São decisões sempre complicadas. E, depende muito dos casos.
Comigo já aconteceu aparecer um gato no quintal dos meus vizinhos, mordido. Só soube no dia seguinte, porque ninguém me disse nada, já que suspeitavam que ele tinha morrido logo. Só que o gato afinal não morreu e quando eu me apercebi da situação, andava a arrastar-se, apavorado.
Isto já foi há uns anos, levei-o a um hospital veterinário, expliquei o que tinha acontecido mas que infelizmente eu não tinha como pagar. Um vet veio até à sala de espera e observou-o mesmo ali, não sendo ele o dono do hospital, fez o que podia. Explicou-me que a situação não parecia nada boa. Agradeci, fui a casa colocar apelo na net, não sabia que mais fazer. Felizmente houve quem me viesse ajudar, vieram buscá-lo e levaram ao vet. Não teve salvação e foi adormecido

Ainda tentei descobrir o dono, mas sem sucesso. A pessoa que me ajudou assumiu os custos, porque percebeu que por muito que eu quisesse, não conseguia pagar

Mas ainda hoje me sinto mal por isso...
Tive outro caso, de um cão atropelado. Era um cão que eu gostava muito, super simpático que costumava pedir-me festas sempre que me via. Quando me reconheceu, tentou levantar-se para me vir pedir festas como fazia. Mas não conseguiu, arrastava-se. Foi algo doloroso de assistir. Fiquei em pânico sem saber o que fazer. Sem dinheiro nem transporte... mas não queria deixá-lo ali. Corri e fui ter com a minha mãe a explicar-lhe a situação. Ela nas mesmas condições que eu, mas lá fomos ter com ele. Entretanto, fomos sabendo que os "donos" já tinham conhecimento (e mais tantas outras pessoas) mas mesmo assim deixaram-no ali
Um senhor emprestou-nos um carrinho de mão e foi assim que o levamos até ao vet. Fez raio-x. Estava muito mal, ainda por cima em estado de choque

Podia ser operado, mas os riscos eram enormes, que mesmo que sobrevivesse, ficaria paraplégico. Foi muito duro. Sem mais dinheiro que pudéssemos usar, sem local para o colocar posteriormente, sem o poder adoptar, sabendo que muito dificilmente alguém o quereria adoptar, tivemos mesmo que pedir que o adormecessem
E até hoje é um assunto que me custa, porque penso sempre "e se eu tivesse tido outras condições e tivesse arriscado a operação, talvez tivesse sobrevivido.. "
É inevitável pensar nisso, mas também tenho consciência que fiz o pude e, que ao menos aliviei o sofrimento dele.
Hoje em dia, também já tenho outra consciência. Sei que em primeiro lugar, tenho que pensar nos meus animais. Já tenho mais direito a poder tomar as minhas decisões sobre como gastar o dinheiro, mas também é todo muito contado para os meus animais, pelo que tenho sempre que ter o cuidado de não ter despesas que impliquem prejudicá-los.
Depois, também já tenho consciência que não tendo eu hipóteses de me comprometer a pagar pelo menos parte das despesas que um animal dá, terei mesmo que continuar a virar costas aos que vou vendo pelas ruas.
Já houve situações que acabei mesmo por pedir ajudas, mas serviu-me também para perceber que tenho que evitar fazê-lo, porque para além de não querer passar responsabilidades para cima de ninguém, só dá chatices e às vezes pode prejudicar ainda mais os animais, que depois se veem embrulhados entre confusões feitas por humanos
Agora, claro, que se me deparar com casos como os que descrevi, possivelmente o que irei fazer é levá-los ao vet para serem adormecidos. Caso não estejam em mau estado, ver do chip, dar uma olhadela no Encontra-me.org e depois deixar no "mesmo local".
Obviamente que por mim todos eram acolhidos, obviamente que por mim tentava-se sempre tudo antes de se optar por se adormecer. Mas a realidade é que se não temos dinheiro para o fazer, nem local para colocar o animal.... que fazer?
Não se pode também colocar apelos na net para todos!
Até porque já é complicado aparecer quem queira ajudar, depois há quem diga que ajuda para salvamos, mas no final desaparece. E depois é preciso haver disponibilidade para se ir visitar o animal, para se tratar de tudo o que isso envolve, assim como continuar a apostar numa futura adopção, que por vezes nunca chega.