
Família de Acolhimento Temporário
Moderador: mcerqueira
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Nem todos os animais se dão bem. Eu também tive de devolver um animal à associação. Acontece. Não é nada de mau, se não se dão, não vale a pena continuar. Ou se se dão bem demais, como foi o meu caso, em que o cão e a minha cadela formavam uma parelha jeitosa para fazer asneiras (convém salientar que fiquei com a sala destruída
)

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Da 1ª vez que acolheu um animal como foi?
O que a levou a ser fat?
Que "parâmetros" considera fulcrais para o acolhimento de um amiguito?
Desculpe tantas perguntas mas não sei a quem nem onde perguntar
O que a levou a ser fat?
Que "parâmetros" considera fulcrais para o acolhimento de um amiguito?
Desculpe tantas perguntas mas não sei a quem nem onde perguntar

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Desculpe, só vi agora este post.CatiaC Escreveu:Da 1ª vez que acolheu um animal como foi?
O que a levou a ser fat?
Que "parâmetros" considera fulcrais para o acolhimento de um amiguito?
Desculpe tantas perguntas mas não sei a quem nem onde perguntar
A primeira vez que foi FAT, acolhi dois cachorrinhos que foram encontrados no meio do monte e entregues no canil cheios de parasitas. Ia acolher 3, mas na hora que me vinha embora com os 3 cachorros, alguém da ABRA me telefonou para voltar para trás pois estava lá uma família que queria adoptar 1

Como foi? Bem, foi uma confusão, pois quem acolhe cachorros corre o risco de andar sempre de esfregona na mão, especialmente se estiverem em fase de desparasitação. Mas fiquei com eles pouco tempo, não deu para ver muitos avanços.
O que me levou a ser FAT? Sem dúvida foi o facto de ver todos aqueles animais que eram abatidos sem culpa nenhuma, o facto de poder dar uma hipótese a um deles ou mais de se manterem vivos e claro, porque também adoro animais peludinhos

Quanto aos parâmetros fulcrais para acolher um amiguito, bem terá que ter espaço, disponibilidade, paciência para os educar se conseguir e, se puder, ajudar nas despesas de alimentação e saúde, apesar disto ser discutível.
Mas sobretudo, terá mesmo de gostar muito de animais. Pois ser FAT não é fácil e é uma grande responsabilidade. Há dias que dá vontade de os atirar pela janela

Penso que mais alguém, com mais experiência que eu, poderá vir aqui explicar-lhe e partilhar as suas experiências. Alguém pode?
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Então FAT's? Mais alguém pode responder à pergunta da CatiaC?
Eu já fui FAT de tanto cão e desde há tanto tempo, que já nem me lembro de como tudo começou. Mas posso adiantar que me "especializei" em cachorros. Adoro criar cachorros sem mãe e são célebres as barriganas dos meus crianços.
Os primeiros foram cachorros de uma cadela vadia, muito arisca, que tinha por hábito parir e criar os filhotes numa cova que abria num barranco inacessível a humanos de duas patas. Tínhamos sempre de esperar que eles começassem a descer de lá de cima para os apanharmos e tratarmos deles. Esta cadela veio depois a ser esterilizada, mas levou-se anos a tentar apanhá-la, e para o conseguir foi à custa de Vetranquil...
Mas era uma mãe extraordinária. Sempre que via que alguma coisa estava a correr mal com os filhos, trazia-os para baixo, metia-os num determinado sítio e sentava-se perto, a olhar, até que fôssemos ver o que se passava. É claro que nessa altura trazia-se os cachorrinhos e eu acabava de os criar a biberão.
O pior é que esses cachorros vinham geralmente doentes, pois metidos numa cova, sem nada a revestir o ninho nem a cobri-los quando a mãe se ausentava, muitas vezes encharcados pela chuva e patinhando uma mistura de lama e urina de rato (que abundavam ali), além de comidos pelas pulgas da mãe, acabavam por morrer de pneumonias, gastroenterites e, o que era o mais horrível de tudo, de leptospirose.
Mas ainda se conseguiu salvar muitos. Os últimos três que ela trouxe para baixo para que nós os tratássemos tinham simplesmente os narizinhos tapados por lama. Estes salvaram-se todos, fizeram-se uns cães lindíssimos e arranjaram bons donos.
Os cachorros dão trabalho? Ah, pois dão!
Enquanto não começam a comer é uma correria com os biberões e as refeições, com a limpeza do ninho e deles próprios, mas isso dura pouco tempo. Quando começam a comer do prato é outra trabalheira, pois ele metem-se lá dentro, ficam todos sujos de papa. Nestas fases anda-se sempre de pano molhado e toalha seca na mão, para os limpar, com maior ou menor sucesso, e gasta-se quantidades industriais de toalhetes. A máquina de lavar não pára, pois as mantinhas e outros aprestos do ninho estão sempre a ser substituídos.
Depois, quando começam a sair do ninho e a tornar-se autónomos, começam os xixis e os cocós pela casa: a esfregona passa então a ser a nossa companheira inseparável, que não nos vai abandonar durante os próximos meses e o papel higiénico secunda-a às dúzias de rolos por mês...
Mas tudo se esquece quando lhes pegamos e sentimos aquele cheirinho bom a cachorrinho saudável, o seu hálito a cheirar a leite, quando ouvimos os primeiros latidos e assistimos às primeiras brincadeiras entre eles. E a seguir, vê-los a correr pela casa, muito fofos e reboludos, sobre patinhas inseguras, ou a encarniçar-se com os brinquedos, rosnando ferozmente e abanando as cabecitas...
Querem melhor?


