PASTOR ALEMÃO - UM BECO SEM SAÍDA?
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Última edição por jcsousa em quarta mai 19, 2004 11:23 am, editado 1 vez no total.
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Mas para o comprador saber comprar um cachorro é necessário estar informado do que é um verdadeiro pastor alemão e isso não acontece.jcsousa Escreveu: Para mim o ideal é que cada dono ensine o seu próprio cão.
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o comprador também tem de saber distinguir o trigo do joio. Eu acredito que aos poucos isso há-de acontecer.
A maior parte das pessoas quando resolve adquirir um cão de raça o que faz? Ou dirige-se à loja de animais mais próxima de casa, ou consulta os classificados de algum jornal conhecido. Não tem a noção porque é que um cachorro custa x e outro o triplo. Não sabe que deve pedir lista de criadores ao CPC ou exigir certificados de isenção de certas doenças dos progenitores. Mas vamos até supôr que visitou um fórum conhecido e que até seguiu as indicações de foristas mais experientes e que começou a visita aos criadores. O que se lhe depara?
Alguns criadores super conhecidos a incentivarem a compra de um cachorro a pessoas que moram em apartamentos pequenos e que estão a maior parte do dia fora de casa.
Ou então, outros criadores super conhecidos denigrirem a imagem de "colegas" (que até tentam remar contra-a-maré) dizendo que últimamente não têm tido cães premiados e que não há cães melhores que os dele próprio.
Perante isto o que o comprador faz?
Se tem dinheiro, escolhe o criador que mais 1ºs prémios acumulou? Se não tem, já que todos dizem mal uns dos outros, escolhe mesmo o mais barato.
E o que acontece? O cão por um motivo ou outro, raramente preenche as expectativas e é uma desilusão. São as n pessoas que oiço: "pastor alemão, nunca mais". Só que esse n é cada vez mais elevado, infelizmente.
É por isto que eu acho que é aos criadores que cabe o papel principal. Ou seja, cabe aos criadores seleccionarem com muito rigor, um potencial dono para os seus cães. É que na minha opinião, há raças que não podem ser cedidas a "pessoas que gostem de animais e que têm condições monetárias para os tratar bem". É necessário algo mais. É necessário uma visita ao local onde o cachorro irá estar, saber que estímulos terá. É necessário saber que condições de treino o animal terá, ...
A Associação do Pastor Alemão deveria ter também um papel muito importante. Não deveria estar orientada só para os criadores e sim tb. para os proprietários. Deveria estar empenhada não só na divulgação da raça por todo o país e com acções frequentes como até incentivar donos de pa a frequentarem cursos de obediência, pistagem, condução de animais, etc.
Bem desculpem o testamento, mas é que estou com "baterias carregadas".
Maria João
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Última edição por jcsousa em quarta mai 19, 2004 11:24 am, editado 1 vez no total.
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Pois esta é que é uma das questões fundamentais.Se houvesse estatíticas sobre os níveis de conhecimento que os compradores têm quando adquirem um cão de raça com certeza que a grandessíssima maioria não tinha conhecimentos suficientes para avaliar se o cão que estava a comprar era um bom exemplar ou não.Até porque iriamos encontrar em grande parte dos casos como motivação para a sua aquisição ou " o meu vizinho tem um igual " ou " é um cão muito engraçado " ou " queria um daqueles do anuncio da tv" etc. Apesar de tudo é sem dúvida uma boa situação para os criadores quando querem vender gato por lebre.Isto porque não existe informação ( e as pessoas também não a procuram) e nesse aspecto penso que os clubes de raça deveriam fazer muito mais do que fazem.Um clube de raça deve encetar atitudes de defesa e divulgação da raça e não ser um mero utensílio de criadores.mjoaomarques Escreveu:
Mas para o comprador saber comprar um cachorro é necessário estar informado do que é um verdadeiro pastor alemão e isso não acontece.
A maior parte das pessoas quando resolve adquirir um cão de raça o que faz? Ou dirige-se à loja de animais mais próxima de casa, ou consulta os classificados de algum jornal conhecido. Não tem a noção porque é que um cachorro custa x e outro o triplo. Não sabe que deve pedir lista de criadores ao CPC ou exigir certificados de isenção de certas doenças dos progenitores.
Em todo o caso estou de acordo com o José Carlos no que respeita aos criadores independentes que , como eu já disse antes ,não dependam da venda das suas ninhadas como fonte de rendimento principal e que , por amor á raça procurem o seu aperfeiçoamento. Sujeitam-se a perder dinheiro ? É evidente que sim mas é muito por eles que pode passar a manutenção das qualidades das raças.
Por outro lado o acompanhamento por parte dos criadores aos donos será fundamental.Mas quantos são os que o fazem ? A maioria vendeu e nunca mais se importa com o desenvolvimento do cachorro.
