Condições dos canis municipais

Histórias, sugestões e opiniões sobre a temática dos direitos animais em Portugal e no mundo...

Moderador: mcerqueira

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LuluB
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quarta jan 26, 2011 10:33 am

Tassebem Escreveu:Eu gostaria de destacar também este parágrafo:

“O Centro não aceita animais entregues “em mãos”, a não ser que estes representem, comprovadamente, um perigo ou sejam portadores de uma doença irreversível, estejam em sofrimento ou possam contaminar seres humanos, até porque o veterinário considera que isso daria ao Centro “uma imagem de matadouro, uma imagem horrível”

O canil do meu município, o de Lisboa, aceita os animais sem questionar minimamente as razões de quem os entrega, alegando que o faz para que os animais não sejam abandonados, o que seria pior. Esta é que é uma situação que não pode acontecer. Tem de haver uma sanção, moral e pecuniária, para quem vai entregar um animal sem ser por razões ponderosas.
Terá de haver, sim, mas não passa pela multa, Tasse. Instaurar uma medida dessas só levará a um aumento dos abandonos na via pública, em estradas e descampados, etc., com os correspondentes malefícios para os animais: mortes na estrada, assilvestramento, miséria e doenças não controladas, etc., etc. Se as pessoas não pagam multas de estacionamento, muito menos pagarão para entregar um cão num canil. Abandoná-lo-ão onde entenderem, pura e simplesmente.

Mas tudo tem de mudar, não só nos canis municipais, como nas leis que sobre eles incidem. Têm de acabar os campos de concentração e de abate municipais e de se fazer mudar as mentalidades através de campanhas maciças de esclarecimento, não só humano como legal.

De outra maneira, não chegaremos lá, e com multas só se agravará tudo.
<p>Ol&aacute;, eu sou a Bronkas de outros f&oacute;runs e aqui j&aacute; fui a LucNun. :mrgreen:</p>
<p>&nbsp;</p>
<p><strong>Cada vez me conven&ccedil;o mais que h&aacute; pessoas que t&ecirc;m o intestino ligado &agrave; testa.</strong> - "By" algu&eacute;m que tem ambas as coisas no seu devido lugar. :mrgreen:</p>
Butterfly_21
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quarta jan 26, 2011 11:50 am

Tassebem Escreveu:O canil do meu município, o de Lisboa, aceita os animais sem questionar minimamente as razões de quem os entrega, alegando que o faz para que os animais não sejam abandonados, o que seria pior. Esta é que é uma situação que não pode acontecer. Tem de haver uma sanção, moral e pecuniária, para quem vai entregar um animal sem ser por razões ponderosas.
Não creio que uma sanção pecuniária seja solução... Se multarem as pessoas por irem deixar os animais no canil, de certeza que "mudam de ideias", para logo a seguir deixarem os desgraçados no meio do monte ou de uma auto-estrada.

A sanção "moral" devia ser uma visita guiada ao canil! E ligarem ao "dono" quando o animal é adormecido, informando-o do facto.

Penso que o caminho será mais pela educação e sensibilização. Muita gente ainda acredita, ou quer acreditar, que os canis são hotéis de 5 estrelas, ou que o animal vai encontrar um dono, ou que não é eutanasiado... Ou então que água e um abrigo bastam para o cão ou o gato serem felizes... Anda muita gente a dormir e a sonhar com borboletas...

Não me entendam mal... Em caso de abandono, defendo multa pesada + obrigação de fazer trabalhos comunitários (mas acho que a nossa lei nem prevê isso). Isto para não dizer... prisão!
Tassebem
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sábado jan 29, 2011 9:16 pm

&laquo;Ningu&eacute;m cometeu maior erro do que aquele que nada fez, s&oacute; porque podia fazer muito pouco.&raquo; Edmund Burke
Tassebem
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domingo jan 30, 2011 3:42 pm

Voltando ao assunto anterior, a propósito do canil de Cantanhede, evidentemente que o essencial, que é a mudança de mentalidades, se opera através da educação e da sensibilização.

Mas, a mais breve trecho, se as medidas legais que já existem (nomeadamente, a obrigatoriedade de chip dos cães nascidos mais recentemente e de licenciamento de todos os cães) fossem fiscalizadas e feitas cumprir pelas autoridades, e se houvesse penalização para quem fosse entregar ao canil por dá cá aquela palha ou, pior, abandonasse, estou em crer que estes actos não seriam cometidos tão levianamente.

