Sinto muito pelo seu cão. Enfrentar uma doença incurável não é nada fácil. Mas é possível conseguir que o animal viva mais tempo, com qualidade de vida.
Vou falar da minha experiência. Tenho uma cadela mestiça de Pinscher com Chihuahua de 11 anos com linfosarcoma diagnosticado em março de 2009. Começámos a quimioterapia em abril de 2009 (duas semanas depois do diagnóstico) e terminámos o protocolo de indução em maio de 2009. Foram oito semanas em que ela foi submetida à quimioterapia, que envolvia diversos medicamentos. O tratamento correu bem, e logo no início ela já estava em remissão. Não apresentou grandes reacções à quimioterapia, excepto anemia (é inevitável) e falta de apetite (nem sempre). Em finais de junho iniciámos o protocolo de manutenção, que consta apenas de medicamentos orais. Tivemos bons meses de vida normal e tranquila.
Estivemos até há uma semana em remissão. Mas o cancro acaba de voltar a atacar, e ontem ela voltou a fazer quimioterapia de novo. Hoje já não lhe sinto o nódulo linfático que estava aumentado.
Daquilo que é a minha experiência, quem tiver duas coisas: condições financeiras e psicológicas pode e deve tentar ajudar o seu animal. Há cancros que matam em poucos dias. Há outros que matam em poucas semanas. Há cancros que respondem muito bem à quimioterapia, como é o caso do linfoma (ou linfosarcoma). Há os que não respondem, e há aqueles que não deixam espaço para se fazer nada.
Cuidar de um cão com cancro exige muito do dono. É preciso mentalizar que o animal vai precisar, para o resto da vida dele, de cuidados especiais e constantes. Visitas ao veterinário, medicação, análises, ecografias. Isso tudo custa muito caro, há que ter tempo para levar o animal a consultas, quando necessário, e não se pode falhar a medicação. Todo animal com cancro vai depender da cortisona para o resto da vida. E a cortisona, esta sim, provoca problemas com o uso prolongado. A minha cadela desenvolveu diabetes, e acabou por ficar cega. Consequência da cortisona.
E é assim. Não é fácil lidar com isso, sofre o animal, sofremos nós, é um sem fim de gastos e viagens ao Vet (ou Vets, a minha cadela tem pelo menos três veterinários a cuidar dela), e ao final, eles acabam por sucumbir à doença ou a alguma consequência da mesma.
Eu optei iniciar o chamado 'protocolo de resgate' porque a minha cadela apresenta todas as funções sistémicas normais. Rins e fígado, principalmente, do ponto de vista bioquímico estão normalíssimos. Ela tem apetite, ladra, anda pela casa, vem atrás de nós onde estivermos, ainda gosta de passear e andar de carro, ou seja, ainda é ela mesma. Mas não tem sido fácil, desde que ela desenvolveu os diabetes. Isso complica tudo.
E é assim. Faz muito bem em tratar o seu animal, na minha opinião. Desejo-lhe muito boa sorte, e que ele responda bem ao tratamento e tenha muito tempo de vida feliz ao seu lado.
