Viva,
Como admirador e defensor da raça Rottweiler, não posso ficar indiferente à inoperância do Rottweiler Clube de Portugal. Neste sentido, venho dar a conhecer a minha actual posição em relação ao R.C.P, através de carta (e-mail) enviado à Direcção do Clube.
"Exmo(s). Sr(s).
Como sócio e admirador da raça Rottweiler, venho ao vosso contacto para tecer alguns comentários sobre aquilo que penso ser a situação actual do clube e informar qual será a minha posição futura em relação ao mesmo:
No período que antecedeu as últimas eleições, fui desde o início, apoiante da lista referente à actual direcção. Acreditei que a mesma era composta por elementos credíveis e dispostos a colaborar na recuperação do Clube. A par desta minha convicção, a lista opositora, não mostrou qualquer credibilidade vendo-se envolvida em conflitos de interesses, conflitos esses, que impediram a fusão das listas numa única lista. Por vezes a
vaidade e a obsessão por determinados lugares no Clube impedem que o bom senso prevaleça e que o R.C.P. saia beneficiado.
Desde sempre tenho tentado ser um sócio disponível para o Clube e atento às suas actividades ou ausência das mesmas. Com alguma frequência, de forma construtiva, tento discutir ideias e propor novas iniciativas. Estas invariavelmente, não passam do papel, mesmo quando o Clube diz com elas concordar.
Igualmente, tenho tentado ser compreensivo e "tolerante" em relação às dificuldades que o Clube aparenta ter e à forma como é gerido. Contudo, as situações reincidentes e a falta de iniciativa permanente, levam-me neste momento, a desacreditar por completo nesta direcção e no futuro do Clube.
A imagem desta direcção está desgastada e desacreditada junto dos sócios do Clube, dos criadores da raça e da opinião pública em geral.
À alguns meses atrás, em assembleia-geral do Clube, chamei a atenção para que o R.C.P., não deveria ser formado por grupos de "bons amigos" que estão dispostos a trabalhar sem método e rigor, lamentando-se constantemente que o pouco que é feito é feito com grande esforço. Este, na sua maior parte das vezes, é unicamente derivado à falta de organização. O Clube não pode ser gerido em função do dia-a-dia, deste ou daquele evento, mas sim em função de uma estratégia com objectivos claramente definidos.
O Clube continua fechado sobre si próprio, estando a cavar um fosso cada vez maior entre a direcção e os poucos sócios pagantes. Estes, como eu próprio, pagam única e exclusivamente para ajudar o R.C.P. . Invariavelmente, os resultados são nulos, os benefícios inexistentes e o serviço de fraca qualidade.
Pessoalmente, não admito mais pagar um Teste de Carácter e receber a respectiva documentação um ano após a sua realização, nem tão pouco, após o último CAR (à alguns meses), onde igualmente e até ao dia de hoje nada recebi, ser literalmente ridicularizado quando questionei sobre a disponibilidade da documentação inerente. Entregar radiografias de displasia da anca para serem homologadas pelo clube e as mesmas extraviarem-se. As cartolinas de verificação de ninhada que paguei e não recebi, colocando-me em falta perante os destinatários dos meus cachorros. Recomendar pessoas a contactar o R.C.P., para às quais não é dada qualquer tipo de resposta, é no mínimo lamentável atendendo ao défice de associados. A par destas situações, a falta de consideração, transparência e arrogância por parte de alguns elementos da direcção, torna da minha parte, qualquer esforço de compreensão infrutífero.
Como sócio, com as quotas em dia, e interessado em cumprir com as normas impostas pelo Clube, exijo respeito.
A raça em Portugal, como infelizmente em outras partes do mundo, vive sob uma "perseguição" negativa que afecta o seu bom-nome. Consciente que tal facto não se inverte de um dia para o outro, algo deve ser feito para minimizar tal reputação. A este nível, o R.C.P. tem um papel informativo e educativo a desempenhar. Lamentavelmente nada faz (quem cala consente), como descura e ignora os contactos provenientes do proprietário final do Rottweiler. Estes, pedem ajuda, conselhos ou apoio sendo totalmente ignorados. Com esta politica, não é difícil de estranhar que o clube não tenha sócios e esteja completamente desacreditado junto dos admiradores da raça.