Como disse, para termos resultados mais rápidos, tem de se agir onde dói mais imediatamente nas pessoas: no bolso. A carteira também é uma grande educadora... :wink:
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anjoleta
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terça fev 01, 2011 4:16 pm

Boa tarde Tassebem!

Desculpe estar a incomodar, mas aquele pastor x alemao com uns olhos mais lindos que aparece no inicio ainda se encontra lá? :(

Obrigada.
Tassebem
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terça fev 01, 2011 4:29 pm

Boa tarde, anjoleta. Não incomoda nada, mas não estou a ver a que cão se refere...
&laquo;Ningu&eacute;m cometeu maior erro do que aquele que nada fez, s&oacute; porque podia fazer muito pouco.&raquo; Edmund Burke
anjoleta
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terça fev 01, 2011 4:58 pm

Olá!

É o que aparece ao segundo 0:20, dentro de uma jaulinha.... :(

O canil está aberto aos sábados????
Tassebem
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terça fev 01, 2011 5:17 pm

Ah, referia-se ao vídeo... Não sei se ainda lá está, anjoleta -- e, para bem dele, espero bem que não. Mas o que lá não costumam faltar são animais para adoptar, infelizmente.

O canil está aberto aos sábados, mas convinha ligar antes (213 617 700) para saber o horário em que estará o veterinário que trata das adopções.

Muito boa sorte na adopção. :)
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anjoleta
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terça fev 01, 2011 5:19 pm

:)

Obrigada!
Tassebem
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domingo fev 06, 2011 3:19 pm

anjoleta Escreveu::)

Obrigada!
E então, alguma novidade?
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Tassebem
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domingo fev 06, 2011 3:19 pm

Recebi o seguinte e-mail, proveniente do grupo parlamentar do Bloco de Esquerda, com o assunto

Bloco de Esquerda: Política de abate sistemático nos canis/gatis municipais

«O Bloco de Esquerda questionou hoje [3 de Fevereiro de 2011] o Ministério da Agricultura sobre a política de abate de cães e gatos nos Centros de Recolha Oficial e sobre a existência de campanhas de esterilização.

As câmaras municipais têm competências ao nível da recolha de animais errantes para rastreio de raiva e outras zoonoses, ao abrigo do Decreto-Lei n.º 314/2003, de 17 de Dezembro. Após exame médico, os animais saudáveis têm oito dias para ser reclamados, sendo que “animais devem permanecer no canil ou gatil municipal durante um período mínimo de oito dias”. Após este período, “podem as câmaras municipais dispor livremente dos animais (…) podendo mesmo ser decidido o seu abate”, a prática mais comum adoptada pelos canis/gatis municipais.

Segundo o Decreto-Lei n.º 315/2003, de 17 de Dezembro, as câmaras detêm ainda competências para “a recolha, a captura e o abate compulsivo de animais de companhia, sempre que seja indispensável, muito em especial por razões de saúde pública, de segurança e de tranquilidade de pessoas e de outros animais, e, ainda, de segurança de bens”. Se os animais não forem reclamados, “podem ser alienados pelas câmaras municipais (…) por cedência gratuita quer a particulares quer a instituições zoófilas”, sendo “abatidos” no caso de não serem reclamados nem cedidos. Este diploma prevê ainda que as “câmaras municipais podem (…) incentivar e promover o controlo da reprodução de animais de companhia, nomeadamente de cães e gatos vadios ou errantes”.

A realidade mostra que a maioria dos canis/gatis municipais opta por uma política de abate sistemático dos animais, o que está desajustado do cumprimento da Convenção Europeia para a Protecção dos Animais de Companhia e demais princípios e normas para o bem-estar animal.

Além disso, o modelo de captura e abate encontra-se ultrapassado como método de controlo da raiva e outras zoonoses, sendo desaconselhado pela própria Organização Mundial de Saúde (OMS) e a World Society for Protection of Animals (WSPA) pelos seus maus resultados, defendendo estas instituições a prática de esterilização. Este modelo tem-se mostrado também ineficaz como método de controlo da população de animais vadios ou errantes.

É, por isso, importante assumir uma política que assuma o princípio do não abate, passando por concretizar alternativas, algumas delas já legalmente previstas e pouco utilizadas para combater o abandono animal, como é o caso do controlo da reprodução.

A Ordem dos Médicos Veterinários e várias associações e cidadãos têm vindo a defender a adopção de um programa organizado de esterilização animal, nomeadamente dos animais que se encontram nos canis e gatis municipais e não são reclamados, devendo, para tal, os municípios dispor de postos médico-veterinários que reúnam as condições higieno-sanitárias para a realização de esterilizações por veterinários municipais, devidamente formados para o efeito.

