Lamento, mas discordo desta oposição cães e gatos domésticos/animais autóctones.AlunoBioGeo Escreveu:...Mamíferos: Aqui, o cão (Canis lupus familiaris) e o gato doméstico (Felis catus) possuem especial destaque não só porque são os mamíferos mais adorados, mas por serem dos que mais impactes (directos e indirectos) infligem nos nossos autóctones. Tudo porque as pessoas teimam em os abandonar ou soltar na rua (por umas "horinhas para poderem passear"), criando colónias assilvestradas que atacam tudo o que é espécie autóctone (na lista estão aves, répteis, anfíbios e outros mamíferos).
Mesmo que os cães e gatos tenham vindo de lugares de origem distantes, tornaram-se autóctones por força do seu tempo de implantação e adaptação aos territórios em que se instalaram. De resto, é o que acontece com toda a fauna em toda a parte, excepto, talvez, algumas espécies de regiões cujas condições geográficas tornaram quase inacessíveis à migração de outras espécies, como é o caso, por exemplo, da Austrália.
No nosso caso, um animal autóctone terá sido o urso, por exemplo, que não foi com certeza extinto na Península pelos cães e gatos que resolveram vir até cá em busca de alimento.
Aqui, como em todo o Mundo, também se deu caça aos lobos (esses sim, canídeos e animais autóctones, seja lá isso o que for) por em épocas de carência se alimentarem de ovelhas e cabras dos rebanhos cuidados pelos homens. A ponto de os terem extinguido em várias regiões europeias. A perseguição às raposas, que pelas mesmas razões devastavam galinheiros e coelheiras, também quase as eliminaram do nosso território. E todos eles são tão autóctones quanto os coelhos bravos e outros animais de que se alimentavam.
Discordo terminantemente disto, sobretudo a parte do "evitar alimentar animais abandonados".AlunoBioGeo Escreveu:[...Mas existe muita coisa que o comum cidadão poderá fazer para evitar que piore:
- Evitar soltar os nossos animais na "rua" e controlar ao máximo os seus passos evitando o seu contacto com qualquer animal selvagem;
- Evitar alimentar animais abandonados (custa muito, mas é preferível levar para um canil ou adoptá-lo e trazer para dentro de casa - isto se não for animal autóctone, claro!);
Não é "soltar os nossos animais na 'rua'" que causa a sua proliferação e assilvestramento, mas sim a total falta de sentido cívico de que a esmagadora maioria da população humana sofre. É um problema civilizacional que não pode nem deve ser lançado para cima dos animais em foco.
O que realmente causa desequilíbrios graves é a acção humana, não a predação de animais domésticos deixados ao abandono. E se não controlarmos os cães e gatos abandonados através, e também, da sua alimentação na rua e da vigilância sobre a saúde e controlo da reprodução, levados pela fome eles inevitavelmente irão predar as tais espécies autóctones, sejam elas quais forem.
Quanto a estes dois últimos pontos, não há discussão, trata-se de princípios que nos deviam ser inpressos desde os bancos da escola, mas que estão de todo ausentes em quase todos.- Não alimentar ou capturar qualquer animal selvagem;
- Não matar qualquer animal autóctone, mesmo estando na nossa propriedade, porque muito antes de ser nossa propriedade decerto já foi o habitat destes animais (além de tal ser proibido por lei, seja onde for);
etc.
E os nossos pets, como lhes chama, serão só cães e gatos? Não são também as tais tartarugas, sapos não-sei-quê e outros animais exóticos que se largam por todo o lado quando se tornam incomodativos ou passa a febre de moda que levou a adquiri-los?Uma última pergunta: Que direito temos nós (e por inerência, os nossos pet's) de diminuir os "direitos dos animais autóctones"?
A propósito: sabia que no princípio do século passado alguém se lembrou de fazer uma criação de visons, lá para o Norte do país, e que quando a exploração não deu os resultados esperados largou os visons na Natureza? E que devido a isso se pode dizer que há visons em Portugal? Serão eles agora uma "espécie autóctone"?
O problema é sempre o mesmo: a acção humana, não a dos animais domésticos e de companhia, que quando abandonados apenas fazem pela sua sobrevivência. O abandono e a falta de protecção dos abandonados é que é o real problema, não essa coisa nebulosa a que chama "protecção dos animais autóctones". Sem a primeira não haverá nunca a segunda.