Os primeiros foram cachorros de uma cadela vadia, muito arisca, que tinha por hábito parir e criar os filhotes numa cova que abria num barranco inacessível a humanos de duas patas. Tínhamos sempre de esperar que eles começassem a descer de lá de cima para os apanharmos e tratarmos deles. Esta cadela veio depois a ser esterilizada, mas levou-se anos a tentar apanhá-la, e para o conseguir foi à custa de Vetranquil...
Mas era uma mãe extraordinária. Sempre que via que alguma coisa estava a correr mal com os filhos, trazia-os para baixo, metia-os num determinado sítio e sentava-se perto, a olhar, até que fôssemos ver o que se passava. É claro que nessa altura trazia-se os cachorrinhos e eu acabava de os criar a biberão.
O pior é que esses cachorros vinham geralmente doentes, pois metidos numa cova, sem nada a revestir o ninho nem a cobri-los quando a mãe se ausentava, muitas vezes encharcados pela chuva e patinhando uma mistura de lama e urina de rato (que abundavam ali), além de comidos pelas pulgas da mãe, acabavam por morrer de pneumonias, gastroenterites e, o que era o mais horrível de tudo, de leptospirose.
Mas ainda se conseguiu salvar muitos. Os últimos três que ela trouxe para baixo para que nós os tratássemos tinham simplesmente os narizinhos tapados por lama. Estes salvaram-se todos, fizeram-se uns cães lindíssimos e arranjaram bons donos.

Os cachorros dão trabalho? Ah, pois dão!

Depois, quando começam a sair do ninho e a tornar-se autónomos, começam os xixis e os cocós pela casa: a esfregona passa então a ser a nossa companheira inseparável, que não nos vai abandonar durante os próximos meses e o papel higiénico secunda-a às dúzias de rolos por mês...

Mas tudo se esquece quando lhes pegamos e sentimos aquele cheirinho bom a cachorrinho saudável, o seu hálito a cheirar a leite, quando ouvimos os primeiros latidos e assistimos às primeiras brincadeiras entre eles. E a seguir, vê-los a correr pela casa, muito fofos e reboludos, sobre patinhas inseguras, ou a encarniçar-se com os brinquedos, rosnando ferozmente e abanando as cabecitas...
Querem melhor?



Olá, eu sou a Bronkas de outros fóruns!
Primeiro que tudo, como é óbvio, gostar de animais. Depois, ter condições físicas para tomar conta deles: espaço, tempo, boa saúde. Se tiver animais seus, pôr estes à frente dos outros e ter possibilidades de isolar os "hóspedes" se vierem doentes, tinhosos, sarnentos, tendo sempre presente se os seus próprios animais recebem bem os intrusos ou não.CatiaC Escreveu:...
Que "parâmetros" considera fulcrais para o acolhimento de um amiguito?
...
Nenhuma FAT é obrigada a ter um curso de veterinária, mas tem de saber reconhecer sinais de doença e de saber o que fazer no imediato se esta surgir e enquanto o animal não for levado ao veterinário. Também é aconselhável que saiba fazer um penso a um ferimento, um torniquete e dar uma injecção subcutânea. E acima de tudo é imprescindível que não tenha contemplações quando se trata de enfiar um medicamento pela boca abaixo do animal. Tem de saber eliminar parasitas externos e internos, tem de saber reconhecer entre uma "soltura" ocasional e sem importância e uma diarreia, deve saber ver se as orelhas estão limpas e saudáveis, que pelagens não podem passar sem ser escovadas e/ou penteadas e deve saber o mais que puder sobre os cuidados gerais aos animais.
Também não pode ser comodista e deixar as limpezas para depois. Tem de ser paciente para poder dar hábitos de asseio ao animal, passeá-lo se for cão, brincar com ele, etc. Tem de saber alguma coisa de psicologia animal, para poder reeducá-lo se for caso disso.
Enfim, ser FAT não é só gostar de animais e recebê-los em sua casa, há todo um mundo de coisas que se tem de saber para cuidar dele capazmente.
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Eu tb nao sou um bom exemplo, a unica vez que fui FAT fiquei com ela. Como é que voces conseguem dar os animais depois de tarem com eles algum tempo? 