Bem isto já vai longo e o resto fica para a próxima.
Saudações
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Última edição por jcsousa em quarta mai 19, 2004 11:26 am, editado 1 vez no total.
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Absolutamente de acordo contigo.Por isso é que defendo quanto mais tarde for o Boerboel reconhecido pela FCI melhor.A experiência tem demonstrado que a massificação é directamente proporcional com a degradação das raças.jcsousa Escreveu:
Vejo com preocupação que outras raças vêm seguindo os mesmos passos que o PA seguiu, com ramificações em duas linhas distintas. Falo, por exemplo, do Rott ou do Dogue argentino. Isso passa-se pela popularidade adquirida por essas raças, e só se passa agora porque o PA foi popular muito mais cedo. Mas é lamentável ver que não se aprendeu nada com o passado.
Cumprimentos
José Carlos
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Sim, também estou de acordo que a procura desenfreada por uma raça exponencie os cruzamentos à toa o que vai provocar a sua degradação. Não concordo é que o reconhecimento da raça vá influir em algo no processo. E dou, como exemplo, os pit bull aqui na minha zona. No veterinário, encontro muito mais proprietários desta raça do que há dois ou três anos atrás. Só que olhando para a maioria dos exemplares, nunca eu diria que seriam pit bull, mas enfim ....boerboelfan Escreveu:
Absolutamente de acordo contigo.Por isso é que defendo quanto mais tarde for o Boerboel reconhecido pela FCI melhor.A experiência tem demonstrado que a massificação é directamente proporcional com a degradação das raças.
Saudações
Maria João
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Olá Mariajoão
O reconhecimento pela FCI significa shows , divulgação da raça ( nem sempre no bom sentido) ,proliferação de criadores de vão de escada, proliferação de compradores sem fazerem a mínima ideia do que estão a comprar, proliferação de cruzamentos a torto e direito, etc . Relativamente ao pit o principal responsável é a informação , ou dito melhor desinformação , que se tem feito. Se não se desse as notícias como se dão garanto-lhe que não haveria tantos. Pode crer , contudo , se fosse reconhecido pela FCI ainda haveria muitos mais.
Saudações
O reconhecimento pela FCI significa shows , divulgação da raça ( nem sempre no bom sentido) ,proliferação de criadores de vão de escada, proliferação de compradores sem fazerem a mínima ideia do que estão a comprar, proliferação de cruzamentos a torto e direito, etc . Relativamente ao pit o principal responsável é a informação , ou dito melhor desinformação , que se tem feito. Se não se desse as notícias como se dão garanto-lhe que não haveria tantos. Pode crer , contudo , se fosse reconhecido pela FCI ainda haveria muitos mais.
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Última edição por jcsousa em quarta mai 19, 2004 11:27 am, editado 1 vez no total.
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Olá José Carlos,jcsousa Escreveu: Tudo o que você argumenta tem bastante lógica, mas reflecte uma maneira pessimista de encarar o problema.
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Em 1º lugar quero-lhe dizer que concordo inteiramente com o que diz no post acima referido. Mas o meu receio é que "os pequenos criadores" se cansem de "lutar" pelo pastor alemão. Tal como a maioria das pessoas que conheço, se cansaram definitivamente da raça ao verem frustadas as expectativas de um bom cão de trabalho. Até há uns quinze anos atrás, raras eram as famílias da localidade onde moro, que não tivessem pelo menos um exemplar. Actualmente somos apenas três famílias que os possuímos. E apenas os meus cães são verdadeiros cães de trabalho, embora, verdade seja dita, nesta terra ninguém se dá ao trabalho de ensinar e estimular os cães a fazerem aquilo que se pretende que eles façam. Mas já antigamente as pessoas eram assim e os cães, pelo menos, eram bons guardas.
Penso que se verificam duas realidades distintas no país; nas zonas rurais e extrapolando o que acontece aqui no meu sítio, o pastor alemão está muito perto da "extinção".
Nas zonas mais urbanas acredito que não seja tanto assim. Mas se por um lado existem mais cães, acho que os criadores não podem estar muito descansados pois também é nas cidades que o factor "moda" está maioritariamente acentuado. Acrescentando também que embora seja mais fácil às pessoas dos grandes centros urbanos levarem os seus cães a escolas de treino (porque elas localizam-se nas proximidades das cidades, porque as pessoas têm mais disponibilidade monetária e de tempo, porque são pessoas com acesso a informação), são essas pessoas que valorizam mais o seu tempo de lazer (que não inclui o treino do cão) e portanto não o fazem.
Na minha opinião, assim que se "restaurasse" a raça, seria fundamental um programa de reinserção do pastor alemão nas zonas rurais por parte da APCPA ou de algum grupo de criadores.