Esta é uma medida que deve ser acompanhada pelo reforço das campanhas de sensibilização pública, já que a maioria dos animais errantes foram abandonados pelos seus donos, bem como pela correcção das falhas existentes ao nível do Sistema de Identificação de Caninos e Felinos (SICAFE), que tem levado a que muitos animais com chip acabem por não ser registados nesta base de dados, impedindo a identificação dos donos em caso de perda ou abandono. Também a legislação deve ser afinada, pois, o facto de se encontrar muito dispersa, dificulta a aplicação de coimas, assim como se deve proceder ao reforço de meios da Direcção-Geral de Veterinária (DGV) para concretizar a tramitação dos processos.

A própria DGV, em resposta a um ofício da Comissão Parlamentar de Ambiente a respeito da petição n.º 91/XI/2ª, refere que “considera e defende a esterilização como um meio eficaz para o controlo de populações, a par de outras medidas de sensibilização e formação dos detentores, a identificação electrónica de todos os cães e o reforço das medidas legais relativas à detenção, alojamento, manutenção, circulação, criação e comercialização de animais de companhia, nomeadamente cães”. Afirma ainda que “tendo presente esta convicção, preparou e apresentou à tutela um pacote legislativo que propõe a identificação de todos os cães, o reforço de medidas tendentes a responsabilizar o detentor, e a esterilização como boa prática entre outras que visam regular a criação e comercialização de animais. Na sequência destas medidas, propúnhamo-nos a divulgar, através de um procedimento os objectivos, as entidades envolvidas, as competências das mesmas e a população alvo da esterilização obrigatória ou facultativa”.

Torna-se importante conhecer qual o pacote legislativo apresentado pela DGV, o entendimento que o Ministério tem sobre estas matérias e relativamente às propostas da DGV, bem como quais as medidas concretas que pretende adoptar para responder assumir uma política de não abate e responder de forma efectiva ao combate ao abandono de animais e controlo das populações errantes.

Atendendo ao exposto, e ao abrigo das disposições constitucionais e regimentais aplicáveis, o Grupo Parlamentar do Bloco de Esquerda vem por este meio dirigir ao Governo, através do Ministério da Agricultura, do Desenvolvimento Rural e das Pescas, as seguintes perguntas:

1. Qual o conteúdo do pacote legislativo apresentado pela DGV? Que avaliação faz este Ministério desta proposta e qual o seguimento que lhe vai dar?

2. Que medidas vai o Ministério tomar para ser abandonada a política actual de abate sistemático de animais recolhidos nos canis/gatis municipais? Considera que a esterilização é um meio eficaz de controlo das populações errantes e deveria ser promovida, dotando-se os centros de recolha de condições para este tipo de tratamentos veterinários?

3. Como avalia o Ministério o funcionamento do SICAFE? Que medidas vai tomar para melhorar este sistema, permitindo registar eficazmente os donos dos animais?

4. Quais são as dificuldades identificadas na aplicação de contra-ordenações e tramitação dos processos pela DGV?»
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Tassebem
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terça fev 08, 2011 7:41 pm

Hoje, o grupo de Lisboa da Campanha de Esterilização de Animais Abandonados fez as duas seguintes intervenções na Assembleia Municipal de Lisboa, ambas respeitantes ao canil/gatil deste município:

Intervenção anunciando à AML o lançamento da providência cautelar

«Srª. Presidente , Srs Deputados Municipais, Srs Presidentes das Juntas de Freguesia

Faz amanhã um ano que esta Assembleia Municipal aprovou 2 recomendações relativas ao canil /gatil de Lisboa.

Nessas recomendações referia-se a necessidade da esterilização para combater a sobrepopulação de cães e gatos, o abandono e o abate, que em 2009, foi de 1740 animais, a urgência na realização das obras da 3ª fase do canil/gatil, que foi o projecto mais votado pelos lisboetas no Orçamento Participativo de 2010, e a exigência de que fossem proporcionadas aos animais condições dignas de alojamento.

