sábado out 10, 2009 10:52 am
Vizinhança - somos seres sociais, coabitamos e interagimos em relações humanas, logo deve existir o pricípio da boa vizinhança, o civismo portanto.
Donos - são impreterivelmente responsáveis pelos seus cães e devem fazem os máximos para preservar o princípio da boa vizinhança e seguir a diplomacia.
Vizinhos - não são de todo responsáveis pelos animais dos outros e não têm que suportar a perturbação sonora advinda dos animais dos vizinhos, quando esta se torne intolerante, devem também seguir o principio da boa vizinhança e seguir a diplomacia.
Cães - não são culpados pelo trato dos donos ou pela sua gestão, são no entanto o foco das disputas mas não sabem o que é o princípio da boa vizinhança nem a diplomacia. Geralmente os cães ladram pirronicamente ou porque não foram educados ou porque estão saudosistas dos seus donos ou carecem de atenção devida.
Para mim estas directivas são cristalinas. Já tive um cão e fiz os possíveis para que não incomodasse os vizinhos. É claro que se doutro lado da vedação existir outro cão de um outro dono irresponsável e mal-educado, os contornos da situação podem transformar-se em pescadinha de rabo na boca. A chave do problema é ambos os vizinhos quererem arranjar uma solucao em conjunto, visto ambos terem um problema que por vezes pode ser complexo e sem solução imediata.
Sei no entanto que em muitos casos existe pela parte dos donos uma tal de birra ou tomada de razão infantil que mina toda a vontade diplomática e paciência pela parte dos vizinhos. Também sei de casos de vizinhos que à minima questão reagem exageradamente sendo totalmente injustos para com determinados donos que são a excepção em termos de postura cívica, e também sei de vizinhos que já desesperados por já terem esgotado todas as alternativas tomam atitudes drasticamente censuráveis, claro, claro que por aqueles que demonstram a mínima vontade em seguir vias diplomáticas, citando aquele dito popular: "Diz o roto ao nu".
É sempre assim, os correctos pagam pelos incorrectos, e os que queixam não se sabem queixar aos incorrectos. É típica a mania portuguesa de ter sempre razão, independentemente de se estar a ser um valente estúpido, isso é o maior dos problemas e o entrave ao civismo; compreendo que os maus exemplos partem da política, mas que tal um pouco de responsabilidade e maturidade?
Moro numa vivenda com pátio interior e o sossego seria total não fosse o tráfego de aviões confluir em trajectória com as coordenadas da minha casa, coisa suportável pela altitude, e um cão vizinho. Tenho janelas duplas mas os décibeis e a frequência do latir são de tal ordem que não só me interrompem o raciocínio como a concentração como o meu estado de humor e sono. Não sejamos tontos dizendo que são comechices quando um vizinho se sente incomodado: determinados estados de espírito ou de trabalho requerem a máxima abstracção e concentração, um latir pode ser altamente perturbador se for sistematico, imprevisível, duradouro e com determinadas frequências de onda e níveis de décibeis.
Tentei dar-lhe pão, ossos comprados no veterinário para que se entretesse, dar-lhe alguma atenção durante o dia, mas cheguei ao desespero ao ter sido acordado bastante cedo pelos seus latidos, destabilizando-me os sonos pois trabalho bastante de noite. Atirei-lhe com baldes de água totalmente enervado, porque ainda não consegui vislumbrar os donos . Entretanto escrevo uma carta aludindo à situação.
Pergunto: não viriam as hordes censurar os baldes de água? Não viriam elas de armas em punho linchando a atitude pelos bons costumes ou a boa ética? E então essas coisas dos bons constumes e das boas éticas não serão também devidas à auto-analise da pessoa que possua um cão e dos modos do mesmo perante o exterior? Não será lógico que quem condene um balde de água devesse analisar se o cão perturba ou não a vizinhança e se as queixas são fundadas?
Convenhamos que bater panelas ou tocar música alto pontualmente é algo perfeitamente suportável e saudável, convenhamos que um cão latir pontualmente faz parte da sua genética, mas convenhamos também que um cão que ladra incessantemente, sistematicamente, estridentemente é um cão que necessita de cuidados de trato e de educação, e sim, nesses casos, o dono é afincadamente o responsável pelo seu estado e pela sua relação com o meio exterior, e será ele o primeiro a ter em conta o quanto possa vir a perturbar a sua vizinhança.
Concordo em pleno com a carta do Sr. jotapera