Maria João
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boerboelfan Escreveu: Olá Mariajoão
O reconhecimento pela FCI significa shows , divulgação da raça ( nem sempre no bom sentido) ,proliferação de criadores de vão de escada, proliferação de compradores sem fazerem a mínima ideia do que estão a comprar, proliferação de cruzamentos a torto e direito, etc .
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Saudações
Bem, eu não conheço bem a raça

Quanto à proliferação dos criadores de vão de escada, tenho a nítida sensação, de que muito da culpa está nos preços altos demais dos cães por parte dos criadores conhecidos. Eu sei que um criador tem muitas despezas com a ninhada, tem despezas com a cruza mas não tenho dúvida de que existem preços fora da realidade. Ou seja, ao fim de certo tempo o criador sabe o que o cão vale. Logo não deveria penalizar o futuro comprador dos cachorros pela bi, tri-carreira internacional dos progenitores. Sabemos também que são raras as pessoas que querem um futuro campeão. E raros os cachorros que serão futuros campeões. Mas esses sim, se disponíveis, deveriam realmente ser mais caros. Mas o que acontece é que os preços são iguais para todos os cachorros da ninhada. E o que acontece? Há logo um comprador que resolve adquirir novamente, pelo menos, o que investiu. Sei que haveria menos possibilidades de isso acontecer se os preços não fossem tão elevados.
Maria João
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Última edição por jcsousa em quarta mai 19, 2004 11:31 am, editado 1 vez no total.
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Olá Maria Joãomjoaomarques Escreveu:
Bem, eu não conheço bem a raça, mas comparo-a talvez ao mastim napolitano, ou ao bullmastiff (?) ou seja, penso que raças de grande porte, estão menos sujeitas a serem corrompidas. Porque são mais caras, porque não é qualquer pessoa que tem espaço, e temperamento para um cão desses. Parece-me mais fácil então aos criadores, seleccionarem os futuros donos. Sim porque continuo a pensar que o papel principal para a manutenção da raça cabe ao criador e não ao comprador. É o criador que após informar as necessidades da raça, tem que avaliar se a pessoa X tem capacidade para ter um cão desses. E em caso de dúvida, mesmo que pequena, deveria optar pela não venda.
Deveria ser assim mas infelizmente muitas das vezes não é. No caso do BB não é efectivamente cão para toda a gente. Exige um dono já com experiência com cães de porte médio/grande e preferencialmente de guarda, com capacidade física para segurar um cão, em caso de necessidade, que ronda os 70 Kg em adulto, com espaço, com disponibilidade para o treinar, com capacidade monetária para o sustentar.
Concordo em absoluto que cabe ao criador avaliar a capacidade que o potencial dono tem para deter um cão destes ( quando adquiri o meu BB foi-me feito um extenso inquérito pela criadora de modo a avaliar das capacidades que eu oferecia para ter um cão desta raça).É também por isto que defendo que quanto mais tarde o BB for reconhecido pela FCI mais a rça estará defendida.Porque por enquanto ainda são relativamente poucos criadores o que lhes dá o previlégio de poderem escolher, ou aceitar , os donos para os seus cachorros. Com a proliferação da criação não é só a qualidade que inevitávelmente se reduz como , pela própria pressão de fazer dinheiro, se vende a toda a gente inclusivé quem não tenha capacidade para ter este tipo de cão.E depois os acidentes acontecem e é mais uma raça para a lista negra.E confesso que um BB em mãos erradas é um caso muito complicado.
As raças de grande porte também são corrompidas basta lembrarmo-nos da existência de dois standarts para o Cano Corso um genuíno , o italiano , e um outro arranjado segundo conveniências e deturpando o carácter de trabalho da raça ,que é o americano.O Presa Canário para lá caminha. O Mastiff inglês existe maior preocupação com criar cães grandes , quanto maior melhor, do que com o temperamento.
O preço elevado dos cães deste tipo de raças pode por um lado ser uma restrição á procura mas simultâneamente é um apelo á oferta o que a prazo fará baixar os preços mas indubitávelmente a qualidade.Por outro lado se o preço elevado restringe a procura aos que tenham posses monetárias para o efeito, não é selectiva em relação á qualidade do dono e aí é que entra o papel crucial do criador.
Quando eu disse noutro post que era preferível o não reconhecimento do BB pela FCI porque caso contrário vinham os shows é no sentido de se evitar o que acontece com o PA, e já com o Rott, e com o Cano Corso de criação de linhas de beleza e trabalho.No meu entender o BB é um cão de trabalho, em particular de guarda,e se entrar no esquema das linhas de beleza é destruir-lhe as qualidades inatas ( e ainda em " bruto") que ele tem para a função.
Isto já vai muito longo é melhor parar por aqui.
Saudações