Depois de duas reuniões entre o Grupo de Lisboa da Campanha de Esterilização de Animais Abandonados e o vereador Sá Fernandes e demais equipa de gestão do canil, a última das quais em 1 de Julho de 2010, o ponto de situação é o seguinte:

- só em Dezembro último, foi aberto o concurso público de empreitada das obras pelo que, com tanta morosidade, nada garante que o inicio das mesmas, que o vereador Sá Fernandes já prometeu para o fim do verão, depois para o fim do ano passado, não continue a ser protelado, causando o maior sofrimento aos animais ali detidos;

- relativamente à esterilização, o facto de só dois dos cinco veterinários do canil fazerem esterilizações leva a que as colónias de gatos do programa CER não cresçam ao ritmo desejado e as esterilizações dos animais dados em adopção estejam atrasadas 6 meses.

- apesar de termos apresentado um plano de implementação de uma Campanha de Esterilização dos Gatos Silvestres de Lisboa, que previa a esterilização de 300 gatas e de 1000 gatos num ano, em contrapartida da suspensão das capturas que não fossem de manifesta necessidade dos gatos das colónias da cidade , não só o Dr. Sá Fernandes declarou peremptoriamente que não cumpria esta recomendação aprovada na AM, como a drª Luísa Costa Gomes, responsável pelo canil/gatil, nunca se dignou, ao invés do prometido, pronunciar-se sequer sobre tal plano.

Assim, uma vez que as recomendações desta assembleia parecem, neste caso, não ter mais influência sobre o executivo da Câmara do que a opinião dos lisboetas, ou seja, nenhuma, o caminho que nos resta é apelar ao poder judicial, pelo que foi proposta por uma munícipe, pertencente ao Grupo de Lisboa da Campanha de Esterilização, uma providência cautelar contra o Município, com o objectivo de suspender o atentado ao bem estar dos animais que o funcionamento do canil, nas actuais circunstâncias, representa.

Lembramos que o canil/gatil de Lisboa não está sequer licenciado pela DGV uma vez que as condições de detenção a que estão sujeitos os animais não são conformes ao Dec-Lei 315/2003, situação que não parece ser de molde a levar os seus responsáveis a corrigirem, ao fim de tantos anos, as múltiplas deficiências de que padece.»


Intervenção sobre a gestão do canil

«Srª. Presidente, Srs Deputados, Srs Presidentes de Juntas de Freguesia

Segundo a informação conhecida publicamente, o custo diário de funcionamento do canil/gatil municipal é de cerca de 1200 euros (a preços de 2009, portanto um custo subestimado).

1200 euros que correspondem a uma entrada média de 10 animais por dia, dos quais 5 são abatidos e 2 morrem por doença. Portanto, são 1200 euros gastos para se ter uma taxa de mortalidade de 70%, e para implementar uma política sem soluções, uma política de horror sem qualquer visão, pois não se pode chamar vida às condições que encontram ali a maioria dos animais.

Tem esta política de abates tido algum sucesso na redução do número de animais abandonados na cidade? Não tem, se olharmos para os números: entre 2002 e 2009 o número de abates aumentou 39%.

Mas não foram só os abates que aumentaram: a mortalidade por doenças entre os gatos quadriplicou no mesmo período, passando de 132 óbitos em 2002 para 543 em 2009.

E isto porquê?

Porque continuam a ser recolhidos gatos sem que se cumpram as condições de salubridade, o que culmina, muitas das vezes, na sua morte atroz por contaminação, naquele espaço, com doenças infecto-contagiosas

Ora, dada a frequência de casos declarados, por exemplo, de panleucopénia, cujo vírus pode sobreviver no ambiente até 2 anos, é conscientemente que a Direcção do canil permite a entrada diária de novos animais, assim enviados para a morte.

Como alguns destes animais são adoptados antes de desenvolverem sinais clínicos das doenças, vão causar despesas avultadas às famílias que tão conscientemente os foram resgatar, podendo ainda contaminar outros animais que estas possuem.

O canil/gatil faz propagação de doenças em vez de as combater e contagia, inclusivamente, animais de munícipes que se perdem e têm a desgraça de ir parar às suas instalações.

Mas as incompetências e malefícios da gestão do canil não se esgotam aqui.

Entre 2002 e 2006, portanto antes da crise financeira, o número de cães entregues no canil pelos ditos “donos” veio sempre a aumentar, tendo em 2006 superado o nº de cães capturados (797 contra 770).

Não há perguntas, não há pagamento de qualquer taxa. Isto é ou não um incentivo ao abandono e à desresponsabilização dos detentores de animais ? Arranje hoje um cão, e descarte-o amanhã no canil de Lisboa se ele lhe desagradar.

