Como muitos devem ter visto, ontem à noite a RTP 1 exibiu uma reportagem sobre o tráfico de animais, sob o título de "Crime na Arca de Noé", onde a equipa responsável por este trabalho, para além de ter entrado nos meandros deste crime - bem organizado - deu a conhecer aquela que é a actuação de alguns organismos públicos como o ICN no seu suposto papel de defesa dos animais.
É impressinante a facilidade como que se podem comprar animais incluídos nos anexos dos CITES, tais como répteis de grande porte, grandes felinos e símios.
Mais impressionante ainda, do meu ponto de vista, é a facilidade como um particular, contra toda a legislação vigente, adquire animais e os mantem em suas casas. O caso apresentado referia-se a um senhor dos Açores que, entre outros animais, adquiriu ao Zoo de Lisboa vários felinos, apesar de, como particular, nunca o poder fazer. Mais caricata foi a actuação dos técnicos do ICN que, após denúncia, acorreram ao local, acompanhados das autoridades policiais para recolherem os animais. De uma uma grande variedade de animais, a "captura" dos felinos revelou-se a mais difícil, tendo sido necessário recorrer, como é usual nestas situações, ao uso de anestesias. Curiosamente, e contra a lei, as anestesias não foram aplicadas por veterinários o que conduziu a que três dos quatro felinos anestesiados (duas leoas e um leopardo) acabaram por morrer fruto de sobredosagem. Só escapou uma pantera negra que, por ser tão "dócil" recebeu a anestesia "ao colo" do seu dono.
Não menos curioso e intrigante no que à actuação das entidades públicas diz respeito é o facto de muitos dos animais existentes em alguns zoos do país, apesar de constarem nos anexos dos CITES e já terem sido alvo da actuação dos técnos do ICN, continuam a ser exibidos nos diferentes zoos, quiçás à espera de um destino semelhante ao dos felinos dos Açores.
Quero com isto expressar sinceros parabéns à equipa que produziu este trabalho, não só pelo facto de trazer a público uma situação que a todos deve preocupar, mas também por o ter feito sem qualquer tipo de sensacionalismos, esperando que denúncias como estas possam ajudar a melhorar a defesa dos nossos amigos animais.
Piscas