O site, que inicialmente pareceu uma óptima iniciativa, não tem uma identidade própria e está sistematicamente desactualizado. Até à data, mais um "projecto" feito na base da boa vontade e gratuitidade, cujo o resultado é mais um falhanço.
Um falhanço, igualmente continua a ser o actual Teste de carácter do Clube. Infelizmente, este é apenas visto como uma fonte de receita, pelo que tudo é permitido para que não faltem candidatos.
É lamentável que no último Teste de Carácter se tenha verificado exemplares aos quais foram atribuídos a classificação de excelente quando na realidade nem deveriam ter passado. Dou como exemplo cães que quando fechados no grupo procuraram sair, a par de se assustarem com a suposta ameaça do figurante. Em relação a este último para além da sua actuação não ser uniforme (por culpa própria ou não), não ficou claro, o objectivo daquela componente da prova. Não se pode e não se deveria "pedir" que um cão morda numa situação de surpresa, mas sim eventualmente numa provocação ou ataque evidente e de forma controlada pelo dono.
Este último Teste de carácter, não foi mais do que uma ligeira prova de sociabilização que por si só não dá credibilidade ao C.A.R. e como consequência à raça. A obtenção do C.A.R. deveria ser mais rigorosa e honesta, devendo a médio prazo ser modificada.
O que se pretende nos dias de hoje, dado a imagem negativa da raça é garantir a sociabilização e um controle básico do cão. Ao se conseguir reunir estes dois aspectos estamos a defender e credibilizar a raça. O B.H., deveria ser, a médio prazo, (um ano - para cães nascidos após este período), obrigatório para a obtenção do C.A.R.. Neste período, o R.C.P. deveria promover estes eventos e criar condições de treino para os sócios (proprietários / Criadores). Estas poderiam ser garantidas através de protocolos especiais com escolas de adestramento bem como tentar junto de algumas Autarquias e não só, a "disponibilização" de alguns terrenos.
A título de exemplo, pessoalmente, após alguns contactos com um clube da região onde vivo, consegui que os mesmos me disponibilizassem três vezes por semana o seu campo de futebol onze. Será que o R.C.P. como instituição que é, não será capaz de mais e melhor? Claro que sim.
Infelizmente, a falta de iniciativa, estratégia, organização, o descrédito provocado por alguns elementos da direcção aliado a interesses ou vaidades pessoais, impedem o Clube de "respirar" e tornar-se naquilo que deve ser: O maior clube de Raça em Portugal.
Apelo à reestruturação da actual direcção, com a saída imediata do seu presidente: Sr. Fernando L. Martins e do Secretário-geral: Julie Patrícia L. Martins. O R.C.P., não é um clube familiar e de amigos, mas sim um Clube dos sócios e para os sócios.
Ao contrário do que se possa pensar, não é com satisfação ou rancor que vos dirijo esta carta, mas sim com profundo sentimento de tristeza e desilusão. A frontalidade assim me obriga bem como a necessidade da raça Rottweiler necessitar de um Clube forte, dinâmico e unido.
A terminar, não posso deixar de fazer um reconhecimento e agradecimento ao presidente do R.C.P., Sr. Fernando Lucas Martins:
Sendo um dos fundadores do Rottweiler Clube de Portugal e no passado, o principal responsável pela introdução e divulgação da raça no nosso país, seria injusto não o mencionar bem como tal facto, jamais poderá ser esquecido. Como juiz que é, de valor inquestionável, desejo-lhe a melhor sorte e que continue a dignificar o nosso pais por esse mundo fora.
Ao Vice-presidente, Sr. Johann Samson, uma palavra de apreço e admiração por ter aceite o convite do R.C.P. e pela forma como ajudou o clube a representar-se na IFR. Alguém com quem dá prazer falar.
A raça Rottweiler é uma raça impar, necessitando de ser dignificada e defendida, por todos nós que a admiramos.
Obs- Agradeço que esta carta, chegue a todos os elementos da direcção sem excepção.
Com RAÇA pela RAÇA!
Com os melhores cumprimentos
Cláudio M. Nogueira
Sócio Nr. 227
[email protected]"