"Virá o dia em que a matança de um animal será considerada crime tanto quanto o assassinato de um homem." (Leonardo da Vinci)
"A compaixão pelos animais está intimamente ligada a bondade de caráter, e pode ser seguramente afirmado que quem é cruel com os animais não pode ser um bom homem." (Arthur Schopenhauer)
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Uffa LucNun
Assim sendo, eu até nem sou uma boa FAT
Não percebo nada de psicologia animal, só gasto rios de dinheiro a ligar à vet e fazer-lhe montes de perguntas acerca de tudo e mais alguma coisa.
Para ser FAT é obrigatório saber isso tudo? Acho que os números de FAT iriam reduzir imenso se assim fosse

Assim sendo, eu até nem sou uma boa FAT

Não percebo nada de psicologia animal, só gasto rios de dinheiro a ligar à vet e fazer-lhe montes de perguntas acerca de tudo e mais alguma coisa.

Para ser FAT é obrigatório saber isso tudo? Acho que os números de FAT iriam reduzir imenso se assim fosse

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Com muita choradeira e esperança que o animal vá para um sítio onde é amado e que nunca será abandonado. Também alegra saber que ficamos com espaço livre para acolher outro e salvar-lhe a vidabug Escreveu:Eu tb nao sou um bom exemplo, a unica vez que fui FAT fiquei com ela. Como é que voces conseguem dar os animais depois de tarem com eles algum tempo?

MariaCaxuxa Escreveu:Uffa LucNun![]()
Assim sendo, eu até nem sou uma boa FAT
Não percebo nada de psicologia animal, só gasto rios de dinheiro a ligar à vet e fazer-lhe montes de perguntas acerca de tudo e mais alguma coisa.![]()
Para ser FAT é obrigatório saber isso tudo? Acho que os números de FAT iriam reduzir imenso se assim fosse



Tudo se aprende com o tempo e a experiência. Ao cabo de vários cães e de muito maçar o veterinário com perguntas e pedidos de esclarecimento, a gente terá aprendido muita coisa. Ou julgará que andei a tirar cursos sucessivos para aprender tudo aquilo? Ná, fui aprendendo com o tempo e à medida que as situações iam surgindo.
Continue, insista, insista, como diziam antigamente os professores de ginástica!



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MariaCaxuxa Escreveu:Com muita choradeira e esperança que o animal vá para um sítio onde é amado e que nunca será abandonado. Também alegra saber que ficamos com espaço livre para acolher outro e salvar-lhe a vidabug Escreveu:Eu tb nao sou um bom exemplo, a unica vez que fui FAT fiquei com ela. Como é que voces conseguem dar os animais depois de tarem com eles algum tempo?
Hum... parecem-me bons motivos, mas acho que se a Estrela tivesse saido ca de casa eu tinha ido com ela, tinham de nos adoptar às duas. Depois como nao conseguia viver sem os outros levavam mais dois caes de arrasto.

Em vez de adoptarem uma cadela levavam com 3 caes e a dona, logo nao era viavel.

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Mas tem que ser bug 
Não podemos ficar com todos e se não temos espaço disponível também não podemos escolher mais nenhum.
O nosso sofrimento não é importante, importante é minimizar o deles.

Não podemos ficar com todos e se não temos espaço disponível também não podemos escolher mais nenhum.
O nosso sofrimento não é importante, importante é minimizar o deles.
Pois, essa é a parte mais difícil. Temos de nos mentalizar desde o princípio, desde o primeiro momento em que ele entra na nossa casa, de que não vai ficar connosco. Já tive dois ou três casos em que me custou muitíssimo vê-los partir, e um deles há bem pouco tempo. Mas pensemos que tem de ser, e acima de tudo certifiquemo-nos de que estamos a dá-los bem.MariaCaxuxa Escreveu:Com muita choradeira e esperança que o animal vá para um sítio onde é amado e que nunca será abandonado. Também alegra saber que ficamos com espaço livre para acolher outro e salvar-lhe a vidabug Escreveu:Eu tb nao sou um bom exemplo, a unica vez que fui FAT fiquei com ela. Como é que voces conseguem dar os animais depois de tarem com eles algum tempo?
Depois é uma questão de muita choradeira, como diz a Maria Caxuxa, de bastante saudade, mas acima de tudo de pôr os interesses do animal à frente dos nossos afectos e possibilidades.
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