2004-05-24 00:00:00
Ameaça - Parques zoológicos não cumprem a lei
ANIMAIS EM RISCO DE ABATE
A esmagadora maioria dos 30 parques zoológicos portugueses, onde vivem cerca de 25 mil animais, não tem condições para obter a licença obrigatória a partir do próximo ano. Mas como em Portugal não existem locais preparados para acolher estes animais, muitos deles estão em risco de serem abatidos.
Jon Hrusa (EPA)
Os primatas e os animais de grande porte são os que sofrem mais em cativeiro, por necessitarem de condições que as instituições, infelizmente, nem sempre conseguem assegurar
Uma investigação da Direcção-Geral de Veterinária e do Eurogrupo revelou que 22 dos 30 parques não reúnem condições de obter o licenciamento e, destes, nove terão de fazer remodelações profundas.
Mais de metade dos parques tem uma avaliação muito baixa a nível dos cuidados: falta de pessoal especializado, de procedimentos de limpeza e alimentação adequada.
A investigação analisou 10 zoos (com uma colecção não especializada de animais), quatro parques marinhos, 14 parques municipais, além de um santuário e um parque de entretenimento.
Os animais em instituições com licenças de funcionamento suspensas ou revogadas serão enviados para outros parques ou, na ausência de alternativas, abatidos.
FALTAM ESPAÇOS
João Loureiro, do Instituto de Conservação da Natureza, reconhece que “não existem espaços em Portugal para receber estes animais” e que a solução passa pela assinatura de protocolos entre o ICN e instituições que os possam receber.
A bióloga Leonor Galhardo, responsável pelo estudo sobre os zoológicos portugueses, discorda da ideia, por roubar independência das autoridades face às intituições receptoras. “As hipóteses são voltar a colocar os animais no meio natural, o que é difícil, enviá-los para santuários na Europa ou pensar em parques especializados que permitam qualidade de vida aos animais”, esclarece.
Se nenhuma das hipóteses for viável, Leonor Galhardo afirma que “a eutanásia terá de ser equacionada como última solução, pois é preferível a manter animais em autênticos depósitos”.
Por seu turno, Dário Cardador, da associação ambientalista Quercus, diz que a “solução passa pela fiscalização da importação dos animais e por o Jardim Zoológico impedir os nascimentos em cativeiro”.
MORTE DE FELINOS
A morte de três felinos nos Açores, por alegada negligência de técnicos do Instituto de Conservação da Natureza (ICN), em Setembro do ano passado, gerou polémica entre o Governo Regional e o Ministério do Ambiente.
Numa acção de resgate de 21 animais de um parque privado em S. Miguel, terão sido aplicados sedativos em excesso em duas leoas e um tigre por funcionários do ICN, sem a presença de veterinários.
ÁGUIA APREENDIDA
Dúvidas sobre a legalidade dos documentos relativos à importação, a partir da Rússia, da águia ‘Vitória’, apresentada no jogo inaugural do Estádio da Luz, em Novembro do ano transacto, levaram à apreensão da ave, que ficou à guarda do ICN.
Anualmente, o ICN apreende cerca de duas centenas de aves selvagens, entre exóticas e autóctones (características do território nacional), cuja posse não é autorizada.
Pedro Vilela Marques com Lusa
Correio da Manhã