn.
Escreva para os representantes governamentais e exija que a validação dos métodos não testados em animais seja uma prioridade.
Em suma, faça tudo o que acha que pode fazer para ajudar a acabar com este sofrimento inútil, mas, por favor, faça alguma coisa. Os animais agradecem e a ANIMAL também!
As experiências e o avanço da medicina
Todos sabemos que milhões de animais são usados, por ano, para experiências com fins científicos. A cura para o cancro tem sido uma das batalhas mais difíceis para a comunidade científica e muitos animais foram já utilizados como cobaias para a descoberta da cura.
Mas já é tempo de tentar mudar o mito de que a vivissecção salva vidas humanas. Em 1996, um estudo revela que os testes de segurança realizados com células humanas são mais precisos do que os testes em animais. Os resultados foram apresentados em Setembro, numa conferência da “Scandinavian Society for Cell Toxicology”.
No mesmo ano, surge a “Pharmagene Laboratories”, em Inglaterra. Esta é a primeira empresa a usar para os seus testes tecidos humanos e sofisticadas tecnologias computadorizadas. Os cientistas desta empresa acreditam mesmo que o processo de descoberta é muito mais eficiente se realizado em tecidos humanos do que em animais.
Aqui fica então uma chamada de atenção para que se comece a procurar novos métodos de pesquisa, para o bem da saúde humana e também para o bem dos animais.
“A única coisa que me importa é se o macaco vai mostrar alguma reacção que me possa ser útil. Não tenho nenhum amor por eles. Nunca tive. Não gosto de animais. Desprezo os gatos. Detesto cães. Como se pode gostar de macacos?”
Dr. Harry F. Harlow (vivissector)
Em: Slaughter of the Innocent”, de Hans Ruesch (1993)
Texto de: Marta Ferreira
Este artigo é da responsabilidade de: Animal
O SiLêncio dos Inocentes Testes em Animais
Histórias, sugestões e opiniões sobre a temática dos direitos animais em Portugal e no mundo...
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