Confronte-se esta prática da capital com as palavras do Veterinário Municipal de Cantanhede em entrevista sobre o funcionamento do Centro de Recolha Animal daquela localidade:

“O Centro não aceita animais entregues “em mãos”, a não ser que estes representem, comprovadamente, um perigo ou sejam portadores de uma doença irreversível, estejam em sofrimento ou possam contaminar seres humanos, até porque o veterinário considera que isso daria ao Centro “uma imagem de matadouro, uma imagem horrível”.

No canil existem 5 veterinários mas a sua responsável, há longos anos reconhecida como tal e que se apresenta sempre nessa qualidade nas entrevistas que tanto gosta de dar à comunicação social, a Drª Luísa Costa Gomes, chefe da Divisão de Higiene e Controlo Sanitário, não é veterinária.

Agora que esta Assembleia aprovou uma Reorganização Estrutural seria, no nosso entender, a altura de o Executivo da Câmara cumprir o Dec-lei 314/2003, que estipula que a direcção de um canil/gatil é da responsabilidade do médico veterinário municipal, e dotar o canil de uma direcção que alie os conhecimentos académicos e profissionais das técnicas modernas de gestão, à humanidade e ao respeito pelos animais, e à urbanidade nas relações com os munícipes.

Sem isso nunca o canil / gatil de Lisboa deixará de ser uma nódoa que envergonha a cidade e alimenta uma animosidade crescente dos munícipes para com os poderes municipais.»
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Chamarrita
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terça fev 08, 2011 8:22 pm

até fiquei com os olhos marejados a ler isto. Fui a Monsanto apenas 3 vezes, entrei duas, vi o horror com os meus próprios olhos e endureci o coração para suportar o que pude ver... como é possível que as pessoas responsáveis não vejam, nem que seja apenas com os olhos da razão?

mais uma excelente intervenção deste grupo, o qual apoio incondicionalmente e aplaudo. E, mesmo que ainda sem resultados para os desgraçados dos animais que ali "batem com os costados", já muitas mentes foram despertadas, muitos olhos foram abertos. Hão-de ser, havemos de ser cada vez mais!

Haverá muitos mártires - nem só os humanos são mártires - mas as perdas de vidas não serão em vão. Não podem ser.

Força. muita força nesta luta!
Acredito na Paci&ecirc;ncia, na Persist&ecirc;ncia, no Pai Natal e no Poder do Fiambre!
Tassebem
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terça fev 08, 2011 11:41 pm

Muito obrigada, Chamarrita, pelo incentivo, que tem sido dos muito poucos (e honrosos) neste fórum de amigos dos animais, não consigo nesta altura deixar de o dizer com alguma mágoa.

Revejo-me completamente no seu primeiro parágrafo. É preciso baixarnos e afastarmos o olhar e endurecermos o coração para entrar no canil/gatil de Lisboa. Ainda assim, as imagens que não conseguimos evitar olhar, o cheiro, os sons nunca mais nos saem da cabeça.

Isto tem de acabar um dia, e «ontem» (quantos anos, quanto sofrimento) já era muito tarde.
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domingo fev 13, 2011 9:37 pm

Valongo, mais uma vez um exemplo:

«Esterilização de 250 animais no Centro Veterinário Municipal

Hoje em dia é reconhecido que a esterilização dos animais deve ser fomentada para evitar o abandono de animais. Aliás, o incentivo à castração é uma das novas competências das Autarquias locais e dos respectivos Centros de recolha oficial de animais.

O Centro Veterinário Municipal de Valongo orgulha-se de ser um dos primeiros (senão o primeiro) dos Centros de recolha de animais a incentivar a esterilização, executando-a de forma gratuita a quem adoptar um animal, desde a sua inauguração no ano de 2004.

Nesta nova e inédita iniciativa, o Centro veterinário Municipal de Valongo, através da cooperação com médicos veterinários em regime de voluntariado, durante a semana de 26 a 30 de Novembro, executou a esterilização (castração) gratuita de cerca de 250 animais vadios, cães e gatos, retidos em Associações de protecção animal que operam na área metropolitana do Porto.

Estas esterilizações contribuiram para um maior número de adopções e ajudou a evitar a reprodução destes animais, ajudando assim a tarefa destas Associações de protecção animal, que como é do conhecimento geral, passam por algumas dificuldades financeiras.

A esterilização ou castração consiste na remoção por cirurgia, dos ovários no caso das fêmeas, e dos testículos no caso dos machos, evitando que os animais se possam reproduzir, diminuindo o número de vadios e facilitando a sua adopção.»

in http://www.cm-valongo.pt/pelouros/ambie ... municipal/
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