Não ganhamos nada. Leiam esta:
«Mira
Câmara acusa pecuária
de “crime ambiental”
Tanque de retenção de efluentes de uma pecuária rebentou e despejou sete mil metros cúbicos de matéria orgânica, contaminando as águas de valas que alimentam a Barrinha da Praia de Mira.
Um tanque de retenção com cerca de sete mil metros cúbicos de efluentes líquidos em maturação de uma empresa de exploração pecuária em Ermida, Mira, rebentou e os detritos foram “desaguar” nas Vala dos Moinhos e Vala Real, que alimentam a Barrinha da Praia de Mira e a Lagoa de Mira, e ainda o Canal de Mira. O acidente motivou grande preocupação por parte das populações locais e da Câmara Municipal, que acusa a empresa Montalvo, Pecuária e Turismos, proprietária da exploração, de um «verdadeiro crime ambiental». O tanque terá rebentado quinta-feira à noite e ontem, contaminando o ambiente e as águas das valas que vão desaguar à ria de Aveiro, passando por Mira, Praia de Mira e Vagos, o que motivou uma onda de indignação. Uma brigada do Serviço de Protecção da Natureza e Ambiente (SEPNA) da GNR de Mira esteve no local a tomar conta da ocorrência, cabendo ao Ministério do Ambiente e/ou ao Ministério Público apurar as responsabilidades do acidente.
O presidente da autarquia andou ontem numa roda-viva desde a 07h00 da manhã, altura em que foi alertado para o que considera «uma tragédia». O cheiro nauseabundo “invadiu” não só a localidade de Ermida (na vila de Mira), onde se situa a pecuária, mas espalhou-se até à Praia de Mira.
«Mandámos de imediato tapar a vala do Rei, que alimenta a Barrinha, para evitar que a matéria orgânica contaminasse as valas, mas não foi o suficiente», lamentava-se João Reigota à nossa reportagem, já na Praia de Mira, onde as águas do Canal de Mira estavam totalmente cobertas de dejectos.
«Esta pecuária está a pôr seriamente o concelho em risco ambiental», acusava o autarca, lamentando que as autoridades que actuam nesta área (Ministério do Ambiente) «não ponham cobro a isto». O presidente da Câmara, que mobilizou para o terreno funcionários e Protecção Civil Municipal, sublinha que o município «tem alertado para os perigos desta exploração», mas os avisos têm caído em saco roto «e nós, infelizmente, não podemos fazer nada».
Mais, o autarca garante que a Montalvo, Pecuária e Turismo «é uma das cerca de 80 empresas assinaladas no país que contribuem para a camada do ozono» e que mesmo assim «quem devia actuar não actua». «Andámos nós [Câmara] a limpar e a salvar as valas que alimentam a Barrinha e isto está a estragar tudo», lamenta Reigota.
Fauna e ecosistema em risco
Indignado estava também Carlos Monteiro, engenheiro ambiental, dirigente de uma ONG na área do ambiente e deputado municipal, também alertado para a gravidade do problema. «É bem pior do que pensava. Isto que estamos a observar [no Canal de Mira] é mesmo um crime ambiental. Isto põe em causa a saúde pública e coloca em risco a fauna, o ecossistema e a qualidade de vida das pessoas», avança este especialista do ambiente. E porque se conhece a origem da considerada «tragédia ambiental», Carlos Monteiro diz que «o poluidor tem de ser responsabilizado» por que pôs em causa «um património de elevado valor».
A mesma opinião tem João Melo, um empresário com estabelecimento junto ao Canal de Mira. Quando viu as águas do canal pôs as mãos à cabeça e gritou: «Isto é uma catástrofe. Esta porcaria mata todos os seres viventes. Nem no tempo que faziam descargas directas isto aconteceu. É um verdadeiro desastre ambiental», reclamava este empresário, alertando também para «o cheiro nauseabundo» que empestou toda a área por onde passam as valas e o canal, garantindo que «as autoridades conhecem a origem do problema e deixam passar». l
“Assumo por inteiro mas o
que aconteceu foi um acidente”
A nossa reportagem falou com o proprietário da pecuária, que de imediato assumiu a responsabilidade do acidente. O tanque de retenção dos efluentes está a funcionar há 12 anos «embebido em cones de areia» e Manuel Martins diz que o acidente terá acontecido por causa das raposas «que escavaram a areia que comporta uma parede» que acabou por rebentar. «Assumo por inteiro o acidente, mas isto foi mesmo um acidente. Nunca fiz uma descarga e esta é a primeira vez que isto acontece», explicou o empresário. De resto, garante Manuel Martins, logo que o acidente ocorreu, «alertámos a GNR e interviemos com as nossas máquinas para minorar o acidente», o que não totalmente conseguido, uma vez que os efluentes contaminaram todas as valas até à Praia de Mira. O empresário adianta, ainda, que os efluentes retidos no tanque que rebentou já estavam com alguma maturação, ou seja, «tinham menos de cinco por cento de matéria orgânica», desvalorizando o acidente.»
Fonte:
http://www.diariocoimbra.pt/index.php?o ... Itemid=135
A culpa foi das raposas!
